A Contribuição Da música Para O Ensino

A contribuição da música para o ensino

Resumo

O presente artigo pretende provocar e suscitar, em quem possa lê-lo, a percepção

indispensável e necessária para o entendimento do processo e da dinâmica do fenômeno musical dentro das instituições escolares de ensino fundamental. Defender aqui, também a possibilidade de o ensino da música constituir-se como um saber escolar necessário e importante para a cidadania, enriquecendo as experiências individuais e coletivas, tornando-se essencial para a realização plena do ser humano. Para tanto, é necessário que os professores, em sua formação, sejam orientados quanto ao trabalho com a música.

Palavras-Chave: Educação musical, Legislação Educacional, Séries iniciais.

O ensino da música nas escolas tornou-se obrigatoriedade. No entanto, há mais de trinta anos a legislação estabelece que a música deve ser ensinada. Mesmo reconhecendo que a música é importante para o desenvolvimento dos indivíduos, os professores têm dificuldade em planejar suas aulas. Para muitos o trabalho com música se restringe a cantar ou tocar algum instrumento. De acordo com Penna (2008, p. 120) as aulas de música, nesse tempo, foram marcadas pela “indefinição, ambiguidade e multiplicidade”.

Sendo assim, a lei recentemente sancionada pelo Governo Federal, a qual torna obrigatório o ensino da música na educação básica, vem reforçar a importância de melhor preparar o professor que atua nesse período escolar (LEI 11769, 2008). Godoy e Figueiredo (2006) afirmam que

Nas séries iniciais atuam professores generalistas, os quais devem mediar conteúdos de todas as áreas do conhecimento, sendo a música uma dessas áreas. Entende-se que é fundamental que esses profissionais possuam uma vivência com os aspectos musicais, além de um conhecimento básico e fundamentado dos conteúdos de música a introduzir nas suas aulas..

Devido a isso, o ensino de música nas séries iniciais do Ensino Fundamental tem ocupado, nos últimos anos, espaços cada vez mais significativos nas discussões dos profissionais da área da educação musical preocupados com a formação em música dos professores que devem atuar nos primeiros anos da escolarização. O perfil deste profissional que atua em sala de aula, a adequação à legislação para o ensino de arte nos primeiros anos do ensino fundamental, assim como os conteúdos musicais que devem ser incluídos em suas atividades pedagógicas também fazem parte das discussões dos especialistas em música, sinalizando questões importantes da prática musical em sala de aula e apontando algumas direções para o ensino de música na escola.

A música nas séries iniciais freqüentemente está relacionada a diversos objetivos que não são propriamente musicais. A definição das aulas de música apresentada por Penna (2008) se deve ao fato de que é bastante comum o uso da música como auxiliar para a aprendizagem de outros conteúdos ou ainda como atividade de relaxamento e divertimento na escola. Esta situação é decorrente de vários fatores. Um deles certamente está relacionado à falta de preparação musical dos professores das séries iniciais que, quando incluem a música em suas atividades, o fazem de maneira superficial em função de não terem vivenciado experiências significativas e consistentes nesta área do conhecimento ao longo de sua formação escolar.

Para resolver o problema quanto a formação dos professores Bellochio et al. (2001) consideram necessária a ampliação dos conhecimentos musicais do professor que atua nas séries iniciais do Ensino Fundamental apontando, como uma das alternativas possíveis, a inclusão de disciplinas de música nos currículos dos cursos de Pedagogia. A inclusão destas disciplinas nos currículos possibilitaria a ampliação de conhecimentos específicos relativos ao ensino da música, e um trabalho compartilhado e colaborativo com professores especialistas em música.

Ortega (2006) apresenta ainda outra possibilidade, que é a realização de cursos de formação continuada, para os professores em serviço. Segundo ele

Além de uma reavaliação nos cur¬sos de formação de professores, com relação à música, um caminho para estabelecer uma prática consciente da música na escola, acredito ser a real¬ização de cursos de capacitação em música para os professores unidocen¬tes. Esses professores, conhecendo os conteúdos musicais poderão realizar atividades seguramente produtivas, do ponto de vista musical, junto a seus alunos. ( p. 06).

Pesquisas mostram que a formação continuada em música para professores uni¬docentes tem trazido resultados positivos, que oferecem maior segurança e autonomia para os professores generalistas trabalharem a música em sala de aula (Targas, Joly, 2004; Abrahão, 2004).

A formação continuada desmistificaria a questão do talento, já que há uma idéia de que música é um dom e, portanto, não pode ser ensinada. A questão do talento para aprender música vem sendo discutida por alguns especialistas em música (Alves, 2001; Figueiredo 2002; Figueiredo e Schmidt, 2005), preocupados em refletir sobre este aspecto no fazer musical escolar. Para Figueiredo e Schmidt (2005), a idéia de que para fazer música são necessários ´dons especiais´ está muito presente na sociedade brasileira, muito embora vários especialistas consideram que todos os indivíduos podem se desenvolver musicalmente. Muitas vezes a questão do talento se coloca como impedimento na realização de atividades musicais em diversos contextos. Pode-se verificar isso nas escolas onde a música não é considerada como componente curricular obrigatório. As crenças do senso comum assumem que atividades musicais só podem ser desenvolvidas por algumas pessoas especialmente dotadas; esta noção também é defendida por alguns educadores musicais e músicos, de um modo geral. Para Figueiredo e Schmidt (2005) “uma das implicações desta concepção é a de que a música tem ficado à margem do processo educacional, uma vez que é compreendida como inacessível para a maioria dos indivíduos” (p. 386).

Ao se trabalhar música deve-se ter claro que dentro do processo didático-pedagógico que se busca desenvolver, é necessário a ênfase no estabelecimento de uma ponte que permita a comunicação entre o aluno e a música. Fazer do trabalho de Educação Musical uma fonte de enriquecimento pessoal e de prazer, despertando no aluno suas potencialidades e ajudando-o a desenvolver o sensorial e o afetivo, o fisiológico e o espiritual.

Durante o processo de construção do conhecimento musical, deve-se partir do pressuposto