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A Linguagem Na Ausência Da Oralidade - Simone Hage

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Por:   •  1/8/2014  •  1.596 Palavras (7 Páginas)  •  2.574 Visualizações

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A presença de crianças sem oralidade na clínica fonoaudiológica é umas das situações mais comuns hoje. Diante dessa realidade o fonoaudiólogo dispõe de poucos artifícios para sua avaliação, restando-lhe apenas a observação dos aspectos comportamentais da criança. Segundo a autora, os procedimentos de avaliação da linguagem estão divididos em: testes padronizados, protocolos não padronizados, observação comportamental e escalas de desenvolvimento. Todos investigam as dimensões linguísticas como, fonologia, sintaxe, semântica e pragmática. Mas como proceder tal avaliação se não há amostra de fala? Nesse sentido, a observação comportamental e a aplicação de escalas de desenvolvimento podem ser grandes aliados no direcionamento do diagnóstico e do processo terapêutico.

Segundo a autora, a observação comportamental é o procedimento que avalia a linguagem enquanto atividade, independente de oralidade, é a ação sobre o outro. Trata-se de um procedimento que avalia a criança de uma forma global, ou seja, de que maneira ela se comporta, manipula objetos, direcionamento de olhares, interesse pela fala do outro. São situações em que são possíveis melhor detectar as funções comunicativas da linguagem. Vale ressaltar que apenas o comportamento da criança não deve ser priorizado, ou seja, dentro de uma dimensão mais ampla, as trocas comunicativas entre a criança e o avaliador devem ser levadas em consideração. A forma como o clínico age e reage diante do comportamento da criança é importante para o entendimento das ações comunicativas dela. A observação comportamental se detém de dois aspectos do desenvolvimento infantil, a atividade lúdica e a atividade comunicativa. O fato de uma criança não ter linguagem oral não significa dizer que ela não esteja na linguagem. No momento em que se concebe linguagem enquanto atividade, uma gama de possibilidades avaliativas surgem, e estas se sustentam nos estudos sobre a comunicação pré-verbal, que tem se mostrado úteis na avaliação de crianças sem oralidade. A avaliação da atividade comunicativa envolve os seguintes critérios: intencionalidade, funcionalidade, participação em atividade dialógica, meios de comunicação, habilidades práxicas articulatórias e buco-faciais, nível de compreensão e postura comunicativa dos pais.

• Apesar de algo subjetivo, é possível perceber em um comportamento a intenção comunicativa. Todo comportamento dirigido ao outro, indicando uma interação ou respondendo a ela, é dito comunicativo intencional. Em geral esses comportamentos podem ser: contato ocular e/ou físico, presença de gestos, vocalizações e verbalizações. A ausência desses comportamentos intencionais podem significar na clínica alterações significativas de linguagem, que envolvem desde TID’s a Déficits cognitivos severos.

• A caracterização de diferenças funcionais no uso da comunicação também auxilia no diagnóstico de alterações de linguagem. A exemplo temos as crianças autistas, quando apresentam algum nível de intencionalidade, em geral, dirigem-se ao outro para obter algo do meio, demonstrando um nível de funcionalidade primitivo, instrumental. Três categorias funcionais são observadas: a Instrumental-Regulatória, que são atos comunicativos com a função de obter algo do meio ou satisfazer sua necessidade física; Interação Social, atos que envolver obter a atenção do outro. Atenção Conjunta, atos comunicativos intencionais com a função de dividir o foco da atenção com o outro.

• Muitas vezes a criança apresenta comportamentos comunicativos intencionais, entretanto estes se apresentam de forma isolada. Por exemplo, a criança inicia a interação, o outro reage, mas ela não dá continuidade. Ou ainda, ela reponde à interação, mas não se engaja numa atividade de troca que envolva vários turnos de ação. É comum que crianças sem oralidade tem funcionalidade e intencionalidade na comunicação, entretanto deve-se estar atento para o grau de engajamento dela nas atividades propostas e os motivos que podem levar a esse não engajamento.

• Quando a criança não dispõe de estrutura linguística para comunica-se ela utiliza diversas outros elementos como os gestos, as vocalizações, palavras isoladas, por exemplo. Para um desenvolvimento linguístico normal a criança por volta dos 18 meses começa a substituir tais elementos comunicativos por palavras propriamente dita. Quando há um persistência em utilizar esses recursos, substituídos pela fala, verifica-se a necessidade de uma investigação clínica.

• Mesmo sem oralidade, a criança é capaz de fazer uso de gestos articulatórios, na ausência destes, o fonoaudiólogo precisa avaliar cuidadosamente, pois pode-se estar diante de um quadro de dispraxia verbal do desenvolvimento que não possui relação alguma com a falta de oralidade. Existem protocolos de avaliação de questões práxicas disponíveis, entre eles, o da própria autora, onde solicita-se da criança a realização de seis movimentos de lábio, seis de língua, seis de face e seis articulatórios, sendo atribuído 1 ponto para cada movimento (buco-facial e articulatório) executado corretamente e nenhum ponto para aqueles que não foram executados.

• Antes de compreender o que está sendo dito, o indivíduo deve conhecer sua língua, reconhecer os códigos utilizados, observar as relações existentes entre as palavras através da evocação de outros termos, experiências vivenciadas. A avaliação da compreensão da linguagem pela criança constitui uma tarefa complexa para o avaliador. É necessário estar atento aos seguintes aspectos: Qual tipo de resposta da criança indica que ela compreendeu o que foi solicitado, que indícios ela fornece para tal entendimento? Qual o tipo de exigência da tarefa solicitada? Qual a confiabilidade da resposta? Dois critérios de análise podem ser considerados ao avaliar a compreensão: nível de representação e extensão dos enunciados. As crianças apresentam um nível de compreensão razoável, entretanto o que define essa compreensão é o conhecimento de mundo que a mesma possui. Conforme ela se desenvolve sua compreensão alcança níveis maiores. O não entendimento de uma instrução verbal, de um comentário passa por uma série de processos perceptuais, cognitivos e socioculturais. Apesar de se deparar com essas questões, não se deve descartar tal avaliação. Assim, é importante observar se a compreensão das crianças está ainda fortemente ligada ao contexto imediato, numa idade onde já esperaria um nível de compreensão independente do contexto. Outra questão importante a se

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