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A Bioetica

Por:   •  23/9/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.262 Palavras (10 Páginas)  •  666 Visualizações

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A humanização da assistência à saúde e os princípios bioéticos envolvidos na relação profissional-cliente

O ser humano difere-se dos outros animais pela sua capacidade de se interagir nas relações sociais, desde a infância quando lhe são apresentados as imagens e palavras, pela escola, pelo trabalho, e por todas as relações construídas desde a infância até a fase adulta. Contudo como possuímos a “linguagem”, que podem construir uma grande rede de significados que nos permite a comunicação e compartilhamento com nossos semelhantes e construção de uma identidade cultural, onde nos é possível a transformação, por exemplo de letras em poesias, palavras em músicas, imagem em pintura, enfim. As palavras podem também fracassar e causar danos gravíssimos a depender do contexto o qual está envolvido, podendo manifestar em muitos níveis e intensidades, desde pequenos gestos cotidianos à atos de violências cruéis e definitivos.

Contudo, o que seria então humanização? É o sentimento humano na percepção da dor, do prazer, do sofrimento, da felicidade, do afeto, é preciso que se reconheça as expressões individuais de cada cliente, em simples gestos como ouvir, pois é pela linguagem que fazemos as descobertas de problemas pessoais, pela comunicação com o outro, ou seja, sem comunicação não há humanização. Como conseguiremos saber o motivo de determinada ação de um cliente no ambiente hospitalar se não o ouvimos? Como vamos querer uma recuperação efetiva se o atendimento é realizado por um simples questionário que visa saber somente os estágios clínicos da enfermidade? Com isso, é de extrema importância ouvir o nosso semelhante, prestar atenção nas ações para que se perceba algo que pode ser resolvido com uma simples conversa, isso parece ser uma coisa banal, pois como um profissional não escuta o paciente/cliente? Pode isso? Mas infelizmente isso acontece, na grande maioria das vezes, o indivíduo vai perdendo a sua capacidade de comunicação para uma construção de um serviço de saúde mais humano por alguns problemas que irei citar mais à frente.

O desenvolvimento científico e tecnológico vem trazendo inúmeros benefícios, no tratamento de doenças, inúmeras técnicas eficazes, na efetivação de um serviço mais rápido, por meio de pesquisas, porém também traz prejuízos. Ao mesmo tempo que se melhora a técnica, a relação do profissional com o cliente fica defasada, pois o contato humano é secundarizado, as informações prestadas fica descontextualizada, a comunicação principalmente, fica fragmentada.

A ciência e tecnologia se tornam desumanizantes quando se reduz somente as técnicas de investigação fria e objetiva, quando por exemplo preenchemos uma ficha de histórico clínico e não escutamos o paciente, sobre seus medos relacionado a enfermidade (algum tipo de tratamento) e problemas, que podem influenciar diretamente na sua recuperação. Vivenciamos isto em sala quando assistimos o filme WIT, que é uma lição de vida e apresenta uma série de desafios a respeito das questões de ética médica e a humanização das relações em ambientes profissionais, no caso o hospital e a universidade.

A história do filme tem como protagonista Vivian Bearing, uma professora universitária que leciona poesia inglesa, que descobriu um câncer de ovário em um estágio avançado, tendo que fazer um tratamento radical, que resultaria em efeitos colaterais graves. No entanto ela aceita fazer seu tratamento participando de um projeto de pesquisa, que visa estudar um novo quimioterápico inovador, contudo ela sempre teria que tomar a dose máxima desse medicamento. Ela é assistida por Kelekian, o médico responsável pelo tratamento e também por Jason Posner, um médico que foi aluno de Vivian e pela enfermeira chefe Susie Monahan, a única pessoa no hospital que a trata com calor humano.

No filme podemos perceber o atendimento pouco humano que é prestado a paciente, desde o início do tratamento, que visa somente os resultados clínicos e os efeitos que o quimioterápico trazia para a paciente. O atendimento que a paciente recebia pelos médicos era totalmente desumano, principalmente por Jason, pois a via somente como um corpo que estava sendo utilizado para o teste de um medicamento, não se escutava as angústias, medos e expectativas da paciente a respeito do atendimento. Ainda lhe tinha o mínimo de respeito pois não se tratava de uma máquina. O tratamento de Jason, atrapalhado, era devido a relação de professora-aluno que tiveram, ela era muito rígida e acabava transferindo para todos a sua volta uma seriedade enorme e um sentimento que não era possível ser explicado.

Em várias cenas observamos que não era respeitada a autonomia da paciente, e nem lhe eram apresentada opções de uma vida mais tranquila/digna devido aos fortes efeitos colaterais causados pelo medicamento, que a fazia corriqueiramente ir parar no hospital devido ao agravo desses efeitos; quando a paciente não estava respondendo ao medicamento de uma forma boa e esperada, e o seu problema de saúde já estava agravando a cada dia mais, a enfermeira chefe responsável, lhe perguntou: se em caso de uma parada cardíaca, você quer ser reanimada? A sua resposta foi não.

A enfermeira era a única que a tratava de uma forma que ninguém nunca a tratou, com atenção, ouvia suas histórias, em momentos de dor ela segurava a mão da paciente, a tratava de uma forma humana; em contrapartida, o médico Jason em detrimento da relação de aluno que já teve com a paciente criou uma certa barreira, que influenciou para um atendimento ainda mais defasado. Por fim, a paciente sofreu uma parada, porém o médico não respeitou a decisão que a paciente tinha tomado, de que não queria ser reanimada. Não ouve respeito da autonomia da paciente, ele estava interessado somente no corpo da paciente para obter as respostas que precisava sobre o novo quimioterápico, pois nenhuma oura paciente tinha ido tão longe com o tratamento como Vivian.

Podemos ver nesse exemplo do filme, os dois problemas enfatizados pelo tema em questão, a os princípios bioéticos envolvidos na relação profissional-cliente; e a respeito da humanização, citada anteriormente, onde a enfermeira era a única que realmente tinha um tratamento diferenciado pela paciente, escutava suas dores, conversava, essa conversa não precisa ser de horas, as vezes até cinco minutos, que você para e conversa com o paciente já faz uma grande diferença.

Em relação a humanização, tema que já vivencio, é de muita importância para que não nos tornemos profissionais alienados e aderidos somente as técnicas. Participo de dois projetos no HGVC, um é o plano de segurança do paciente onde o objetivo principal é disseminar a cultura de segurança para

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