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AVALIAÇÃO DE CUSTO DOS RESÍDUOS DE QUIMIOTERAPIA

Por:   •  8/7/2020  •  Artigo  •  3.100 Palavras (13 Páginas)  •  197 Visualizações

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AVALIAÇÃO DE CUSTO DOS RESÍDUOS DE QUIMIOTERAPIA

COST EVALUATION OF CHEMOTHERAPY WASTE

Nome

RESUMO

Para o início da quimioterapia, comumente parte dos medicamentos necessitam ser descartada para se atingir precisamente a dose prescrita pelo médico. Esse excedente de medicação gera resíduos tóxicos. Sendo assim nosso objetivo é analisar o custo dos resíduos gerado pelo tratamento de quimioterapia. Os dados do estudo foram obtidos a partir da análise das prescrições de quimioterapia, solicitadas pelos médicos oncologistas credenciados ao plano de saúde. Foi calculada a dose de quimioterapia desprezada em cada aplicação, considerando a dose prescrita pelo médico e as apresentações comerciais de cada droga. Foram 176 pacientes, com câncer, sendo que 106 utilizaram quimioterapia, e 1.284 aplicações com um total de 63.824 mg de resíduos. O custo total dos resíduos foi R$ 448.397,00. O custo médio por paciente foi de R$ 4.607,00 e por aplicação R$ 380,00. O impacto econômico dos resíduos de quimioterapia foi significativo. Sugere-se que as medidas de gestão sobre os resíduos possam ser uma estratégia de curto prazo para minimizar o problema.

ABSTRACT

For the beginning of chemotherapy, commonly part of the medicines need to be discarded to reach precisely the dose prescribed by the doctor. This excess of medication generates toxic waste. Thus our goal is to analyze the cost of waste generated by chemotherapy treatment. The study data were obtained from the analysis of chemotherapy prescriptions, requested by health plan accredited oncologists. The discarded chemotherapy dose was calculated for each application, considering the physician's prescribed dose and the commercial presentations of each drug. There were 176 cancer patients, of which 106 used chemotherapy, and 1,284 applications with a total of 63,824 mg of residues. The total cost of the waste was R $ 448,397.00. The average cost per patient was R $ 4,607.00 and per application R $ 380,00. The economic impact of chemotherapy residues was significant. It is suggested that waste management measures may be a short-term strategy to minimize the problem.

Introdução

O câncer é um dos maiores responsáveis por câncer no Brasil e no mundo, juntamente com as doenças cardiovasculares. Estima-se um aumento de 75% no número de novos casos de câncer no mundo até 2030 (Bloom, 2011). Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) prevê-se no Brasil, um total de 577 mil casos novos de câncer (INCA, 2014; Schmidt, 2011).

Com os avanços das pesquisa e introdução de novas drogas e tecnologias no tratamento do câncer temos uma redução significativa nos gastos os sistemas de saúde, tanto público quanto privado. Segundo o Harvard Medical School of Public Health/ World Economic Forum, associado aos 13,3 milhões de novos casos de câncer em 2010, houve um gasto de US$ 290 bilhões. Os custos com a medicação representaram 53% do total. Há estimativa de aumento de 36,7% no custo total do tratamento do câncer para o ano de 2030 (Bloom, 2011).

No Brasil houve um aumento nos investimentos para o tratamento do câncer em 26% entre 2011 e 2012 (de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,4 bilhões), segundo INCA. Os valores aplicados para cobrir gastos com cirurgias, radioterapia e quimioterapia. Entre 2010 e 2012, a quantidade de procedimentos oncológicos ambulatoriais oferecidos aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou em 13%. Só no ano de 2012, foram realizadas 84 mil cirurgias oncológicas pelo SUS e 2,2 milhões de procedimentos quimioterápicos (INCA, 2014). O mapa assistencial da saúde de 2013, publicado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), informa que houve um aumento de 47% de quimioterapias realizadas entre 2011 e 2012 (de 691.621 para 1.472.782), no sistema de saúde suplementar (Brasil, 2013).

Os procedimentos quimioterápicos contra o câncer realizados pelo sistema de saúde suplementar são realizado pelos serviços de oncologia credenciados às operadoras de saúde. Há necessidade de que o beneficiário (paciente) tenha um contrato com a operadora de saúde, seja coletivo ou individual. Sendo a operadora responsável por garantir uma rede de prestadores suficiente que atendam a demanda de seus beneficiários. O serviço de oncologia credenciado, após atender o beneficiário com câncer, encaminha para operadora de saúde o plano de tratamento, que será analisado para autorizado, ou não, para o custeio. A ANS determina periodicamente o rol mínimo de procedimentos e tratamentos que devem ser liberados pelas operadoras para o tratamento e diagnóstico do câncer (Brasil, 2013).

Cada serviço oncológico tem uma central própria de manipulação de quimioterapia (Brasil, 2004). No processo de preparo da medicação quimioterápica, a partir de frascos e ampolas com dose de apresentação comercializada, parte da droga acaba sendo descartada para atingir a dose prescrita pelo médico, resultando em resíduo tóxico. Frequentemente, a quimioterapia é cobrada conforme o número de frascos utilizados e não pela dose prescrita. Portanto, os custos referentes às quantidades de medicamentos desprezados nos procedimentos de quimioterapia são repassados para a operadora de saúde e o descarte dos resíduos tóxicos é custeado pela clínica de oncologia.

Não temos hoje estudos que avaliem os custos dos resíduos de quimioterapia, no modelo de tratamento do câncer no Brasil. Conhecer este números é de vital importância para que se possa adotar as medidas de gestão sobre o resíduo de quimioterapia, e escolher a estratégia mais adequada e de curto prazo para reduzir custos e garantir a sustentabilidade econômica dos sistemas de saúde.

O objetivo principal do estudo é demonstrar o custo do resíduo de quimioterapia produzido durante preparo das doses de medicamentos durante os procedimentos. E discutir modelos de gestão para reduzir estes custos no setor de saúde.

Metodologia

Nesse trabalho fizemos um estudo transversal em um plano de saúde, na categoria de autogestão, com 16.660 usuários em todo Brasil. Onde foram acompanhadas sete clínicas de oncologia, credenciadas ao plano de saúde, localizadas em uma mesma cidade. Sendo que todas as clínicas contam com equipes multidisciplinares e estão habilitadas a fazer a prescrição, preparação e administração do tratamento quimioterápico, conforme as normas de regulamentação brasileira. Todas as prescrições médicas de quimioterapia foram encaminhadas para a auditoria médica do plano de saúde com o objetivo de analisar a conformidade do tratamento (Loverdos, 1999; SBOC, 2011). Todas as informações necessárias para o estudo foram obtidas a partir da análise das prescrições médicas de cada paciente. Sendo analisados os seguintes dados: idade e sexo do paciente, superfície corporal, tipo de câncer, regime de quimioterapia utilizado, as medicações e a dose prescrita por dia de tratamento. Sendo excluída do estudo qualquer informação que pudesse identificar o paciente. Foram excluídas do estudo as prescrições de medicações orais ou subcutâneas e os tratamentos realizados fora das clínicas. O regime de quimioterapia é o plano de tratamento para o câncer, determinado pelo médico oncologista. É constituído por uma série de períodos de tratamento que se repetem, denominados de ciclos. Em cada ciclo, o paciente pode receber quimioterapia durante um ou mais dias, subsequentes ou não. Considerando que a quimioterapia também tem ação sobre as células saudáveis, existem períodos de descanso durante o ciclo, em que não se recebe qualquer tratamento. Este descanso permite ao organismo do paciente se recuperar e produzir novas células saudáveis (De Vitta, 2011). Todos os protocolos dos tratamentos de quimioterapia durante o período do estudo foram determinados pelo médico oncologista de cada paciente, sem interferência da auditoria médica do plano de saúde. O cálculo da dose da quimioterapia depende do protocolo de tratamento escolhido pelo oncologista, além do peso ou da superfície corpórea do paciente. Também podem interferir na determinação da dose elementos como a idade, morbidades, performance do paciente, efeitos colaterais da medicação, entre outros. Sendo assim, a dose da quimioterapia não é fixa podendo variar entre pacientes que utilizam o mesmo protocolo. Sendo possível que varie até de uma aplicação para outra em um mesmo paciente. Em nosso estudo, a dose de quimioterapia foi determinada pelo médico oncologista e registrada na prescrição do paciente. A auditoria médica da operadora de saúde não interferiu na determinação da dose ou na prescrição do oncologista. No preparo da quimioterapia para a aplicação, frequentemente ocorreram sobras de medicação. Sendo assim, foi calculada a dose desprezada de quimioterapia no preparo de cada aplicação e o total de resíduo de medicação produzido. Foram levantados os custos de cada quimioterapia, conforme a apresentação comercial mais utilizada pelas clínicas de oncologia do estudo. Esta publicação é largamente utilizada no Brasil como referência na pesquisa de preços de medicamentos, soluções parenterais e materiais hospitalares. Com a publicação da Resolução de n.º 03, em 06/11/2009 pela Câmara de Regulamentação de Mercado de Medicamentos (CMED) foi vedada a edição de listas contendo o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) para medicamentos de uso restrito a hospitais e clínicas. Sendo assim, para determinar o valor da medicação quimioterápica, utilizamos o Preço de Fábrica a 12% (PF12%), considerando que as clínicas estão no Estado do Paraná. Em seguida, foi calculado o custo por miligrama de cada medicação, na moeda corrente nacional (Real). Por fim, multiplicou-se a soma da dose total de quimioterapia desprezada pelo custo do miligrama de cada medicação. Somando-se o custo da dose desprezada de cada medicação obteve-se o custo da dose total desprezada. Foi calculado o custo médio da dose de quimioterapia desprezada por paciente e por aplicação no período do estudo. Os dados do estudo foram obtidos a partir da avaliação das prescrições de quimioterapia pela auditoria médica, da operadora de saúde, e estes foram registrados numa planilha do Excel. Os resultados das variáveis quantitativas foram descritas em média, mediana e nos desvios-padrão máximos e mínimos. As variáveis qualitativas foram demonstradas pela frequência e percentagem. Os dados foram analisados pelo IBM SPSS Statistic Standard Software® v.20.0 do Windows.

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