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Semiologia

Por:   •  23/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.857 Palavras (8 Páginas)  •  429 Visualizações

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1- Como é possível compreender Semiologia como elemento indispensável na formação dos futuros Enfermeiros?

A Enfermagem, enquanto ciência, progrediu de modo expressivo ao longo dos anos, tendo como um de seus muitos desafios instituir-se como depositária de saber cientifico, sem por isso, preterir o aspecto humanitário inerente à profissão.

Embora não seja o cerne da questão, para entender sua evolução há que se pensar em sua historicidade, seu surgimento, desenvolvimento e consolidação, razão pela qual, segue-se breve explanação.

As primeiras escolas tiveram o ambiente hospitalar e o modelo biomédico como aporte para o ensino e a assistência, perdurando por muitos anos, uma formação tecnicista, com aprimoramento da atenção curativa de modo que as necessidades de saúde da população não eram supridas. A primeira escola de enfermagem do Brasil foi criada em de 27 de setembro de 1890, localizada no estado do Rio de Janeiro, Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, anexa ao Hospício Nacional. Seu modelo de ensino era norteado pelo método francês da Escola Salpetrière (Carvalho, 1976). Todavia, apenas em 1901, foi introduzido no Brasil o modelo nightingaleano, ainda que de forma incipiente, na Escola de Enfermeiras do Hospital Evangélico (atual Samaritano), Rio de Janeiro, paradigma de considerável influência nas práticas de enfermagem, bem como na definição das primeiras matrizes curriculares nacionais (Saupe, 1998).

De 1949 em diante, muitas mudanças ocorreram, entre elas, a expansão da assistência médica-hospitalar e a reestruturação do Ensino Superior, no primeiro governo Vargas, o ensino de enfermagem passou a agregar em seu currículo novos métodos de ensino, a inserção de grande número de especialidades médicas e a aproximação incipiente com o campo das ciências sociais. Nesse período, afloraram os discursos da enfermagem como profissão comprometida com a ciência e a tecnologia.

À partir de 1960, novas mudanças curriculares foram aplicadas, como a determinação do currículo mínimo e a criação das especializações, em 1962, enquanto as habilitações foram previstas no parecer n.º 163, de 1972. Essa última modificação no currículo da enfermagem comprovou que o saber da enfermeira e do enfermeiro estava bastante delimitado pelo saber biomédico, configurando relações de poder que fortaleciam as políticas de saúde curativistas em detrimento de ações preventivas. Desse modo, o processo saúde-doença veiculado no ensino da enfermagem encontrava-se desprovido das dimensões sociais (Bagnato, 1994).

Duurante as décadas seguintes, a insatisfação quanto à formação profissional teve como palco de vários debates encontros regionais e nacionais, o que culminou na adoção de uma outra matriz curricular em 1994, havendo reestruturação curricular no curso de enfermagem, proposta pela Portaria 1721, sendo inserida a obrigatoriedade do conteúdo de Semiologia e Semiotécnica, com flexibilidade na forma de abordagem, podendo ser uma disciplina específica ou conteúdo integrante de outra, originando a necessidade acadêmica da preparação e da capacitação do enfermeiro no domínio e na habilidade para a realização do exame físico do cliente, constituindo-se, assim, num elemento a mais no conjunto dos conhecimentos essenciais para a elaboração e a implementação do Processo de Enfermagem.

A semiologia é definida por Posso et al.(4) como a "investigação e estudo dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente sob o ponto de vista da enfermagem". Brunner e Suddarth(5) consideram que inspeção, palpação, percussão e ausculta são instrumentos básicos para o exame físico, complementados por equipamentos especiais para melhor definição de detalhes. A realização do exame físico passou a ser uma questão fundamental no cotidiano da prática assistencial do enfermeiro, independentemente dos níveis de complexidade e das diferentes manifestações clínicas eventualmente apresentadas pelo cliente. Tornou-se, então, preponderante e imperativo sua inserção no Processo de Ensino-Aprendizagem do graduando de enfermagem.

A disciplina, de natureza teórica e prática, prevê o ensino-aprendizagem de técnicas de entrevista de enfermagem, exame físico geral e relação enfermeiro-paciente. Como ela inter-relaciona áreas essenciais como, anatomia, fisiopatologia, bioquímica, é imperativo que o aluno detenha sólidos conhecimentos acerca das mesmas, de modo que possa aplica-los quando da prática da Semiologia. Ter a possibilidade de um primeiro contato em laboratório, seja com o instrumental utilizado na prática, com os manequins e com colegas que partilham das mesmas expectativas, prepara o aluno para as experiências reais que viverá nos campos de estágio, bem como no de trabalho a posteriori. A transferência do saber por docente humanizado, capacitado não só do ponto de vista cientifico-pedagógico, mas também no que tange à acolhida dos medos, inseguranças, dúvidas, ansiedades, angústias, apreensões e expectativas do discente, de modo a aflorar suas potencialidades e minimizar suas dificuldades, corroboram para que o aluno apreenda como máximo êxito os conteúdos trabalhados.

Nota-se que a ansiedade predomina ante a uma experiência da magnitude que a disciplina traz, e, as aulas são uma oportunidade única para prepará-los para a nova fase do curso de Enfermagem, onde cada vez mais conhecimentos semiológicos se farão necessários.

No que concerne a atuação do profissional no campo prático, quanto mais detiver as bases teóricas, melhor será o trabalho desenvolvido junto ao cliente, possibilitando que a essência da Enfermagem, o cuidado, se aprimore e desenvolva continuamente embasada no saber-fazer.

2- Quais as complicações sobre a assistência e sobre a autonomia de enfermagem advindas da incorporação da semiologia no cotidiano da prática profissional do enfermeiro?

À partir da inclusão da disciplina de Semiologia na matriz curricular obrigatória do curso de Enfermagem, o enfermeiro passa a deter conhecimentos que o capacitam para desenvolver e aplicar uma assistência pautada no binômio técnica-ciência. A oitiva do cliente, coleta de seus dados gerais e exame físico, dão ao enfermeiro subsídios para a escolha/decisão das prescrições de enfermagem em consonância com a realidade/necessidade do paciente inserido em seu contexto patológico e biopsicossocial, de modo a alcançar êxito no cuidado.

O enfermeiro deixa de ser mero coadjuvante, passando a ter fundamental importância nos processos de assistência à saúde.

A construção da autonomia do enfermeiro perpassa pela realização de ações de enfermagem valendo-se

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