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INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA NO CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Por:   •  31/1/2019  •  Artigo  •  4.225 Palavras (17 Páginas)  •  292 Visualizações

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INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA NO CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR: UMA REVISÃO DA LITERATURA

 Fernanda Medeiros Viana[1]

Lisiane Lange da Silva2

RESUMO

Este estudo de revisão objetivou determinar as principais causas da infecção hospitalar bem como a participação do profissional farmacêutico frente a este problema de saúde pública. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura com base em artigos publicados no período de 2006 a 2016. Foram utilizadas as bases de dados SciELO, LILACS e Periódicos CAPES, sendo selecionados 23 artigos que foram agrupados para análise considerando os enfoques: causas da infecção hospitalar e intervenção farmacêutica frente a infecção hospitalar. Segundo estudos, a Unidade de Terapia Intensiva é a origem da infecção hospitalar por diversos fatores, dentre eles, o estado clínico do paciente e a utilização desacerbada de antimicrobianos. O papel do farmacêutico clínico frente a este grave problema de saúde pública é atuar em conjunto com as equipes multidisciplinares, dando assistência na prescrição de antibióticos, promovendo o uso racional de medicamentos. O profissional atua, ainda, no auxílio às Comissões de Controle da Infecção Hospitalar, criando formulários de controle do uso de antimicrobianos, minimizando os eventos adversos.

Palavras Chave: Infecção hospitalar. Antimicrobianos. Prevenção e controle. Farmacêutico.

1 INTRODUÇÃO

     O século XXI apresenta um novo cenário no cuidado à saúde, em virtude do reconhecimento, cada vez maior, de novos agentes infecciosos e o ressurgimento de infecções, que até pouco tempo estavam controladas. Um agravo a este problema é o expressivo número de agentes infecciosos que adquiriram resistência a uma série de drogas antimicrobianas, como consequência do uso desenfreado e inadequado dessas drogas (MENDONÇA, 1997).

     Nesse sentido, a consequente limitação de terapias que utilizam antimicrobianos, especialmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais, tem levado a centenas de milhares de mortes por ano. Hoje, praticamente todos os microrganismos conhecidos evoluíram de tal forma que desenvolveram resistência a um ou mais antibióticos utilizados na prática médica. (CHANG, 2013).

     O Ministério da Saúde (MS), na Portaria nº 2.616 de 12/05/1998, define infecção hospitalar (IH) como a infecção adquirida após a admissão do paciente na unidade hospitalar e que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. As infecções adquiridas em hospitais constituem um problema sério de saúde pública, tendo em vista a sua abrangência e os elevados custos socioeconômicos (WHO, 2002; WHO, 2004).

     Pesquisas apontam que entre 25% a 33% dos pacientes hospitalizados fazem uso de algum tipo de antimicrobiano durante o período de internação, sendo que o uso inadequado desta classe farmacológica atinge em torno de 40% a 60% dos pacientes (PELLETIER, 1985). O uso incorreto e indiscriminado de antibióticos representa um dos principais fatores que levam à resistência antimicrobiana em hospitais. Esta realidade pode ser mitigada a partir da atuação do farmacêutico inserido nas equipes interdisciplinares dos hospitais, onde o profissional busca reduzir a transmissão de infecções, otimizando a relação farmacocinética-farmacodinâmica para evitar falha terapêutica, além de revisar e elaborar formulários, junto da equipe médica, buscando reduzir a administração incorreta de antimicrobianos.

     O estudo teve como objetivo delinear, a partir de uma revisão da literatura, a importância do farmacêutico clínico frente ao grave problema de saúde pública que é a infecção hospitalar.

2 METODOLOGIA

     O presente trabalho foi elaborado com base em uma revisão narrativa da literatura, buscando apresentar uma temática mais ampla, sem normas protocolares para seu desenvolvimento. A escolha dos artigos foi feita de forma arbitrária, dispondo para busca do material as bases de dados SciELO, LILACS e Periódicos CAPES, utilizando como limitação temporal o período de 2006 a 2016 (últimos dez anos). Para busca do material, foram utilizadas as palavras chaves: infecção hospitalar, antimicrobianos, farmacêutico, prescrição e controle, de acordo com o vocabulário criado pela Bireme, contido nos descritores em Ciências da Saúde. A partir desses termos, foram selecionados, de forma arbitrária, um total de 23 artigos pertinentes ao tema central, cujos critérios de inclusão foram a limitação temporal, a presença das palavras-chave selecionadas e a busca de artigos nos idiomas português e inglês. Os textos foram organizados de acordo com os enfoques priorizados em: causas das infecções hospitalares e papel do farmacêutico no controle e prevenção das infecções nosocomais. Considerou-se no estudo artigos descritos na literatura que buscaram de forma sistemática, através de pesquisas de campo, obter informações acerca dos fatores que contribuem para a adesão de uma infecção hospitalar estabelecida, bem como a atuação do profissional farmacêutico frente a este problema.

3  REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Aspectos que contribuem para a infecção hospitalar

3.1.1 Unidades de terapia intensiva

     Pacientes internados em hospitais estão expostos diariamente a uma grande variedade de microrganismos patogênicos, dentre eles, vírus, bactérias e fungos. Estudo realizado demonstrou que as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são responsáveis por mais de 60,8% das infecções hospitalares (IH) (PEDROSA, MACEDO, 1999), e que pacientes admitidos nestas unidades, estão sujeitos a riscos maiores (10 vezes mais) de adquirir uma infecção do que aqueles de outras unidades de internação do hospital. Isso se deve à condição clínica do paciente e da sua exposição aos fatores de risco, tais como: rotina do uso de antimicrobianos potentes, procedimentos invasivos, longo tempo de internação, cirurgias complexas e uso de drogas imunossupressoras (COUTO, PEDROSA, NOGUEIRA, 2003).

     O uso de procedimentos invasivos nas UTIs constitui uma das medidas extremas de assistência intensiva realizadas, por conta do estado clínico dos pacientes admitidos nestas unidades. Estudos comprovam que estas ações podem desencadear complicações e efeitos colaterais. Entre essas complicações, destaca-se a infecção hospitalar (CASTILHO, 2009). Um dos dispositivos invasivos mais utilizados na UTI são os cateteres intravasculares, principalmente os venosos. O contato desses cateteres no sistema venoso profundo representa uma fonte potencial de complicações infecciosas. Vários aspectos são apontados como fatores de risco para o desenvolvimento das infecções relacionadas ao cateter venoso central, como a duração do cateterismo, a colonização cutânea no local de introdução do cateter, a manipulação frequente da linha venosa, dentre outros (CARRARA, 2002). Uma pesquisa apontou que os principais agentes causadores de infecção na corrente sanguínea são os Staphylococcus (32,2%), Pseudomonas aeruginosa (40,1%) e fungos (5%) (FELIX, 2010).

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