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O que é Lupus?

Por:   •  19/8/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.369 Palavras (14 Páginas)  •  225 Visualizações

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Conceituação-Histórico

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença auto-imune, multi-sistêmica crônica, cuja característica mais marcante, do ponto de vista clínico e patológico, é o desenvolvimento de focos inflamatórios em vários tecidos e órgãos do corpo, com causas desconhecidas.  A doença evolui com períodos de exacerbações e remissões, com curso e prognóstico variáveis, comprometendo principalmente a pele, articulações, rins, pulmão, coração, trato gastrointestinal, vasos sanguíneos, células do sangue e o SNC.

O termo “lúpus” serviu, desde o século XVIII, para caracterizar uma grande variedade de doenças cutâneas, e o nome se deve ao aspecto erosivo de algumas de suas lesões de pele.

Existem duas formas principais de lúpus:

  • A primeira é o lúpus cutâneo, que se manifesta através de manchas na pele (lesões cutâneas do tipo “asa de borboleta”), particularmente nas áreas que tomam sol (rosto, o "V" do decote, e nos braços).
  • A segunda forma é a sistêmica, ou seja, aquela que pode causar sintomas em várias regiões do organismo, como as articulações (juntas), pleura (do pulmão), cabelos, rins etc.
  1. Epidemiologia

Devido aos avanços de diagnóstico e conhecimento médico, a LES é uma doença, que do ponto de vista atual, é relativamente comum no consultório dos reumatologistas, sendo diagnosticada com mais freqüência e um prognóstico muito melhor do que há 15 anos.

 O LES é encontrado em todo o mundo, e sua prevalência oscila de 15-50/100.000 habitantes, não possuindo distribuição uniforme em todos os grupos raciais (observa-se estatisticamente, discreto predomínio na raça negra), e que sexo, idade, raça, situação socioeconômica podem ter influência na expressão da doença, tendo uma maior prevalência na zona urbana.

O Lúpus Eritematoso acomete predominantemente mulheres jovens, durante a idade fértil, tendo uma proporção sexo feminino/masculino referida como 9:1 na maioria das estatísticas. A doença costuma se manifestar entre 15-45 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária. A proporção feminino/masculino depende da idade, alcançando 15:1 em adultos jovens, mas reduzindo-se para 2-3:1 em crianças pequenas e idosos.

Existe, também, uma prevalência importante em algumas famílias (10% a 20% dos pacientes com LES têm uma história familiar de doença auto-imune).

 No Brasil, não temos pesquisas sobre o número de brasileiros acometidos por Lúpus. Nos EUA, sabe-se que existem cerca de 1 milhão e 400 mil lúpicos.

Uma pessoa que tem LES desenvolve anticorpos que reagem contra as suas células normais, podendo conseqüentemente afetar a pele, as articulações, rins e outros órgãos. Ou seja, a pessoa se torna "alérgica" a ela mesma, o que caracteriza o LES como uma doença auto-imune.

Mas não é uma doença contagiosa, infecciosa ou maligna. A maioria dos casos de LES ocorre esporadicamente, indicando que fatores genéticos e ambientais têm um papel importante na doença.

  1. Patogênese

Como em todas as doenças, há uma conjugação de fatores genéticos e ambientais, para que a doença se desencadeie, havendo uma perda do controle do equilíbrio da imunorregulação celular, sem causas até agora bem definidas.

Em última análise, o LES é resultado da ação de diversos auto-anticorpos, formados por um desequilíbrio do sistema imunológico. Há décadas, diversos pesquisadores tentam elucidar a ainda desconhecida etiopatogenia do LES. Muitos conceitos, contudo, já foram definidos.

Em última análise, o LES é resultado da ação de diversos auto-anticorpos, formados por um desequilíbrio do sistema imunológico, mas estudos já indicam que para que a doença venha a se manifestar e provocar lesões nos tecidos e células sanguíneas é preciso à conjugação de agentes externos desconhecidos (vírus, bactérias, agentes químicos, radiação ultravioleta) e fatores genéticos.

  1. Fatores Genéticos

O risco de desenvolver lúpus eritematoso sistêmico é pelo menos em parte, genética, mas é uma doença genética complexa com nenhum padrão claro de herança mendeliana.  A doença tende a ocorrer em famílias, de modo que os irmãos de pacientes com LES têm um risco de doença de cerca de 2%.  No entanto, mesmo gêmeos idênticos com LES são concordantes para a doença em apenas 25% dos casos e são, portanto, discordantes (ou seja, quando um gêmeo tem LES e um não) em cerca de 75% dos casos.

A presença do componente genético no LES (herança multigênica) é evidenciada por estudos familiares envolvendo análises parentais, concluindo-se que o LES não é transmitido de pais para filho, podemos dizer então que não é uma doença hereditária. No entanto, há crianças que herdam dos pais alguns fatores genéticos ainda desconhecidos que podem fazer com que tenham predisposição a ter LES.

Devemos nos perguntar por que o sistema imunológico de um indivíduo começa a atacar os seus próprios tecidos?

Em primeiro lugar, devemos saber que o nosso sistema imune já nasce com potencial para isso. Ao mesmo tempo em que se formam linfócitos T com especificidade contra antígenos estranhos ao organismo, também são formados linfócitos T auto-reativos. Em pessoas normais (que não desenvolvem doenças auto-imunes), os linfócitos auto-reativos permanecem inativados por um complexo sistema de auto-tolerância. A perda deste mecanismo fisiológico pode ocorrer pela conjugação de fatores genéticos e ambientais. A apoptose (morte celular programada) está aumentada, permitindo a expressão na membrana de antígenos nucleares, antes não reconhecidos pela ‘auto-tolerância’.

  1. Fatores Ambientais

           Diversos fatores ambientais podem ser necessários para desencadear a doença, sendo mais conhecidos:

  • Luz ultravioleta (UV): Tanto pode precipitar o início quanto reativa os sintomas e sinais da doença. Raios ultravioletas são invisíveis e correspondem aproximadamente a 10% da luz solar, são responsáveis por produzir o bronzeado e as queimaduras. Cerca de 30 a 40% das pessoas com Lúpus apresentam sensibilidade aos raios ultravioletas vindos da luz solar ou artificial, a exposição         à luz solar explica a maior ocorrência da doença no verão.

 

Os raios ultravioletas exercem vários efeitos imunogênicos nos queratinócitos cutâneos (células produtoras de queratina): a) estimulam a expressão em sua membrana de alguns antígenos nucleares, levando a formação de auto-anticorpos contra os mesmos; b) induzem a apoptose destas células, expondo auto-antígenos.

  • Hormônios sexuais: Enquanto os estrogênios são imuno-estimulantes (aumentam a atividade dos linfócitos auto-reativos), ou seja, o hormônio feminino é autoformador de anticorpos, já os androgênios e progestagênios (hormônios masculinos) fazem o oposto, explicando a predominância da doença em mulheres na idade fértil.

  • Medicamentos: Uma série de medicamentos pode ser responsável pelo desenvolvimento do lúpus fármaco-induzido.

As principais são: hidralazina (anti-hipertensivo), procainamida (antiarritmico), isoniazida (utilizado no tratamento da tuberculose), fenitoína (anticonvulsivante), clorpromazina (antipsicótico), metildopa (anti-hipertensivo), quinidina (antiarritmico) e alfa-interferon (possui uma ação terapêutica antiviral, antiproliferativa e imunomoduladora).  

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