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Uso Racional de Antimicrobianos

Por:   •  24/9/2018  •  Seminário  •  5.319 Palavras (22 Páginas)  •  293 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

FARMÁCIA HOSPITALAR

USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANO

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VITÓRIA

2015

1        INTRODUÇÃO

O conceito de uso racional de medicamentos nos remete à Conferência de Nairobi, em 1985: “existe uso racional quando os pacientes recebem medicamentos apropriados a suas necessidades clínicas, em doses e períodos adequados às particularidades individuais, com baixo custo para eles e sua comunidade”. O uso racional dos antimicrobianos, também pode ser definido como a “Prática de prescrição que resulta na ótima indicação, dosagem, via de administração e duração de um esquema terapêutico ou profilático, propiciando o alcance de sucesso clínico com mínima toxicidade para o paciente e reduzido impacto sobre a resistência microbiana” (DELLIT TH, et al, 2007).

O uso irracional de medicamentos é um problema de saúde pública com grandes consequências econômicas. As falhas terapêuticas associam-se à redução da qualidade do tratamento e as reações adversas associam-se ao aumento de riscos à saúde. Dessa forma, ambas remetem os indivíduos, ou o sistema de saúde, à busca de novas intervenções medicamentosas e novas tecnologias (ROZENFELD, 2003). No caso do uso irracional de antimicrobianos, o principal problema está no desenvolvimento de resistência bacteriana, o que prolonga a hospitalização do paciente, aumenta o risco de morte, e gera a necessidade de uso de terapias mais tóxicas e com alto custo. (RODRIGUES, 2010).

A má utilização de antimicrobianos na Medicina, tanto humana quanto animal, é o principal selecionador de bactérias resistentes. Tal fato é principalmente importante no ambiente hospitalar, o qual apresenta grande necessidade de emprego destes medicamentos, sendo que de 25 a 30% dos pacientes internados necessitam de tratamento antimicrobiano, seja devido uma infecção comunitária ou hospitalar. (BRASIL, 1998). A saber, infecção hospitalar (IH), segundo a Portaria Nº 2616/98 do Ministério da Saúde, é definida como sendo aquela adquirida após admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando relacionada com a internação ou a procedimentos hospitalares. São também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados durante este período. Infecção comunitária (IC), segundo a Portaria Nº 2616/98 do Ministério da Saúde, é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital.

A manifestação de infecções em hospitais é um problema antigo e complexo que atinge todos os hospitais independentemente de seu tamanho ou especialidade. Pode-se considerar que as infecções hospitalares datam desde o período medieval, época em que foram criadas instituições para alojar pessoas doentes, peregrinos, pobres e inválidos constituindo, inclusive, locais de separação e de exclusão (FOUCAULT, 1985 apud LACERDA, 1997), passando ao longo da história, até “explodirem” na mídia na década de 80, mostrando a sua relação com o aumento das demandas por assistência médica e as internações hospitalares (DANTAS, 2011).

Diante deste panorama, foi instituída a Lei Federal 9431 de 6 de Janeiro de 1997 que determina a obrigatoriedade de existência da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH). Em 13 de maio de 1998, o Ministério da Saúde estabelece a Portaria 2616/98 contendo diretrizes e normas para prevenção e controle de infecção hospitalar, e implantação do PCIH (PAZ, 2011; BRASIL, 1998).

Nas últimas décadas, a indústria farmacêutica tem dispensado poucos recursos para a descoberta de novos antimicrobianos. O desenvolvimento de antimicrobianos consome muito tempo, sendo considerado caro e arriscado, em virtude do rápido aparecimento de resistência, tão logo a droga é comercializada. Por isso, a indústria farmacêutica tem focado suas pesquisas no desenvolvimento de novas drogas para doenças crônicas, tais como doenças inflamatórias, transtornos metabólicos, endócrinos, doenças pulmonares e neoplasias.

Como consequência, muitas bactérias, que são agentes frequentes de infecções relacionadas à assistência à saúde, continuam desenvolvendo resistência aos antimicrobianos atualmente disponíveis e, ao mesmo tempo, não há a descoberta de novas drogas contra estas cepas (REDE RM - ANVISA).

Alguns fatores contribuem sobremaneira para a seleção de cepas resistentes, como: prescrição de tratamentos empíricos quando não há evidência clínica de quadro infeccioso; interrupção de tratamentos antes que se cumpra a posologia indicada; falhas no ato de dispensação; utilização indiscriminada de antimicrobianos de amplo espectro, fatores relacionados aos antimicrobianos (mecanismo de ação e propriedades necessárias para a sua eficácia), características do próprio microrganismo, tais como: a virulência, a transmissibilidade e a capacidade de sobrevivência; fatores relacionados ao paciente, como: o aumento da população de doentes com maior gravidade e de imunodeprimidos e fatores que envolvem o ambiente da assistência à saúde.

Se por um lado há poucas estratégias para alterar os fatores relacionados ao paciente e ao microrganismo, por outro, há evidências de que a melhora (i)na prática de prescrição de antimicrobianos, (ii) nas medidas de prevenção das infecções e (iii) no processo de dispensação realizado pelo farmacêutico hospitalar reduzem a resistência microbiana. Assim é fundamental uma educação continuada da equipe de saúde para o correto uso de antimicrobianos e educação em relação as práticas para prevenção de infecções (CORREA, 2007).

Existem várias estratégias para promover o uso racional de antimicrobianos no ambiente hospitalar, como por exemplo, a formação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e adoção de Programa de controle e uso racional de antimicrobianos, no entanto, a sua implementação exige investimento da instituição, e disposição de uma equipe especializada, além do apoio da administração junto ao corpo clínico (CORREA, 2007).

Portanto, considerando que o uso irracional de antimicrobianos é um importante problema de saúde pública global, o objetivo do presente trabalho é citar e descrever as possíveis ações que podem ser adotadas em um ambiente hospitalar a fim de se obter o uso racional de medicamentos antimicrobianos e consequentemente reduzir riscos à saúde, custos e o aparecimento de cepas resistentes.

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