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BIOLOGIA

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Por:   •  19/2/2013  •  1.136 Palavras (5 Páginas)  •  1.290 Visualizações

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Lawrence Sklar

Universidade de Michigan

A demarcação das ciências naturais em relação à filosofia foi um processo longo e gradual no pensamento ocidental. Inicialmente, a investigação da natureza das coisas consistia numa mistura entre o que hoje seria visto como filosofia (considerações gerais das mais vastas sobre a natureza do ser e a natureza do nosso acesso cognitivo a ele) e o que hoje seria considerado como próprio das ciências particulares (a acumulação de factos da observação e a formulação de hipóteses teóricas gerais para os explicar). Se olharmos para os fragmentos que nos restam das obras dos filósofos pré-socráticos, encontraremos não só tentativas importantes e engenhosas para aplicar a razão a questões metafísicas e epistemológicas vastas, mas também as primeiras teorias físicas, simples mas extraordinariamente imaginativas, sobre a natureza da matéria e os seus aspectos mutáveis.

Na época da filosofia grega clássica já podemos encontrar uma certa separação entre as duas disciplinas. Nas suas obras metafísicas, Aristóteles faz claramente algo que hoje seria feito por filósofos; mas em muitas das suas obras de biologia, astronomia e física encontramos métodos de investigação que são hoje comuns na prática dos cientistas.

À medida que as ciências particulares, como a física, a química e a biologia, foram aumentando em número, canalizando cada vez mais recursos e desenvolvendo metodologias altamente individualizadas, conseguiram descrever e explicar os aspectos fundamentais do mundo em que vivemos. Dado o sucesso dos investigadores das ciências específicas particulares, há muito quem pergunte se ainda restará algo para os filósofos fazerem. Alguns filósofos pensam que existem áreas de investigação que são radicalmente diferentes das que pertencem às ciências particulares, como, por exemplo, a investigação sobre a natureza de Deus, sobre o "ser em si" ou sobre qualquer outra coisa do género. Outros filósofos tentaram de várias maneiras encontrar uma área remanescente de investigação em filosofia que estivesse mais próxima dos desenvolvimentos mais recentes e sofisticados das ciências naturais.

Segundo uma perspectiva mais antiga, que foi perdendo popularidade ao longo dos séculos sem nunca desaparecer inteiramente, existe uma maneira de conhecer o mundo que nos seus fundamentos não precisa de depender da investigação observacional ou experimental própria do método das ciências particulares. Esta perspectiva foi influenciada parcialmente pela existência da lógica e matemática puras, cujas verdades firmemente estabelecidas não parecem depender, para que estejam garantidas, de qualquer base observacional ou experimental. De Platão e Aristóteles a Leibniz e aos outros racionalistas, passando por Kant e pelos idealistas, e mesmo até ao presente, tem persistido a esperança de que, se fôssemos suficientemente inteligentes e perspicazes, poderíamos estabelecer um corpo de proposições que descreveriam o mundo e que, no entanto, seriam conhecidas com a mesma certeza com que dizemos conhecer as verdades da lógica e da matemática. Poderíamos acreditar nessas proposições independentemente de qualquer apoio indutivo obtido de factos específicos observados. Se dispuséssemos de um corpo de conhecimento como esse, não teríamos atingido o objectivo procurado durante séculos pela disciplina tradicionalmente conhecida por "filosofia"?

Segundo uma perspectiva mais recente, o papel da filosofia não é o de funcionar como fundamento ou extensão das ciências, mas como sua observadora crítica. A ideia é a de que as disciplinas científicas particulares usam conceitos e métodos. As relações entre os diversos conceitos, embora estejam implícitas no seu uso científico, podem não ser explicitamente claras para nós. O papel da filosofia da ciência seria assim o de clarificar essas relações conceptuais. Uma vez mais, as ciências particulares usam métodos específicos para fazer generalizações, a partir de dados da observação, em direcção a hipóteses e teorias. O papel da filosofia, segundo esta perspectiva, é o de descrever os métodos usados pelas ciências e explorar as bases de justificação desses métodos, isto é, compete à filosofia mostrar que os métodos são apropriados para encontrar a verdade na disciplina científica em questão.

Mas será que podemos diferenciar a filosofia e a ciência, a partir de qualquer uma destas perspectivas, de uma maneira simples e directa? Muitos especialistas sugeriram que não. Nas ciências específicas, as teorias por vezes não são adoptadas devido apenas à sua consistência com os dados da observação, mas também com base na sua simplicidade, força explicativa

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