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Cuidados paliativos: o desafio das equipes de saúde

Por:   •  1/10/2016  •  Resenha  •  1.614 Palavras (7 Páginas)  •  688 Visualizações

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BRAGA, Fernanda de Carvalho; QUEIROZ, Elizabeth. Cuidados paliativos: o desafio das equipes de saúdePsicol. USP, Dez 2013, vol.24, no.3, p.413-429. ISSN 0103-6564[1]

O artigo Cuidados Paliativos: o desafio das equipes de Saúde é um estudo publicado pela Revista de Psicologia da USP, volume 24, n°03, no ano de 2013, que tem como autoras Fernanda de Carvalho Braga[2] e Elizabeth Queiroz[3], ambas oriundas da Universidade de Brasília.

O objetivo principal do artigo foi buscar na literatura nacional estudos sobre equipes de saúde que trabalham cuidados paliativos em neonatologia. Foi realizada uma revisão de literatura em periódicos nacionais sobre cuidados paliativos em neonatologia, utilizando a base de dados da BVS (Biblioteca Virtual Em Saúde), que integra a LILACS, SCIELO e MEDLINE[4]. Como palavras-chave utilizou-se cuidados paliativos, equipe de saúde e neonatologia, sendo a primeira combinada com cada uma das demais e as três juntas. O descritor neonatologia foi incluído por se tratar de um estudo preliminar que subsidiou a dissertação de mestrado da primeira autora (BRAGA,2013). Afim de se conhecer a realidade brasileira sobre o tema foi utilizado o filtro de idioma português, além de delimitar o período pesquisado de 2002 a 2012 e apenas incluir artigos originais e de revisão sobre o tema, excluindo-se teses, dissertações, monografias e comunicações.

Foram encontradas 62 publicações. Destas, 22 foram rejeitadas sendo 13 publicações de artigos já inclusos e 9 publicadas anteriormente ao ano de 2002. Das 40 produções restantes, nenhuma relacionava os três descritores, apenas uma relacionava cuidados paliativos e neonatologia, e 16 relacionava cuidados paliativos com equipe de saúde. Dessa ultima relação, apenas 10 artigos entraram para o estudo, sendo os demais, 3 teses, 2 monografias e 1 comunicação.

A concepção de cuidado ao paciente fora da perspectiva de cura surgiu na década de 1960 com Cicely Saunders, a qual fundou o primeiro hospital para pacientes nessa condição de saúde. Desde então, o interesse pelo assunto, bem como a demanda para cuidar destes pacientes só aumentou.

A primeira definição de cuidados paliativos foi publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1990, estabelecendo como "os cuidados totais e ativos dirigidos a pacientes fora de possibilidade de cura". Mais tarde, em 2002, a mesma instituição aprimorou a definição delegando algumas funções aos profissionais envolvidos como além de aliviar a dor e os desconfortos físicos, dar suporte religioso e psicossocial ao paciente e seus familiares. Esta nova concepção passa a dar mais ênfase na qualidade de vida do indivíduo e de sua família além de oferecer os cuidados paliativos desde o diagnóstico da doença e não apenas perto da morte.

O entendimento sobre a morte e o morrer deve ser levado em conta em qualquer momento do desenvolvimento humano, sobretudo quando o acometimento ocorre com crianças. Não é esperado pela sociedade que as mesmas sejam diagnosticadas com doenças crônicas ou terminais com evolução eminente para a morte. Porém, estes casos não são raros, o que justifica a demanda de profissionais habilitados na assistência à  essas crianças e principalmente às suas famílias.

Os cuidados paliativos envolvem diferentes aspectos éticos, psicossociais, religiosos e culturais, desta forma é notória a necessidade da formação de uma equipe competente e de ampla abordagem acima de tudo de forma interdisciplinar. Esta equipe deve proporcionar qualidade de vida ao paciente e seus familiares desde o diagnóstico até o evento do óbito, através de ações integradas.

Morrer faz parte da vida, porém ao longo da História a sociedade parece ter distorcido essa realidade. Com a medicalização das doenças e os avanços tecnológicos para se chegar a um diagnóstico, as pessoas tenderam a viver por mais tempo após a descoberta de uma doença crônica. Junto a este processo, foi e está sendo vivenciada uma mudança de significação da morte, em que morrer já não é algo público e coletivo, e sim, privado e individual. Assim, vem se tornando cada vez mais freqüente a transferência de tutela do óbito para o hospital, desta forma a sistemática do morrer passa a ser ocultada e a aprendizagem do papel de moribundo passa a ser restringida.

Dos 11 artigos selecionados, 4 evidenciam a relevância da preparação dos profissionais de saúde para lidar com o processo de morte. Palú et al (2004) defende a idéia que a convivência com a morte e a iminência do final da vida pode provocar sentimentos como compaixão, culpa, indiferença, negação, envolvimento emocional e empatia, e que a formação de tais profissionais voltada para salvar vida implica em sentimentos de fracasso e impotência diante da perda de um paciente. Para Gomes e Almeida (2004), o conceito que se tem do final da vida afeta a prática profissional, e as percepções individuais influenciam diretamente na escolha terapêutica, representando um importante foco a ser trabalhado na formação e educação continuada destes profissionais. Kóvacs (2010) se baseia na ideia da morte como evento natural, conseqüência da vida, porém ela defende que a mesma ainda  é sinônimo de fracasso e influencia no desempenho profissional. Bifulco e Iochida (2009) reforça a importância da formação em nível de graduação afim dos profissionais da saúde melhorarem sua relação com a morte, o morrer e os cuidados paliativos, assim teriam uma visualização da perda como conseqüência de estar vivo, essa percepção favoreceria uma melhor forma de lidar com o fim da vida.

A produção de Gimenes (2003) traz uma abordagem diferenciada das demais a partir da perspectiva espiritual relacionada com a psicológica. A autora afirma que essa metodologia pode auxiliar no processo de passagem do morrer, contemplando as etapas psicoespirituais que precedem a morte. Ela ainda fornece um guia aos profissionais dispostos a unir ciência e espiritualidade e como lidar com tal processo.

O estudo de Mato, Pires e Campos (2009) mostra que as relações entre profissionais atuantes no cuidado paliativo, sobre tudo médicos e enfermeiros, sofrem desgastes e passam por dificuldades de interação, e que a abordagem interdisciplinar centrada no paciente e suas necessidades tem uma repercussão positiva frente a tais conflitos, pois facilita a comunicação entre usuário, família e equipe. Os autores ainda buscam focalizar em seu estudo as vantagens e desvantagens em se trabalhar em uma equipe integrada e diferenciar a atuação destes grupos nos cuidados paliativos e na gerontologia.

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