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Gestão Agropecuaria

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Por:   •  18/3/2015  •  4.045 Palavras (17 Páginas)  •  633 Visualizações

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Gestão de compras na pecuária: custo de produção de gado de corte

Você sabe qual o custo de produção de um boi em sua fazenda? Esses cálculos são essenciais para definir a gestão de compras na pecuária. Embora esta seja uma atividade perene, o fim de ano pode apresentar uma boa oportunidade para realizar tarefas gerenciais dentro da propriedade.

O presidente da Novilho Precoce MS (Associação Sul-mato-grossense do Produtores de Novilho Precoce), Alexandre Scaff Raffi, revela que o custo mensal de uma cabeça de gadoem sua propriedade (Fazenda Boa Esperança) foi de R$ 25 em 2011. Dentro desta conta estão as despesas variáveis, como sal mineral e medicamentos veterinários, e custos fixos, como energia elétrica e funcionários. “Quando se fala em gestão de compras da pecuária, a gente pensa em economizar. Aí a gente briga por preço de vacina pra aftosa e quer comprar uma de segunda linha para deixa de gastar 20 centavos. Você vai gastar 40 centavos a menos por ano em um animal que custa 1800 reais. O que isso representa?”, indaga o presidente da Novilho Precoce MS.

A mesma linha de raciocínio segue o pesquisador do Cepea, Sérgio de Zen. “O pecuarista sempre quer ver a arroba acima de R$ 100, mas não representa exatamente o melhor pra ele”. De Zen comparou o preço da arroba do boi gordo em 2011 com meados da década de 90. O valor, apesar de representar menos da metade do que é hoje, remunerava melhor o criador.

Veja também:

Confinar 2014

06 e 07 de maio em Campo Grande/MS

A conta é simples

Alexandre Raffi, da Novilho Precoce MS, afirma que pode fazer em dez minutos o cálculo de custo de qualquer fazenda. “Quando começa a colocar no papel, muito produtor começa a dizer que uma parte da receita foi procarro novo da família, pra uma casa nova. Não importa. Se todo o dinheiro dele vem da fazenda, deve fazer parte da conta”, simplifica Raffi, conforme oexemplo que ilustramos abaixo:

Custo de produção em um confinamento: em média R$ 5,00 por dia, ganhando 1,5 kg por dia, resultando em 30 kg em 20 dias. Ou seja, o custo de produção da arroba em confinamento (incluindo os 50% de rendimento de carcaça médio) é de R$ 100,00.

Se na Fazenda Boa Esperança, o gado a pasto ganhar cerca de 300 gramas por dia, para ganhar os mesmos 30 quilos seriam necessários 100 dias. Nas contas de Alexandre, uma cabeça consome em média R$ 1,20 de pastagem por dia. Sua arroba produzida, então, custaria R$ 120,00.

O resultado, 20% a mais que o custo da arroba produzida num confinamento, alertou Alexandre para um fator importante. “Se eu fizer meu gado ganhar um pouco a mais do que ganha, vamos dizer 400 gramas por dia, ele vai engordar uma arroba em 75 dias, com um custo total de 90 reais. Aonde que eu devo investir então, na gestão de compras na pecuária ou no ganho de peso do meu animal?”, questiona Raffi.

Sistema produtivo Custo diário GPD Custo da @ produzida *

Confinamento R$ 5,00 1,5 kg R$ 100,00

Pasto R$ 1,20 ** 0,3 kg R$ 120,00

Pasto R$ 1,20 0,4 kg R$ 90,00

* Custo da arroba produzida contando com 50% de rendimento de carcaça médio, ou seja, 30 kg de carcaça representam 15 kg de carne.

** Custo do pasto por animal/dia. Média da Fazenda Boa Esperança, de Alexandre Scaff Raffi.

O ideal, segundo o presidente da Novilho Precoce MS, não é todos investirem na reforma de pastagem, mas que façam suas contas e saibam onde devem investir. “A minha propriedade é relativamente pequena, por isso eu tenho que produzir mais em uma área menor. Se o pecuarista tem 10 mil hectares, a conta dele não vai ser a mesma que a minha”, pondera Alexandre.

Aumento dos custos de produção

Em palestra realizada durante o evento MS Agro 2011, o pesquisador Sérgio de Zen, do Cepea, afirmou que mão de obra e suplementação mineral foram os custos que mais subiram na pecuária nos últimos anos. Uma das tabelas que ilustrava sua palestra mostrou que o custo da mão de obra subiu 27,55% e que a suplementação mineral cresceu 23,3%. “Sistematicamente o custo de produção da pecuária vem crescendo. De 2009 até 2011, o custo mensal de uma cabeça de gado na minha fazenda passou de R$ 15, depois pra R$ 20 e esse ano foi R$ 25”, informa Alexandre Raffi.

Insumos/serviços Custo de produção anual da Fazenda Boa Esperança em 2011

Funcionários 10,9%

Sal Mineral 6,9%

Produtos veterinários 4,3%

Diesel 2,8%

Formação de pasto 1,2%

Boi magro Preço médio de R$ 700,00

Boi gordo Remuneração média de R$ 1.800,00 em 2011

Mão de obra

Sérgio de Zen, do Cepea, prestou atenção ainda para um fato curioso: a pecuária brasileira ainda remunera os funcionários baseados no salário mínimo. “Isso atendia as expectativas antes de o valor do salário mínimo ser uma decisão meramente política. Hoje o pecuarista tem que remunerar seu funcionário de modo que ele possa injetar esse dinheiro de volta na economia”, recomenda De Zen.

A riqueza está na terra

Para o presidente da Novilho Precoce, o pecuarista nunca foi tão cobrado sobre seus resultados quanto é hoje. "Nós nunca fomos tão apertados. Hoje chega umarrendatário e quer sua terra pra produzir, aí você tem que saber quanto é o seu lucro por hectare", recomenda Raffi. Segundo ele, o lucro médio de um hectare na agricultura é cerca de R$ 400,00, cujo retorno é num curto espaço de tempo, aproximadamente quatro meses. "Você tem que gastar uns R$ 1.200,00 por hectare entre adubar a terra, comprar o melhorinoculante e semente, mas tem retorno médio de R$ 1.600, 00". Alexandre iniciou em 2011 o sistema de integração lavoura-pecuária. Ele plantou 80 hectares de soja e vai fazer sua primeira colheita em 2012.

Sérgio De Zen, do Cepea, afirma que cada vez mais a agricultura toma o espaço da pecuária, principalmente com a expansão da área de plantio de soja. Para Alexandre Raffi, são dois principais impactos na atividade pecuária hoje. "Você tem as novas culturas, como a cana, soja e o eucalipto, e o nosso custo de produção por hectare. Nós temos que perceber que a verdadeira riqueza do agropecuarista não está no gado ou na cultura que ele planta. A riqueza está na terra dele e no que ela pode produzir", conclui Raffi.

Módulos mínimos de produção – custos da produção de gado de corte em pasto

Por: CINIRO COSTA e Marco Aurélio Factori eadmin e Paulo Roberto de Lima Meirelles eCristiano Magalhães Pariz

Postado há 4 anos

A determinação do custo de produção se revela de suma importância na agropecuária, não somente como um componente para a análise da rentabilidade da unidade de produção, mas também como parâmetro de tomada de decisão e de capitalização do setor rural. A produção de gado de corte em pasto é afetada por vários fatores, dos quais se destacam aqueles relacionados a deficiência alimentar e sanidade dos animais. Portanto, para garantir a sustentabilidade desse sistema de produção, é necessário o manejo adequado das pastagens, juntamente com um correto manejo sanitário, a fim de aumentar a capacidade produtiva e a longevidade destas. Essas mudanças precisam ser bem avaliadas para que se possa determinar a viabilidade das novas tecnologias introduzidas nos sistemas produtivos (BARROS et al., 2005).

A produtividade animal em pastagem depende do desempenho animal (ganho de peso vivo), que está associado à qualidade da forragem e a capacidade de suporte da pastagem (número de animais por unidade de área). Tal capacidade é função da produtividade de massa de forragem. Embora as gramíneas forrageiras tropicais não sejam de excelente qualidade permitindo ganhos de peso vivo na faixa de 0,6 a 0,8 kg/animal/dia, a produtividade animal pode ser elevada pelo seu grande potencial de produtividade de massa, principalmente no período das águas (CORRÊA, 1997).

Esta publicação, objetiva relacionar e quantificar os custos de produção de gado de corte envolvendo cria, recria e terminação em pastagem submetida à adubação de manutenção, desde a implantação da espécie forrageira até a venda dos animais.

Para tanto, cabe ressaltar que alguns cálculos foram realizados por docentes e discentes da área de Forragicultura e Pastagens do curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Campus de Botucatu, incentivados pelos constantes questionamentos referentes à viabilidade dos sistemas de produção de gado de corte em pastagem. Os itens e os custos utilizados para tal cálculo foram adaptados para o Estado de São Paulo, com base em trabalhos de custos de produção de gado de corte realizados por pesquisadores da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS). Para o cálculo, considerou-se a média histórica da @: R$ 72,00 e R$ 62,00 para boi e vaca, respectivamente.

O módulo mínimo para produção de gado de corte em pasto deve ter 145 ha, sendo 108,7 ha para a fase de cria e 36,3 ha para as fases de recria e terminação, considerando uma taxa de lotação média de 6 e 3 UA por ha, respectivamente (UA = 450 kg de peso vivo). O investimento inicial é alto (R$ 674.725,32), sendo que os principais desembolsos são com a aquisição das matrizes (R$ 232.800,00) e a formação de 145 ha de pastagem (R$ 217.500,00), as quais representam 34,50 e 32,24% do investimento inicial para implantação do sistema para produção de gado de corte em pasto (Tabela 1).

Tabela 1. Custos de implantação do sistema para produção de gado de corte a pasto

No caso em estudo, computou-se a depreciação da pastagem, considerando que quando se adota o correto manejo e adubação de manutenção, a mesma não se degrada, mantendo-se produtiva por infinito período de tempo, depreciando apenas benfeitorias, máquinas e animais, diluídos para 10 anos de utilização (Tabela 2). Assim, os maiores custos com depreciação foram sobre as matrizes (50,10%), as quais apresentam 10 anos de vida média produtiva. Ressalta-se a importância de tais custos, pois muitos produtores não os consideram e no momento de reposição dos mesmos, não possuem o capital, prejudicando a atividade.

Tabela 2. Custos anuais com depreciação (10 anos)

Dentre os custos anuais variáveis, a adubação da pastagem é o item que apresenta o maior valor, representando 46,66% deste custo (Tabela 3). No entanto, tal custo reflete a intensificação do sistema, visto que a adubação de manutenção da pastagem permite maior taxa de lotação e maior produtividade animal em relação a sistemas extensivos de produção, além de que, quando aliada ao correto manejo, evita a degradação da mesma. Outro item com representatividade considerável nos custos anuais variáveis é a compra de matrizes para reposição (21,42%). Porém, a venda das matrizes de descarte compensa tal custo de aquisição de novos animais (Tabela 4). O desempenho animal do presente sistema é de aproximadamente 16,2@/ha/ano, corroborando com as 8,0-18,0 @/ha/ano citadas por Martha Júnior et al. (2006) em sistema pastoril com adubação moderada na região do Cerrado. De acordo com tais autores, o desempenho animal em pastagem degradada e em pecuária tradicional é de 0,8-2,0 e 2,5-7,0 @/ha/ano, respectivamente, demonstrando que o correto manejo e a adubação de manutenção da pastagem proporcionam ganhos em produtividade.

Tabela 3. Custos anuais variáveis

Tabela 4. Produção e receitas anuais

A lucratividade do sistema foi de 12,63% e considerando renda mensal para o produtor de três salários mínimos (R$ 1.635,00), a renda mensal da propriedade é de R$ 342,14 (Tabela 5). No entanto, vale ressaltar que foi considerada a média histórica da @ do boi. Se fosse considerado os valores do dia 14/03/2011 divulgados pelo BeefPoint (R$ 103,00 e R$ 95,00 para @ de boi e vaca, respectivamente), a lucratividade aumentaria para 39,46%, com elevação da renda mensal da propriedade para R$ 7.278,19, além dos mesmos três salários mínimos como renda mensal para o produtor. Portanto, melhores resultados do sistema também são dependentes do preço pago pela @ em determinada época. Assim, pode-se afirmar que no momento, a pecuária de corte é uma atividade bastante lucrativa. Porém, a médio/longo prazo tal situação pode ser alterada.

Tabela 5. Margens econômicas anuais e renda mensal do produtor e da propriedade

No contexto da interação dos aspectos econômicos e ambientais, o presente sistema desponta como uma opção viável com potencial para a intensificação da produção agrícola e aumento da lucratividade. Também é possível a redução dos riscos de degradação do solo e melhor aproveitamento das áreas agrícolas durante todo o ano, o que consequentemente diminui a necessidade de abertura de novas áreas, principalmente advindas do desmatamento. A diversificação da produção desse sistema também traz benefícios sociais, gerando empregos diretos e indiretos, além da distribuição mais uniforme da renda, o que favorece a fixação do homem no campo.

Referências bibliográficas

BARROS, A. L. M. et al. Avaliação dos impactos da adubação nos custos de produção da pecuária de corte. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 22., 2005, Piracicaba. Anais… Piracicaba: FEALQ, 2005. p. 387-403.

CORRÊA, L.A. Produção intensiva de carne bovina a pasto. In: POTT, E.B.; PAINO, C.R.S.; ALENCAR, S.B. (Eds.). CONVENÇÃO NACIONAL DA RAÇA CANCHIM, 3., 1997, São Carlos. Anais. São Carlos: EMBRAPA-CPPSE/São Paulo: ABCCAN, 1997. p.99-105.

MARTHA JÚNIOR, G.B.; VILELA, L.; BARCELLOS, A.O. A produção animal em pastagens no Brasil: uso do conhecimento técnico e resultados. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 23., 2006, Piracicaba. Anais… Piracicaba: FEALQ, 2006, p.87-137.

Produção de Leite no Sudeste do Brasil

Pedro Franklin Barbosa

André de Faria Pedroso

André Luiz Monteiro Novo

Armando de Andrade Rodrigues

Artur Chinelato de Camargo

Edison Beno Pott

Eli Antônio Schiffler

Eurípedes Afonso

Márcia Cristina de Sena Oliveira

Oscar Tupy

Rogério Taveira Barbosa

Victor Muiños Barroso Lima

- Introdução

- Importância econômica

- Aspectos agro e zooecológicos

- Raças

- Infra-estrutura

- Alimentação

- Reprodução

- Manejo Sanitário

- Mercados e Comercialização

- Coeficientes Técnicos

- Referências bibliográficas

- Glossário

- Editores

Introdução

A decisão da Diretoria-Executiva em estabelecer, como meta para as Unidades, a elaboração de documentos em meio eletrônico, os quais ofereçam ao público da Embrapa recomendações técnicas sobre sistemas de produção, veio ao encontro da idéia da Embrapa Pecuária Sudeste em disponibilizar na internet um resumo das tecnologias utilizadas em seu "Sistema Intensivo de Produção de Leite – Gado Holandês", localizado na Fazenda Canchim, São Carlos, SP.

Desde a sua criação, em 26 de agosto de 1975, a Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP, atua em P&D na área de produção animal, particularmente em bovinos de corte, bovinos de leite e forragicultura. O enfoque de sistemas em suas atividades de P&D tem sido adotado como estratégia fundamental para incentivar a execução de projetos interdisciplinares em bovinocultura de corte e de leite.

Com o objetivo de atender à demanda do segmento da produção de leite e à estratégia de ação em projetos de P&D , em outubro de 1984 foi instalado o Sistema Intensivo de Produção de Leite – Gado Holandês (SIPL-GH), onde procurou-se adotar um pacote de tecnologias plenamente alcançável pela maioria dos produtores de leite B da Região Sudeste e manter as características básicas dos sistemas de produção de leite B predominantes na região: a) topografia levemente acidentada; b) pastagens de forrageiras tropicais; c) suplementação volumosa para todos os animais na época da seca; d) rebanho de gado Holandês (puro por cruza e puro de origem) e de alta mestiçagem de Holandês (3/4 a 15/16). Este modelo reunia algumas técnicas já conhecidas isoladamente e visava oferecer ao produtor de leite B da Região Sudeste do Brasil exemplos de uso de tecnologias competitivas que garantissem o aumento da produção, com melhorias da produtividade e da rentabilidade da atividade leiteira, em bases sustentáveis.

Com características dinâmicas, o SIPL-GH passou por um processo gradual de intensificação, preservando, porém, suas características básicas: utilização de pastagens de gramíneas tropicais, como única fonte de volumoso no período das águas (outubro a abril), e rebanho de gado Holandês, além do emprego de tecnologias simples e de fácil adoção pelos produtores, em consonância com seus objetivos gerais.

O SIPL-GH ocupa uma área total de 96 ha, de relevo levemente ondulado em Latossolo Vermelho-Amarelo, de textura média, distrófico. A média da precipitação pluvial na região de São Carlos é de 1.590 mm/ano, alternando períodos seco (maio a novembro – 374 mm/ano) e chuvoso (outubro a abril – 1.216 mm/ano), com temperaturas médias de 22,6º C no verão e 18,6º C no inverno.

O rebanho original do SIPL-GH possuía padrão genético variando de 3/4 a Holandês Puro por Cruza (PC). Houve introdução de fêmeas em diferentes oportunidades, incluindo animais Puros de Origem (PO). Todas as fêmeas são acasaladas, por meio de inseminação artificial, com touro Holandês Preto e Branco. Os critérios de escolha dos touros são as diferenças preditas para produção de leite (maior), estatura (média para menor), profundidade de úbere (menor) e ângulo de casco (maior); na escolha de sêmen para novilhas inclui-se a diferença predita do touro para facilidade de parto (menor possível).

Predominantemente, as pastagens do SIPL-GH estão sobre um Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA), textura média, distrófico. Os pastos utilizados pelas vacas em lactação (média de 110 animais/ano no período de 1998 a 2001) são de capins tobiatã, tanzânia e elefante, divididos em piquetes onde permanecem por um período de 24 horas. Após a saída dos animais, o piquete é adubado.

A fertilidade dos solos é acompanhada por análises anuais, sendo as amostras coletadas nos meses de abril/maio, à profundidade de 0 a 20 cm. As metas quanto à fertilidade dos solos são:

• 80% de saturação por bases

• níveis de cálcio, magnésio e potássio de 60, 12 e 6% em relação à CTC do solo, respectivamente

• 40 ppm de fósforo (resina)

• teor de matéria orgânica acima de 2,5%

A partir de setembro de 1992, o SIPL-GH sofreu algumas modificações com o intuito de intensificar o processo produtivo. As pastagens de capim- tobiatã (Panicum maximum cv. Tobiatã), sob utilização contínua e baixa lotação (menos de 2,0 UA - unidade animal/ha), passaram a ser exploradas em sistema rotacionado, com lotações crescentes, chegando no período das águas a aproximadamente 12,0 UA/ha. As capineiras de capim-elefante (Pennisetum purpureum) foram transformadas em pastos, e áreas com o capim-tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia) foram implantadas. A produção de silagem de milho (Zea mays) saltou de 15 a 20 t de MO (matéria original)/ha para 40 a 45 t de MO/ha, ainda aquém do desejado. A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) passou a ser utilizada como recurso alimentar para o período da seca (maio a novembro).

As vacas em lactação do grupo de maior produção (lote A) pastejaram, no período das águas dos últimos anos, somente a área do capim-tobiatã, dividida em 34 piquetes de 1.000 m2 cada (3,4 ha). O período de descanso de cada piquete foi de 33 dias. As vacas em lactação dos outros três grupos (lotes B, C e D) pastejaram as áreas dos capins tanzânia e elefante. Os animais em crescimento e as vacas secas tiveram à disposição pastagens de capim- braquiária (Brachiaria decumbens) e de grama estrela (Cynodon nlemfuensis), manejados de forma semelhante ao das vacas em lactação, com a diferença de que o período de descanso neste caso foi de 28 dias.

O concentrado, que no período de outubro de 1984 a setembro de 1992 era oferecido individualmente na sala de ordenha, passou a ser distribuído coletivamente de acordo com a média de produção de leite do grupo. A dieta na época da seca passou a ser completa, ou seja, fornecimento de alimentos volumosos e concentrados misturados homogeneamente. A partir de meados de 1993 e até abril de 2001, foi utilizada a somatotropina bovina recombinante (rBST), como potencializador da produção de leite. A utilização da somatotropina foi interrompida em abril de 2001 porque a relação custo/benefício foi desfavorável, mesmo com aumento na produção de leite e sem alterações estatisticamente significativas nos índices reprodutivos do rebanho.

A criação de bezerros em aleitamento artificial passou a ser feita em abrigos individuais totalmente abertos, aperfeiçoados na Embrapa Pecuária Sudeste (casinha tropical). As novilhas foram mantidas em pastagens de braquiária, estrela e coast-cross, durante as águas e suplementadas durante a seca com cana-de-açúcar corrigida (até a confirmação da prenhez) e silagem de milho ou de sorgo (após prenhez confirmada). O objetivo desta alteração na alimentação de acordo com o desenvolvimento do animal é manter, durante a puberdade (8 a 12 meses), um ganho de peso entre 600 e 700 gramas por animal/dia. Após a confirmação da prenhez, o objetivo foi colocar o animal no momento do parto com peso vivo entre 550 e 600 kg, para que a vaca primípara tivesse condições de produzir leite, reproduzir e continuar crescendo após a parição. O concentrado foi oferecido na quantidade de 2,0 kg/animal/dia do desaleitamento até à parição. Durante os quatro primeiros meses de idade utilizou-se concentrado peletizado comercial.

Com este manejo, usando-se pastagens de gramíneas forrageiras tropicais adubadas na época das águas, como alimento volumoso exclusivo, e alimento conservado no período das secas, complementando-se a dieta com alimento concentrado em ambas as épocas, houve melhoria significativa dos índices zootécnicos do SIPL-GH da Embrapa Pecuária Sudeste, como pode ser visto a seguir.

Os dados de produção e de reprodução observados no SIPL-GH, sem eliminação de lactações de curta duração, foram analisados com o objetivo de se avaliar a sua evolução nos períodos de 1984 a 1991 (antes da intensificação do uso de pastagens), de 1992 a 1997 (implantação do processo de intensificação do uso de pastagens) e de 1998 a 2001 (após a implantação do processo de intensificação do uso de pastagens). Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Médias para produção de leite, duração da lactação, intervalo de partos, produção de leite por intervalo de partos e idade ao primeiro parto, de acordo com o período de intensificação - Sistema Intensivo de Produção de Leite - Gado Holandês, Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP.

Características 1984-1991 1992-1997 1998-2001

Produção de leite/lactação, kg 3.194 5.148 7.744

Duração da lactação, dias 296 250 292

Intervalo de partos, dias 408 398 425

Prod. leite/intervalo de partos, kg/dia 11,85 14,87 18,90

Idade ao primeiro parto, dias 977 933 820

A produção de leite/vaca aumentou mais de duas vezes entre os períodos antes e após a intensificação do sistema de produção. O intervalo de partos não sofreu mudanças significativas. A média da duração da lactação foi menor no período de 1992 a 1997 porque muitas vacas em lactação foram vendidas nos leilões realizados pela Embrapa Pecuária Sudeste.

Um indicador significativo da evolução do SIPL-GH da Embrapa Pecuária Sudeste é a produção de leite por dia de intervalo de partos, que aumentou 59,5% entre os períodos de 1984-1991 (antes da intensificação) e 1998-2001 (após a consolidação do processo de intensificação do uso de pastagens), como pode ser visto na Tabela 3.

Outro indicador significativo da evolução do SIPL-GH desde a sua implantação (1984) até a consolidação do processo de intensificação do uso de gramíneas tropicais (1997) é a taxa de lotação das pastagens no período das águas, que aumentou de 5,5 UA/ha em 1992/93 para 11,8 em 1995/96 e se manteve nessa média nos últimos anos, contribuindo para o crescimento do rebanho, do número de vacas, da produção diária de leite e da produtividade da terra e da mão-de-obra.

Ao longo dos 18 anos de existência, o SIPL-GH tem sido visitado por produtores, estudantes, técnicos e lideranças do setor leiteiro, ocasião em que recebem orientações sobre as tecnologias ali empregadas. O crescente número de visitantes, de várias regiões do Brasil, mostra ser o SIPL-GH um instrumento valioso para a transferência de tecnologias intensivas para a produção de leite em pastagens com gado Holandês, integrando a pesquisa, a extensão e os produtores.

Uma contribuição importante do SIPL-GH para a pecuária leiteira foi a sua utilização, a partir de 1991, como referência para a elaboração da planilha do custo da produção de leite B. Os coeficientes técnicos da planilha foram obtidos a partir do perfil tecnológico do SIPL-GH daEmbrapa Pecuária Sudeste.

Outra contribuição relevante do SIPL-GH instalado na Embrapa Pecuária Sudeste foi que ele constituiu um importante referencial tecnológico na produção de leite em pastagens, com rebanho de gado Holandês, e no emprego de tecnologias simples e de fácil adoção, especialmente para produtores de leite B da Região Sudeste. Evidencia-se, dessa forma, o alcance dos objetivos e metas estabelecidos quando da sua implantação, além de servir para o desenvolvimento e valorização institucional.

Este número foi preparado por uma equipe multidisciplinar da Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP. O formato da apresentação recebeu o tratamento editorial padrão da Embrapa Informação Tecnológica, onde a linguagem procura ser clara, concisa e objetiva, respeitando as limitações de um público heterogêneo quanto ao vocabulário técnico-científico.

As publicações desta série, além dos conhecimentos e das tecnologias resultantes do processo de P&D da Embrapa Pecuária Sudeste, incorporam conhecimentos gerados por outras entidades de pesquisa do ramo (com ênfase para os componentes do sistema estadual de pesquisa agropecuária), bem como experiências ou conhecimentos de produtores, devidamente validados. Pode haver ou não citações de fontes ao longo do texto. Apresenta-se no final, em ambos os casos, uma relação de Referências Bibliográficas e um glossário de termos técnicos.

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