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História de tatuagens

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Por:   •  27/5/2014  •  Seminário  •  1.276 Palavras (6 Páginas)  •  234 Visualizações

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Em 1º de outubro de 2006, aos 53 anos de idade, Tatu pôde exercer seu direito de cidadão

brasileiro e votou pela primeira vez em sua vida.

A história de Tatu se confunde com a de milhares de brasileiros que passam

sua vida sem poder usufruir os direitos básicos garantidos pela Constituição Brasileira.

São brasileiros anônimos, sem documento nem identidade, que vivem à margem da sociedade

que nega sua existência e tolera sua miséria com indiferença, única alternativa

para suportar os deprimentes cenários produzidos pela desigualdade social tão gritante

em nosso país.

Tatu, o protagonista anônimo de uma dessas milhares de histórias, nasceu José

Joaquim Conceição. Solteiro, passou a vida toda lutando para sobreviver. Ajudar o Brasil

a escolher seu presidente, desenvolver o sentido de cidadania ou mesmo pertencer

a um grupo nunca foram sua principal preocupação. Antes, sua maior preocupação

era garantir seu próprio sustento. Analfabeto e sem documentos, Tatu trabalhou nos

últimos 17 anos como “catador“ de papelão.

Tatu passava o dia juntando papelão pela região de Santo Amaro, empurrando

um carrinho, seu único patrimônio, em companhia de um cão tão indigente quanto ele.

Grande parte dos papelões era recolhida nas várias empresas que atuam na região.

Entre elas, uma das principais “fornecedoras” de Tatu era a Apsen Farmacêutica, uma

empresa com vocação para ser diferente.

Em 2004, a Apsen que estava passando por uma grande transformação em

seu modelo de gestão, implantou o PAR (Programa Apsen Recicla), que tem como um

dos objetivos a reciclagem de papelões. Preocupado com o prejuízo que o programa

causaria para o Tatu, Renato Spallicci, presidente da Apsen, argumentou que, a essa

altura, o Tatu já fazia parte da história da Apsen há tanto tempo que estava na hora de

contratá-lo como funcionário.

Não foi tarefa fácil convencer o Tatu de que valeria a pena trocar a vida nas ruas

pela rotina da empresa. Foram necessárias muitas conversas, inclusive com parentes

de Tatu, para convencê-lo a fazer uma experiência. Depois que ele aceitou a proposta

de emprego, a primeira dificuldade que a empresa encontrou foi a de ajudar o Tatu a

alcançar as condições mínimas para viabilizar a contratação. Tatu não tinha documentos,

não sabia ler, não conhecia números, nunca tinha consultado um médico. Para

contornar as dificuldades burocráticas, a empresa disponibilizou um dos colaboradores

da área de RH para ajudar o Tatu com os trâmites burocráticos para a admissão.

Primeiramente, Carolina Alves Lopes, analista de RH, acompanhou o Tatu até

um Poupatempo para tirar a documentação. O segundo passo foi acompanhá-lo no

exame médico admissional. Em decorrência das péssimas condições em que ele vivia,

Tatu foi reprovado no exame médico. Ao invés de desistir diante das dificuldades, Carolina

o levou ao Departamento de Pesquisa & Desenvolvimento da Apsen, onde ele foi

examinado pelo Dr. Carlos Paris, superintendente, o qual fez uma série de orientações

médicas. Foram realizados vários exames e todas as providências necessárias foram

tomadas para que Tatu conseguisse ser aprovado no exame médico. Com esse esforço,

as condições de saúde de Tatu melhoraram muito.

Outra dificuldade que Carolina teve de enfrentar foi encontrar uma maneira de

fazer o pagamento do salário de Tatu. Como a ideia de realizar o pagamento do salário

em dinheiro traria dificuldades operacionais para a empresa, Tatu não sabia usar cartão

eletrônico e nunca havia entrado em um banco anteriormente, Carolina se dispôs

a realizar um treinamento com Tatu para ensiná-lo não só utilizar o cartão eletrônico,

Introdução

| Central de Cases 6

mas também tomar os cuidados básicos para não ser enganado ou assaltado. Foram

inúmeras idas ao banco com Tatu até poder vê-lo realizar, sozinho, tal tarefa. Hoje Tatu

relata orgulhoso que já foi ao banco sozinho duas vezes.

Além dessas questões burocráticas, Tatu também teve muita dificuldade no

começo para se aculturar à nova realidade. Floriano Serra, diretor de RH e Qualidade

de Vida da Apsen, relata que uma das partes mais interessantes da história do Tatu foi

o conflito que ele vivenciou no primeiro mês de trabalho na Apsen, porque foi uma mudança

cultural muito grande no estilo de vida dele. Antes ele tinha liberdade e flexibilidade

e passou a ter um chefe, um horário para cumprir, uma tarefa definida. Tatu trabalha

na faxina. A tarefa dele é fazer com que as áreas externas da Apsen, incluindo as ruas,

fiquem bonitas. A Apsen tem planos de construir um jardim, e quando isso acontecer,

Tatu será o responsável por cuidar do jardim. Serra explica e Tatu concorda: “a missão

dele

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