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O USO DE PENICILINA EM CRIANÇAS COM ANEMIA FALCIFORME: REVISÃO DE LITERETURA

Por:   •  22/4/2022  •  Artigo  •  2.044 Palavras (9 Páginas)  •  123 Visualizações

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USO DE PENICILINA EM CRIANÇAS COM ANEMIA FALCIFORME: REVISÃO DE LITERETURA

RESUMO

A anemia falciforme faz parte de um grupo de doenças hereditárias conhecidas como doença falciforme. Afeta a forma dos glóbulos vermelhos, que transportam oxigênio para todas as partes do corpo. Crianças com anemia falciforme apresentam maior suscetibilidade a infecções bacterianas, principalmente aquelas causadas por Streptococcus pneumoniae. O objetivo é analisar os efeitos da penicilina no tratamento de crianças com anemia Falciforme (AF). Trata-se de uma revisão de literatura sobre artigos que abordam a temática proposta em bases de dados com PubMed, Scilelo, Embase, Lilacs e Google Acadêmico com até onze anos da data da publicação e que abordem casos do uso de penicilina em crianças no tratamento da AF, sendo excluídos artigos que abordem outra forma de tratamento para essa patologia que não seja o uso do antibiótico penicilina ou que não seja realizado em seres humanos. Os estudos permitiram verificar que as crianças devem ser rastreadas no período neonatal para hemoglobinopatia falciforme e que aquelas com anemia falciforme devem receber terapia profilática com penicilina oral até os quatro meses de idade para diminuir a morbimortalidade associada à septicemia pneumocócica.

Palavras-chave: Anemia Falciforme. Penicilina. Profilaxia. Glóbulos Vermelhos.


1 INTRODUÇÃO

A anemia falciforme é um grupo de distúrbios hereditários em que os glóbulos vermelhos assumem o formato de foice. As células morrem prematuramente, causando uma escassez de glóbulos vermelhos saudáveis (a anemia), e podem obstruir o fluxo sanguíneo, causando dor (crise de dor). Infecções, dores e fadiga são sintomas de anemia falciforme. Os tratamentos incluem medicamentos como antibióticos para combater as infecções, transfusões de sangue e, raramente, transplante de medula óssea (Cober & Phels, 2010).

Os sinais e sintomas da anemia falciforme geralmente aparecem por volta dos 6 meses de idade. Eles variam de pessoa para pessoa e podem mudar com o tempo. A anemia falciforme é causada por uma alteração no gene que diz ao corpo para produzir o composto rico em ferro nos glóbulos vermelhos chamado hemoglobina. A hemoglobina permite que os glóbulos vermelhos transportem oxigênio dos pulmões por todo o corpo (Souza et al., 2016).

A hemoglobina associada à anemia falciforme faz com que os glóbulos vermelhos se tornem rígidos, pegajosos e deformados. Para que uma criança seja afetada, tanto a mãe quanto o pai devem carregar uma cópia do gene da célula falciforme – também conhecido como traço falciforme – e passar as duas cópias da forma alterada para a criança (Feistauer et al., 2014).

Há mais de 20 anos, sabe-se que crianças com anemia falciforme apresentam maior suscetibilidade a infecções bacterianas graves, particularmente devido ao Streptococcus pneumoniae. Meningite, pneumonia e septicemia por esse organismo têm sido reconhecidas como as principais causas de morte dessas crianças, sendo as crianças menores de três anos as de maior risco (Marques, 2011).

A profilaxia com penicilina tem sido preconizada como medida preventiva contra infecções pneumocócicas graves em crianças com anemia falciforme. Um estudo mostrou que o risco de infecção pneumocócica nessas crianças pode ser reduzido pelo uso de penicilina parenteral. Por meio dessa prerrogativa este estudo visa verificar o uso da penicilina como meio profilático em crianças com anemia falciforme (AF).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Anemia Falciforme (AF)

Os glóbulos vermelhos saudáveis ​​são redondos e se movem através de pequenos vasos sanguíneos para transportar oxigênio para todas as partes do corpo. Em alguém que tem anemia falciforme (AF), os glóbulos vermelhos tornam-se duros e pegajosos e parecem uma ferramenta agrícola em forma de C chamada “foice”.

Essas células podem ficar presas em pequenos vasos sanguíneos e bloquear o fluxo sanguíneo. Esse bloqueio pode causar dor e levar à infecção. Também pode danificar os principais órgãos de uma criança e causar um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A anemia falciforme é a doença hereditária monogênica mais comum do Brasil. A causa da doença é uma mutação de ponto (GAG->GTG) no gene da globina beta da hemoglobina, originando uma hemoglobina anormal, denominada hemoglobina S (HbS), ao invés da hemoglobina normal denominada hemoglobina A (HbA).

Desde a descoberta da doença falciforme (DF) em 1910, grandes avanços foram feitos na elucidação da patogênese de suas complicações multiformes, o que inspirou avanços recentes em terapias moleculares direcionadas. Na DF, a substituição de um único aminoácido na cadeia β-globina leva à polimerização da hemoglobina S mutante, prejudicando a reologia e a sobrevivência dos eritrócitos. Clinicamente, as anormalidades eritrocitárias na DF manifestam-se em anemia hemolítica e ciclos de vaso-oclusão microvascular levando a lesão de isquemia-reperfusão de órgão-alvo e infarto.

Eventos vaso-oclusivos e hemólise intravascular promovem inflamação e instabilidade redox que levam à vasculopatia progressiva de pequenos e grandes vasos. Com base nas evidências atuais, a patobiologia da DF é considerada um ciclo vicioso de quatro processos principais, polimerização da hemoglobina S, biorreologia prejudicada e aumento da vaso-oclusão mediada por adesão, disfunção endotelial mediada por hemólise e ativação concertada de inflamação estéril (receptor 4 do tipo Toll e dependente de inflamassoma inato vias imunes).

2.2 Penicilina

A família de antibióticos da penicilina continua sendo uma parte importante do nosso arsenal antimicrobiano. Em geral, esses agentes apresentam atividade bactericida, excelente distribuição pelo organismo, baixa toxicidade e eficácia contra infecções causadas por bactérias suscetíveis. A introdução inicial da penicilina G aquosa para o tratamento de infecções estreptocócicas e estafilocócicas foi um marco farmacológico importante (Barros, Assunção & Santos, 2019).

A penicilina é um dos antibióticos mais utilizados mundialmente, pois possui uma ampla gama de indicações clínicas. A penicilina é eficaz contra muitos tipos diferentes de infecções envolvendo cocos gram-positivos, bastonetes gram-positivos, a maioria dos anaeróbios e cocos gram-negativos (Ferendes et al., 2020).

A maioria das bactérias tem uma parede celular de peptidoglicano que envolve a membrana plasmática bacteriana, previne a lise osmótica e proporciona integridade estrutural. A parede do peptidoglicano é continuamente remodelada durante a replicação e o crescimento. A penicilina inibe a reticulação do peptidoglicano na parede celular (Dupski, 2017).

O catalisador para essa reação são as proteínas de ligação à penicilina, como a enzima DD-transpeptidase. O anel β-lactâmico de quatro membros da penicilina pode se ligar à DD-transpeptidase para inativá-la irreversivelmente. As bactérias, portanto, são incapazes de construir suas paredes celulares, mesmo enquanto outras proteínas continuam a quebrar a parede (Narsin et al., 2012).

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