TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O sistema auditivo

Projeto de pesquisa: O sistema auditivo. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  3/9/2013  •  Projeto de pesquisa  •  5.628 Palavras (23 Páginas)  •  408 Visualizações

Página 1 de 23

INTRODUÇÃO

Durante o processo de transmissão do som pela orelha externa e orelha média, uma série de fatores é responsável por modificações no padrão acústico, resultando em um estímulo diferente processado pelo sistema nervoso central em comparação com o estímulo presente no ambiente1.

Essas modificações se iniciam na orelha externa que possui um formato aproximado de corneta e apresenta ressonâncias que resultam em amplificação de determinadas freqüências. Segundo Menezes e Motta2, cada estrutura provoca um aumento de pressão sonora em sua freqüência natural de aproximadamente 10 a 12 dB. O primeiro modo de ressonância da orelha externa está entre 2500 a 3000Hz3.

Os efeitos de ressonância causados pelo pavilhão auricular, concha e meato acústico externo sobre a onda sonora incidente na membrana timpânica podem ser verificados colocando-se um microfone-sonda próximo à membrana timpânica. Quando as medidas de pressão sonora com microfone sonda são realizadas, há variações na pressão sonora e nos valores de impedância, principalmente em altas freqüências4-6. Sob condições normais, a impedância do meato ao nível da membrana timpânica é igual à impedância acústica do tímpano para 3000Hz, providenciando assim máxima condição de sensibilidade auditiva5,7.

O meato acústico externo exerce a função de guia de ondas, ligando o campo sonoro externo com a membrana timpânica. A membrana timpânica age como transdutor, transformando a pressão sonora em movimento mecânico, o qual interage, via cadeia ossicular, com a cóclea. O som transmitido faz vibrar a cadeia ossicular formada por três ossículos - martelo, bigorna e estribo - os quais mantêm conexões flexíveis entre si. Esse movimento mecânico por sua vez é transmitido aos líquidos existentes na cóclea.

A orelha média não é um transdutor perfeito: possibilita a passagem de somente parte da energia, oferecendo assim uma certa oposição ao som. A impedância acústica verificada na transmissão sonora do meato acústico externo à cóclea é determinada pela interação da massa, rigidez e atrito existentes na orelha média e pela impedância dos líquidos intralabirínticos. Apesar de o componente atrito atuar uniformemente na transferência dessa energia, dependendo da freqüência transmitida observa-se maior ou menor influência da massa ou rigidez. No entanto, existe uma freqüência de ressonância da orelha média em que o efeito de massa e de rigidez se anulam. Em adultos normais, o valor médio da freqüência de ressonância da orelha média é 950Hz variando de 600 a 1350Hz8. Essa freqüência pode ser pesquisada pela timpanometria de multifreqüência, sendo que a curva timpanométrica realizada na freqüência de ressonância geralmente apresenta uma característica de duplo pico de admitância.

O sistema auditivo, porém, não teria uma função exclusivamente passiva voltada à captação dos estímulos, mas também teria uma função ativa regulando esse processo, tendo como subproduto a produção de sons. Essa hipótese foi comprovada por Kemp9, que constatou a presença de uma energia sonora produzida na orelha. Essa energia foi denominada de emissão otoacústica.

As emissões otoacústicas são sons registrados no meato acústico externo e derivados da atividade da orelha interna, mais especificamente da motilidade das células ciliadas externas10. Podem ser espontâneas ou geradas por estimulação acústica. As emissões otoacústicas evocadas mais utilizadas clinicamente são as emissões otoacústicas por estímulo transitório (EOAT) e emissões otoacústicas produto de distorção (EOAPD). As EOAT são desencadeadas por clique - transitório acústico de curta duração com faixa de freqüência abrangente. As EOAPD ocorrem quando a estimulação é feita com a apresentação simultânea de dois tons puros de freqüências diferentes (f1 e f2). A resposta coclear é caracterizada pela ocorrência de um terceiro tom cuja freqüência (2f1-f2) é um produto de distorção das freqüências do estímulo.

As emissões otoacústicas refletem preferencialmente o estado funcional da cóclea11. Entretanto, sofrem variações pelas estruturas da orelha externa e da orelha média da mesma forma que a informação sonora proveniente do ambiente atinge o sistema auditivo. Apesar das emissões otoacústicas possibilitarem uma forma objetiva, rápida e não-invasiva de avaliação da função pré-neural da orelha interna, principalmente das células ciliadas externas, elas podem estar ausentes mesmo com a cóclea íntegra.

Estudos relatados na literatura12-20 mostram que características da orelha externa e da orelha média interferem duplamente no registro das emissões. Apesar das interferências causadas por condições de vedação da oliva no meato acústico externo e do meato propriamente dito, maiores considerações têm sido feitas a respeito do papel da orelha média.

Segundo Elisson e Keefe21, dada à influência da orelha média nas emissões e a relação de emissões para a condição auditiva, variabilidade nas características do funcionamento normal da orelha média podem responder por algumas das variações na sensibilidade auditiva. Além disso, condições patológicas da orelha média geralmente diminuem a amplitude das emissões otoacústicas e algumas vezes obliteram a resposta22. Esse é o caso da atenuação resultante dos efeitos de massa ou rigidez em desordens no sistema ossicular da orelha média como otites ou otoesclerose.

A existência simultânea da transmissão adiante e reversa do estímulo e a resposta em certos tipos de emissões resultam em interação potencial entre estímulo e resposta. As emissões otoacústicas são transmitidas da cóclea para o meato, via orelha média. Portanto, as propriedades de transmissão da orelha média e do meato acústico externo influenciam diretamente as características das emissões. Da mesma forma, a efetividade do estímulo usado para a captação das emissões também sofre alteração.

De acordo com Margolis e Trine23, apesar de a orelha média transmitir o som nas duas direções, as características da transmissão adiante e reversa são diferentes. A transmissão adiante através da orelha média determina a efetividade do estímulo que alcança a cóclea. A membrana timpânica e os ossículos produzem um ganho de pressão descrito como função de transformador, acoplando as impedâncias. Na direção reversa, há uma perda de pressão quando a energia é transmitida da cóclea, através da cadeia ossicular, para o meato. As vibrações mecânicas da cadeia ossicular adaptam-se à membrana em movimento, produzindo uma onda de pressão

...

Baixar como (para membros premium)  txt (36.9 Kb)  
Continuar por mais 22 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com