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Peste Bubonica

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Por:   •  26/8/2014  •  2.115 Palavras (9 Páginas)  •  350 Visualizações

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A PESTE BUBÔNICA NO RIO DE JANEIRO E O

INSTITUTO SOROTERÁPICO FEDERAL

Vagner Pereira de Souza

Professor Saúde Pública CEL

vagnersouza@terra.com.br

Teresa de Carvalho Piva

Professora HCTE/UFRJ

teresa.piva@yahoo.com.br

INTRODUÇÃO

No quadro das principais doenças da história da humanidade, a Peste Bubônica,

indubitavelmente, ocupa um lugar de destaque. Para a maioria dos países, a palavra peste significa

tanto uma doença específica, a Peste Bubônica, quanto uma série de males que por séculos

assolaram as populações humanas. Tal associação se deve ao elevado número de óbitos provocados

pelas epidemias no continente europeu, cuja mais impactante permanece sendo a do século XIV.

Diante desse histórico, torna-se extremamente pertinente o estudo das epidemias de peste no

Brasil, sendo a do Rio de Janeiro, no inicio do século XX, uma das mais relevantes. No entanto, na

historiografia relativa ao tema, a epidemia aborda apenas duas questões fundamentais: a criação do

Instituto Soroterápico Federal, hoje Fundação Oswaldo Cruz, cuja principal finalidade por ocasião

de sua inauguração foi a fabricação do soro para combater a Peste Bubônica no Rio de Janeiro, e a

campanha de saneamento comandada por Oswaldo Cruz. Nesse período, as principais epidemias

combatidas pelos órgãos públicos foram: a Febre Amarela, a Varíola e a Peste Bubônica.

A PESTE CHEGA AO BRASIL

A Peste Bubônica, ou simplesmente peste, é uma doença há muito conhecida pela

humanidade. Causada pela bactéria

Pasteurella pestis (também chamada de Yersinia pestis) é

transmitida ao homem por uma pulga comum em roedores. Os principais sintomas são a febre alta,

sede intensa e cansaço. Após alguns dias há o aparecimento do bubão, gerado pela inflamação dos

gânglios linfáticos, sendo esta a principal característica da doença. Se não tratada, na maioria das

vezes, o bubão rompe levando o doente à morte. Em alguns casos, a doença evolui para a forma

pneumônica, muito mais letal e mais facilmente transmissível.

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Com epidemias recorrentes desde a Antiguidade – há relatos como a epidemia do final do

século IV AC, em Atenas, Grécia, que contribuiu para o fim da Guerra do Peloponeso –, a peste

assolou as populações, produzindo efeitos demográficos, políticos, culturais, econômicos e

religiosos. No final da Idade Média, especialmente no século XIV, ocorreram grandes epidemias de

peste em toda a Europa que, associadas às guerras e a fome, dizimou aproximadamente um terço da

população européia.

Além da grande epidemia do século XIV, a Europa conheceu outros momentos em que a

peste ceifou grande número de vidas. Em 1665, a doença atacou Londres, onde morreram cerca de

68.500 pessoas. Em meados de 1899, a doença retornou à Europa, especificamente à cidade do

Porto, em Portugal. O surgimento da doença em um país com laços tão estreitos com o Brasil fez

surgir o temor nas autoridades brasileiras que a peste pudesse chegar ao país.

Em outubro de 1899 a doença chegou ao Brasil, na cidade de Santos, São Paulo. Naquele

momento, o porto de Santos era o segundo em importância no país e o principal escoadouro da

produção de café, e rapidamente a peste se espalhou acompanhando os caminhos das estradas de

ferro, chegando em apenas três meses na Capital Federal.

O Rio de Janeiro, no início do século XX, era uma cidade em transformação. Sua população

crescia ano a ano, passando de 690 mil pessoas, em 1900, para 811 mil em 1906, fruto da intensa

imigração européia, sobretudo portuguesa, e também de regiões economicamente decadentes do

interior fluminense.

Aliada a essa expansão populacional e econômica, o porto crescia, não mais como principal

exportador de café, que cabia ao porto de Santos, mas como distribuidor de produtos importados

para o restante do Brasil, além de ser parada obrigatória para a navegação de cabotagem que ligava

o Norte ao Sul do país.

No entanto, contrastando com esse “progresso”, o Rio de Janeiro possuía muitas

características de “atraso”. A população continuava, em grande parte, se amontoando em cortiços,

estalagens ou casa de cômodos na região central e portuária da cidade, onde, em geral, não existia

higiene

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