Trauma Raquimedular

1. INTRODUÇÃO

O trauma raquimedular é uma lesão que predomina em adultos jovens do sexo masculino e, pelas características da sua etiologia, sua prevenção pode ser muito efetiva, por meio de campanhas de esclarecimentos junto à população e adoção de medidas de segurança individuais ou coletivas.

A abordagem terapêutica do TRM deve ser multidisciplinar, desde o momento do resgate e remoção dos pacientes até a sua fase final de reabilitação.

Até o momento, não existe nenhum tratamento efetivo capaz de restaurar as funções da medula espinhal lesada. O tratamento é realizado para a reabilitação dos pacientes, de modo que todos os esforços devem ser realizados na prevenção desse tipo irreversível de lesão.

No presente trabalho serão feitas observações sobre esse tipo de trauma, levando em consideração as observações feitas e o caso em questão.

Este estudo de caso foi desenvolvido no período de estágio módulo lll, na unidade clínica cirúrgica, sob orientação da docente/enfermeira Juliana Silveira.

Num primeiro momento será apresentado um breve histórico do paciente, seguido da fisiopatologia Trauma raquimedular (TRM), patologia pela qual o paciente acompanhado encontra-se internado. Após, serão descrito os cuidados de enfermagem, dando maior enfoque à atuação do Técnico em Enfermagem.

O estudo aqui apresentado tem por objetivo ampliar o conhecimento do técnico em enfermagem em relação ao tema abordado, com a finalidade de esclarecer a população sobre os riscos do TRM (trauma raquimedular), bem como proporcionar uma maior ligação da teoria estudada com a prática encontrada no ambiente hospitalar em relação à patologia observada .

Segundo Defino (1999),

(...)a incidência desse tipo de lesão apresenta variações nos diferentes países. Estima-se que, na Alemanha, ocorram anualmente dezessete (17) casos novos por milhão de habitantes, nos EUA, essa cifra varia de trinta e dois (32) a cinquenta e dois (52) casos novos anuais por milhão de habitantes e, no Brasil, cerca de quarenta (40) casos novos anuais por milhão de habitantes, perfazendo um total de seis (06) a oito (08) mil casos por ano(...) (DEFINO, 1999)

Levando em consideração o exposto acima, podemos ver que há número significativos de casos de trauma raquimedular por ano no país e, ainda segundo Defino,

A lesão de TRM ocorre preferencialmente, no sexo masculino entre 15 a 40 anos, suas principais causas são acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em águas rasas e ferimentos por arma de fogo. Este tipo de lesão é passível de prevenção e poderia apresentar redução de sua incidência se fossem utilizados equipamentos de proteção individual (EPI) que podem minimizar os riscos de acidentes. (DEFINO, 1999)

O paciente aqui estudado se encaixa nesse perfil padrão e foi vítima justamente de um acidente de trabalho.

Através do estudo de caso aqui apresentado teremos uma noção geral de paciente, patologia, procedimentos, possível prevenção e o papel do técnico de enfermagem nesse contexto.

2. HISTÓRICO

O paciente será aqui tratado e identificado como L.A; tem 44anos de idade, sexo masculino, de cor parda, tendo como profissão pintor industrial.

O mesmo foi internado na clínica cirúrgica em função de um acidente de trabalho em uma empresa de água e esgoto, no qual sofreu queda de aproximadamente oito metros de altura, tendo como consequência um trauma raquimedular.

Sendo encaminhado para cirurgia realizando fixação dos corpos de T11,T12,L1,L2 com hastes e parafusos metálicos.

O mesmo teve a sua primeira internação no dia 23/05/12, quando foi encaminhado à cirurgia para colocação das hastes e parafusos. Durante o período de internação o paciente acabou desenvolvendo uma úlcera de pressão na região sacra e calcâneos, contudo não tendo maiores informações sobre a evolução da mesma, recebendo alta hospitalar no dia 27/06/12.

Retornou a ficar hospitalizado no dia 11/09/12 por sentir fortes dores no local da cirurgia, oportunidade em que foram realizados novos exames nos quais foi indicada osteossíntese1, Sendo assim, foi realizada nova intervenção cirúrgica para troca de parafusos, substituindo-os por outros mais resistentes, recebendo alta no dia 22/09/12.

Poucas semanas após, o quadro de intensa algia volta a incomodar o paciente, acrescido de hipersensibilidade na parede abdominal, tendo nova internação no dia 11/10/12. Nessa ocasião, o médico diagnóstico primariamente uma hérnia inguinal, porém sem a confirmação de exames de imagem diagnóstica.

Tendo assim o diagnóstico final de distendimento muscular causado pela queda, foi tratado clinicamente e liberado em 18/1012.

Alguns meses depois o paciente procurou um posto de saúde com queixa de drenagem espontânea no local da cirurgia. A enfermeira que o examinou, encaminhou- o para o hospital onde foi realizada drenagem e novos exames. Constatada a necessidade de nova cirurgia para troca de hastes e parafusos o paciente permanece hospitalizado aguardando nova intervenção cirúrgica.

O paciente aqui observado nega tabagismo e\ou etilismo.

Não possui nenhuma patologia prévia.

Mantem sinais vitais estáveis.

No momento faz uso de Tramadol (SC 100 mg meia ampola em um ml), para dor quando necessário. É importante ressaltar que o uso de TRAMAL ® deverá ser feito com cautela em pacientes com hipersensibilidade aos opióides, principalmente em casos de nível reduzido de consciência de origem não estabelecida, distúrbios da função respiratória e pressão intracraniana aumentada, exceto no caso de ventilação.

Pacientes que tenham apresentado convulsões cerebrais em sua vida pregressa devem ser cuidadosamente avaliados durante o tratamento com TRAMAL.

3. FISIOPATOLOGIA

Quando a medula espinhal é danificada como resultado de um trauma ou por uma doença ou por um defeito congênito, haverá alterações na sensibilidade e na função motora que dependendo da extensão e da localização da lesão, poderão ser temporárias ou permanentes. Isto é o que chamamos de Lesão