A DENTIÇÃO DECÍDUA

Introdução

Os Dentes decíduos, conhecidos também como dentição infantil, dente-de-leite ou primeira dentição, é o primeiro conjunto de dentes que aparecem durante a ontogenia dos humanos. O desenvolvimento dentário começa durante o período embrionário e os dentes tornam-se visíveis (erupção dentária) na boca durante a primeira infância. São geralmente substituídos por dentes permanentes, embora, na demora da erupção destes, podem se conservar e manter a sua função durante alguns anos. O crescimento e o desenvolvimento dos dentes decíduos variam de indivíduo para indivíduo, dependendo da sua genética e outros fatores.  

Objetivo

Estudar a saúde bucal em crianças de até cinco anos de idade torna-se importante devido ao fato de a experiência de cáries na dentição decídua ser considerada como o mais forte preditor da doença na dentição permanente. O diagnóstico precoce das lesões iniciais de cárie ainda em estágio reversível e a avaliação de fatores determinantes auxiliam na avaliação de risco de cárie e tornam o tratamento mais simples, menos invasivo e de menor custo, envolvendo uso de flúor e mudanças de comportamento com relação à dieta e à higiene bucal.

O estudo da cronologia e sequência de erupção dos dentes decíduos é também de grande utilidade para a estimativa de idade na resolução de problemas médico-legais relativos à identificação.

Dentição Decídua

Os dentes decíduos têm grande importância no desenvolvimento maxilar e mandibular, além de atuarem na mastigação fonação e oclusão, e servirem de guia para que os dentes permanentes cresçam em posição correta.

No total a dentição decídua formada por quatro incisivos centrais (dois superiores e dois inferiores), quatro incisivos laterais (dois superiores e dois inferiores), quatro caninos (dois superiores e dois inferiores) e oito molares (quatro superiores e quatro inferiores divididos em primeiros e segundos molares. Não há a presença de pré-molares na dentição decídua.

Em comparação à dentição permanente, os dentes decíduos apresentam as seguintes características: coroa mais branca, crista cervical proeminente, raízes mais estreitas e dimensões sempre menores.

A criança que perde o dente decíduo antes do tempo adequado para sua troca pode ter dificuldade na mastigação resultando na mudança no tipo de dieta. Essa mudança, ainda, poderá acarretar uma alteração no crescimento e desenvolvimento da criança.

Os dentes decíduos são fundamentais para a emissão de alguns sons, e a ausência dos dentes durante essa fase pode fazer com que a criança emita sons de modo errado, podendo também ocasionar posicionamento incorreto da língua. Também são importantes na estética facial da criança, já que a ausência de um dente ou dentes cariados, pode fazer com que a criança se sinta retraída, tímida, e alterar o seu convívio social com as outras crianças, ocasionando prejuízo na qualidade de vida da mesma.

Odontogênese

Nos dentes humanos, vinte dentes decíduos e trinta e dois dentes permanentes desenvolvem-se a partir da interação das células do epitélio bucal com as células mesenquimáticas subjacentes. Cada dente em desenvolvimento cresce como uma unidade anatomicamente distinta, mas o processo básico do desenvolvimento é similar para todos os dentes.

Cada dente desenvolve-se através de sucessivos estágios de botão, casquete e campânula. Durante esses estágios iniciais, o germe dentário cresce e expande, e as células distintas a originar os tecidos duros dos dentes diferenciam-se. A diferenciação acontece no estágio de campânula, preparando o estágio para formação do esmalte da dentina. Assim que as coroas estão formadas e mineralizadas, as raízes dos dentes iniciam seu desenvolvimento.

Durante a calcificação das raízes, os tecidos de suporte dos dentes - o cemento, o ligamento periodontal e o osso alveolar - iniciam seu desenvolvimento. Essa formação ocorre seja o dente um incisivo com uma única raiz, um pré-molar com várias raízes ou um molar com múltiplas raízes. Subsequentemente, o dente com a coroa completa erupciona na cavidade bucal. A formação radicular e a cementogênese continuam até que o dente funcional e suas estruturas de suporte estejam completamente desenvolvidas.

[pic 1]

A, Botão. B,  Casquete. C, Campânula. D e E, Dentinogênese e amelogênese.                 F, Formação da coroa. G, Formação radicular e erupção. H, Função.

Incisivos Centrais Superiores Decíduos (51 e 61)

Tem aspecto aplanado e apresenta um cordão desenvolvido em sua superfície palatina que divide essa superfície em duas fossas: distal e mesial. A raiz é única, cônica, e seu comprimento é duas vezes e meia a da coroa, ápice desviado para vestibular.

Incisivos Centrais Inferiores Decíduos (71 e 81)

É o menor dente de todo o organismo, muito simétrico e tem o diâmetro cérvico-incisal maior que o mesiodistal. Na coroa, a face palatina é quase lisa, pois apresenta um cíngulo igual ao superior, porém menos marcado. Sua raiz é única, cônica e regular, com o ápice voltado para distal e vestibular.

[pic 2]

Incisivos Laterais Superiores Decíduos (52 e 62)

É o segundo dente do arco superior e menos volumoso que seu precedente. Sua coroa é caniniforme, sendo mais alta que larga e achatada no sentido vestíbulolingual. A raiz de formato conoide é achatada no sentido mesiodistal e em 99,6% dos casos é única.

Incisivos Laterais Inferiores Decíduos (72 e 82)

É o segundo dente do arco inferior e mais volumoso que seu precedente. Sua coroa é semelhante à do incisivo central, porém com dimensões maiores. A raiz também é conoide, como nos incisivos laterais superiores decíduos, achatada no sentido mesiodistal desviando para o lato distal. É única em 100% dos casos.

[pic 3]

Caninos Superiores Decíduos (53 e 63)

Sua coroa é pequena, ampla e de configuração losangular. Sua raiz é cônica, inclinada no sentido distal e duas vezes mais longa que a coroa.

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