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Antrolito em seio maxilar: relato de caso

Por:   •  21/2/2019  •  Artigo  •  1.554 Palavras (7 Páginas)  •  2.385 Visualizações

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        INTRODUÇÃO

Os antrólitos foram descritos pela primeira vez por volta de 1969, definidos como massas calcificadas distróficas raras, resultante de uma deposição de sais minerais, principalmente sais de cálcio e outros minerais, ao redor de núcleo presente no interior do seio maxilar1,3,7.

Podem apresentar estruturas bem delimitadas com um formato regular (redondo ou ovóide) ou irregular4,8, densidade interna homogênea ou heterogênea e seu tamanho varia de alguns milímetros a centímetros4,8.

Geralmente são assintomáticos, descobertos em exames de imagens de rotina, principalmente ao se investigar cefaleia, sinusites e obliteração nasal1,4,9. Não há preferência relatada na literatura em relação ao gênero e a idade de acometimento é bastante variada, com casos relatados entre 23 a 66 anos3.

Radiograficamente, aparecem como uma massa radiopaca, de dimensão e bordas variáveis, acompanhados pelo espessamento da mucosa antral4,7,9.

O diagnóstico diferencial inclui fragmentos ou raízes dentárias, cisto de retenção de muco calcificado, rinólitos, odontomas, osteomas e corpo estranho. Sendo assim, além de exame clínico e de imagem, faz-se necessário para o diagnóstico o exame anatomopatológico3,4,9.

Quando pequeno e assintomático, o paciente deve ser informado de sua presença para que seja feito acompanhamento radiográfico2,8. Já em casos com maiores tamanhos, o paciente apresenta maior probabilidade de dores faciais e obstrução nasal, sendo indicada sua remoção cirúrgica8.

O objetivo deste trabalho é descrever a presença incomum de um antrólito maxilar descoberto em exame radiográfico solicitado para realização de exodontia dos terceiros molares.

        RELATO DE CASO

Paciente do gênero feminino, 24 anos, leucoderma, procurou consultório odontológico particular para consulta de rotina. Durante a anamnese, relatou episódios de sinusite recorrente há mais de três anos, sendo tratada com antibioticoterapia sem sucesso. Além disso, referiu cefaleia e congestão nasal frequentes, bem como um hábito, na infância, de introduzir papel no nariz.

Ao exame clínico extrabucal, não apresentava alterações de normalidade e, intrabucal, ausência de queixas álgicas à palpação ou abaulamento ósseo, além disso, os dentes 26 e 27, possivelmente associados à patologia sinusal, encontravam-se vitais.

O exame radiográfico solicitado demonstrou imagem sugestiva de patologia em seio maxilar esquerdo (Figura 1).

Foi solicitada então uma Tomografia Computadorizada (TC) para melhor visualização da lesão. Por meio da TC observou-se presença de uma imagem hiperdensa no interior do seio maxilar esquerdo na região acima dos dentes 26 e 27 sugestiva de área calcificada com espessamento da mucosa sinusal compatível com antrólito (Figura 2).

Considerando os exames de imagem, juntamente com a história pregressa colhida, alguns planos de tratamentos foram traçados e discutidos com a paciente, o que levou a decisão mútua para realização de sinusectomia associada à remoção da lesão (Figura 3).

Paciente fez uso de Clavulin 1g, via oral, 1 hora antes da cirurgia e uso de N-acetilcisteína por 10 dias pré-operatório. A mesma foi submetida ao procedimento sob anestesia local e sedação consciente.

Como acesso cirúrgico optou-se por uma incisão intra-sulcular associada a relaxante, descolamento mucoperiosteal e confecção de uma janela óssea na parede anterior do seio maxilar. Neste momento, foi possível observar presença de lesão de tecido duro, esbranquiçado e irregular (aproximadamente 1,5cm). No mesmo tempo cirúrgico, foi realizada sinusectomia com curetagem da mucosa antral afetada.

O espécime retirado foi fixado em solução de formol e enviado para exame anatomopatológico, comprovando que se tratava de um antrólito maxilar com infiltrado eosinofílico.

A paciente retornou nos controles pós-operatórios sem queixas álgicas, melhora do quadro de congestão nasal. Ao exame tomográfico de 30 dias da cirurgia, observou-se imagem compatível com ausência da cortical sinusal e imagem hipodensa no interior do seio maxilar sugerindo neoformação óssea compatíveis com a normalidade.

Decorridos dois anos da cirurgia, a paciente retornou com exame radiográfico panorâmico dentro dos aspectos de normalidade (Figura 5), com relato de que as crises de sinusite e dores de cabeça foram atenuadas.  

        DISCUSSÃO

O termo antrólito é usado para descrever cálculos presentes nos seios paranasais, resultantes de uma deposição de sais minerais em seu interior 3,13. De acordo com a literatura, pode aparecer descrito também como rinólitos, pedras do seio maxilar, cálculo antral e sinólitos3.

Esta deposição de material orgânico pode ser de origem endógena, causadas por muco inflamado, coágulo ou espículas ósseas1,3,7. Quando o núcleo do antrólito é de origem exógena, como raiz dentária, pedaços de papel ou de alimento ou qualquer outro corpo estranho, são considerados antrólitos falsos1,2,3. No caso relatado, a paciente possuía história prévia de introdução de papel no nariz durante a infância, sugerindo assim uma provável etiologia para a formação do antrólito maxilar de origem exógena.

A calcificação antral também é relatada em casos onde os seios estão preenchidos por fungos, como é o caso do Aspergillus fumigatus5,6. A sinusite fúngica alérgica é uma doença benigna, não invasiva, causada por uma reação de hipersensibilidade à presença de fungos nos seios maxilares, porém mais frequente em pacientes imunossuprimidos5,6,7.

Muitos estudos constataram que não há predileção por gênero ou idade dos antrólitos maxilares e sua sintomatologia pode ser variada, incluindo dor, secreção nasal intensa, obstrução nasal, epistaxe e fístula oroantral4,6,7. Existem ainda casos assintomáticos, onde a patologia é descoberta através de exames de imagem de rotina1,13. No presente caso, a paciente possuía quadro de sinusite há mais de três anos com cefaléia e secreção nasal, e a suposição que a origem de tal quadro era oriundo da presença de antrólito apenas surgiu após a verificação e inspeção dos exames de imagem.

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