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A Produção de suínos tem se mostrado um negócio promissor no Brasil

Por:   •  23/2/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.460 Palavras (10 Páginas)  •  329 Visualizações

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Introdução

A produção de suínos tem se mostrado um negócio promissor no Brasil e no mundo com crescimento acentuado nas últimas décadas graças aos investimentos em tecnologia, melhoria do produto final e aumento do consumo. Entre o final do século XIX e início do século XX, com a chegada maciça de imigrantes alemães e italianos à região sul, o Sul se consolidou como a principal região produtora. Foi ali que surgiram as primeiras grandes iniciativas de melhoramento genético do rebanho nacional e é onde estão instaladas as maiores empresas de processamento do segmento. No entanto, nos últimos 15 anos outras áreas do Brasil passaram a ganhar relevância. Segundo dados do IBGE (2016), entre os anos 2000 e 2015 as regiões Centro-Oeste (CO) e Sudeste (SE) ganharam participação relativa no ranking de abates.

Segundo dados levantados pela Associação Brasileira dos criadores de suínos (2016), a suinocultura brasileira registrou em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 62,57 bilhões e gera 126 mil empregos diretos e mais de 900 mil indiretos.  Além disso, o país registrou um plantel reprodutivo de mais de 1,7 milhão de matrizes tecnificadas; o abate de 39,3 milhões de animais e uma movimentação de R$ 149,86 bilhões em toda a cadeia produtiva. De acordo com o sistema de produção, a suinocultura independente representa 38% da atividade, cooperativas 23% e integração 39%. Além disso, o valor médio de venda dos suínos vivos, para o ano de 2015, foi de R$ 3,26/kg animal vivo, sendo o peso médio estimado em 126 kg/animal, proporcionando assim um faturamento de R$ 16,1 bilhões (US$ 5,9 bilhões). Nota-se que os estados da região Sul do país foram responsáveis por 66% dos abates, o que representa um total de quase 26 milhões de cabeças. E em relação ao consumo, foi possível afirmar que nos últimos 20 anos o brasileiro aumentou em 113% a ingestão de carne suína.

Deste modo, algumas doenças na suinocultura geram grandes prejuízos econômicos no seguimento. Um exemplo é a Erisipela, também conhecida como Ruiva dos suínos. É uma doença bacteriana de caráter hemorrágico e que usualmente cursa com lesões cutâneas, articulares, cardíacas ou septicemias em suínos (HOFFMANN & BILKEI, 2002). É uma das principais preocupações de biossegurança em granjas de suínos.

A erisipela ou ruiva é uma doença de distribuição mundial (PENRITH & SPENCER, 2004),. Fatores tais como estresse de transporte, mudança de alimentação ou de temperatura podem predispor o aparecimento dos sinais (HAESEBROUCK et al., 2004).

Etiologia

É causada pela bactéria da família Corynebacteriaceae, a Erysipelothrix rhusiopathiae (PEZERICO, 2004), um bastonete Gram-positivo, anaeróbio facultativo, não-móvel, não esporulado e que pode ser filamentoso (WOOD, 1999).

O agente etiológico tem sido isolado de grande número de mamíferos, aves e peixes, mas o quadro clínico mais importante ocorre em suínos, porém estima-se que 30-50% dos suínos são portadores da bactéria que infecta as tonsilas e outros órgãos linfóides sem causar sinais clínicos sistêmicos (HAESEBROUCK et al., 2004).

Existem pelo menos 22 sorotipos de Erysipelothrix sp. (EAMENS et al., 1988), os quais apresentam virulência variável. Entretanto, poucos estão associados com doença clínica (WOOD & HARRINGTON, 1978).

Histórico

A erisipela suína é importante na Europa, Ásia, Canadá, Estados Unidos e México. A doença tem sido diagnosticada também em países como Jamaica, Guatemala, Guiana, Suriname, Chile, Peru e no Brasil, com incidência mais baixa.

A doença foi descrita clinicamente, pela primeira vez no Brasil, por Melo & Souza (1931). No Estado do Rio Grande do Sul, descreveu a doença a partir de materiais coletados em matadouro. No mesmo ano, também no Rio Grande do Sul, ocorreram relatos sobre o aparecimento da enfermidade em granjas de suínos.

Patogenia

A infecção em suínos ocorre frequentemente pela ingestão de alimentos ou água contaminados. É provável que a penetração das bactérias no organismo ocorra através das tonsilas ou tecido linfóide ao longo do aparelho digestivo. A infecção pode ocorrer também através de ferimentos na pele (OLIVEIRA, 2007).

Segue-se a invasão da corrente sanguínea e posterior septicemia ou então bacteriemia com localização em diversos órgãos, principalmente coração, baço, rins e articulações, isto ocorrendo entre um a sete dias. A infecção por E. rhusiopathiae em suínos é caracterizada por septicemia, lesões cutâneas e poliartrite, além de lesões nas válvulas cardíacas. Porcas em gestação podem abortar ou ter descargas vulvares purulentas um a dois dias pré-parto, ou mesmo pós-parto. Em machos podem ocorrer alterações no tecido espermiogênico. A taxa de parição da granja e a média de leitões nascidos vivos por leitegada podem diminuir em granjas sem vacinação.

Sinais clínicos

O período de incubação da erisipela suína oscila entre um a sete dias. Os sinais clínicos ocorrem sob as formas hiperaguda, aguda, subaguda e crônica (Takahashi , 1993).

Forma hiperaguda:

 Na forma hiperaguda ocorre morte súbita.

Forma aguda:

Durante a forma aguda é observada septicemia, febre elevada (até 42ºC), prostração, anorexia, conjuntivite e andar cambaleante. Podem ocorrer mortes. A partir do segundo dia de infecção podem tornar-se visíveis lesões cutâneas em forma de eritema, lembrando contornos em losango. São áreas salientes na pele, de coloração púrpuro-escuras, facilmente visíveis em animais de pelagem clara, sendo patognomônicas para a doença. Estas podem ser explicadas pela ocorrência de microtrombos, estase sanguínea por danos em capilares, com a presença das bactérias e células inflamatórias. As lesões podem desaparecer em quatro a sete dias, ou originar áreas de necrose que persistem por várias semanas, com infecção secundária. Estas lesões necróticas tornam-se escuras, secas e endurecidas, desprendendo-se do tecido adjacente. Porcas em gestação abortam e os machos apresentam infertilidade temporária.

Podem ocorrer lesões cutâneas generalizadas por ocasião do abate em frigorífico. Representam agudização da doença, desencadeada pelo transporte dos animais, ou resultam do agrupamento de animais de diversas origens no período que antecede o abate. A erisipela nestes casos é assintomática na granja em suínos que serão transportados (Schwartz , 2002).

Forma crônica:

A forma crônica caracteriza-se pela ocorrência de artrites e insuficiência cardíaca. Suínos apresentam engrossamento das articulações dos membros locomotores, em alguns casos já a partir da terceira semana após a infecção e sentem dor ao movimentarem-se (Wood , 1999). Artrites por erisipela são proliferativas e não supurativas e podem progredir no suíno vivo mesmo na ausência das bactérias, ocorrendo perdas por diminuição no desenvolvimento dos animais, além das perdas no frigorífico. Artrite é a manifestação clínica atualmente mais importante sob o ponto de vista econômico, pois afeta o crescimento e também causa perdas em frigorífico. A proliferação de tecido granular nas válvulas cardíacas causa endocardite vegetativa, com insuficiência cardíaca. As lesões valvulares iniciam com inflamação vascular e infartos no miocárdio resultante da obstrução pelas bactérias. Estes processos, acrescidos de exsudação de fibrina provocam destruição valvular (Wood , 1999). Em suínos em crescimento, E. rhusiopathiae é a segunda causa de endocardite vegetativa, depois de Streptococcus suis. Os microorganismos podem persistir por vários meses nas lesões cardíacas (Schwartz , 2002).

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