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Displasia coxofemoral

Por:   •  7/10/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.648 Palavras (7 Páginas)  •  359 Visualizações

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A displasia coxofemoral é uma afecção ortopédica muito comum, caracterizada pelo desenvolvimento anormal da articulação coxofemoral, subluxação articular, incongruência da articulação devido ao achatamento da cabeça do fêmur, arrasamento do acetábulo por osteoartrose, afrouxamento dos ligamentos colaterais e hipoplasia dos músculos glúteos, pélvico, bíceps femoral e semitendinoso (TÔRRES, 2002; EDGE-HUGHES, 2007; LEVINE et al., 2008; GRIECO, 2010; POPESKO, 2012; MIQUELETO et al., 2012).

A displasia coxofemoral é normalmente bilateral, ocorre entre 4 e 12 meses, os animais apresentam certa dificuldade para se levantar, diminuem a atividade física, podem apresentar “andar de coelho”, andar rebolando e diminuição de apoio de peso nos membros acometidos (LEVINE et al., 2008). Certa pré-disposição genética, tipo de dieta (KAPATKIN, 2002; TÔRRES, 2002; EDGE-HUGHES, 2007; LEVINE et al., 2008), castração prematura ou recente (EDGE-HUGHES, 2007), taxa de crescimento (MORGAN et al., 2000; LEVINE et al., 2008) e fatores ambientais (KAPATKIN, 2002; EDGE-HUGHES, 2007) possibilitam o surgimento ou piora do quadro do animal.

Existem 4 estágios de displasia coxofemoral (algumas literaturas citam 5 estágios, sendo o primeiro definido como displasia coxofemoral negativo), são eles: articulação próxima do normal, displasia coxofemoral leve, média e grave (TÔRRE, 2002), podendo ser chamadas de grau 0 (HD-) ou inexistente, grau 1 (HD+/-), grau 2 (HD+), grau 3 (HD++) ou moderada e grau 4 (HD+++) ou severa (GRIECO, 2010).

Em virtude da dor ou incômodo, os animais displásicos transferem seu peso para os membros anteriores, aumentando sua carga, causando uma hipertrofia dos músculos (LEVINE et al., 2008). Por conta da instabilidade articular, os animais tendem a dar passos mais fechados, ocasionando a contratura de músculos adutores, sendo o músculo pectínio o principal músculo contraturado (ALVAREZ, 2001).

O tratamento da displasia coxofemoral é dependente da idade do paciente, do grau e dos achados radiográficos, além das expectativas dos proprietários e sua situação financeira. As formas mais comuns de tratamento para esta afecção são as cirúrgicas e o tratamento conservativo. Na parte cirúrgica, podemos citar a denervação capsular (SELMI et al., 2009; ROCHA et al., 2013), colocefalectomia e a introdução de próteses. Já no tratamento conservativo, a fisioterapia se mostra muito eficiente, mostrando ótimos resultados sem a necessidade de intervenções cirúrgicas.

A reabilitação na medicina veterinária segue os mesmos princípios da fisioterapia. Essa reúne dados avaliando a condição física do animal, bem como seu quadro ortopédico e neurológico (LEVINE et al., 2008). Os recursos fisioterápicos devem ser utilizados em conjunto, de acordo com as necessidades de cada paciente, lembrando-se sempre que se trata de um tratamento dinâmico, variando conforme a evolução do caso (KUKULKA, J. M., 2011).

A goniometria é a mensuração dos ângulos das articulações na qual se avalia o animal, sendo as mensurações realizadas com os membros estendidos e flexionados por meio de um goniômetro. É um método simples e não invasivo de mensuração da amplitude de movimento das articulações, utilizando antes, durante e depois do tratamento fisioterapêutico, a fim de observar a evolução do paciente. É com o auxílio destes ângulos que o fisioterapeuta prepara o protocolo a ser realizado em cada animal (JAGGER et al., 2002). Como a dor é o principal fator limitante da mobilidade, é primariamente importante sua eliminação ou minimização. A eliminação da dor incentiva a mobilização precoce da região afetada, enquanto a persistência da dor leva a um aumento da taxa metabólica, estresse cardiovascular, baixa na imunidade, hiperalgesia central e periférica, disfunção pulmonar e proteção instintiva da região afetada (LEVINE, 1997).

As técnicas fisioterápicas mais utilizadas são:

- A laserterapia de baixa potência, que possui a capacidade de analgesia, promovendo a multiplicação celular e reparação do tecido lesionado (LEVINE et al., 2008). A laserterapia de baixa potência é o tipo de laser terapêutico utilizado na reabilitação. Há aumento da circulação, da neovascularização, da atividade do sistema linfático, dos níveis de endorfina, da liberação de histamina e de serotonina, da quantidade de fibroblastos, do estímulo de osteoblastos, do estímulo da fagocitose e da liberação de fatores de crescimento (MIKAIL, 2006). O laser tem efeito na reparação dos tecidos, pois promove uma aceleração na angiogênese e aumento na formação de novos capilares nos tecidos lesionados. Estas alterações estão relacionadas ao aumento da síntese de ATP e de proteínas (SILVA et al.,1998). O efeito antiinflamatório ocorre porque o laser diminui a síntese de prostaglandina e causa vasodilatação de vasos linfáticos (MIKAIL, 2006).

- A eletroterapia, que possui as variantes TENS e FES, onde o TENS é utilizado para aliviar a dor do paciente e o FES para o fortalecimento muscular (LEVINE et al., 2008). A eletroterapia consiste no uso de corrente elétrica como forma de reabilitação, sendo utilizada para promover o aumento da amplitude de movimento, melhora na função do membro, controle da dor, aumento da extensibilidade muscular, além de acelerar a cicatrização (MIKAIL, 2006).
As correntes elétricas utilizadas na eletroestimulação podem ser correntes diretas, correntes alternadas ou correntes pulsadas. A corrente direta é caracterizada por um fluxo continuo de elétrons em uma direção e nela também se enquadra a corrente
galvânica que é uma corrente direta interrompida. Na corrente alternada os elétrons se movem em direções alternadas, mas não simetricamente. E a corrente pulsada é um fluxo unidirecional ou bidirecional de elétrons que são interrompidos por um curto período de tempo (HOWE; TREVOR, 2003; STARKEY, 2001). Para que ocorra transmissão da corrente elétrica para o eletrodo é necessário um meio de condução que pode ser gel, esponja ou papel toalha; porém os mais utilizados são os géis à base de água, que são bem práticos e de fácil limpeza (STEISS; LEVINE, 2005).

- A magnetoterapia, indicada para tratamento de fraturas, prevenção de perda óssea quando o membro está imobilizado, osteoartrites, osteoporose, tendinites, desmites, periostites, feridas crônicas e necrose asséptica da cabeça do fêmur. Sua principal função é proporcionar alívio após esforço físico. O tratamento deve durar de 30 minutos a 2 horas (MIKAIL, 2006).

- A hidroterapia, que consiste no uso da água para fins terapêuticos. As propriedades da água como densidade, empuxo, pressão hidrostática, tensão superficial, viscosidade, fricção e turbulência são importantes fatores que devem ser considerados quando se concebe um protocolo de reabilitação aquática, pois cada uma destas propriedades oferece benefícios específicos em relação à reabilitação (MILLIS, 2005). A hidroterapia pode ser realizada tanto em água morna quanto em água fria. Preconiza-se que a temperatura da água esteja entre 25 e 30ºC durante a hidroterapia, de modo a oferecer um maior conforto ao paciente durante os exercícios (OLBY et al., 2005). Indica-se sessões de cinco a dez minutos inicialmente, com aumento gradativo a medida que o animal demonstra segurança ao apoiar-se nos quatro membros (MCCAULEY, 2009). É contraindicado a utilização da hidroterapia em animais com feridas abertas, incisão cirúrgica em cicatrização, incontinência urinária, diarréia, disfunções cardíacas e respiratórias (MCCAULEY, 2009; MIKAIL, 2006).

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