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O UROLITÍASE EM FELINOS

Por:   •  24/5/2019  •  Monografia  •  6.517 Palavras (27 Páginas)  •  297 Visualizações

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INTRODUÇÃO

 

1. Rim

O sistema urinário é formado pelos rins, que são responsáveis por filtrar o sangue, separar e eliminar as substâncias derivadas do metabolismo das proteínas que não servem mais para o organismo. Os ureteres são as estruturas responsáveis por encaminhar os resíduos (urina) formados nos rins, até a vesícula urinária, que, por sua vez, tem a função de armazená-lo até o momento mais adequado para sua eliminação para o meio externo, feito pela estrutura anatômica denominada uretra (DUKES, 1996).

A principal função dos rins é a regulação da composição do líquido extracelular. Assim, os rins também controlam indiretamente a composição do líquido intracelular. Estas funções são concretizadas através da filtração, reabsorção, secreção, e produção hormonal. Uma lista parcial dos parâmetros sistêmicos inteira ou parcialmente regulados pelos rins inclui: volemia, volume do líquido extracelular, e pressão arterial sistêmica; concentração de ampla variedade de produtos do catabolismo no sangue; concentração de eletrólitos (Sódio, Potássio, Cloreto, Fosfato, Magnésio e Cálcio) no plasma; pH plasmático; hematócrito (SLATTER, 1998).

Os rins são órgãos pares suspensos à parede abdominal dorsal por uma dobra peritoneal e pelos vasos sanguíneos que o servem (Figura 1). O sangue é fornecido para cada um dos rins por uma artéria renal e o sangue venoso é escoado constantemente por uma veia renal. A artéria renal emerge diretamente da artéria aorta e a veia renal desemboca diretamente na veia cava caudal. Se for feito um corte sagital mediano ao longo de um rim (Figura 1) serão visíveis um córtex externo e uma medula interna. As estriações da medula são formadas pelo arranjo anatômico das estruturas que predominam nessa região, que são as alças de Henle dos néfrons de alça longa e a porção medular dos túbulos coletores. As porções medulares dos túbulos coletores são conhecidas como dutos coletores. O hilo renal é a área identificada na borda côncava do rim, através do qual o ureter, vasos sanguíneos, nervos e linfáticos penetram e emergem do órgão. A pelve renal é a origem expandida do ureter no interior do rim. A descarga final da urina de vários dutos coletores é recebida pela pelve renal. O principal nervo que chega ao rim é de origem simpática, e suas fibras terminam, na maioria das vezes, nas arteríolas glomerulares. O ureter é um tubo muscular (musculatura lisa) que transporta a urina da pelve renal para a vesícula urinária. O ureter penetra a vesícula urinária em ângulo oblíquo (junção uretero-vesicular), formando assim, uma válvula funcional que previne o refluxo quando a vesícula urinária está repleta. A uretra é a continuação caudal do colo da vesícula urinária. Ela transporta a urina da vesícula urinária para o meio externo (REECE, 1996).

1.2 Fisiologia Renal

O rim possui dois tipos principais de néfrons que são identificados pela localização de seus glomérulos e pela profundidade de penetração das alças de Henle para o interior da medula. Aqueles néfrons cujos glomérulos encontram-se no córtex externo e médio são chamados néfrons corticais ou corticomedulares. Eles estão associados a uma alça de Henle que se estende para a junção do córtex com a medula ou para o interior da zona externa da medula. Aqueles néfrons com glomérulos na porção do córtex próximo à medula são conhecidos como néfrons justamedulares. Eles estão associados às alças de Henle que se estendem mais profundamente para o interior da medula; alguns chegam a se aproximar da pelve renal (REECE, 1996).

A relação de cada tipo de néfron ao córtex e a medula é apresentada pela figura 2.

O funcionamento renal é o somatório do funcionamento dos néfrons individualizados, aproximadamente 190.000 em cada rim nos gatos. Lembrando que os néfrons dos felinos são diferentes dos néfrons dos caninos. O néfron consiste de várias divisões anatômicas, cada uma com funções características. Um ultrafiltrado (que resulta de solutos, água, uréia e creatinina), forma-se através da barreira de filtração glomerular, ingressando no espaço urinário no interior da cápsula de Bowman (Figura 2A). Em seguida, o líquido ingressa no túbulo proximal, cujo papel consiste na reabsorção da maior parte do ultrafiltrado glomerular, sem levar em consideração as necessidades do organismo. Em seu término, o túbulo proximal desce e afila-se, formando o início da alça de Henle, responsável pela geração da hipertonicidade medular, um pré-requisito para a formação da urina concentrada. A alça de Henle forma um retorno agudíssimo da medula, e ascende até o córtex, chegando ao glomérulo, de onde se originou o túbulo. Aqui, o túbulo situa-se entre as arteríolas aferente e eferente (pólo vascular do glomérulo)  (Figura 2B), e esta parte do túbulo é denominada segmento da mácula densa. Esta área do néfron - onde as arteríolas, mácula densa, e glomérulo estão imediatamente adjacentes, é conhecida como Aparelho Justaglomerular, responsável pela taxa de filtração, participa no mecanismo de regulação da quantidade de sangue que flui para os rins e na liberação de renina (enzima envolvida na formação de angiotensina II – um vasoconstritor). A parte do túbulo desde a mácula densa até os dutos coletores é chamado de túbulo distal. Esta parte do túbulo é responsável pela reabsorção de água filtrada e dos solutos (reabsorção de Na+, Cl- e cátions divalentes), de acordo com as necessidades do organismo (SLATTER, 1998).

Um túbulo coletor cortical não é exclusivo de um único néfron porque recebe líquido tubular de uma porção de vários túbulos distais retorcidos. O fluido tubular é finalmente descarregado pelos dutos coletores para o interior da pelve renal, e é carreado pelos ureteres em direção à bexiga urinária (Figura 3). (CUNNINGHAM, 2004).

O sistema renina-angiotensina-aldosterona (Figura 4), é um mecanismo importante de controle do RFG e do fluxo sanguíneo renal. A secreção de renina é estimulada por uma diminuição na pressão de perfusão renal, mais comumente causada por hipotensão sistêmica. A renina catalisa a transformação do angiotensinogênio, produzido pelo fígado, em angiotensina I. A angiotensina I é convertida em angiotensina II pela ECA (enzima conversora da angiotensina), que está localizada principalmente no endotélio vascular do pulmão como também no endotélio vascular dos rins e em outros órgãos. A angiotensina II é um potente vasoconstritor que atua diretamente para aumentar a pressão sanguínea sistêmica e a pressão de perfusão renal. Além disso, a angiotensina II estimula a secreção de aldosterona pela glândula adrenal e a secreção de vasopressina pela hipófise. No ducto coletor, a aldosterona aumenta a reabsorção de sódio e água, e a vasopressina aumenta a reabsorção de uréia e água. Essa reabsorção mais elevada de água e soluto, aumenta o volume intravascular, consequentemente melhora a perfusão renal. A secreção de renina é suprimida tanto pela correção da perfusão renal como pelos níveis plasmáticos elevados de angiotensina II, criando um sistema de retroalimentação negativa que mantém a perfusão renal e o RFG dentro de limites fisiológicos (CUNNINGHAM, 2004).

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