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Sistema de consórcio de feijão com outras culturas

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Por:   •  16/6/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.137 Palavras (9 Páginas)  •  584 Visualizações

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UNINGÁ- FACULDADE INGÁ

Departamento de Agronomia

Sistema de consórcio de feijão com outras culturas

Maringá

2014

UNINGÁ- FACULDADE INGÁ

Departamento de Agronomia

Guilherme Misturini

Hugo Leonardo Maia Paes

Lucas Xavier

Sistema de consórcio de feijão com outras culturas

Trabalho desenvolvido durante a disciplina de

Culturas, como parte da avaliação referente

ao 1º Bimestre do terceiro ano do curso de

Agronomia da UNINGÁ.

Maringá

2014

Introdução

A degradação ambiental e a consequente redução de capacidade de produção de áreas potencialmente produtivas é um dos maiores problemas da agropecuária brasileira.

A otimização do uso da terra é uma ferramenta importante para a conservação dos recursos naturais, pois representa alternativa para o aumenta da produção de alimentos, sem a necessidade da abertura de novas fronteiras agrícolas. Desta maneira, sistemas de produção em que a terra é de alguma maneira, subutilizada, podem contribuir para a ocupação desordenada do solo.

Diante desta realidade, os profissionais do setor agropecuário estão buscando novos sistemas de produção que sejam mais eficientes, sustentáveis e economicamente viáveis, que permitam conciliar o aumento da produtividade e renda junto à sustentabilidade. Neste sentido, a adoção de sistemas de cultivos que contemplem a associação de diferentes atividades e culturas agrícolas, como é o caso do consorciamento.

O feijão representa boa opção para esses tipos de cultivo, pois é uma cultura bastante apreciada pelos pequenos produtores, possui ciclo curto, é pouco competitiva e relativamente tolerante à competição promovida pela planta consorciada e se adapta muito bem às condições de consorcio. Além disso, frequentemente alcança bons preços no mercado, o que contribui para a geração de renda mais imediata ao agricultor (Vieira, 2006)

Desenvolvimento

Cultivos Consorciados

Os cultivos consorciados podem ser definidos como sistemas de produção em que duas ou mais culturas, com diferentes ciclos vegetativos são explorados no mesmo terreno. Elas não são, necessariamente semeadas ao mesmo tempo, mas durante boa parte de seus períodos de desenvolvimento, há uma simultaneidade, provocando interação entre elas.

Existem diferentes tipos de consórcio. Nos cultivos mistos nenhuma das culturas é organizada em fileiras distintas. Já nos cultivos intercalares pelo menos uma das culturas é plantada em fileiras. Nos cultivos em faixas, as culturas são plantadas em faixas amplas para permitir o manejo independente de cada cultura, mas bastante estreitas para possibilitar a interação entre elas. Nos cultivos de substituição, uma cultura é plantada depois que a anterior alcançou a fase reprodutiva do crescimento, porém ainda não atingiu o ponto de colheita (Vieira, 1985)

Vantagens dos cultivos consorciados

A consirciação de culturas é empregada, sobretudo, pelos pequenos agricultores, que contam com pouca terra, mão-de-obra e pouco capital, e visa primordialmente, aumentar a renda do agricultor e desenvolver um método capaz de elevar a eficiência de produção de alimentos, por meio do aprimoramento da utilização dos fatores de produção, como terra e mão-de-obra (Vieira, 1999).

De acordo com Vieira (2006), destacam-se como principais vantagens do consórcio: o uso mais incentivo da área, a redução de risco de insucesso cultural, o aumento da projeção vegetativa do solo contra a erosão, o melhor controle de plantas daninhas (maior velocidade de cobertura vegetativa do solo), o uso mais eficiente da mão-de-obra, a geração de renda adicional mais imediata e diversificada para o agricultor e maior produção de alimentos. O cultivo consorciado pode ser uma boa opção para maximizar a utilização de terra, principalmente, em pequenas propriedades. A grande desvantagem dos cultivos consorciados, no entanto, é impedir a eficiência e altos rendimentos agrícolas. À medida que evolui o nível tecnológico da agricultura, as culturas consorciadas tornam-se mais difíceis de ser manejadas.

A competição em cultivos consorciados

A maior densidade de plantas e as possíveis interações entre as espécies cultivadas, com diferentes hábitos de crescimento, arquiteturas e habilidades competitivas, aumentam o risco de insucesso cultural nos cultivos consorciados. Portanto, precisamos ter um entendimento da competição entre plantas para implantar este sistema.

A competição ocorre tanto abaixo como acima do solo e sua duração determina prejuízos no crescimento, desenvolvimento e, consequentemente, na produção das culturas. assim, plantas com elevada habilidade competitiva acima do solo podem não dominar determinada área, se não possui recursos do solo, enquanto plantas com elevada capacidade de absorção de nutrientes, podem ser desfavorecidas pelo sombreamento exercido por outras de maior porte.

Em suma, por ocasião da associação de diferentes espécies de plantas, deve-se optar por um arranjo espacial que minimize a competição por luz, bem como a utilização de plantas com sistemas radiculares e hábitos de crescimento diferentes, que exploram áreas e faixas distintas do solo.

Em sistemas de cultivo consorciado, a população ideal das culturas está relacionado com a capacidade do solo em fornecer nutrientes e com a capacidade de cada cultura em competir por água, luz e nutrientes. (Zanine e Santos, 2004). Portanto, a competição depende da população e arranjo das plantas, das condições de ambiente e solo, e ainda, da interação entre as culturas consorciadas.

De acordo com Lopes (1988), para se adaptar às condições de consórcio, a espécie deve manter um balanço positivo de carbono, mesmo em condições de estresse luminoso. Para tanto, a planta pode utilizar três estratégias diferentes,: reduzir sua taxa respiratória, de modo a baixar seu ponto de compensação luminosa; aumentar sua área foliar para promover maior interceptação da luz; e aumentar sua taxa fotossintética por unidade de área foliar e por unidade de energia luminosa.

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O feijoeiro em cultivos consorciados

O feijoeiro possui baixo ponto de saturação luminosa, que é de aproximadamente 1/3 da luz solar máxima. Além disso, em condições de sombreamento, é capaz de reduzir sua taxa respiratória, reduzindo seu ponto de compensação luminosa, e de aumentar sua área foliar.

Além disso, o feijoeiro possui ainda a habilidade de promover movimentos foliares que permitem colocar as folhas em lacunas, por onde passam réstias de luz,e também possui uma eficiência de conversão de energia solar em fotoassimilados aumentam com a redução do nível de luz no feijoeiro (Lopes, 1988), Essas características explicam a alta adaptabilidade do feijoeiro em sistemas de consórcio sob condições de sombreamento.

O feijão é cultivado nos mais variados tipos de solo, clima e sistemas de produção, tais como o cultivo solteiro e consorciado. É preferido para os consórcios culturais por se tratar de cultura de ciclo curto, pouco competitiva, semeada em diferentes épocas do ano e relativamente tolerante à competição movida pela planta consorte.

A porcentagem do feijão que é produzido em cultivos consorciados no brasil varia ligeiramente de região para região e vem diminuindo nos últimos anos. Na década de 1980 esse numero estava próximo de 70%, mas poderia ser mais de 90% em algumas regiões, como a Zona da Mata de Minas Gerais (Vieira, 1988). Atualmente, estima-se que cerca de 50 a 70% do feijão produzido em Minas Gerais provem do cultivo consorciado. ( Vieira, 2006).

RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se aos pequenos e médios produtores agrícolas a utilização do consórcio nas suas lavouras para que haja um melhor aproveitamento da propriedade. Deverá ser aplicada, obedecendo a critérios técnicos, após análises de solos ou de tecidos vegetais é necessário também indicar os espaçamentos adequados no estabelecimento dos sistemas, que depois devem ser conduzidos, procurando compatibilizar as culturas, e também novos estudos, pois com esta pesquisa não se esgota o assunto abordado.

Alguns tipos de consórcio com feijão

Consorcio Milho-Feijão

O milho, por ser uma espécie C4 , apresenta menor competição por água e gás carbônico do que o feijão, que é uma espécie C3 , não caracterizando-se por perdas significativas, quando submetido ao consórcio com o feijão. As plantas C4 são adaptadas às condições ambientais onde a irradiância e a temperaturasão elevadas, sendo ainda mais tolerantes ao estresse hídrico.

No Brasil, em razão da grande importância que o consórcio representa, tem-se procurado estabelecer sistemas de produção milho-feijão mais adaptados para as diversas regiões. Esses sistemas, no entanto, são recomendados com base na experiência de agricul-

tores extensionistas e, em parte, nos resultados da pesquisa, resultando em recomendações específicas para diversas regiões do país (EMBRAPA).

Pode ser realizados de duas formas:

Plantio simultâneo ao milho (feijão das águas), nas mesmas linhas do milho ou entre elas. Neste modelo, o feijão é favorecido quando plantado de uma a duas semanas antes do milho.

Plantado quando o milho está começando a secar (feijão da “seca”), conhecido como cultivo de substituição, geralmente distribuído entre os pés de milho, sem nenhum alinhamento, fechando todo o espaço. Geralmente semeado na segunda quinzena de fevereiro, não oferecendo risco a cultura do milho e apresentando melhor produção que o plantio das águas. Indica-se que não seja feito o dobramento do milho, prática comum após a colheita, pois alem de não favorecer o feijão, elimina o suporte que os feijões trepadores utilizam.

O rendimento da cultura do feijão no consórcio representa apenas 20-30% do rendimento da cultura exclusiva.

O número de vagens por planta é o principal componente do rendimento na definição da produtividade da cultura do feijão.

A produtividade do milho (grão e silagem) em consórcio é afetada pela distribuição espacial das plantas da gramínea na área e não pela presença do feijoeiro.

Consórcio Mandioca-Feijão

Este sistema é interessante por a mandioca apresentar espaçamento relativamente largo entre as fileiras e entre as plantas dentro das fileiras, alem de sua lentidão para estabelecer o dossel. Recomenda-se o plantio de apenas uma fileira de feijão no meio da rua da mandioca, pois a mesma é muito sensível a competição. Variedades de feijão precoces são menos competitivas.

O aumento do número de linhas de feijoeiro cultivadas nas entrelinhas do cafezal recém-plantado eleva o rendimento de grãos da leguminosa, mas reduz o incremento do diâmetro do caule do cafeeiro.

Consórcio Café – Feijão

Este sistema é interessante, pois o café só apresenta produção após o terceiro ano, sendo que desta forma o feijão significa renda extra até a formação do cafezal.

Indica-se o plantio de 5-4 fileiras de feijão entre os cafeeiros recém-plantados, e com

o crescimento do pé de café o plantio de um do número menor de fileiras ano após ano.

Consórcio Cana-de-Açúcar – Feijão

O largo espaçamento de plantio da cana-de-açúcar, o lento crescimento inicial e a época de plantio da cana (janeiro-março) favorecem o consórcio dessas duas culturas.

Indica-se o plantio de duas fileiras de feijão na rua da cana-de-açúcar, cerca de 15

dias após a implantação do canavial.

Conclusão

Podemos concluir que o consorciamento é um método de preservação de solo e vegetação, além de beneficiar pequenos produtores que não disponibilizam de muito espaço em suas propriedades, que podem se beneficiar obtendo renda extra e aumento de produtividade. É uma técnica bastante exercida no Brasil, e que cada dia mais vem ganhando espaço devido ao sucesso de produção e alternativa para o pequeno produtor, que, por sua vez, com o correto manejo e aproveitamento de área possam produzir em maior escala e maior variedade de culturas.

O feijão é o preferido nos consórcios culturais pelas seguintes razões: é cultura de ciclo vegetativo curto e pouco competitiva, pode ser semeado em diferentes épocas, é cultura relativamente tolerante com a competição movida pela planta consorte, é um dos alimentos básicos do povo brasileiro; e seu preço geralmente alcança bons níveis.

Referencias Bibliográficas

VIEIRA, C. O feijão em cultivos consorciados. Viçosa: Imprensa universitária, Universidade Federal de Viçosa, 1985, p. 134.

VIEIRA, C. Estudo monográfico do consórcio milho-feijão no Brasil. Viçosa: UFV, 1999. P.183

VIEIRA, C. cultivos consorciados. Feijão 2, ed. Viçosa: UFV, 2006 p. 493

ZANINE, A. de M.; SANTOS, E.M. Competição entre espécies de plantas: Uma revisão. Revista da FZVA, Uruguaiana, v.11, p. 30, 2004.

LOPES, N.F. Adaptabilidade fisiológica ao consórcio. Cultura do feijoeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba. 1988, p. 375

Corrêa, Maria. “cultivo de feijão”. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/FeijaoCaupi/ acesso em 27 de março de 2014.

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