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Apple

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Por:   •  13/6/2014  •  Seminário  •  1.844 Palavras (8 Páginas)  •  337 Visualizações

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Quando eu voltei, em 1997, estava procurando espaço e achei um arquivo com Macs velhos e outras coisas. Eu disse: `Tirem isso daqui!´ e mandei toda aquela m... para (a universidade) Stanford. Nesse negócio, se você olhar para trás, será esmagado. Você tem de olhar para a frente." Assim Steve Jobs, o fundador da Apple, descreveu recentemente para um repórter suas reminiscências do primeiro computador Macintosh, lançado há exatos 25 anos. Pode ter sido a manifestação sincera de um visionário incapaz de perder tempo com o passado, ou simplesmente afetação. Mas é mais provável que fosse um pouco de cada coisa. Na trajetória de Steve Jobs, arrogância e egomania sempre dividiram espaço com uma percepção aguçada dos rumos da tecnologia e um talento sobrenatural para despertar nas pessoas o desejo de comprar. E esses não são os únicos traços conflitantes de sua personalidade. O hippie que disse que o ácido lisérgico mudou sua vida para sempre é o desbravador que permitiu às pessoas comuns experimentar pela primeira vez o poder da computação pessoal. O chefe que trata os funcionários aos gritos e insultos é o prestidigitador que em apresentações públicas seduz consumidores, analistas e jornalistas. O empreendedor vaidoso que sempre fez questão de personificar a empresa que criou é o mesmo CEO que reclama da falta de privacidade e do assédio da imprensa. Mais difícil que conciliar esses aparentes paradoxos, porém, é imaginar que eles podem nunca mais operar sua mágica juntos. Steve Jobs, empresário popstar, gênio da tecnologia e do marketing, pioneiro de revoluções que transformaram - e seguem transformando - a vida de todos os habitantes do planeta, está saindo de cena.

Na mensagem que enviou aos funcionários da Apple na tarde de 14 de janeiro, pouco mais de um mês antes de seu 54o aniversário, Jobs disse estar se afastando do comando da Apple até o fim de junho. Em teoria, serão apenas alguns meses de licença. O problema é que ficou difícil acreditar no que ele diz com relação a sua saúde. Budista e vegetariano há várias décadas, Jobs descobriu um tipo raríssimo de câncer em seu pâncreas em 2003. Ficou nove meses tentando tratá-lo com terapias alternativas - sem que o público ficasse sabendo da enfermidade. Convencido da necessidade da operação, Jobs removeu o câncer em 2004, disse estar curado e calou-se sobre o assunto. Todos acreditaram que o pior tinha ficado para trás - até ele aparecer em público em junho do ano passado magro e abatido. Desde então as especulações sobre um retorno do câncer ou eventuais complicações decorrentes da doença nunca foram afastadas de forma definitiva. Na primeira semana de janeiro, ele anunciou sua ausência do evento em que costuma mostrar as principais novidades da empresa para o ano. Atribuiu a perda de peso a um desequilíbrio hormonal e afirmou que o remédio seria "relativamente simples e direto". O comunicado terminou com a seguinte frase: "Disse mais do que queria dizer, e tudo o que gostaria de dizer, sobre isso".

Meros nove dias depois, porém, havia mais para contar. A situação seria "mais complexa" do que acreditava Jobs, o que o levou a anunciar seu afastamento do comando da companhia. As ações da empresa caíram quase 6% nas 24 horas seguintes à divulgação da mensagem. Os rumores voltaram com força total. Ele tem direito à privacidade como qualquer outro cidadão, especialmente num momento delicado como o que envolve doença. Mas não se está falando de um cidadão qualquer, e sim da figura que simboliza a Apple, uma empresa pública avaliada em 70 bilhões de dólares. "Os investidores merecem informações precisas, honestas e regulares caso questões de saúde envolvam uma pessoa tão central para a companhia", diz Stephen Davis, responsável pela área de governança corporativa da escola de administração da Universidade Yale. "A Apple é brilhante em eletrônicos e inepta na relação com seus acionistas."

Ainda que boa medida da admiração que Jobs inspira seja decorrente dos resultados espetaculares da empresa, não se trata de olhar para ele somente pelo ângulo financeiro. Jobs é uma dessas raras figuras realmente transformadoras. Quando ele aparece em cima de um palco, o mundo da tecnologia para e assiste com atenção. Foi assim em janeiro de 1984 quando ele, de gravata borboleta e cara de garoto, mostrou ao mundo o primeiro Macintosh. Batizado em homenagem a um tipo de maçã, o Mac original trouxe uma novidade chamada mouse e substituiu os comandos escritos em código por uma interface baseada em pequenos desenhos, que deveriam ser clicados (esse verbo, diga-se, não tinha sentido na época). Ali começava a cair a barreira que separava os primeiros entusiastas de uma novidade chamada computador do resto do mundo. Foi assim também em janeiro de 2007, quando ele, dessa vez vestindo os tradicionais jeans, tênis New Balance e suéter preto, apresentou o iPhone, um híbrido de telefone e computador ao mesmo tempo poderoso, elegante e fácil de usar.

Nos 25 anos que separam essas duas aparições, a tecnologia digital cresceu tremendamente e alterou por completo a forma de o mundo funcionar. Por toda a parte é possível identificar o dedo de Steve Jobs. Seu principal legado é ter trazido a tecnologia, antes restrita ao círculo de engenheiros e técnicos, para o dia-a-dia de bilhões de pessoas. Hoje há mais de 1 bilhão de computadores pessoais em uso, 55 milhões deles no Brasil - e todos têm em comum o parentesco com aquele primeiro Mac. Os PCs deixaram de ser apenas ferramentas de trabalho há muito tempo. Hoje são meios de comunicação e, cada vez mais, de entretenimento. Desde o fim da década passada as gravadoras sabiam que os CDs estavam com os dias contados, pois o futuro do negócio passaria obrigatoriamente pela distribuição de arquivos pela internet. Mas foi apenas em 2003, quando o iPod começou a ser tratado como sinônimo de música portátil, que a revolução do MP3 ganhou seus contornos atuais. Com acesso direto a milhões de tocadores de música, Jobs convenceu as gravadoras de que seria a Apple o melhor caminho para criar um mercado de venda de arquivos legalizados. Inaugurada em abril de 2003, a loja virtual iTunes Store contabiliza hoje a marca de 6 bilhões de faixas vendidas. A Apple vende sete em cada dez arquivos de música comercializados legalmente. Em abril do ano passado, a iTunes Store ultrapassou o Wal-Mart e tornou-se a maior vendedora de músicas do mundo.

Culto ao Mac

A terceira revolução posta em movimento por Steve Jobs aconteceu no mundo da telefonia celular. Apesar do estrondoso sucesso de vendas e crítica, o impacto do iPhone no efervescente mercado da mobilidade

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