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As Novas Tecnologias Na Formação Inicial De Professores Análise De Uma Experiência

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Por:   •  21/5/2014  •  4.496 Palavras (18 Páginas)  •  694 Visualizações

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As novas tecnologias na formação inicial de professores

Análise de uma experiência

João Pedro da Ponte

Hélia Oliveira

José Manuel Varandas

Departamento de Educação e Centro de Investigação em Educação

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

O eixo do trabalho com as novas tecnologias na escola situa-se presentemente no uso da Internet, nas suas múltiplas vertentes: como instrumento de consulta, de discussão, de trabalho colaborativo e de produção de materiais de interesse para comunidade. Nesta comunicação apresentamos uma perspectiva sobre o modo como o trabalho com a Internet pode surgir na formação inicial de professores. Relatamos uma experiência realizada numa disciplina semestral de um curso de formação inicial de professores de Matemática. Nesta disciplina deu-se um papel fundamental à aprendizagem da elaboração de páginas WWW por parte dos formandos e à exploração das potencialidades desta actividade para trabalhar tópicos matemáticos. Fazemos também o balanço do trabalho, tendo por base as opiniões dos formandos, tendo em atenção o empenhamento que colocaram no seu trabalho, as dificuldades que enfrentaram para o concretizar, as aprendizagens que identificam e a evolução da sua relação com o computado . Terminamos com um conjunto de sugestões para a formação inicial de professores, acentuando a perspectiva que será possível, no futuro, esperar que um grande número de professores seja não só consumidor de conteúdos da Internet, mas também produtor e co-produtor de páginas com os respectivos alunos, dando a conhecer as suas explorações de temas de Matemática e as suas experiências de ensino e aprendizagem da disciplina.

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) constituem uma linguagem e um instrumento de trabalho essencial do mundo de hoje, razão pela qual desempenham um papel cada vez mais importante na educação. Na verdade, estas tecnologias (i) constituem um meio privilegiado de acesso à informação, (ii) são um instrumento fundamental para pensar, criar, comunicar e intervir sobre numerosas situações, (iii) constituem uma ferramenta de grande utilidade para o trabalho colaborativo e (iv) representam um suporte do desenvolvimento humano nas dimensões pessoal, social, cultural, lúdica, cívica e profissional.

As TIC podem ter um impacto muito significativo no ensino de disciplinas específicas, como é o caso da Matemática. O seu uso ter por efeito (i) relativizar o cálculo e a manipulação simbólica, (ii) reforçar a importância da linguagem gráfica e novas formas de representação, (iii) facilitar uma ênfase por parte do professor nas capacidades de ordem superior, e (iv) valorizar as possibilidades de realização, na sala de aula, de projectos e actividades de modelação, exploração e investigação (Ponte, 1995). Deste modo, na Matemática, como em muitas outras disciplinas, as TIC podem favorecer o desenvolvimento nos alunos de atitudes mais positivas e uma visão mais completa sobre a natureza da disciplina.

As TIC na formação inicial de professores

A formação inicial de professores deve proporcionar o contacto com aplicações como o processamento de texto, sistemas de gestão de bases de dados, programas de tratamento de imagem, folhas de cálculo, programas de estatística, programas de apresentação (como o Powerpoint), correio electrónico, bem como software educativo orientado para a aprendizagem de disciplinas específicas. E, claro, hoje em dia, é impensável deixar de considerar a Internet, tanto na vertente de consulta como na vertente de produção. No entanto, um estudo recente sobre a formação nas TIC, proporcionada nos cursos de formação inicial de professores, no nosso país, evidencia que as competências e conhecimentos adquiridos pelos futuros professores, não sendo elevadas em nenhum domínio, são manifestamente insuficientes no que diz respeito, por exemplo, aos programas de estatística, bases de dados, navegação na Internet e utilização do correio electrónico (Ponte e Serrazina, 1998).

Estudos de investigação realizados noutros países mostram que as TIC podem, na realidade, desempenhar um papel importante na formação inicial de professores. Assim, por exemplo, um trabalho realizado por Robinson e Milligan (1997) teve por objectivo estudar o modo como é possível influenciar numa disciplina da formação inicial de professores, as percepções dos formandos acerca da Matemática, da tecnologia e das estratégias de instrução e avaliação. A disciplina estava estruturada por módulos, com 3 tipos de actividades: (i) de desenvolvimento, para familiarização com recursos tecnológicos; (ii) experimentais, para expandir o conhecimento matemático através da tecnologia, e (iii) instrucionais, para aplicar o que aprenderam (nomeadamente novo software) no desenvolvimento de materiais instrucionais. Os resultados deste estudo mostram que os formandos mudaram as suas crenças acerca do ambiente da aula, dos papéis do professor e dos alunos, e das estratégias de ensino.Um outro estudo, conduzido por Yildirim e Kiraz (1999), teve por objectivo analisar como é usado o correio electrónico pelos diversos intervenientes no processo de formação inicial (formandos e formadores). Os autores referem que o correio electrónico é visto como uma importante ferramenta de comunicação, embora com um nível de uso bastante variável. Indicam também que os participantes mostram um certo grau de ansiedade em relação aos computadores e que os estagiários são mais desembaraçados que os orientadores no que se refere ao uso das novas tecnologias. Concluem que o correio electrónico tem diversas vantagens, sendo as principais a de promover o desenvolvimento mútuo, permitir ultrapassar limitações de tempo e distância e favorecer a troca de ideias.

Finalmente, Rogan (1996), tomando por base diversos princípios da educação de adultos, indica que é mais provável que os futuros professores se envolvam em situações de aprendizagem participativas onde prevaleça o respeito mútuo entre participantes (formandos e formadores). Estes autores salientam o papel da actividade colaborativa, com liderança distribuída, onde tanto aprendem formandos como formadores, perspectivando assim a aprendizagem para libertação e acção pessoal. Salientam, também, a necessidade da reflexão crítica, examinando as bases das crenças e pressupostos sobre a aprendizagem que está a ocorrer e sublinham a necessidade

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