ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SECAGEM NO TEOR DE FLAVONOIDES

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SECAGEM NO TEOR DE FLAVONOIDES, TANINOS E NA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO EXTRATO HIDROALCÓOLICO DE FOLHAS DE Pseudobombax grandiflorum

Gabriella Thompson Silva Novais1

Me. Maria Perpétua de Oliveira Ramos2

Resumo: Estudos demostram o alto potencial antioxidante da família Malvaceae. Com isso o presente trabalho objetivou a avaliação dos efeitos da temperatura de secagem no rendimento e nos teores de flavonoides, taninos e atividade antioxidante de extratos hidroalcóolicos obtidos das folhas de Pseudobombax grandiflorum. Para tal, ensaios experimentais foram realizados em folhas secas da planta, submetidas a temperaturas de secagem diferentes sendo elas, de 50, 60 e 70°C. Após a secagem, os extratos hidroalcóolicos foram obtidos sob extração exaustiva utilizando etanol 70°GL como solvente extrator em aparelho de Soxhlet. Os testes qualitativos foram realizados utilizando os extratos hidroalcóolicos para se identificar a presença de flavonoides através da reação de Shinoda e as folhas secas em diferentes temperaturas para fazer a identificação de taninos através da reação com cloreto férrico e a presença das cumarinas por meio da extração com éter etílico sendo observada sob UV. A seguir os extratos hidroalcóolicos, codificados como: EH-50; EH-60 e EH-70 foram analisados quantitativamente para o teor total de flavonoides a partir de uma curva padrão de quercetina, o teor de taninos através da metodologia de Wissing e a partir do sequestro do reagente DPPH a atividade antioxidante total e o IC50 que foi calculado pelas equações de reta obtidas das regressões lineares das inibições do DPPH em função das concentrações. Os resultados obtidos demonstram que as folhas de Pseudobombax grandiflorum apresentam altos teores de compostos fenólicos e que as diferentes temperaturas de secagem não tiveram grande impacto nos parâmetros estudados. Mas o EH-60 apresentou os melhores resultados quanto ao rendimento do extrato e em consequência ao maior teor dos compostos fenólicos estudados apresentando 97,30 mg/g de flavonoides, 7,09% de taninos condensador, 98,69% de potencial antioxidante e IC50 de 19,51 mg/L. As folhas da Pseudobombax grandiflorum são candidatas interessantes para avaliações de ensaios biológicos mais complexos.

Palavras-chave: Flavonoides. Taninos. Atividade Antioxidante. Pseudobombax grandiflorum.

1 INTRODUÇÃO

O uso de plantas como fitoterápicos é uma prática antiga e que ainda hoje é muito utilizada para o tratamento de dores e problemas de saúde. Segundo Toledo et al., (2013) o uso de plantas medicinais é uma ótima opção para a produção de medicamentos com fins fitoterápicos, pois as mesmas oferecem um tratamento alternativo, mais barato e em grande parte das vezes menos agressivo do que o uso de medicamentos sintéticos.

Segundo Heinzmann e Barros (2007) nas últimas décadas ocorreu um grande aumento na procura por drogas formuladas a partir de vegetais como opção de tratamento para diversos problemas de saúde, entre eles se destaca a utilização de chás feitos de flores e folhas de plantas para tratamentos de dores abdominais, erupções cutâneas e tratamento para sintomas da depressão e ansiedade. O aumento na procura de tratamentos alternativos torna necessária a expansão de estudos para se conhecer as propriedades de novas plantas e poder fazer a utilização das mesmas na medicina alternativa, entre os tipos de plantas que podem ser usadas para tratamentos pode-se citar a Pseudobombax grandiflorum.

A Pseudobombax grandiflorum (embiruçu) é uma árvore que atualmente está classificada como da família Malvaceae, porém a ela já foi classificada como da família Bombacaceae de acordo com o sistema CRONQUIST (1981). A árvore do embiruçu pode chegar até 25 metros de altura, suas folhas são compostas, pecioladas, digitadas, com cerca de 8 folíolos e tem estípulas caducas (CARVALHO, 2008).

Estudos realizados a partir do extrato hidroalcóolico retirado das folhas de quatro espécies da família Malvaceae, sendo elas Sidatrum micranthum, Sida rhombifolia, Wissadula periplocifolia e Herissantia crispa, apresentam resultados com altos teores de compostos fenólicos e a presença de alta atividade antioxidante em todas as espécies estudadas. Diante aos resultados é levantada a necessidade do estudo de outras plantas da mesma família e de novos testes para se identificar outros grupos de metabólitos que possuam características relevantes para a fitoterapia. Dessa forma pode-se inferir que as espécies pertencentes à família Malvaceae possuem potencial no combate a produção de radicais livres devido a presença de compostos fenólicos e consequentemente as doenças relacionadas a eles (OLIVEIRA et al., 2012).

A identificação e análise de metabólitos presentes em plantas pode ser feita de diversas maneiras, de acordo com Matos (1997), a realização de testes químicos qualitativos a partir do extrato etanoico de uma planta podem revelar de maneira rápida e relativamente barata qual é a composição química daquele extrato, ajudando assim na identificação dos principais compostos dos grupos dos flavonoides, taninos, alcaloides, cumarínicos, glicosídeos e purinas que apresentam atividades benéficas para tratamento de problemas de saúde (SILVA; MIRANDA; CONCEIÇÃO, 2010). Para se obter bons resultados em um estudo o ideal é conseguir conservar a constituintes e demais compostos presentes nas plantas mesmo após a sua colheita. No intuito de se manter todas essas características a secagem é uma ótima opção, porém a temperatura e o tempo em que ela ocorre podem influenciar tanto negativamente quanto positivamente nos rendimentos dos extratos e nos teores de metabólitos especiais (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

Diante da falta de estudos relacionados a Pseudobombax grandiflorum o objetivo deste trabalho é estudar e quantificar metabólitos especiais fenólicos presentes nos extratos hidroalcóolicos obtidos das folhas em diferentes temperaturas de secagem. Este trabalho também tem como objeto de estudo, (i) a influência do tempo de secagem no rendimento dos extratos hidroalcóolicos; (ii) quantificar os flavonoides e taninos totais em diferentes temperaturas; e (iii) estudar como a temperatura influência na atividade antioxidante dos extratos hidroalcóolicos das folhas da Pseudobombax grandiflorum.