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LEITURA E FICHAMENTO DE TEXTOS: VISÕES DE LUZ - O PENSAMENTO DE ARQUITETOS MODERNISTAS SOBRE O USO DA LUZ NA ARQUITETURA

Trabalho Universitário: LEITURA E FICHAMENTO DE TEXTOS: VISÕES DE LUZ - O PENSAMENTO DE ARQUITETOS MODERNISTAS SOBRE O USO DA LUZ NA ARQUITETURA. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  20/3/2014  •  3.662 Palavras (15 Páginas)  •  1.251 Visualizações

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A LUZ SUAVE DE WRIGHT

Frank Llood Wright tem como motor de sua obra a natureza que está ligada a luz por uma dimensão física e também simbólica. A fim de destacar este simbolismo Wright se baseia em um conto chinês que diz: no crepúsculo, à luz das lanternas, ou na escuridão não adore antigas imagens, nem corra atrás de nova. Elas podem cega-lo, ou, sendo falsas, enganá-lo, levando-o à escravidão, na qual a própria esperança murcha. As ”imagens falsas”, que levam à “cegueira, à importância” podem ser interpretadas como a arquitetura historicista, a “caixa com buracos” que Wright combatia.

Alguns críticos, entre eles, Jencks classificam Wright como um pré-moderno tradicionalista. Já outros, como Zevi, o colocam como herdeiro dos movimentos Arts and Crafts e Art Noveau, cubista, expressionista, racionalista, pop, minimalista até chegar a pós-modernidade. Segundo Wright: “arquitetos são, ou precisam ser, mestres do significado industrial de sua era; são, ou precisam ser, intérpretes do amor à vida na sua era” ( Wright, 1975, p. 133).

Frank concebia o uso da luz a partir da noção básica de que: ”(...)a perfeita claridade do ar, para manter o ar fora, ou dentro, e permitir perfeita visibilidade ao olhar humano para perscrutar o céu ou a Terra. Isso é vidro o temos em nosso tempo – a dádiva das dádivas. E sabemos, agora, o tecido perfeito para vestir o espaço interior, com o vidro: para modificar a relação do espaço interior com o espaço do Sol. Todas as nuanças da natureza se emaranham como uma textura ou padrão em suas malhas” ( Wright, 1992, p. 337).

Seu discípulo Edgar Tafel de que “Em períodos de furor histérico, a filosofia de Wright sobre casa, família e cultura não tem lugar”. No entanto, com a redescoberta da ecologia e da dimensão individual do homem, ocorre uma “redescoberta” de Wright.

Natureza e Luz

“Se a natureza pode ser metáfora da arquitetura, então a arquitetura pode ser uma metáfora da natureza” ( Wright, 1992, p. 348).Ele procura uma ordem, no entanto, não cartesiana; esta será parecida com a da natureza. Assim, ao fazer arquitetura metáfora da natureza, a luz de sua arquitetura será metáfora para luz que a árvore permite passar.

“Mas onde a cornija, verdadeira naquele momento primaveral, ficou uma verdadeira cobertura, ou mesmo um sentido dela, e deixava cair a chuva longe das paredes do edifício, bem, a cornija então não era uma cornija, mas um teto em balanço. Deixemos o teto em balanço ficar como abrigo para o homem. Ela nunca desaparecerá da arquitetura. O sentido da arquitetura como abrigo é um sentido muito especial em senso comum, de fato” ( Wright, 1992, p. 45).

O grande beiral em balanço é unido ao vidro e através deste o espaço iluminado será uma realidade em uma ordem mais elevada do espirito humano. Um senso de limpeza diretamente relacionado com o viver com a luz do Sol trabalhando em nós. Nos ajudando a deixar a caverna e despertar o desejo de uma nova e mais apropriada simplicidade. A partir do vidro, o jardim será o edifício e vice-versa.

A Caixa

Com essa nova concepção de espaço Wright comenta: “ao fazer desaparecer as paredes solidas, fazendo-as reaparecer como imaginativos painéis que abraçam a luz...a arquitetura orgânica vê o abrigo não só como um aspecto de qualidade, mas sim, de espirito, como o primeiro fator em qualquer conceito de ligar o homem ao seu ambiente, como um rasgo legitimo do mesmo. O clima é onipresente e os edifícios devem excluir a interpérie. O abrigo está destinado a estes elementos...” ( Wright, 1961, p. 205). “Meu conceito de parede não era o lado de uma caixa. Era enclausuramento para conseguir proteção contra tempestade ou calor quando necessário. Mas era também trazer o mundo do exterior para casa, e deixar o interior de casa ir para o exterior” ( Wright, 1992, p. 199).

“(...) eu lutei por janelas de abrir para fora porque as janelas com dobradiça associam a casa com o exterior, oferecem aberturas livres para o fora, sendo assim mais humanas, mais naturais.” ( Wright, 1992, p. 200).

Os discípulos de Wright comentam que paredes serão barreiras. Serão panos, tela, ligando o exterior ao interior; rearranjando as telas, mudando o espaço, sendo portanto apenas uma interrupção no espaço, um momento no espaço. A malha é sempre utilizada como base para o desenho, assim, o arquiteto que a está desenhando dela se utiliza para ter o sentido da escala e ritmo do espaço. A lógica de Wright propõem o pavimento principal aberto. São eliminadas as portas e divisórias que isolam o espaço. Abrindo a casa, a família se junta. Não há mais formalidade na sala de jantar, e o espaço passa a ser dividido em áreas de comer, ler e reunião.

Donald Hoffmann comenta sobre a obra de Wright, dizendo que alguns de seus edifícios são bem maciços, especialmente quando limitados à uma área reduzida ou à um orçamento reduzido. Devido a busca da linha horizontal, suas obras são mais expansivas e características. Wright dividia a massa do edifício em três partes: o piso térreo, de paredes geralmente ininterruptas, expressando o peso do edifico, expondo o porão à luz do dia; O pavimento principal, que encontra o exterior através de compridas janelas ou portas de vidro que provêm o edifício com luz; O terceiro piso é um refúgio. Tais divisões são baseadas em Ruskin, o qual dizia que a parede divide-se em três partes: a fundação, o corpo e a cornija. Dizia que um deveria nascer do outro como as raízes, caule e copa.

Os grandes beirais marcam linhas horizontais no espaço, quase que neste flutuando. Para Wright esta escolha vem para evidenciar a relação do edifício com o horizonte. O espaço tridimensional nasce da luta da natureza contra a força da gravidade, gerando a quarta dimensão: o sentido do espaço.

O arquiteto Eduardo Sacriste faz em seu livro uma síntese da maneira com a qual Wright projetava e, consequentemente da sua utilização da “luz orgânica”: ao propor as paredes como limites do espaço, geradoras do conforto térmico, e, ao mesmo tempo, elementos de integração do exterior, obtêm-se no projeto wrightiano uma sequência de espaços, que formam um todo, que se organiza em torno de um núcleo, a lareira, símbolo que une a família e é o coração da casa. Esta sequência de espaços proporciona diferentes sensações através de suas luminosidades: os ambientes baixos são mais escuros, os ambientes altos são mais luminosos e alegres. É fundamental entender nos projetos de Wright a sua gramática: contrastes de luz, altura e profundidade e um clímax.

Ainda segundo Sacriste, o desenho das portas janelas

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