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Possibilidades de narração transfronteiriça

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Por:   •  28/11/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.334 Palavras (18 Páginas)  •  141 Visualizações

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Narrativa transmidia

Introdução

A ansiedade se instala entre os especuladores quanto à possibilidade de a narrativa transmídia transformar a sociedade como um todo. Esse é um comportamento que sempre se repete assim que surgem novas tecnologias na comunicação. O surgimento do livro impresso em escala industrial, a partir da difusão da prensa de tipos móveis do século xv, trouxe desconfianças, temeridades e esperanças. A máquina de escrever, no final do século xix, foi até mesmo vista como algo que seria utilizado em sala de aula para manipular os alunos e mecanizar o trabalho do professor. O cinema e o rádio, por sua vez, no início do século xx, foram alvo de uma diversidade de especulações tanto para o lado positivo quanto para o lado negativo. E como não lembrar o quanto a tv já foi referida como a causa de tantos problemas sociais?

A mesma conotação esteve nos comentários, hoje com menor intensidade, sobre o computador e o videogame, popularizados a partir da década de 1970. O próximo alvo são as mídias interativas móveis, que já recebem críticas sensacionalistas alertando para os perigos de motoristas descuidados que digitam mensagens para serem enviadas por “torpedos” (sms) de seus celulares enquanto dirigem. É o caso do psa texting while driving u.k. ad de peter watkins-hughes, exibido na tv do reino unido no segundo semestre de 2009. É o seu primeiro trabalho profissional, formado no curso Art Media and Design Da Newport School-University of Wales, onde produziu o curta. Os quatro minutos e meio tentam conscientizar os jovens motoristas britânicos a não utilizar o celular enquanto dirigirem, principalmente não digitar textos. Com produção esmerada (orçamento de 20 mil euros) contou com a coprodução da polícia do país de gales e já foi visto por mais de dois milhões de pessoas. Neste vídeo o sensacionalismo é utilizado como força de convencimento considerando o hiperestímulo agora não mais como recurso para vender mais jornais como fora no início do século xx, como lembra Ben Singer (2001).

A título de definição conceitual, entendemos que narrativa transmídia é uma estratégia de comunicação que tem uma história dividida em algumas partes e cada parte é distribuída por aquela plataforma que melhor possa exprimi-la. Desse modo, cada parte da história é perfeitamente adequada a sua plataforma e necessariamente relacionada à outra parte da história, em que pesem alguns casos em que é perfeitamente possível acompanhar uma série na tv sem sentir falta das outras partes da história veiculadas em outras mídias. Há também um componente que não é exclusivo da narrativa transmídia, mas é um fator que fortalece e muito qualquer conteúdo comunicacional: a cultura colaborativa. A narrativa transmídia muito se beneficia das participações da audiência, que por sua vez passa a ser coautora, ainda que não predominantemente. Podemos desdobrar tais fatos em reflexões que nos levam a compreender que a cada nova tecnologia, uma modalidade expressiva surgirá, ainda que não exclua as anteriores, mas as incorpore como vemos acontecer com o surgimento e consolidação da narrativa transmídia.

Evoluções tecnológicas e midiáticas nos dirigindo à narrativa transmídia

Do mesmo modo que acontece com as redes sociais, é perceptível a evolução da narrativa transmídia. Enquanto isso está cada vez mais difícil para os conglomerados de comunicação acompanhar esse ritmo de transformações. Suas estratégias de mídia pouco progridem se as compararmos aos novos meios convergentes digitais, em rede, ubíquos, portáteis, flexíveis, plurivocais, etc., e suas aplicações pelos grupos sociais. Os grupos sociais sempre souberam se organizar e adaptar para si novos recursos até então não pensados para tanto.

Vale lembrar os mais diversos movimentos sociais pré-redes sociais digitais. Desde os cafés e passagens parisienses, entre 1927 e 1940, pelas descrições de Walter Benjamin compiladas no livro passagens (2007) até, e principalmente, os movimentos vanguardistas em todas as artes no início do séc. Xx. Entre 1927 e 1932, Bertolt Brecht entendia que o papel do rádio poderia ser o meio gerador de redes sociais se fosse meio de comunicação de múltiplas vias conforme seus escritos em Théorie de la radio (brecht, 1970). Até a “socialização da consciência urbana” em 1967 desenvolvida por Guy Debord e relatada em a sociedade do espetáculo (Debord, 1997), só para ficarmos em alguns poucos exemplos. Estes movimentos sociais são, hoje, potencializados pelas mídias digitais como inaugurando uma nova estrutura social: a “sociedade em rede”, como definiu Manuel Castells entre 1984 e 1996 em a sociedade em rede (2007). Com as novas mídias chegamos a outra concepção de riqueza e dos objetivos da atividade humana por andré gorz em o imaterial (2003). E conviver com o imaterial faz todo o sentido para as práticas de narrativa transmídia, como veremos mais adiante.

Vocações da narrativa transmídia

A atual condição da comunicação no âmbito social está disseminada entre as mais diversas redes sociais está ampliada nas relações humano-máquina e máquina-máquina. As redes sociais que aqui nos interessam são as presenciais e as suportadas por mídias interativas digitais também chamadas de “redes colaborativas”, “comunidades colaborativas”, “culturas colaborativas”, etc. Assim com as redes que mesclam todas elas através de suportes digitais para comunidades colaborativas mediadas por recursos tecnológicos, tais como: telefonia convencional, tecnologia de celulares de 3 a 5g, web 2.0 e 3.0, computação pervasiva, etc. Somados estes itens às narrativas que estão no real e no virtual temos a narrativa transmídia.

A narrativa transmídia e seus recursos resultam de articulações de histórias narradas entre o mundo real e o mundo virtual e estão um passo além do ciberespaço, por integrar mais objetivamente e estruturadamente o mundo real e virtual promovidas pelas redes colaborativas, como um movimento intensamente sociabilizador. Cabe atentar para o fato de que uma ou outra comunidade virtual pode desenvolver porosidades de maneira a não conseguir impedir deturpações de seus princípios em estruturas falíveis formadas por oportunistas, conforme lembra Howard Rheingold, que propõe uma saída para o problema: são as comunidades virtuais apenas enclaves computadorizados, torres intelectuais de marfim? A resposta deve ser encontrada no mundo real, onde as pessoas tentam usar a tecnologia com a finalidade de atender a problemas sociais. As organizações sem fins lucrativos

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