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Por:   •  21/3/2015  •  1.455 Palavras (6 Páginas)  •  293 Visualizações

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FALTA CAPITAL SOCIAL NOS ESTOQUES NACIONAIS

Qual significado tem para o agricultor o fato de estar trabalhando em um mercado de concorrência perfeita?

De fato, isso é uma fatalidade. Se você procurar entre as grandes empresas mundiais, vai ver que nenhuma delas, mesmo em sua busca da diversificação, quer produzir produtos agrícolas. A razão é muito simples. É que a lucratividade do produto agrícola, pelo fato de trabalhar em condições de mercado próximas à concorrência perfeita, tende a zero. O que significa isso? Um mercado de concorrência perfeita significa grande número de produtores, nenhum dos quais têm condição de determinar preço. O maior produtor do mundo de boi, soja, não consegue afetar nem um centavo do preço, seja segurando o produto ou aumentando sua oferta do seu produto. Esta grande pulverização da produção em milhões de produtores faz com que a rentabilidade tenda a zero.

Estudantes de administração estudam durante quatro anos aprendendo a tentar escapar da condição de competição perfeita. De um modo meio fajuto porque eles nunca endereçam realmente seus objetivos efetivos. Mas é isto o que toda empresa tende a fazer. Os agricultores intuitivamente sabem disso. Todo agricultor gostaria de ter um rebanho diferenciado, uma marca. A diferenciação do seu produto é uma das possibilidades de você fugir dessa condição de competição, de lucro baixo. Só que isso é muito difícil de conseguir. Não é a toa que o grosso da agricultura trabalha com commodities. Commodity, por definição, é um produto padronizado, não diferenciado. Quer dizer, se você produz milho, teu milho é de um tipo tal e acabou. Você pode jurar que ele é mais gostoso, ou que ele tem a qualidade que for, que não faz diferença nenhuma para o mercado. O preço é o mesmo de todo mundo. O que o agricultor pode fazer aí é realmente pouco. Embora, como em toda atividade, existam aqueles caras mais “vivos”, empresarialmente mais capazes, que conseguem identificar certos nichos de mercado e que rompem esse determinismo da baixa lucratividade. Por exemplo, se você conseguir um mercado onde você é o único fornecedor você se tornará capaz de negociar preço. Por exemplo, se você é o único fornecedor de leite “kosher” numa determinada comunidade judia. Se eles acreditam que você produz de acordo com todas as normas exigidas, e eles são extremamente exigentes, eles estarão dispostos a pagar um preço adicional (desde que você continue tendo a confiança deles de que seu produto realmente é diferenciado). Aí você produz um produto diferenciado e consequentemente vai ter um benefício equivalente. Outro exemplo são os produtos orgânicos. Se você convence os consumidores que seu produto é produzido sem fertilizante e produtos químicos e se esses consumidores estão dispostos a pagar um preço maior por isso, você conseguirá rendas maiores num nicho de mercado. Tudo isso implica nessa diferenciação que tem que ser mantida, na base de confiança, na base de alguma forma de transmissão dessa informação: as pessoas sabem que você produz de uma determinada maneira. É uma espécie de marca que você tem que manter.

Como funciona a adoção da tecnologia em termos econômicos?

Isso foi primeiro entendido e explicado muito bem pelo Ruy Miller Paiva, praticamente o fundador da Economia Rural no Brasil. Ele morreu recentemente, aliás, e precisamos homenageá-lo muito pelo tanto que fez pela produção rural no Brasil. O que acontece se, numa situação de relativo equilíbrio na produção de um determinado produto, surge uma tecnologia nova? Uma tecnologia nova é uma tecnologia que de alguma maneira permite a produção da mesma quantidade de produto por um custo mais baixo ou de uma quantidade maior pelo custo atual. Quer dizer, por unidade de produto a tecnologia nova produz mais barato. Alguns agricultores mais inovadores, mais eficientes do ponto de vista empresarial, vêm essa possibilidade da tecnologia, a adotam e conseguem produzir por um custo mais baixo (com o objetivo de obter maior lucro já que o mercado está em equilíbrio). Ora, produzindo por uma custo mais baixo, de alguma maneira, ele aumenta a disponibilidade do produto no mercado e os preços do produto caem. Isto é, os benefícios, ou a maioria deles, são repassados para os consumidores. Isto é uma das coisas importantes em mercados competitivos: o grande beneficiário do mercado competitivo é o consumidor enquanto que no mercado não competitivo o grande beneficiário é a empresa. Os consumidores ganham o benefício de poderem pagar menos pelo produto e aquelas empresas que inovaram, no início, têm lucro. O problema é que, como os preços daquele mercado caem rapidamente, agora os outros produtores necessariamente têm que inovar. Eles têm que correr atrás e também inovar mas agora não mais para ter lucro mas apenas para se manterem no negócio. E quem não for capaz de inovar está fora. Há uma perda de produtores crônica que simplesmente não tem saída. A menos que você tivesse uma expansão autônoma de mercado internacional, ou seja, que a Índia ou a China entrassem comprando mais produtos nossos, a tendência é realmente o pessoal sair do campo. Em resumo, isso acontece porque com novas tecnologias você vai conseguir produzir por custos mais baixos quantidades maiores de produtos. E isso é também uma fatalidade do sistema. Não adianta tentar inventar muita coisa nisso não.

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