USO DE AGREGADOS RECICLADOS DE RCC CLASSE A EM BLOCOS E TIJOLOS DE VEDAÇÃO

USO DE AGREGADOS RECICLADOS DE RCC CLASSE A EM BLOCOS E TIJOLOS DE VEDAÇÃO

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RESUMO

Atualmente, em obras de construção civil que utilizam blocos de concreto como elementos de vedação, é visado um aumento da sustentabilidade, diminuição de impacto ambiental, minimização de desperdícios de insumos, matéria prima e retrabalho, através da redução e reutilização de Resíduos de Construção Civil (RCC) nos canteiros de obras. Objetiva-se analisar a viabilidade e diretrizes para a utilização de materiais recicláveis em alvenarias de vedação, substituindo elementos tradicionais de mesma finalidade. Por meio do estudo e pesquisa dos diferentes tipos, características intrínsecas e físico-químicas, levantamento quantitativo, análise de custo e disponibilidade no mercado somados a testes laboratoriais de resistência dos corpos de prova é feito o comparativo entre blocos de concreto tradicionais versus blocos produzidos com utilização de materiais e elementos reciclados. Tem-se como resultado a ponderação dos diferentes casos em que se faz viável e é indicado, ou não, a adoção desse tipo material, assim como suas vantagens e desvantagens tanto financeiras, práticas, técnicas, como de serviço, utilização e segurança.

Palavras-chave: Resíduos da construção civil. Blocos de vedação. Agregado reciclado.

RECYCLABLE MATERIALS IN CIVIL CONSTRUCTION: FEASIBILITY OF USE

ABSTRACT

Currently, in civil construction works that use concrete blocks as sealing elements, it is aimed at increasing sustainability, reducing environmental impact, minimizing input waste, raw material and rework, through the reduction and reuse of Civil Construction Waste (RCC) at construction sites. The objective is to analyze the feasibility and guidelines for the use of recyclable materials in masonry of fence, replacing traditional elements of the same purpose. By means of the study and research of the different types, intrinsic and physicochemical characteristics, quantitative survey, analysis of cost and availability in the market added to laboratory tests of resistance of the specimens is made the comparison between traditional blocks of blocks versus blocks produced with use of recycled materials and elements. The result is a consideration of the different cases in which the adoption of this material type, as well as its financial, practical, technical, service, use and safety advantages and disadvantages are made feasible.

Keywords: Civil construction waste. Sealing blocks. Recycled aggregate.

1 INTRODUÇÃO

O setor da construção civil é grande responsável por movimentar uma parte considerável da economia brasileira, trazendo vantagens econômicas e sociais, como geração de emprego e renda, porém também é responsável por um grande consumo dos recursos naturais, e por uma grande geração de resíduos sólidos.

Os Resíduos da Construção Civil (RCC) representam parcela significativa dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), podendo chegar a mais da metade do volume total de resíduo gerado por município (PINTO, 1999 apud MIRANDA; ÂNGULO; CARELI, 2009, p. 58). A geração de resíduos vem se mostrando um aspecto importante da construção civil. Como destacam Brasileiro e Matos (2015), a coleta desses resíduos aumentou em 10,4% de 2012 para 2013, chegando a aproximadamente 37 milhões de toneladas em todo o Brasil. Além disso, em muitas ocasiões o RCC é depositado ilegalmente e em lugares impróprios, aumentando a poluição do meio ambiente. O setor também responde pelo consumo de até́ 75% de toda a matéria-prima extraída do planeta (CONSTRUCT, 2016).

Com o viés sustentável ganhando força no setor, e com a intensificação de pesquisas e desenvolvimento tecnológico, foram descobertas maneiras para reaproveitar ou reciclar os RCC. Triturados e separados de acordo com a granulometria nas usinas de reciclagem, hoje esses materiais podem ser reutilizados e/ou comercializados.

A prática de reciclagem de resíduos sólidos começou a receber atenção após a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), podendo ser encontrada primeiramente na Alemanha, que desolada após os conflitos, precisava se reconstruir e não dispunha de muitos recursos. De lá se expandiu para os demais países europeus, Japão e Estados Unidos. No entanto, no Brasil, a reciclagem de resíduos da construção civil ainda é novidade, tendo seus primeiros registros em meados da década de 1980, com estudos pioneiros de Pinto (1999).

Com a aprovação da Resolução n° 307, de 05 de julho de 2002, pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 2002), foram estabelecidas diretrizes para gestão dos RCC no Brasil, fomentando a sua reutilização e reciclagem. Entre essas diretrizes foram estabelecidas quatro classes para os RCC: A, B, C e D. Classificados como Classe A, estão os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados de construção, podendo ser usados em pavimentos ou concreto sem função estrutural, observados os requisitos estabelecidos pela NBR 15116 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). Esses resíduos compreendem os resíduos de materiais cerâmicos como tijolos, telhas e blocos, resíduos de concreto como argamassa e materiais de concreto como blocos e meios-fios, entre outros resíduos. Observa-se que essa Resolução contempla diretrizes que favorecem a reciclagem dos RCC, como a sua classificação, mas não obriga o uso de materiais reciclados. Em outros países, como Coréia do Sul, Japão e Alemanha, existem leis que estimulam o uso desses materiais.

A grande dificuldade encontrada na a reciclagem é a questão da separação eficiente dos resíduos, de forma que atendam às normas e especificações para uso desses agregados. Para resíduos de demolição, a técnica visual é falha, pois além de ser trabalhoso não apresenta precisão. Existe a técnica de demolição controlada, porém também são encontradas dificuldades, pois além de ser uma técnica que demanda uma maior disposição financeira, as edificações no Brasil não são projetadas para uma demolição controlada. Outro fator que dificulta essa técnica, é o aumento do uso de placas de gesso como revestimento, visto que, em meio à demolição, o material, misturado aos resíduos, pode comprometer a resistência do agregado reciclado. Além dos aspectos apontados, a logística para a reinserção desses resíduos e de seus produtos na cadeia produtiva se mostra como um grande desafio a ser vencido, isso porque o seu transporte dos resíduos torna-se, na maioria das vezes, muito oneroso, inviabilizando o seu

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