UTILIZAÇÃO DE LAMA ABRASIVA PROVENIENTE DO CORTE DE MÁRMORE E GRANITO, PARA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS

UTILIZAÇÃO DE LAMA ABRASIVA PROVENIENTE DO CORTE DE MÁRMORE E GRANITO, PARA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS 1

1Fabricio Gagno Franco,1Lucas Ahnert Zaché

1. Graduando em Engenharia Civil

RESUMO

Este artigo objetiva verificar as vantagens econômicas alcançadas a partir da fabricação e utilização do tijolo ecológico com resíduos de rochas ornamentais, em empresas do ramo. A validação da qualidade do produto a ser utilizado é considerada a partir de análises das características do solo utilizado bem como a resistência à compressão e absorção da água. Diante dos estudos realizados é possível associar a utilização de lama abrasiva de rochas ornamentais e o baixo custo. Além do tijolo ecológico reduzir o custo da obra em cerca de 40% a 50%, foi constatado que com a utilização de lama abrasiva pudesse reduzir em cerca de 29,25% do custo de fabricação do tijolo ecológico. Constata-se que o tijolo ecológico se apresenta viável tecnicamente devido a sua grande durabilidade e manutenção reduzida das edificações realizadas com o mesmo. Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizado estudo a partir de empresas do ramo.

Palavras-Chave: Tijolo ecológico,lama abrasiva;economia na construção civil

1. INTRODUÇÃO

De acordo com ABIROCHAS (2006) o estado do Espírito Santo é responsável por 43% da produção nacional, gerando assim grande quantidade de rejeitos. Assim, um dos desafios para o desenvolvimento do setor de rochas ornamentais no Brasil é tornar a rocha beneficiada mais atraente do que a sua venda em forma de bloco para o mercado externo. Segundo estudo apresentado por Chiodi Filho et al. (2004) dentre as diretrizes referenciais para possíveis desenvolvimentos e oportunidades deste setor, está a adequação ambiental (tratamento e aproveitamento de resíduos).

No que tange ao beneficiamento de rochas ornamentais a geração de quantidades de resíduos é enorme, resíduos estes que são provenientes das etapas de corte e polimento das rochas. O resíduo de corte de granito, conhecido como lama, é uma massa mineral composta, basicamente, por água, granalha, cal e rocha moída. Uma vez seca a lama granítica forma um pó de granulometria extremamente fina, não biodegradável, não tóxico e inerte (LIMA, 2010).

Uma vez que estes rejeitos são dispostos de forma inadequada, geralmente em vazadouros a céu aberto, provocando além da poluição visual, contaminação do ar e até sérios danos à saúde humana e de animais, verifica-se a necessidade de meios alternativos que possibilitem a reciclagem de resíduos, permitindo desta forma à minimização dos descartes e o aproveitamento dos resíduos como insumo de novos produtos, visando à economia de matérias-primas não renováveis, a diminuição da

1 Trabalho de Conclusão de Curso.

emissão de poluentes, melhoria nas condições de saúde, segurança e moradia da população (CAMPOS, 2007).

Com o crescimento da construção civil e a crise econômica enfrentada pelos brasileiros nos últimos anos as empresas do ramo buscam meios de fazer com que as entregas se tornem não só melhores no quesito qualidade como principalmente no quesito economia.

De acordo com John (2004), estima-se que este setor utilize cerca de 20 a 50% dos recursos naturais consumidos pela sociedade. Acredita-se ser o maior setor consumidor de recursos naturais e maior é ainda, responsável pela maior geração de resíduos de toda a sociedade, pois o volume de entulhos de construção e demolição é até duas vezes maior que a produção de lixo urbano. A partir deste surge a preocupação com o desenvolvimento sustentável e sua aplicabilidade na construção civil. De acordo com Motta (2014), a questão ambiental é uma das maiores preocupações do setor, nos últimos anos, por isso a necessidade constante de se implementar novos métodos para que este impacto no meio ambiente possa ser diminuído.

Considerando a imprescindibilidade da utilização de novos métodos construtivos que gerem menos impacto ao meio ambiente e maior economicidade, o tijolo ecológico, que é preparado de solo, água e cimento poderia ser uma opção para suprir essas necessidades, por possuir fácil processo de fabricação, favorecendo a redução de custos e prazo de construção (MOTTA et al.,2014). Desta forma, o tijolo ecológico ganha espaço como alternativa de produção sustentável o qual contribui não só com a qualidade, bem como com a economicidade favorecendo a redução de custos e prazo de construção. Logo, há necessidade de se perceber o mercado e os prováveis impedimentos ao uso de tijolos ecológico, tanto como deve-se considerar os custos e benefícios técnicos, ecológicos e econômicos.

É imprescindível que se possa agregar a praticidade com a economia de custos em uma edificação, já que estes fatores determinam a escolha de materiais e métodos a serem utilizados em determinada construção, pois é a partir deles espera-se obter a economia de custos. Assim, diante deste exposto, o tijolo ecológico torna-se uma potencial alternativa, pois de acordo com Pisani (2005), o tijolo de solo cimento possui matéria-prima abundante em todo o planeta, por se tratar da terra crua. De acordo com Santana et al. (2013) é importante salientar que a cada 1000 tijolos ecológicos, o equivalente a 2,5m3 de entulhos da construção civil acabam sendo reincorporados no processo produtivo para a fabricação de tijolos, o que equivale a 150m3 retirados de entulhos ao mês.

Outro ponto a se acrescentar, é o do crescente incentivo à sustentabilidade com a utilização de métodos de reciclagem em diversos setores da sociedade. E, seguindo essa vertente, uma ótima alternativa para a composição do tijolo ecológico é a reciclagem utilizando-se de resíduos que, até então, seriam descartados como entulho em locais muitas vezes inapropriados. Segundo Paiva (2011), os benefícios de se utilizar produtos reciclados na composição do tijolo ecológico são os retornos referentes à aplicação na reciclagem, que podem ser economia de custos e o produto da venda de materiais reciclados.

Assim a proposta o presente artigo visa apresentar os resultados obtidos economicamente a partir da utilização da lama abrasiva na fabricação e na qualidade proposta dos tijolos ecológicos.

Tijolos Ecológicos

No Brasil, a partir da década de 1930, com a regulamentação de sua aplicação pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), as pesquisas com solo-cimento começaram a ganhar destaque. A partir de 1948 o solo-cimento passou a ser utilizado também na construção de habitações, com a construção de duas casas do Vale Florido, na Fazenda Inglesa, em Petrópolis-RJ. O bom estado de conservação destas obras após vários anos de utilização comprovam a qualidade do produto e da técnica utilizada (SOUZA, 2006).

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