Obstáculos epistemológicos

ESTRUTURA E PROPRIEDADES FÍSICAS DOS COMPOSTOS

Ao realizarmos a análise de parte do capítulo 6 do livro de Ricardo Feltre volume III, onde diz respeito à estrutura das moléculas orgânicas, propriedades das ligações, moléculas, buscou-se relacionar as imagens, analogias, e demais referenciais visuais com a estruturação e contexto da parte escrita do material analisado.

A análise se estende da página 142, onde inicia-se o capítulo 2, até a página 152, onde encerra-se o tópico 3. O livro de Feltre tem seus capítulos divididos em tópicos, e seus tópicos em sub-tópicos.

Buscamos analisar o livro de acordo com a suposta visão de um aluno de ensino médio, que por ventura de algum acontecimento não havia tido a possibilidade de estar presente na aula do tema analisado, onde o mesmo, utilizaria dos dados fornecidos pelo livro para buscar compreender o assunto da aula que havia perdido.

Antes de iniciarmos a análise, utilizamos dos seguintes conceitos para poder classificar os obstáculos que poderiam vir a aparecer. Basicamente, analisaríamos 6 tópicos:

1. O conhecimento geral é um conhecimento vago, que imobiliza o pensamento;
2. A experiência primeira é a experiência situada antes e acima da crítica, que capta o imediato, o subjetivo; que tem dificuldade de abandonar o pitoresco da observação;
3. Obstáculo verbal é uma falsa explicação obtida à custo de uma palavra explicativa;
4. O conhecimento pragmático traduz-se na procura do caráter utilitário de um fenômeno como princípio de explicação;
5. O obstáculo animista traduz-se numa tendência para, de um modo ingênuo, animar, atribuir vida e muitas vezes propriedades antropomórficas a objetos inanimados;
6. Analogias como métodos construtivos e facilitadores, ou possíveis obstáculos;

Tendo os conceitos básicos formulados, iniciamos a análise dos três primeiros tópicos do capítulo 6 do livro de Feltre.

No início do capítulo 6, apresenta o 1º Obstáculo, o autor nos traz uma impressão primeira que pode dificultar a compreensão do aluno, visto que usa de uma linguagem não cotidiana, como exemplificado na figura abaixo:

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• Figura 1: Apresentação do capítulo 6, utilizando de linguagem que possivelmente poderá ocasionar um obstáculo epistemológico verbal;

Por ser a impressão primeira, a qual é de grande dificuldade de ser abandonada, necessitaria de uma linguagem que não dificultasse o aprendizado do aluno, causando assim um obstáculo verbal.

        No primeiro sub-tópico 1.1, onde trata da introdução da estrutura das moléculas orgânicas, analisamos a presença de quatro obstáculos epistemológicos, onde os mesmos se dividem em quatro “categorias” apresentadas acima como conceitos. Os quatro obstáculos estão apresentados abaixo:

No item 1, o texto apresenta o 2º obstáculo onde, apresenta conceitos prontos, não apresentam relação com o cotidiano, a qual facilitaria o entendimento do aluno, ao perceber que aquele tema está presente no seu dia-a-dia, causando assim um segundo obstáculo verbal.

        No item 2,  apresenta o 3º obstáculo onde, dá ideia de movimento à valência ao dizer que a mesma “vem para a frente” ou que “vai para trás”, ao dar essa ideia, ela liga-se automáticamente à ideia de ser animado, com vida, causando assim um obstáculo animista.

        Nos itens 3 e 4, apresentam o 4º e 5º obstáculos onde, utilizam de analogias que dão ideia errônea sobre o assunto. Ao dizer que o modelo de pinos e bolas é “feito de madeira ou de plástico” dá ao aluno a ideia que o átomo é algo concreto, que pode ser tocado, que é algo duro e consistente. Ao dizer que o Modelo de Stuart é feito com “bolas que se encaixam e reproduzem a geometria(...)” utiliza novamente de uma analogia que induz o aluno a acreditar atravéz da palavra bola, que o átomo é algo duro e tocável, apresentando assim, duas analogias utilizadas de forma errada.         

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• Figura 2: Apresentação dos quatro obstáculos presentes na página 143, obstáculo verbal, animista, e por fim duas analogias;

No segundo sub-tópico 1.2, onde trata da geometria molecular, analisamos a presença de uma analogia, onde utilizam de balões de festa para representar as quatro ligações do carbono (carbono tetraédrico). Ao expressar essa analogia no livro, visando que o aluno esteja a estudar em casa, irá acreditar que qualquer balão de festa seja a representação de um orbital. A analogia também tem um segundo ponto que atrapalha o aprendizado correto, para formar a estrutura do carbono tetraédrico com os balões, é necessário amarrar os mesmos, porém as ligações não podem ser “amarradas”. Apresentando assim o 6º obstáculo, por meio de analogia.

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• Figura 3: Apresentação de analogia utilizando os balões de festa;

Por ser um livro produzido em 2004, apresenta alguns termos que entraram em desuso nesses últimos dez anos, como por exemplo o termo pontes de hidrogênio atualmente, substituído por interações de hidrogênio, sendo ineficaz na transmissão do conhecimento para os alunos, visto que encontra-se ultrapassado. O termo aparece diversas vezes, e é tido como um obstáculo verbal, ocupando assim a posição de 7º obstáculo encontrado, como observado nas ilustração abaixo:

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• Figura 4: Apresentação da presença dos termos “pontes de hidrogênio”;

No segundo sub-tópico do tópico 2, (2.2) onde apresenta a ideia de orbitais híbridos sp³, o autor demonstra novamente animismo, onde relata que um orbital molecular nasceu da interpenetração de outros orbitais, apresentando abaixo o 8º obstáculo encontrado, um obstáculo animista.