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A CONTRIBUIÇÃO DA TEORIA INSTITUCIONAL PARA A COMPREENSÃO DA IMPLENTAÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Por:   •  13/2/2020  •  Ensaio  •  6.460 Palavras (26 Páginas)  •  152 Visualizações

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A CONTRIBUIÇÃO DA TEORIA INSTITUCIONAL PARA A COMPREENSÃO DA IMPLENTAÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Doutoranda: Aline Martins dos Santos

  1. INTRODUÇÃO

Os estudos em torno da produção industrial têm sido desenvolvidos durante muito tempo, porém com a preocupação ambiental a Produção Mais Limpa tornou-se um fator importante para reduzir o impacto ambiental do processo produtivo industrial, na qual, muitas vezes, tem sido visto pelos empresários apenas como uma forma de promover uma melhoria na imagem corporativa.

Investir na Produção Mais Limpa é minimizar os danos ambientais, conscientizar os funcionários sobre os fatores ambientais, promover as condições ótimas de segurança e saúde ocupacional (Fonseca et al., 2013). Em outras palavras, os autores estão preocupados com os impactos ambientais que resultam do processo produtivo e que pode ser minimizado através de eliminação dos desperdícios; diminuição ou eliminação de matérias-primas e outros insumos impactantes para o meio ambiente.

Em tempos em que o impacto ambiental pode causar doenças respiratórias, perdas de habitat e das espécies de plantas e animais, competição pelo uso da água, erosão das praias e inundações e custos, pensar em Produção Limpa tem sido de extrema importância para as gerações futuras.

Porém, a implementação da Produção Mais Limpa envolve muito mais que melhoria na imagem corporativa e a minimização sobre os impactos ambientais, mas como uma estratégia para organizações responderem as pressões das agências reguladoras, clientes e empresas concorrentes.

Tendo em vista a importância da Produção Mais Limpa no processo de uma organização, é interessante compreender por quais meios práticos e diários as preocupações para com esse tema são inseridos nas instituições. Considerando este contexto emergem algumas questões acerca da construção da Produção Limpa aplicada nas instituições: de que modo às organizações tem respondido as pressões e decisões impostas pelas regras institucionais dentro do ambiente em vive?

John W. Meyer e Brian Rowan (1977) mencionam que muitas estruturas organizacionais formais caracterizam-se como reflexos de regras institucionais. Desse modo, as regras institucionais são constituídas por aspectos legais, econômicos e culturais e que consequentemente formam a estrutura de uma organização. E a teoria da institucionalização estuda as pressões desses aspectos nas organizações e decisões gerenciais.

A teoria da institucionalização pode auxiliar as organizações a compreender o papel das influências normativas nos processos de tomada de decisão organizacional e como a Produção Limpa no processo produtivo industrial pode contribuir para resultados satisfatórios.

Neste sentido, este estudo caracteriza-se como um ensaio teórico, caracterizado pela natureza reflexiva e interpretativa que visa ao estabelecimento de relações, pensamentos e questionamentos (MENEGHETTI, 2011). Ainda, Campos e Pedrozo (2015), relatam que um ensaio teórico não pretende esgotar os debates em torno das teorias expostas, mas oferecer insights que ampliem o entendimento sobre um determinado assunto.  

        

2. A IMPLEMENTAÇÃO DA PRODUÇÃO LIMPA NO PROCESSO PRODUTIVO DAS INSTITUIÇÕES


           A Produção Mais Limpa pode ser considerada como uma estratégia de prevenção ambiental que tem como objetivo melhorar a eficiência dos recursos, minimizar impactos ambientais e reduzir os custos de resíduos e operações de uma organização. Esta estratégia foi promovida desde a década de 1980 e busca alcançar minimização de resíduos e melhoria do desempenho ambiental (KHALILI  et al. ,2015).

Para Yusup et al. (2015), a implementação do Programa de Produção Mais Limpa no processo produtivo beneficia muito a gestão ambiental, além da gestão econômica e social.

Fidelis Jr e Chaves (2007) relatam que a implementação da Produção Mais Limpa apresenta 15 etapas e inicia-se a partir do comprometimento da direção da empresa e da sensibilização dos funcionários, conforme pode ser visualizada na Figura 1.

Figura 1: Metodologia para Aplicação da Produção Mais Limpa

[pic 1]

Fonte: Adaptado de Fidelis Jr e Chaves (2007)

        Como pode ser vista na Figura 1, a primeira etapa é o comprometimento da direção da empresa. Para Silva Filho et al (2007), uma forma de identificar o empenho da direção da empresa em atuar nas questões ambientais é por meio de uma declaração sua quanto aos compromissos e princípios assumidos em relação ao meio ambiente, conforme a definição do requisito 4.2 da norma ISO 14001 do ano de 1996.

        Após a primeira etapa, a próxima etapa é sensibilização dos funcionários que é feito através de palestras e informativos gráficos dispostos em murais, incentivando a redução e o reuso dos resíduos sólidos gerados, bem como o apanhado de ideias dos próprios funcionários (ESPINDOLA, ANDRADE e HALL, 2011).

        Realizada a sensibilização dos funcionários, é feita a formação do ECOTIME. Para Espindola, Andrade e Hall (2011), essa etapa é considerada uma das etapas decisivas do programa, pois faz referência à escolha dos responsáveis pela implantação do projeto, conhecido como ECOTIME. Na próxima etapa, inicia-se uma série de reuniões técnicas com o ECOTIME, com a finalidade de apresentar os objetivos de cada etapa da metodologia (KIND, 2005).  

A partir da sensibilização dos funcionários e escolha do ECOTIME, é realizado o fluxograma de processo que tem como objetivo visualizar o foco do processo de avaliação que pode ser minimização ou reutilização de resíduos (ARAUJO, 2002). Além disso, permite a visualização e a definição do fluxo qualitativo de matéria-prima, água e energia no processo produtivo e a visualização da geração de resíduos durante o processo para posteriormente serem determinadas as estratégias para identificação e quantificação dos fluxos de massa e energia nas diversas etapas deste processo (PIMENTEL, 2009).

Após a realização das etapas anteriores, fluxograma do processo, levantamento qualitativo e quantitativo, é feita a definição dos indicadores. Para Werner, Bacarji e Hall (2014), essa etapa é uma ferramenta muito importante no processo de implantação da Produção Mais Limpa, pois através das medições realizadas no “chão-de-fábrica” é possível identificar os pontos críticos, apresentando em qual parte do processo está havendo maiores perdas ou desperdícios.

A próxima etapa é a obtenção dos dados, que tem como objetivo realizar um levantamento dos dados e informações que estão registrados em notas de compra de matéria-prima, material de escritório, produtos químicos e alimentos, contas de agua e notas de quantidades de resíduos transportados (Werner, Bacarji e Hall, 2014).

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