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A Gestão de Capital de Giro

Por:   •  29/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.259 Palavras (14 Páginas)  •  2.290 Visualizações

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Matriz de atividade individual

Disciplina:   Gestão Capital Giro

Módulo:   4º

Aluno:   Alessandro Ziebell

Turma:   0218-8_4-MBA_GCGEAD-24_05022018_4

Tarefa:   Análise Financeira da Empresa Calçados ABC

Etapa 1 – Diagnóstico da situação financeira

Aproveitando a melhoria de renda das classes C e D, a Calçados ABC iniciou, em 2010, um amplo projeto de expansão envolvendo a abertura de novos pontos e a implantação do sistema de crediário próprio. Tais esforços, hoje consolidados, permitiram um forte crescimento das vendas e do lucro, mas afetaram a situação financeira da empresa.

O primeiro passo para vislumbrar um cenário de recuperação financeira é avaliar as demonstrações contábeis da empresa.

Assim, com base nos balanços patrimoniais (BP) e nas demonstrações de resultado do exercício (DRE) de 2010 a 2012 da Calçados ABC, iremos calcular:

  • 1. O capital de giro líquido;
  • 2. A necessidade de capital de giro;
  • 3. O saldo de tesouraria;
  • 4. Os índices de liquidez;
  • 5. Os prazos médios e
  • 6. Os ciclos.

1. Financiamento das operações e capital circulante líquido (CCL)

Guimarães et. al. (2018, p.13), conceitua capital circulante líquido (CCL) como “a diferença entre os ativos e os passivos circulantes. Quando os volumes investidos em ativos circulantes superam os financiamentos de passivos circulantes, dizemos que a empresa possui capital circulante líquido positivo. Quando ativos circulantes são inferiores aos passivos circulantes, temos capital circulante líquido negativo”.

CCL = AC – PC

CCL_2010 = 5.550 – 2.952

CCL_2010 = 2.598

CCL_2011 = 11.521 – 7.929

CCL_2011 = 3.592

CCL_2012 = 23.547 – 17.433

CCL_2012 = 6.114

2. Investimentos em necessidade de capital de giro (NCG)

Segundo Guimarães et al. (2017, p.16), “para atingir seus objetivos, empresas são obrigadas a obter recursos mínimos de modo a suprir os investimentos em capital de giro. A esse “montante mínimo” de recursos necessários que garante o fluxo de compra, transformação, vendas, recebimentos e pagamentos, dá-se o nome de necessidade de capital de giro (NCG).[…] A NCG é a diferença entre o ativo circulante operacional (ACO) e passivo circulante operacional (PCO)”.

NCG = ACO – PCO

NCG_2010 = 4.000 – 1.802

NCG_2010 = 2.198

NCG_2011 = 9.000 – 2.699

NCG_2011 = 6.301

NCG_2012 = 20.666 – 3.333

NCG_2012 = 17.333

3. Saldo de tesouraria (ST)

De acordo com Guimarães et al. (2017, p.19), o “saldo de tesouraria positivo indica que a empresa tem uma folga financeira, o que reduz seu risco de insolvência se comparado com a situação de saldo de tesouraria negativo.[…] O saldo tesouraria (ST) é obtido pela diferença entre o CCL e a NCG”.

ST = CCL – NCG

ST_2010 = 2.598 – 2.198

ST_2010 = 400

ST_2011 = 3.592 – 6.301

ST_2011 = -2.709

ST_2012 = 6.114 – 17.333

ST_2012 = -11.219

4. Índices de liquidez

Conforme Guimarães et al. (2017, p.27):

Índice é a relação entre contas ou grupo de contas para demonstrações financeiras que visa evidenciar determinado aspecto da situação patrimonial, econômica ou financeira de uma empresa. Por exemplo, os índices de liquidez mostram a base da situação financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de liquidez tem, aparentemente, boas condições de honrar seus compromissos de curto prazo.

4.1. Liquidez corrente (LC)

Guimarães et al. (2017, p.28) afirma que o LC é o resultado da divisão de ativos circulantes pelos passivos circulantes. Este índice revela quanto a empresa possui de investimentos em ativos circulantes para cada unidade monetária ($1) de passivos circulantes. A princípio,  quanto maior o LC, melhor a liquidez da empresa.

LC = AC / PC

LC_2010 = 5.550 / 2.952

LC_2010 = 1,88

LC_2011 = 11.521 / 7.929

LC_2011 = 1,45

LC_2012 = 23.547 / 17.433

LC_2012 = 1,35

4.2. Liquidez seca (LS)

Já para este índice, Guimarães et al (2012, p.28), diz que a LS corresponde à divisão de ativos circulantes deduzidos de estoques pelo total de passivos circulantes. Este índice considera, no numerador, apenas os ativos que são ou possam ser transformados rapidamente em dinheiro, ou seja, revela quanto a empresa possui em ativos de rápida conversão em caixa para cada unidade monetária ($1) de passivo circulante. Em princípio, quanto maior, melhor a liquidez da empresa.

LS = (AC – estoques) / PC

LS_2010 = (5.550 – 2.500) / 2.952

LS_2010 = 1,03

LS_2011 = (11.521 – 6.000) / 7.929

LS_2011 = 0,70

LS_2012 = (23.547 – 14.000) / 17.433

LS_2012 = 0,55

4.3. Liquidez imediata (LI)

A liquidez imediata compara os investimentos realmente líquidos e o saldo de passivos circulantes. Este índice divide a soma de caixa (disponibilidade e aplicações financeiras) pelo total de passivo circulante, revelando quanto a empresa possui em ativos líquidos para cada unidade monetária ($1), de compromissos de curto prazo. A princípio, quanto maior, melhor a liquidez da empresa, de acordo com Guimarães et al. (2017, p.29).

LI = caixa / PC

LI_2010 = 1.550 / 2.952

LI_2010 = 0,53

LI_2011 = 2.521 / 7.929

LI_2011 = 0,32

LI_2012 = 2.881 / 17.433

LI_2012 = 0,17

5. Prazos médios

Guimarães et al. (2017, p.32) comenta que “a análise dos prazos médios também conhecida como análise dinâmica por combinar contas e grupos de contas de patrimônio (BP) e de resultado (DRE), a análise de prazos médios revela os tempos médios de giro dos ativos (ACO) e passivos (PCO) circulantes operacionais”.

5.1. Prazos médios de permanência em estoque (PME)

O PME indica o número de dias que, em média, os estoques são renovados, sendo que quanto maior o tempo, pior a liquidez da empresa, de acordo com Guimarães et al. (2017, p.32).

PME = (estoque_medio / custos_ao_ano) x 360 dias

PME_2010 = (2.500 / 15.000) x 360

PME_2010 = 60 dias

PME_2011 = (6.000 / 19.000) x 360

PME_2011 = 114 dias

PME_2012 = (14.000 / 24.000) x 360

PME_2012 = 210 dias

5.2. Prazos médios de recebimentos (PMR)

Segundo Guimarães et al. (2017, p.33), o PMR expressa o tempo médio no qual as vendas são transformadas em dinheiro efetivamente, ou seja, são os prazos concedidos aos clientes para recebimento, sendo que, quanto maior o tempo, pior a liquidez da empresa.

PMR = (contas_receber_medio / custos_ao_ano) / 360 dias

PMR_2010 = (1.500 / 20.500) x 360

PMR_2010 = 26 dias

PMR_2011 = (3.000 / 32.200) x 360

PMR_2011 = 34 dias

PMR_2012 = (6.666 / 40.000) x 360

PMR_2012 = 60 dias

5.3. Prazos médios de compras (PMC)

O PMC, segundo Guimarães et al. (2017, p.34), corresponde ao prazo que a empresa vem obtendo de seus fornecedores para pagamento de matéria-prima ou mercadorias.

PMC = (fornecedor_medio / compras_ao_ano) x 360 dias

PMC_2010 = (1.802 / 15.000) x 360

PMC_2010 = 43 dias

PMC_2011 = (2.699 / 19.000) x 360

PMC_2011 = 51 dias

PMC_2012 = (3.333 / 24.000) x 360

PMC_2012 = 50 dias

6.1. Ciclo Operacional (CO)

O CO indica o tempo decorrido entre o momento em que a empresa adquire as matérias primas/mercadorias e o momento em que, efetivamente, recebe o dinheiro dos clientes pelas vendas, segundo Guimarães et al. (2017, p.35).

CO = PME + PMR

CO_2010 = 60 + 26

CO_2010 = 86 dias

CO_2011 = 114 + 34

CO_2011 = 147 dias

CO_2012 = 210 + 60

CO_2012 = 270 dias

6.2. Ciclo financeiro (CF)

Guimarães et al. (2017, p.36), afirma que o CF indica o tempo decorrido entre o instante em que a empresa paga seus fornecedores pelas mercadorias adquiridas e o recebimento pelas vendas efetuadas. É o período de tempo no qual a empresa precisará financiar seu cliclo operacional.

CF = PME + PMR – PMC

CF_2010 = 60 + 26 – 43

CF_2010 = 43 dias

CF_2011 = 114 + 34 – 51

CF_2011 = 96 dias

CF_2012 = 210 + 60 – 50

CF_2012 = 220 dias

No caso da empresa Calçados ABC, nos anos de 2010, 2011 e 2012, apresentou capital circulante líquido positivo, pois os volumes investidos em ativos circulantes superaram os financiamentos de passivos circulantes, e assim evidencia um risco de insolvência baixo nesse período, conforme tabela comparativa.

[pic 2]

Para atingir seus objetivos, a empresa Calçados ABC necessita obter recursos mínimos de modo a suprir os investimentos em capital de giro. Analisando sua NCG no período de 2010 a 2012, verificou-se que, em todos os períodos analisados, possui ACO maior do que PCO, o que representa uma situação normal na maioria das empresas. Nesse caso, precisará recorrer a fontes onerosas de financiamentos com sócios e dívidas para suportar sua atividade.

No ano de 2010, esta empresa apresentou saldo de ST positivo, porém, nos anos 2011 e 2012, apresentou saldo de ST negativo, ou seja, o crescimento dos investimentos em NCG superaram o crescimento dos financiamentos de longo prazo medido pelo CCL, o que pode levar esta empresa a enfrentar desequilíbrio financeiro, ou efeito tesoura, levando uma empresa à condição de insolvência pelo excesso de tesouraria negativo, conforme Guimarães et al. (2017, p.21).

Como podemos perceber o ST sofre influência direta de CCL e NCG. Nesse caso, a empresa apresentou períodos em que os investimentos em NCG cresceram a taxas superiores aos financiamentos de longo prazo, medido pelo CCL, onde a empresa corria o risco de insolvência pelo excesso de ST negativo, gerando o fenômeno overtrade. Assim, podemos dizer que a solvabilidade desta empresa dependerá da capacidade de geração de caixa operacional e do êxito corporativo em financiar as operações com recursos de longo prazo. No quadro abaixo, podemos observar a decomposição do IAF.

[pic 3]

Os indicadores financeiros apresentados nesta primeira etapa permitem o acompanhamento das estratégias de financiamento e investimentos do capital de giro. De acordo com Guimarães et al. (2017, p.39), por meio da análise estática do BP e do cálculo dos índices de liquidez, podemos entender a proporção entre recursos de curto e longo prazos que vêm sendo utilizados para financiar os investimentos do grupo do ativo circulante. Já a análise dinâmica combina contas do BP e DRE para fornecer um detalhamento das estratégias operacionais de investimento (ACO) e financiamento (PCO) de curto prazo.

Assim, Guimarães et al. (2017, p.39) conclui que a análise estática avalia a evolução de contas ligadas ao CCL, já a análise dinâmica detalha a composição dos investimentos em NCG e a combinação entre análise permite a avaliação indireta do risco de insolvência medido pelo ST.

Em relação aos índices de liquidez, a empresa apresentou, no período de 2010 a 2012, investimentos em ativos circulantes superiores para cada $1 de passivos circulantes, conforme quadro comparativo abaixo. Já a análise da LS, somente no ano de 2010 a empresa tinha ativos de rápida conversão em caixa para cada $1 de passivo circulante, o que não ocorreu nos anos de 2011 e 2012. E por fim, a empresa apresentou nos anos de 2010 a 2012, ativos líquidos muito inferiores para cada $1 de compromissos de curto prazo, o que piorou a liquidez da empresa.

[pic 4]

Conforme a tabela abaixo, na análise dinâmica, a empresa apresentou o seguinte resultado nos anos de 2010 a 2012:

- em 2010, apresentou um PME de 60 dias, porém aumentou para 114 dias em 2011 e em 210 dias em 2012, o que acabou piorando a liquidez da empresa;

- com relação ao PMR, em 2010 e 2011 tinha 26 dias e 34 dias respectivamente, porém em 2012 aumentou para 60 dias, o que também piorou a liquidez da empresa;

- em 2010, a empresa tinha 43 dias de prazo para pagamento de seus fornecedores, aumentou para 51 dias em 2011 e reduziu para 50 dias em 2012.

[pic 5]

Conforme tabela de prazos médios e ciclos, esta empresa em 2010 tinha que financiar seu ciclo operacional por 43 dias. Já em 2011, seu ciclo operacional era financiado por 96 dias e em 2012, por 220 dias.

Podemos concluir que, a empresa Calçados ABC, no período de 2010 a 2012 apresentava falta de sincronia entre as entradas de caixa (recebimentos) e as saídas de caixa (pagamentos), o que aumentou consideravelmente a necessidade de investimento para manter a liquidez. Dessa forma, podemos dizer que aumentos ocorridos no PME e PMR em 2011 e 2012 e aumento muito tímido apresentado no PMC desse mesmo período, refletiram no aumento do CF e dos investimentos em NCG.

Etapa 2 – Projeção dos resultados econômicos e financeiros

Nesta etapa, vamos elaborar o orçamento de caixa da empresa (I) e consolidar as contas do balanço patrimonial no final do ano de 2013 (II).

Buscando consolidar a sua posição e recuperar a situação financeira com a eliminação das dívidas de curto prazo, a Calçados ABC fixou algumas estratégias para a redução dos investimentos em necessidade de capital de giro, a saber:

  • desempenho econômico (DRE) de 2013 igual ao de 2012;
  • investimentos em capital (desembolso de capital) em 2013 igual à depreciação;
  • renovação integral da dívida de longo prazo;
  • amortização de toda a dívida de curto prazo e
  • geração de fluxo de caixa do ano de 2013 distribuída totalmente como dividendo.

Além disso, foi realizado um debate entre membros de diferentes áreas da empresa, a partir do qual ficou definida a implantação das seguintes ações corretivas:

  • redução do PMR em 15 dias, como consequência da terceirização do processo de análise de crédito;
  • redução do PME para os patamares de 2010 e
  • aumento do PMC em 10 dias, com a renegociação junto aos fornecedores.

(I) Orçamento de caixa

2013

saldo caixa (t=0)

2.881

(+) receita bruta

40.000

(-) deduções

4.000

receita líquida

36.000

(-) CMV

24.000

lucro bruto

12.000

(-) despesas comerciais e administrativas

3.200

(-) depreciação

700

(-) despesas financeiras líquidas

3.000

lucro antes de imposto de renda e contribuição social

5.100

(-) impostos de renda e contribuição social

1.500

(=) lucro líquido

3.600

(+) depreciação

700

(-) desembolso de capital

700

(-) variação da NCG

12.333

  (-) Δ contas a receber

-1.666

  (-) Δ estoque

-10.000

  (+) Δ fornecedor

667

(-+) amortização/captação de dívida

14.100

fluxo de caixa

1.833

(-) distribuição de dividendo

1.833

fluxo de caixa após dividendos

0

saldo caixa (T=1)

2.881

...

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