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A Ilha - Resumo

Por:   •  15/9/2015  •  Dissertação  •  1.760 Palavras (8 Páginas)  •  718 Visualizações

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ANÁLISE DO FILME – A ILHA

        O filme “A Ilha” de Michael Bay pode ser analisado sob a perspectiva das teorias da administração, analisando conceitos e características aplicados principalmente em organizações. Nossa análise leva em consideração cinco textos que abordam conceitos como o de burocracia, poder, estruturas de organizações, mecanismos de coordenação e mecanização e predominantemente a primeira parte do filme por ser mais conceitual.

        O contexto apresentado nos primeiros minutos de filme é o que os clones – e também os espectadores – tomam como realidade. Os clones acreditam viver em um dos poucos locais livres de uma contaminação que dominou o planeta e que os administradores do complexo são protetores realizando sua descontaminação, permitindo sua entrada no complexo e portanto ninguém contesta o modo de vida imposto e controlado. Eles vivem de forma disciplinada porque se enxergam em um contexto que julgam ser real. O objetivo de vida de todos é ir para A Ilha, supostamente um local paradisíaco, em que não há contaminação. Na realidade, quando são chamados para ir para A Ilha, os clones são operados e alguma parte de seu corpo é retirada para ser entregue ao “dono”:

        “Você é especial. Você tem um objetivo especial na vida. Você foi escolhido. A Ilha aguarda você.”

        Há apenas uma exceção: Lincoln-Six-Echo, um clone produzido há três anos começa a questionar e contestar o modo de vida e trabalho dentro do Instituto.

        Dentro dos conceitos de Max Weber podemos considerar o Instituto Merrick uma burocracia, por ser, dentre outras características, um eficiente instrumento de poder. O que o Complexo faz é usar a burocracia como forma de dominação interna e externa. Dessa forma, o Instituto enquanto organização garantiria superioridade em relação a outras organizações, já que uma vez estabelecida, a burocracia configura-se como uma estrutura de difícil destruição. Para manter sua continuidade é preciso regras e registros. Além disso, as metas e objetivos são claros e definidos: produzir organismos saudáveis, biológica e fisicamente idênticos aos seus patrocinadores/clientes e em permanente estado vegetativo, inconscientes e sem sentimentos: “(...) um produto sobre todos os aspectos. Não um ser humano”. Entretanto, após tentativas fracassadas os cientistas descobrem que não é possível criar organismos saudáveis sem que tenham sentimentos e experiências humanas, mas omitem essa informação de seus clientes, que acreditam estar pagando por um ser inconsciente. Para Weber, a burocracia potencializa segredos e intenções e “descansa na aceitação da validez de algumas leis não excludentes [em que o] processo administrativo (...) significa a busca racional de interesses.” Ou seja, absolutamente tudo é de interesse do complexo.

        Praticamente todas as características da burocracia Weberiana estão presentes no contexto do filme, como exemplificamos abaixo através de falas e descrições:

  • Divisão de trabalho, como definições claras de autoridade e responsabilidade;

Assim que Lincoln-Six-Echo chega a seu local de trabalho, há um supervisor na porta que imediatamente o adverte estar atrasado

  • Posições organizadas em uma hierarquia de autoridade;

Observa-se que a sala do Dr. Bernard Merrick é enorme, sofisticada e é ele quem toma as principais decisões. Todo relatório de problemas é comunicado com ele, como quando o sistema detecta que Lincoln está tendo sonhos considerados estranhos e o Dr. Merrick é quem decide o que fazer.

  • Gerentes sujeitos a regras que asseguram comportamentos previsíveis;

Há uma voz gravada no complexo que usualmente diz: “Lembrem-se: sejam educados, agradáveis e pacíficos. Uma pessoa saudável é uma pessoa feliz.”

Além disso, supervisores e seguranças estão a todo momento vigiando os clones para que o contato entre eles seja o menor possível, homens não se aproximem de mulheres e para que não consigam obter nenhuma informação além daquela que lhes é dada.

  • Escolha de pessoal treinado e capacitado;

No filme, os trabalhadores são os próprios clones que recebem memórias implantadas e, como já nascem com a idade do respectivo cliente, não tem habilidades humanas adquiridas de experiências e, portanto, é preciso “adestrá-los” para que realizem as tarefas.

  • Regras e procedimentos são impessoais, os mesmos para todos os empregados

Observa-se isso com o uso de uniformes idênticos para homens e mulheres, por exemplo.

        Observando o filme a partir da metáfora da máquina, também encontramos muitas semelhanças, já que organizações mecanicistas são, por essência, burocráticas.

Sem sombra de dúvidas o Instituto Merrick é uma empresa racional estruturada para atingir objetivos. Com o uso de uma relação hierárquica com níveis de autoridades delimitados por normas e regras, o Dr. Merrick é o principal responsável desta organização burocrática, embasada na padronização, formalização e especialização. Abaixo dele, estão médicos e funcionários que atendem e supervisionam atividades dos clones e aqueles que cuidam de novas produções. A organização é regida por precisão mecânica: Todas as tarefas são supervisionadas e delegadas por autoridades e desde que “nascem”, os clones são treinados para realizar uma tarefa específica, de modo a se especializar e não ter conhecimento de todo o processo.

        Dentro do Complexo, os clones são ao mesmo tempo produto final e funcionários operando sobre o produto. Além de serem responsáveis pela manutenção de outros clones em estágio de incubação, o que é considerado o “trabalho” deles dentro do complexo – funções como a de alimentar tubos de nutrientes, bombear sangue e manipular amostras – também são responsáveis pela garantia da qualidade de seus próprios corpos, uma vez que precisam ser perfeitamente saudáveis e ideais para servir ao seu patrocinador

        O trabalho é rotineiro, repetitivo e gera alienação, assim como propõe o modelo burocrático da máquina. As ações são predeterminadas e os empregados comportam-se como peças da máquina, realizando tarefas mecanizadas e tendo seu desempenho monitorado. A divisão entre planejamento e produção é bem clara. Existe uma única maneira certa de realizar qualquer operação que é também inquestionável.

        No filme ocorre um diálogo entre Lincoln-Six-Echo e seu colega Jones-Three-Echo, no momento em que estão realizando suas tarefas de injetar nutrientes em tubos, sem realmente saberem o que de fato estão fazendo. Nessa parte, podemos perceber como definições mecanicistas das operações levam os membros a adotar uma postura de “não-questionamento” e descaso, uma verdadeira alienação:

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