A Importância da Pesquisa

Numa breve definição de pesquisa para Antônio Joaquim Severino, ela é entendida como processo de construção dos objetos do conhecimento e a relevância que a ciência assume em nossa sociedade. Muito mais que um trabalho acadêmico, a pesquisa se revela uma postura crítica ante ao conhecimento, desmitificando o saber concluído, indagando-o na busca de novos conhecimentos ou novas aplicações para os mesmos. Passa-se então a observar que a pesquisa influi em três esferas: a pessoal, a social e a científica.

Dentro do contexto pessoal, a pesquisa serve como modelador de personalidade, desenvolvendo características como capacidade de análise, foco, concentração, negativa perante o pré-estabelecido, curiosidade, habilidade de questionar e, é claro, introdução de antigos e novos conhecimentos na bagagem cultural própria.

No âmbito social a pesquisa atua com o comprometimento de ajudar a solucionar problemas antigos e modernos, além de identificar condições e causas de situações que a primeira vista, podem parecer simples acontecimentos naturais. Sendo assim, sua função é vital para o desenvolvimento da sociedade em cada campo, desde a área de saúde, até a comercial.

Entrando no campo científico, a pesquisa se torna instrumento para problematizar, para solucionar e para mostrar os resultados obtidos. E por fim, torna-se parte da base de dados comprovados que servem como referência e provas nas próximas pesquisas.

Portanto, a pesquisa acrescenta ao desenvolvimento intelectual e pessoal de cada curioso, aprimorando as diferentes áreas de saber, numa construção própria que beneficia a sociedade diretamente.

A grande crítica a se fazer é a atitude passiva dos estudantes, que passam anos com uma postura conformista e resignada em relação à pesquisa. Criando-se assim uma mera formalidade, o que destitui o próprio caráter autoquestionador da pesquisa.

As dificuldades para se pesquisar surgem num primeiro momento com a falta do hábito de leitura, passando pela simplicidade do copiar e colar da internet, problema moderno e pouco criticado no ensino médio, culminando assim num ambiente inóspito para o prazer erudito da pesquisa científica.

Outro grande obstáculo, apontado pela revista Nature, em 2014, é a ineficiência com a qual se administra a verba empregada. Dentre os cinquenta e três países avaliados, o Brasil alcançou a quinquagésima colocação em retorno de dólar investido. Embora não se diga em desperdícios com gastos em ciência, o retorno da mesma a comunidade precisa de um raio de longo alcance proporcional ao dinheiro investido.

Sobre os resultados da pesquisa da revista Nature, José Eduardo Krieger – Pró-reitor de pesquisa da USP (melhor universidade latino-americana no ranking de produtividade por pesquisa, em 271º lugar) – em matéria para a Folha de São Paulo, aponta a falta de especialização nas universidades como outro fator que atrapalha o desenvolvimento brasileiro.

Sob esses aspectos, considero vital que a especificação dos objetivos pretendidos com a pesquisa seja desde o começo, clara, para evitar uma pesquisa derivante. Na citação abaixo, explica-se melhor:

Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar. Deve partir, afirma Ander-Egg (1978:62), "de um objetivo limitado e claramente definido, sejam estudos formulativos, descritivos ou de verificação de hipóteses". O objetivo toma explícito o problema, aumentando os conhecimentos sobre determinado assunto. Para Ackoff (1975:27), "o objetivo da ciência não é somente aumentar o conhecimento, mas o de aumentar as nossas possibilidades de continuar aumentando o conhecimento". (MARCONI e LAKATOS, 2003, p. 155 e 156)