A Reconstrução Europeia No Pós-Guerra E A Economia Mundial Na Década De 1920
Por: Pahmella • 12/3/2024 • Monografia • 4.831 Palavras (20 Páginas) • 381 Visualizações
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								A RECONSTRUÇÃO EUROPEIA NO PÓS-GUERRA E A ECONOMIA MUNDIAL NA DÉCADA DE 1920
- 1º Guerra Mundial: rupturas na organização da economia internacional
 - Questionava-se a influência política dos países imperialistas e a divisão geográfica do mundo
 - O pós-guerra ressaltou a tendência de avanço econômico de novos países e a incompatibilidade entre o padrão ouro e as novas exigências comerciais mundiais
 - O modelo do século 19: estrutura política inglesa, cujos pilares eram a economia de mercado, o livre-comércio, o Estado liberal e o padrão-ouro
 - Estrutura liberal e a hegemonia inglesa garantiram o equilíbrio de poder e a estabilidade econômica
 - Primeiros anos do século 20, tal estrutura mostrou-se frágil diante das reivindicações dos trabalhadores por emprego, e frágil internacionalmente não só pelo desenvolvimento industrial retardatário, como também pelo estabelecimento de um cenário de concorrência
 - O padrão-ouro apesar de abandonado durante a guerra, mantinha-se
 - Europa ocidental: 1º fase, logo após a guerra, foi de destruição e desorganização do mercado mundial, endividamento público e inflação; 2º fase (1920), de recuperação, expansão econômica e reorganização das antigas estruturas econômicas
 - EUA gozava de prestígio financeiro em função dos empréstimos para a guerra e para a reconstrução européia
 - Nova Iorque tornando-se um novo e importante centro financeiro e de grande poder industrial
 - Entretanto, quanto as relações políticas internacionais, os EUA ainda era tímido
 - 1920: nascer de uma nova estrutura que ainda se sustentava pelos marcos e instituições tradicionais
 - Preocupação da GBR de recuperar o padrão-ouro era a ultima tentativa de manter sua hegemonia
 - Padrão-ouro: dogma único comum aos homens de todas as nações
 - Governos levaram ao limite as instituições e a ideologia liberal britânica do século 19, cuja ruptura se deu com a quebra da bolsa de NY: abriu-se assim, o período da grande transformação
 
13.1. HERANÇA DA 1º GUERRA MUNDIAL
- Guerra que envolveu todas as grandes potências
 - Morte de civis: vítimas do conflito militar, de fome ou de doenças
 - Rússia: morte de militares e civis envolvidas na revolução e na guerra civil, também
 - Déficit de nascimentos decorrentes da guerra
 - Destruição física reduziu a capacidade produtiva dos países europeus
 - Ao fim da guerra se impunha a recuperação de seu sistema produtivo, o que demandava elevados recursos dos quais países europeus não tinham
 - Herança financeira da guerra
 - Grande parte dos gastos de guerra foi financiado por meio de crédito 🡪 forte impacto inflacionário, desvalorizaação das moedas e abandono do padrão-ouro
 - GBR e França endividaram-se com os EUA – dívida cobrada ao fim da guerra
 - Para os países envolvidos, a redução da produção industrial e agrícola não foi compensada pelo aumento da produção bélica. Mesmo em 1920, a maior parte dos países não havia recuperado os níveis de produção industrial de 1913
 - Só Grã-Bretanha e Itália haviam recuperado os níveis pré-guerra
 - Esses países perderam mercado para os EUA e Japão, uma perda permanente diante dos avanços da indústria
 - Na Europa, durante a guerra, os investimentos se concentraram na produção bélica: ao fim da guerra ela não encontrava mais demanda
 - Europa apresentava capacidade ociosa em certos ramos industriais que, não eram aqueles de cuja produção mais necessitava para a recuperação de suas economias
 - Reconstrução das economias européias exigia volumosas importações que pressionavam suas balanças comerciais: a demanda nacional era suprida com produtos importados, e o crescente déficit precisava ser coberto com empréstimos
 - Os EUA, nos anos seguintes a guerra diminuíram suas importações
 - Para cobrir esse déficit era preciso contar com ajuda externa e apenas os EUA tinha recurso
 - Até 1925 a Europa viveu desequilíbrios: carência de recursos materiais e financeiros que atingiu de forma menos grave os Aliados, mas os derrotados enfrentaram adicionalmente os custos das reparações de guerra impostas pelos vencedores
 - Agitação social, expressa pela expansão das lutas e protestos das classes trabalhadoras
 - O sindicalismo, já existente antes da guerra, fortaleceu-se no conflito: necessidade de intensificar a produção para fins militares levou a concessões aos sindicatos
 - A revolução russa: influência sobre os movimentos das classes trabalhadoras
 - Mobilização dos trabalhadores foi diferente em cada país
 - Alemanha: o governo cedeu as pressões e realizou reformas que diminuíram a agitação sócia
 - França e Grã-Bretanha: greves sucedida por medidas repressivas dos governos
 - GBR: ação do governo foi incapaz de desorganizar o movimento trabalhista
 - Força crescente dos sindicatos introduziu maior rigidez nos salários, ao mesmo tempo que a tendência anterior a formação de grandes empresas e cartéis, também limitava a flexibilidade dos preços
 - Essa rigidez dificultou os ajustes necessários a economia ao fim da 1º guerra
 
- Expansão, inflação, recessão: 1919-1921
 - Ao fim da guerra, houve uma redução do ritmo da atividade econômica: compras de materiais para a guerra cancelados, soldados desmobilizados que deixaram de receber remuneração 🡪 desempregados
 - Nos primeiros meses pós-guerra houve suave recesão
 - A partir do ano de 1919: rápida ascensão da economia (duração de um ano) 🡪 aguda elevação dos preços diante do aumento da demanda num momento em que o setor produtivo ainda se recuperava dos impactos da guerra
 - Ascensão principal: EUA, Grã-Bretanha, Japão e países que permaneceram neutros durante a guerra
 - A Europa continental tinha poucas condições de se beneficiar da expansão da demanda, pois concentrava esforços na reconstrução de sua economia
 - Durante a guerra, ao se concentrar a produção na indústria bélica, criou-se uma demanda reprimida por muitos produtos – não só bens duráveis, como bens de consumo corrente, não disponíveis nos anos do conflito)
 - Financiamento da guerra: empréstimos do público ao governo – bônus de guerra – formando uma poupança ao fim da guerra para a população, que poderia ser gasta para satisfazer a demanda reprimida
 - Demanda liberada em 1919: impulso para a expansão econômica de alguns países
 - Empresas promoveram a recomposição de seus estoques
 - Somaram-se várias fontes de ampliação da demanda, mas o setor produtivo não havia se readaptado plenamente a demanda
 - Súbita expansão da demanda 🡪 Elevação abrupta dos preços (já presente na 1º guerra) em parte alimentada por políticas monetárias e fiscais expansionistas
 - Inflação generalizou-se por toda a Europa
 - Surto expansivo sofreu reversão a partir de meados de 1920, fortemente nos EUA: preços do atacado caíram 🡪 deflação; produção industrial caiu, desemprego aumentou
 - Profunda recessão que atingiu a economia norte-americana em 1921
 - Na Grã-Bretanha também
 - Poucos países escaparam da deflação/recessão de 1920
 - aumento da produção industrial em 1921 foi registrado na Alemanha, Áustria, etc – resultado, em parte, do fato de a inflação não ter sido debelada nesses países dando um estímulo artificial para a atividade econômica
 - Essa reversão súbita tem três causas
 - A 1º: conforme a rápida expansão da produção alcançou a demanda, os pretextos para elevação de preços e contínuo investimento na produção cessaram
 - A 2º: crescimento exagerado dos preços, como um inibidor econômico: salários não acompanham a inflação diminuindo o consumo. O aumento dos custos industriais gerou, também, incerteza nos negócios, limitando novos investimentos
 - A 3º: políticas fiscais e monetárias restritivas promovidas nos EUA e Grã-Bretanha foram armas para debelar a inflação, frear a expansão econômica e reduzir os fluxos de crédito
 - Nos EUA houve redução dos gastos públicos – Grã-Bretanha e Japão seguiram o mesmo
 - Todas as causas acima citadas colaboraram para a depressão de 1921, contudo, atividades especulativas decorrentes do ambiente inflacionário ampliaram os efeitos do boom e da crise econômica.
 - Investimentos na expectativa de grandes lucros em atividades ou saturadas ou obsoletas
 - Igualmente intensa foi a especulação nas bolsas, em especial na GBR
 - Alguns também controlaram a inflação depois de 1920, promovendo alguma deflação: Suiça, Holanda
 - Outros como FRA, Itália, continuaram a resgitrar inflação
 - Alemanha e Áustira: hiperinflações
 - EUA retomaram, desde 1922, o rápido crescimento
 - Grã-Bretanha, em busca do padrão-ouro manteve-se estagnada
 - Os mais afetados pela destruição e os que arcaram com as reparações da guerra tiveram grande dificuldade para retomarem o crescimento econômico 🡪 tendência ao protecionismo
 - Recuperação pós-guerra: países abandonaram o liberalismo econômico – protecionismo, como tendência mundial, levada também aos países que tiveram condições de dar os primeiros passos rumo a industrialização
 - Substituição de importações no período de guerra – Japão, Índia, Austrália e alguns países da América Latina, como o Brasil – tentando defender a indústria emergente
 - Avanço industrial dos países periféricos era prejudicial para os interesses dos países europeus
 - O protecionismo na Grã-Bretanha – ícone do liberalismo – como no restante da Europa, fazendo com que o comércio entre países caísse consideravelmente na 1º metade da década 1920
 - Para suprir a demanda de importados, os governos buscaram incentivar a diversificação da produção nacional, tanto industrial como agrícola
 - Grã-Bretanha – atos McKenna – taxas aduaneiras
 - EUA – tarifa Fordney McCumber
 - Proteger garantia o auxílio ao desenvolvimento de certos setores e aliviava o balanço de pagamentos e ainda criava empregos num cenário de crise
 - Os países da Europa precisavam ainda criar condições de cumprir com os pagamentos de empréstimos perante os EUA
 - Reconstrução era uma tarefa árdua e se tornou ainda mais difícil pela condução dos tratados de paz – Tratado de Versalhes
 
- Reparações de guerra e hiperinflação: o caso da Alemanha
 - Relações entre vencedores e derrotadas
 - Tratados de Versalhes: reparações de guerra devidas pela Alemanha aos vencedores – GBR, França, EUA e Itália
 - Os objetivos dos vencedores era fortalecer os países europeus para que não fossem levados pela revolução russa; redividir os territórios deixados em aberto pela queda dos grandes Impérios; enfraquecer a Alemanha; redefinir as políticas internas dos países vitoriosos e garantir um acordo de paz
 - Liga das Nações: principais potencias mundiais – solucionar pacífica e democraticamente as questões diplomáticas entre os países
 - Tratado de Versalhes e Liga das Nações foram incapazes de instituir um equilíbrio de poder definitivo
 - A falta de legitimidade das decisões tomadas pelo Tratado de Versalhes
 
- Interesses da Alemanha e da URSS não tinham relevância
 - Itália, mesmo que unida aos países vencedores, não seria atendida satisfatoriamente
 - EUA, logo abandonou as negociações quando o Congresso norte-americano se recusou a ratificar o acordo de paz
 - Grã-Bretanha e França como forças de decisão
 
- A paz punitiva determinada pelo tratado definia que a Alemanha era a culpada pela guerra: o país deveria perder toda suas colônias, que seria dividas entre FRA e GBR; deveria entregar os territórios da Alsácia-Lorena e minas do Sarre; entregar sua frota naval para a GBR; privada de manter uma força aérea; exército reduzido; e eram-lhe repassadas todas ad dívidas da guerra
 - O pagamento das indenizações pela Alemanha era importante para França e para GBR, que haviam assumido dívidas com os EUA para a manutenção das tropas e para as tarefas de reconstrução
 - Mas a Alemanha não tinha a menor possibilidade de pagar
 - Os pagamentos só seriam realizados com recursos obtidos por meio de superávits – aumento das exportações e redução das importações. A Alemanha deveria expandir a produção interna e suspender as importações, travando setores de outros países que dependiam do mercado alemão + impostos nacionais deveria ser ampliados, num país exausto pela guerra
 - Keynes advertia: os perversos resultados que esta imposição a Alemanha poderia gerar – atacou os membros da cúpula de Versalhes, considerando que o interesse destes não era trazer a paz, mas provocar a total destruição da Alemanha
 - O efeito das críticas ao tratado foi inútil – França não recuou
 - Alemanha iniciou esforços para pagar as indenizações
 - O protecionismo disseminado pelos principais países na relação comercial com a Alemanha e as políticas restritivas norte-americanas e britânicas reduziram as exportações alemãs 🡪 o país não tinha recursos em moeda estrangeira para realizar as importações necessárias
 - Para essas necessidades: crescimento dos gastos governamentais, assim como do endividamento, gerando inflação – também na Áustria, Polonia e Hungria
 - Crescimento acelerado dos preços 🡪 poupanças abandonadas 🡪 consumo imediato + empresas transformavam suas reservas em ativos reais
 - A ampliação do consumo provocou ainda mais o aumento dos preços e o atraso dos impostos era estimulado pela desvalorização da moeda
 - Em 1923, o governo já não conseguia acompanhar as demandas dos gastos públicos, e nem cumprir com as dívidas
 - Em retaliação ao não pagamento, a França invadiu o vale do Ruhr – áreas industriais alemãs
 - O colapso industrial elevou ainda mais os preços 🡪 hiperinflação alemã
 - Urgência dos gastos pela desvalorização diária
 - Em 1923, medidas pelo Dr. Hjalmar, conseguiram conter o processo inflacionário
 - O rentenmark foi criado para substituir o desvalorizado marco
 - O governo havia equilibrado seu orçamento e evitou recorrer a novos empréstimos e emissões 🡪 restaurou a confiança do público na moeda
 - Como as indenizações com os Aliados ainda estavam pendentes, a fim de cumprir com os compromissos com a França e a Grã-Bretanha, se comprometer a estabilidade monetária, dois novos planos foram elaborados com o apoio norte-americano: o plano Dawes, 1924, e o plano Young, 1929
 - Dawes estabeleceu novos valores anuais para o pagamento das reparações, considerando o quanto a Alemanha poderia pagar + garantiu um empréstimo para auxiliar esses pagamentos
 - A perspectiva de estabilidade atraiu recursos externos 🡪 Governos e empresas privadas obtiveram volumosos empréstimos
 - Franceses e britânicos enviaram esse recursos para os EUA em pagamento por suas dívidas
 - Plano essencial para a retomada da estabilidade monetária alemã
 - O plano Young, ampliou as facilidades do Plano Dawes
 - Situação perdurou até 1931, quando diante da grande depressão, Herbert Hoover ofereceu um ano para a liquidação das dívidas dos aliados
 - Conferência de Lausanne, promoveu redução considerável nos valores de indenizações, até que em 1933, Hitler suspendeu o pagamentos das dívidas e indenizações, atitude seguida pela França, Grã-Bretanha, quanto as suas dívidas com os EUA
 - EUA era a única economia capaz de irrigar a Europa com empréstimos e investimentos
 
- 13.2. OS EUA E A EXPANSÃO ECONÔMICA DOS ANOS 1920
 - A economia norte-americana acabou por se beneficiar com as mudanças nos 4 anos de conflito
 - Seu território não foi campo de batalha, forneceram material bélico suprimentos e grande parte do financiamento dos gastos
 - Apoiar a reconstrução européia por meio da exportação de bens que a Europa não podia produzir
 - Suprir grande parte das demandas de mercados controlados anteriormente pelas exportações européias, em especial, a América Latina
 - Reforçaram sua posição como maior produtor industrial do mundo
 - Com o impacto da guerra sobre as finanças britânicas, também se tornou principal fornecedor de recursos na esfera financeira internacional
 - Adotando uma postura isolacionista de um país praticamente autossuficiente
 - Pressões internas da sociedade norte-americana
 - A produção industrial, por mais que alimentasse parte dos mercados europeus e latino-americanos, ainda dependia das respostas do mercado interno
 - Subordinando-se, assim, as lógicas de mercados tradicionais lideradas pelo centro financeiro londrino
 - Gigantismo industrial, comercial e financeiro, revelou em 1929, o quanto as diferentes partes da economia mundial estavam conectadas com a norte-americana
 - De um lado o isolacionismo, de outro o peso de sua economia no plano mundial
 - Pós-guerra marcado de expansão/inflação seguida de recessão/defação aguda nos EUA
 - Nos meses seguintes a derrota alemã, os EUA iniciou redução dos gastos militares
 - Redução dos gastos do governo deveria ter um impacto recessivo sobre a economia. Entretanto, vários contratos assinados pelo governo para encomenda de equipamentos tiveram de ser mantidos, assim como oss empréstimos para a reconstrução européia, alargando os gastos públicos em 1919
 - Recursos enviados para os aliados - despesa
 - Impacto recessivo da desmobilização foi mais do que compensado por outros gastos do governo e pelo comportamento da exportação, mantendo a economia norte-americana fortemente aquecida
 - O desempenho do setor externo norte-americano (as superávits) também se fez nítido pela acumulação de reservas de ouro
 - A 1º guerra mundial colocou foco nos EUA, mas a vitória do partido republicano em 1920, e os efeitos da depressão de 1921 retraíram a participação americana no mundo
 - Os investimentos estrangeiros diretos também não representavam proporções elevadas em comparação com o volume da economia interna
 - O partido republicano tinha prioridade para o mercado interno – defesa de maior isolamento, por exemplo, por meio da tarifa Fordney McCumber de 1922, que ampliava o protecionismo – decisão do congresso americano de não ratificar o tratado de versalhes refletiu essa postura
 - Tal medida se mostraria negativa inclusive para os EUA, pois reduzia suas importações e, consequentemente, as rendas em dólares dos países que compravam exportações norte-americanas
 - Logo, essas nações promoviam outros controles tarifários para resguardar suas reservas
 - Medidas mais rigorosas no acolhimento de imigrantes, em 1924, representava a preocupação com o aumento da concorrência no mercado de trabalho
 - Política austera de gastos púbicos foi implementada principalmente quando os efeitos inflacionários de 1919-1920 estavam chegando ao limite
 - Foram diminuídas despesas federais e o auxílio aos países aliados + Arrecadação de impostos
 - Controlar o sistema monetário e a manutenção do padrão-ouro nacional – o Federal Reserve Bank elevou a taxa de redesconto (juros) em 1920, absorvendo a liquidez internacional (atraindo investimento)
 - Ampliaram as reservas de ouro e retornaram a estabilidade 🡪 EUA garantiu a conversibilidade do dólar em ouro
 - A partir de 1922, a economia norte-americana superou a recessão/deflação e retomou o crescimento que se encerraria com a crise de 29
 - O federal reserve reduziu a taxa de juros e permitiu a expansão do crédito dos bancos comerciais
 - Além disso, durante a deflação, os trabalhadores conseguiram evitar que seus salários fossem reduzidos na mesma proporção dos preços 🡪 aumento dos salários reais, alimentando a expansão da demanda
 - Para Lewis, a expansão teve ínicio com a construção residencial 🡪 escassez de residências durante a guerra, criou uma demanda reprimida, cuja satisfação foi beneficiada pela queda dos custos de construção
 - A produção industria foi o principal vetor de expansão da década de 20
 - A indústria automobilista se destacou com o aumento da produção: Henry Ford e modelos mais simples no sistema de linha de montagem, conseguindo reduzir custos
 - Eletricidade na esfera industrial e em especial na doméstica
 - Tudo isso manteve o investimento em nível elevado, o que também contribuiu para acelerar a expansão da economia norte-americana
 - Elevação da renda per capita no período
 - Os EUA precisariam ampliar suas importações de produtos de matérias-primas. Em compensação havia inúmeras exportações
 - Se responsabilizou de maneira mais ativa pela economia mundial
 - Produção industrial poderia alcançar outros mercados com o apoio dos próprios investimentos no exterior e com maior importação de produtos europeus
 - Em 24, o FR reduziu sua taxa de redesconto, como apoio para que outros países voltassem ao padrão-ouro – os capitais voltariam a buscar City Londres, que tinha taxa de juros mais altas
 - Permitindo o aumento das reservas britânicas, logo, o retorno da libra ao padrão-ouro
 - Além, o governo federal voltou a criar vias de financiamento para a Europa, como empréstimos realizados pelo Plano Dawes a Alemanha – medidas que escapavam do isolacionismo
 - Federal Reserve, ora auxiliando a expansão, ora voltando-se ao mercado interno
 - Para desestimular a especulação, elevou novamente sua taxa de redesconto em 1928 – o capital norte-americano deixaria de fluir para o exterior
 - Ao não liberar o ouro, criou tensões sobre outros países, que foram obrigados a reagir elevando suas próprias taxas de redesconto
 - Redução dos juros norte-americanos em 1924-1927 a fim de desviar recursos para City Londres podia produzir a expansão do crédito nos EUA, compromentendo objetivos do Federal Reserva
 - Crédito fácil ajudou a manter o nível de investimento elevado, porém também sustentou ações tipicamente especulativas
 - Dois grandes movimentos especulativos: boom imobiliário na Flórida: compradores adquiriram lotes com uma pequena entrada, com uma procura crescente, terrenos podiam ser revendidos com lucros elevados, estimulando lotear novas áreas distantes do litoral, a euforia terminou em 1926 quando não apareceram novos compradores e os preços começaram a cair + especulações com ações na bolsa de NY em 1924 com breve recuo em 1926 (talvez como reflexo do colapso imobiliário na Flórida), mas acentuou-se em 1927, o que levou o FR a adotar medidas de restrição de crédito em 28 🡪 Desviar recurso da especulação com ações para a atividade produtiva 🡪 resultado recessivo e não conseguiu impedir a continuidade do desvio de recursos para os negócios 🡪 Crise da bolsa em 1929
 - Um setor não se beneficiou desse boom: declínio dos preços agrícolas mundiais
 - Progressivo restabelecimento da produção agrícola de países europeus no pós-guerra, a adoção de novas técnicas de produção e a reintegração de linhas de comércio rompidas durante a guerra que aumentaram a concorrência entre os produtores agrícolas 🡪 baixos preços, ao contrário do restante da economia
 - Diferentemente da GBR, os EUA ainda não dependia essencialmente de seu mercado interno, e por isso suas ações como centro hegemônico de um novo sistema economico permaneceram contraditórias: Era o principal exportador mundial, mas mantinha barreiras tarifarias para importação, reduzindo a possibilidade dos países pagarem suas contas; realizava empréstimos para a reconstrução europeia, mas ao menor sinal de instabilidade aumentava as taxas de juros
 - Instabilidade no mercado internacional sugere a fragilidade na economia mundial
 
- 13.3 RECUPERAÇÃO ECONÔMICA EUROPEIA E RESTABEEIMENTO DO PADRÃO-OURO
 - Reconstrução das economias + restabelecimento do padrão-ouro que fora abandonado durante a guerra, pois os países europeus não puderam manter a conversibilidade de suas moedas
 - Com a instabilidade dos anos 1919-1921 não se criaram as condições para o restabelecimento do padrão-ouro
 - 1922 – sinais de recuperação
 - Taxas de desemprego continuariam altas na Europa por toda a década de 1920, mas a estabilização da economia possibilitou o retorno ao padrão-ouro
 - A GBR o fez em 1925, o que estimulou a reintegração de outras nações ao sistema monetário internacional
 - EUA forneceu o alicerce para o padrão-ouro na década de 20, distinto daquele vigente antes da 1º guerra
 - Escassez de ouro no mundo: países como Alemanha, Itália e Brasil tinham perdido importantes reservas de ouro
 - Com o objetivo de solucionar o problema de liquidez, foram organizadas duas conferências internacionais que, não contaram com os EUA: de Bruxelas, em 1920, e de Genova, em 1922
 - Determinavam-se que o lastro das moedas que retornavam ao padrão-ouro não seria mais necessariamente constituído por reservas metálicas, mas por outras formas de reserva de valor (como uma moeda efetivamente lastreada em ouro)
 - Desta maneira, flexibilizou-se o padrão-ouro, admitindo que moedas estrangeiras que fossem conversíveis em ouro pudessem ser adotadas como reservas para outras moedas, num regime chamado de padrão-ouro câmbio
 - Interesses britânicos de recuperar a posição geográfica no comércio mundial – tendência era que a libra fosse a moeda escolhida como reserva de valor pela importância do setor financeiro britânico
 - Sem a participação dos EUA as resoluções não saíram de imediato
 - 1924, o isolacionismo norte-americano, começou a ser relaxado, e o país passou a influir mais decisivamente nas resoluções econômicas européias e mundiais
 - EUA e GBR destinaram grandes somas para empréstimos a fim de permitir a reorganização financeira de países como a Áustria
 - Alemanha: plano Dawes, sustentado por novos empréstimos norte-americanos
 - Para todos esses países era importante restabelecer a conversibilidade em ouro para evitar o retorno da inflação, de maneira que as novas moedas emitidas no país deveriam ser compatíveis com as reservas internas de ouro e de moedas estrangeiras reabastecidas pelos empréstimos externos
 - Desde 1919, a GBR já demonstrava o desejo de retornar ao padrão-ouro
 - Mas para obter sucesso, os ingleses precisavam realizar reajustes, em particular promover substancial redução dos preços
 - Durante a 1º guerra, a inflação britânica foi elevada e, com a suspensão da conversibilidade da libra em ouro, houve forte desvalorização da moeda
 - Ao restaurar o padrão-ouro na paridade anterior a guerra, sem promover forte deflação, os preços dos produtos britânicos ficariam muito caros no mercado internacional, prejudicando as exportações
 - Era manter a libra desvalorizada ou promover a redução de seus preços
 - A deflação se tornou imperiosa
 - Resistencia interna, pois os políticos britânicos tiveram de se defrontar com os interesses do movimento trabalhista
 - Deflação era necessária para levar o país de volta ao padrão-ouro, mas provocariam uma redução ainda maior das exportações e a ampliação do desemprego
 - Desde o estabelecimento do padrão-ouro, a moeda passou a ser ameaçada tanto pela elevação do nível salarial quanto pela inflação direta – ambas podiam diminuir as exportações
 - A deflação não era suficiente para garantir o retorno ao padrão-ouro, isso porque a transição dependia das ações tomadas pelos EUA
 - 1920, a política econômica norte-americana mantinha-se recessiva, com corte de gastos, elevação da taxa de juros e valorização da moeda, atraindo capitais para o mercado norte-americano e impossibilitando que a libra pudesse ser valorizada
 - Em 1921, o banco inglês elevou a taxa de redesconto para sanar a desvalorização da libra
 - As medidas recessivas ampliaram a taxa de desemprego
 - Por determinação do FR norte-americano, foram baixadas as taxas de redesconto nos EUA 🡪 O capital fluiu para Londres, valorizando a libra, que voltou a paridade com o ouro pelo preço anterior a guerra
 - Assim, o padrão-ouro na Grã-Bretanha foi restaurado no ano de 1925 mas a custa de uma sobrevalorização da libra, o que forçou novas elevações nas taxas de juros britânicas, agravando a recessão pela dificuldade de realizar exportações e ampliando de forma mais drástica o desemprego
 - Manifestações e greves operárias
 - Entre 1925-1928 a reconstrução do padrão-ouro na Europa foi praticamente concluída
 - A França teve situação peculiar frente ao ajustamento ao padrão-oruo: um dos países que mais havia sofrido com a guerra
 - A reconstrução de toda a infraestrutura foi elaborada por meio de financiamento inflacionário – em grande medida, emissão de moeda – crescente elevação de preços e desvalorização da moeda
 - Antes da guerra, a França, como a GBR, havia acumulado enormes investimentos no exterior, que tiveram de ser liquidados como forma de pagamento para os EUA, além dos empréstimos a Russia que foram negados pelo governo após a revolução 🡪 rendimentos em juros do capital no exterior foram reduzidos
 - Debate entre grupos de esquerda que exigiam a organização de programas sociais e de emprego, e a direita que exigia a recuperação da moeda e a redução dos gastos sociais
 - Os franceses não aceitavam o aumento de impostos, já que consideravam a Alemanha culpada pela guerra
 - A moeda teve momentos de valorização em 1921, diante da expectativa financeira de receber as indenizações alemãs e, em 1923, com a invasão francesa no vale do Ruhr
 - No 1º momento, as indenizações não vieram no volume esperado, no 2º momento, a invasão ao Ruhr se mostrou eficaz só nos primeiros meses
 - 1923: com avanços nas negociações entre França e Alemanha, mediadas pelo plano Dawes, o governo Frances conseguiu restaurar o equilíbrio orçamentário, com aumento de impostos e maiores pagamentos das indenizações alemãs
 - As dívidas francesas foram reduzidas entre 1923 e 1925, permitindo a valorização da moeda
 - Mas uma nova reversão no valor do franco foi sentida em 1925, com a queda de 19 francos por dólar para 41:1
 - Enquanto grande parte da Europa voltava ao padrão-ouro, a França demonstrava dificuldades de estabilizar sua moeda
 - A cotação do franco voltou a registrar intensas quedas
 - Poincaré voltou ao governo em 1926, aumentando impostos, cortando gastos púbicos e enterrando de vez a possibilidade de taxação de impostos sobre o capital 🡪 volta do capital que se refugiava no exterior, valorizando o franco
 - Estabilização da moeda francesa e o retorno ao padrão-ouro
 - Apenas os EUA tinha reservas em ouro superiores as da França
 - O crescimento das reservas era resultado de uma subvalorização do franco, que proporcionava vantagens competitivas no mercado internacional, gerando um importante excedente em contas correntes
 - Impacto da taxa de cambio sobre o desempenho da economia
 - A GBR ao estabelecer o padrão-ouro em 1925, voltou a paridade da libra com o ouro anterior a 1º guerra
 - Os preços britânicos haviam subido mais do que os norte-americanos = libra sobrevalorizada
 - Já a Françça, na volta ao padrão-ouro, não restaurou a paridade anterior a 1º guerra, a nova paridade do franco com o ouro implicava substancial desvalorização do franco
 - Esse fato pode ser evidenciado, primeiro, pelo desempenho das exportações dos dois países: exportações francesas cresceram após a guerra, e as britânicas decresceram
 - O efeito da nova paridade da moeda
 - Uma moeda subvalorizada como o franco favorece as exportações, ao passo que sobrevalorização da libra as desestimulava
 - É certo que a GBR havia problemas estruturais, pois suas principais industrias não conseguiam competir no mercado mundial por conta das mudanças tecnológicas, de produtos substitutos e de mercados perdidos
 - Porém a volta da libra ao padrão-ouro, além da sobrevalorização, exigia também a manutenção de elevadas taxas de juros para atrair recursos externos que ampliassem as reservas
 - Altas taxas de juros inibem o investimento e contribuem para o ambiente recessivo da economia britânica na década de 20
 - Isso se reflete também nos índices de produção industrial da GBR e da França
 - A produção industrial britânica cresceu 28% na década de 20, enquanto a francesa 129%
 - Os países que, ao retornarem ao padrão-ouro, reestabeleceram a paridade anterior a 1º guerra tiveram desempenhos fracos ou passaram por crises severas em função das medidas necessárias para restaurar o padrão-ouro – Dinamarca e Noruega
 - Já os países que desvalorizavam sua moeda no retorno ao padrão-ouro, tinham melhor desempenho na década de 20: França, Itália, Alemanha e Bélgica
 - Reestabelecimento do padrão-ouro na Europa evidenciou a dificuldade de restaurá-lo
 - 1925-1929: reconstrução do padrão-ouro, numa fase de grande expansão e desenvolvimento da economia mundial com a incorporação das transformações da 2º revolução industrial
 - Fragilidade da dependência mundial as exportações de capital norte-americanas, foi exposta em 1928, quando os EUA, na tentativa de assegurar o boom em Wall Street, elevou a taxa de juros
 - Para compensar a queda da entrade de capitais dos EUA, vários países retornaram as políticas protecionistas
 - O impacto da crise de 29 evidenciou que as bases da economia mundial eram frágeis
 
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