TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

ADAPTAÇÕES FAUNÍSTICAS E CONSERVAÇÃO DO CERRADO: UMA ANÁLISE BIOANTRÓPICA

Por:   •  18/1/2023  •  Monografia  •  3.742 Palavras (15 Páginas)  •  60 Visualizações

Página 1 de 15

ADAPTAÇÕES FAUNÍSTICAS E CONSERVAÇÃO DO CERRADO: UMA ANÁLISE BIOANTRÓPICA

Gabriela Cunha*¹

1Laboratory of Human Genetics¹, Center for Molecular Biology and Genetic Engineering, University of Campinas - UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brazil

*Correspondências para: Gabriela Cunha, Laboratory of Human Genetics, Center for Molecular Biology and Genetic Engineering - CBMEG, University of Campinas - UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brazil - Zip Code: 13083-875.

E-mail: 

Número de Telefone: +55 (62) 99826-2040

Resumo

Palavras-Chave: Cerrado. Conservação. Biodiversidade. Impacto Antrópico. Adaptações Faunísticas. Desmatamento.

  1. INTRODUÇÃO

Mediante o emergente agravamento dos problemas ambientais em escala global, tais como: queimadas de florestas amazônicas; aumento da emissão de gás carbônico na atmosfera e, por conseguinte seus efeitos no aquecimento do Planeta; crescimento e intensificação do excesso de ozônio perante o polo sul; avanço das fronteiras agrícolas na destruição da biodiversidade entre muitos outros fatores ecologicamente relevantes, têm se intensificado o interesse dos pesquisadores em denunciar por meio de publicações científicas as desastrosas decisões antrópicas, procurando acima de tudo, soluções que possam mitigar os danos performados pela raça humana. Hoekstra e colaboradores (2005) ressaltaram que, tão impactante quando uma eminente “crise de extinção” ao nível de espécies de fauna e flora, existe neste momento uma crise mais ampla e severa, a “crise dos biomas” que, dia após dia gera como produto a destruição dos ambientes naturais, local onde as espécies surgiram e se desenvolveram biologicamente. Dito isto, com a destruição de seus habitats naturais, tais espécies fatalmente terão como destino sua extinção em massa e possivelmente de maneira irreversível caso técnicas moleculares de bioreconstituição genômica não possam alcançar a tempo os trágicos resultados oriundos dos impactos antrópicos.

Conceitualmente, o termo “bioma”, antes tido como fitofisionomia, adiciona a fauna à uniformidade fitofisionômica e climática do meio, características desta unidade biológica. Posteriormente, houveram atualizações ao termo que incluíram fatores como solos, altitude, entre outros. Vale ressaltar que o termo Bioma e domínio morfoclimático e fitogeográfico são definições não sinônimas, dadas as dissimilaridades no que tange à uniformidade do ambiente. Conforme descrito na literatura, o bioma de savana tropical é concebido por um intrincado complexo de fitofisionomias e formações, constituindo um gradiente de biomas ecologicamente relacionados na distribuição geográfica onde estiver inserido, razão suficiente para ponderar tal complexo como unidade biológica (WATANABE, 1997; COLINVAUX 1993). São sete os principais biomas em escala mundial: Floresta Temperada, Taiga, Pradaria, Deserto, Savanas, Tundra e Floresta Tropical (WALTER, 1986). No Brasil, são observados além da Mata Atlântica, mais cinco biomas continentais, a saber: Pampa, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Amazônia (IBGE 1993; VELOSO & GÓES-FILHO, 1982).

Cerrado retrata uma conjuntura de savanas tropicais com origem territorial brasileira, sendo o segundo maior bioma da América do Sul devido a sua expansão territorial que abrange 12 Estados Federativos, sobretudo em seu mediastino geográfico (24% do território brasileiro). Este bioma se destaca pela robusta biodiversidade vegetacional e fisionômica, cuja extensão abrange desde estratos herbáceos, arbustivos a arbóreos rumando desde formações campestres a complexos ecossistemas florestais contendo valores superiores a 12 mil espécies vegetais. Em adição, seu potencial hídrico é extremamente relevante no contexto hidrográfico brasileiro, visto que das doze regiões de bacias hidrográficas, oito concentram nascentes no bioma do Cerrado nomeando-o popularmente de “berço das águas”. Topograficamente se comporta de maneira amena, sendo majoritariamente composto por relevos planos e planos ondulados de fácil mecanização, apresentando solos profundos e ácidos que carecem de correção química para o plantio de culturas de grãos (COUTINHO, 2006).

Em adição aos atributos físicos e protagonismo no que tange à manutenção da biodiversidade nacional, o cerrado também representa destaque entre os biomas brasileiros por apresentar a maior área convertida em diferentes usos da terra, cujo título se dá na conversão de aproximadamente 850.000 km² (mais de 40% de sua total extensão territorial que circunda 2.036.448 km2) (IBGE, 2004). Mediante tais características, quatro frentes de expansão foram as mais relevantes em termos de ocupação e exploração capitalista do cerrado, sendo elas a ferrovia (entre o final do século XIX e o início do século XX), a mineração (início no final século XVII), a marcha para o Oeste (década de 1930), e, a mais impactante de todas, agricultura moderna (início da década de 1950 e intensificação a partir da década de 1970) (DIAS, 2008; SILVA E., et al., 2009), haja vista que através dela foi possível a propiciação da maior conversão vegetacional do Cerrado em usos, tornando tal bioma um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina e de commodities em escala mundial somam mais de 94% da conversão total.

Em decorrência da acentuada taxa de exploração do cerrado, sobretudo oriunda do intenso processo de conversão de sua cobertura vegetal nativa em delimitações geográficas de agricultura e cultivo de pastagem, surge a preocupação em se monitorar o bioma com o intuito de mitigar os efeitos nocivos de tais medidas. Pesquisas indicam acentuados impactos ambientais do Cerrado que resguardam alterações físicas, fragmentação das áreas de vegetação remanescente que guiam diretamente processos de adaptações faunísticas onde, em sua falha são observadas taxas de diminuição da biodiversidade, ao ponto de o Cerrado ser categorizado como um dos 34 hotspots mundiais, promovidas pela promessa de melhorias de cunho econômico e estrutural não apenas do bioma, mas do Brasil de maneira geral.

        Diante das preocupações que circundam o bioma do cerrado não apenas no que diz respeito ao seu uso e recursos disponíveis, mas, acima de tudo, frente aos impactos que foram gerados e como mitigar novas destruições talvez irreversíveis, este artigo objetivou congregar as principais publicações e achados acerca da conservação do cerrado, assim como descrição das adaptações faunísticas (conversão) oriundas das ações antrópicas realizadas nas últimas décadas.

  1. REFERENCIAL TEÓRICO
  1. A ANTROPOZIÇÃO NO CERRADO

        Interessantemente, o Bioma Cerrado possui características ambientais, tais como clima, relevo, temperatura, umidade do ar, radiação e precipitação pluviométrica (condições edafoclimáticas) que incutem de maneira significativa relevância nos seres vivos, em especial, os vegetais (GOEDERT et al., 2008).   As condições edafoclimáticas atreladas ao tipo de solo e sua condição, como o alcance do pH ótimo através de métodos de correção associados a disponibilidade de íons minerais e nutrientes por meio da fertilização artificial possibilitou a produção de variáveis commodities levando este bioma, dentre as savanas mundiais, a ser o recurso na qual solucionaria a fome no mundo a partir da década de 70 (MIZIARA; FERREIRA, N., 2008; BORLAUG, 2003). Por outro lado, este recurso foi ostensivamente explorado se intensificando nos últimos quarenta anos com caráter irresponsável, inserindo um panorama de devastação e degradação da vegetação nativa.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (26.9 Kb)   pdf (1.2 Mb)   docx (1.1 Mb)  
Continuar por mais 14 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com