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Monografia

Por:   •  19/10/2015  •  Monografia  •  18.727 Palavras (75 Páginas)  •  351 Visualizações

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APRESENTAÇÃO


Atendendo à Instrução nº /ProAc/ e do Regulamento do Curso de Psicologia – Habilitação Formação de Psicólogo – submetemos à consideração superior o presente Relatório Final, realizado no período de 20/02/2013 a 03/12/2013; bem como as consideraçõespessoais a respeito do mesmo.








































1 INTRODUÇÃO


A Psicologia procede ao estudo e análise dos processos intrapessoais e das relações interpessoais, possibilitando a compreensão do comportamento humano e individual e de grupo, utilizando – se de estudos científicos para poder observar, analisar, compreender, diagnosticar e intervir com estratégias e técnicas voltadas ao comportamento humano, podendo assim possibilitar um maior entendimento do sujeito e suas relações.
No Brasil a profissão de Psicólogo foi regulamentada 1962 no dia 27 de agosto. Hoje essa categoria é formada por aproximadamente por cento e trinta mil profissionais, atuando nas mais diversas áreas, buscando o desenvolvimento continuo da profissão, sendo que pesquisa e prática contribuíram para a Psicologia conquistar sua autonomia como campo de atuação profissional.
Sendo assim, o presente relatório tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre a Abordagem Sistêmica, dando – me subsídios para melhor entendimento da mesma no contexto clínico. O Estágio em Psicologia Clínica I vem sendo desenvolvido na Clínica de Serviço em Psicologia Aplicada da Universidade Estácio de Sá de Santa Catarina (Clínica Escola), localizada na Avenida Leoberto Leal, nº 431, no município de São José – Barreiros – SC.
Tendo por finalidade demonstrar as atividadesrealizadas no decorrer do semestre, desde a preparação para a entrada em campo, a entraves ao manter contato com o campo até o presente momento das atividades realizadas. São relacionados aspectos práticos e vivências com fundamentação teórica acerca da Psicologia Sistêmica, tendo como supervisora e orientadora a Prof. Dra. Edla Grisard, fazendo desde estágio uma oportunidade estimulante e desafiadora, concedida para ampliação do conhecimento e para apropriação deste novo papel, fazendo com que o estagiário adote uma visão mais ampliada e critica de suas possibilidades de atuação profissional dentro da área clínica, conforme sua escolha de abordagem.
No primeiro momento, farei uma breve revisão teórica, conceitual e histórica sobre o pensamento sistêmico, buscando situar a história da Psicologia Sistêmica, sua base epistemológica, ou seja, A Teoria Geral dos Sistemas e a Cibernética de 1º e 2º Ordem. Dentro da Cibernética de 1º Ordem, a 1º Cibernética, encontra – se a abordagem Estratégica que propõe uma terapia voltada para a solução do problema apresentado na família sendo este um problema nas relações de poder, tendo como principal referencial teórico Jay Haley (1981, apud Papp 1992). Ainda na Cibernética de 1º Ordem, encontra-se a 2º Cibernética, ligada a Abordagem Estrutural, tendo como principal o objetivo de ajudar o sistema familiar a perceber problemas de hierarquias e fronteiras nos papéisfamiliares, sendo o expoente maior Salvador Minuchin (1981, apud Papp, 1992).
Já na Cibernética de 2º Ordem, as abordagens que a representam são Construtivismo e o Construtivismo Social que veio para dar consistência ao pensamento Cibernético, além das abordagens representativas do Grupo de Milão e a Equipe Reflexiva.
Assim, a partir do momento que conseguimos entender de onde vêm à teoria, entende-se melhor seus princípios, técnicas e recursos.
Diante disso, minha prática clínica foi iniciada a partir de nove triagens, sendo que oito delas tiveram seu devido encaminhamento, um que estou dando continuidade até o presente momento, que é o caso de uma criança nove anos, conforme descrita no caso A.L. Também dei continuidade por três sessões no caso de I., na qual já vinha sendo atendido e supervisionado desde o ano de 2012, mais por motivos de faltas constantes o atendimento foi cancelado. E no presente momento além de estar com o caso de A.L, estou em atendimento com a família S., juntamente com outra estagiária da mesma linha teórica, não restando dúvidas que essa experiência está sendo de vasto conhecimento e valia.
Estes casos estão descrito no presente relatório, conforme sugerido o modelo proposto por Piszezaman (1999), para análise e melhor compreensão do que está acontecendo dentro do sistema. Visando contemplar os dois semestres de atuação no estágio prático em Clínica II, e se foro caso o encerramento e alta dos pacientes durante estes dois semestres.














2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


2.1 A FAMÍLIA COMO UM SISTEMA


O conceito de sistema é utilizado na Terapia Familiar para fazer referência a um grupo de pessoas que interatuam como um todo funcional. Nem as pessoas nem os problemas existem num vazio, ambos estão intimamente ligados aos seus sistemas recíprocos mais amplos dos quais o principal é a família (MCGOLDRICK; GERSON, 1985). Sendo assim, a palavra “sistema” consiste em um todo com suas partes relacionadas que vai além da soma das suas partes, tendo como foco as relações e interações dos indivíduos, para além do seu conteúdo intrapsíquico.
Papp (1992) enfatiza que a palavra sistema perdeu muito do seu significado, devido ao uso exacerbado, pela generalização e pela própria elaboração acadêmica. Clinicamente as conclusões que os terapeutas tiram em relação ao que é um sistema são baseadas no que eles acreditam que estejam causando o problema e qual a melhor maneira de intervir. Como por exemplo, para Minuchin (1981, apud Papp, 1992) sistema é definido de acordo com as fronteiras e hierarquia, já Haley (1981, apud Papp, 1992) vê o sistema de acordo com a estrutura de poder da família. Sendo que, os eventos são estudados dentro do contexto a qual o indivíduo está inserido, centrando a atenção mais nas relações do que nas característicasindividuais, hora focando na hierarquia, hora nas relações de poder ou na narrativa construída entre e pelos membros. Assim, entender a família como um sistema é uma metáfora que pode ser interpretada de variadas formas.
Ainda, a família pode ser vista como um sistema e composta de outros subsistemas. Subsistemas estes que podem ser entre mãe e filho, casal e irmãos, ao mesmo tempo a família é uma unidade que faz parte de um supra-sistema (vizinhos, escola, instituições de saúde). As fronteiras que dividem esses sistemas é que estabelecem quem está dentro e quem está fora do subsistema familiar, ou seja, definem os papéis dos membros na família e, portanto a maneira de cada um se comportar (GALERA; LUIS, 2002).
Segundo Andolfi (1995, apud Machado, 2012), a família é constituída de um sistema entre sistemas, essencial à exploração das relações interpessoais e das normas que regulam a sua vida como grupo. Andolfi ressalta que para Minuchin a família não é passiva, pois é composta por um sistema ativo, em que cada mudança, seja no seu interior ou exterior, irá afetar todo o seu funcionamento. É um sistema que está sem constante transformação e que é capaz de se adaptar as diferentes fases do seu ciclo de desenvolvimento, a fim de assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial dos seus membros. Entretanto, às vezes paralisa-se diante do processo de crescimento e apresenta um sintoma.Diante disso, Rosset (2002) entende que:

na visão relacional sistêmica, quando alguém na família apresenta algum sintoma, acredita-se que é porque a família está precisando, naquele momento aprender algum novo comportamento, fazer alguma remodelação no seu funcionamento, ou mudar comportamentos que mesmo que tenham sido úteis em outra etapa, agora são disfuncionais.

Sendo assim, o terapeuta deve iniciar a sessão com certas suposições no que concerne à relação entre o sintoma e o sistema. Que para Papp (1992) se diferem em:
A ocorrência de um sintoma geralmente coincide com alguma mudança na família que ameaça transtornar o equilíbrio da mesma (assim como o fato dos membros da família sair de casa, casar-se ou entrar na escola, por exemplo);
A ansiedade com relação a esta mudança ativa conflitos que estiveram adormecidos e estes conflitos, ao invés de serem resolvidos, são expressos através de um sintoma;
O sintoma tanto pode ser um meio de evitar esta mudança ameaçadora, quanto um meio de se fornecer uma maneira para que ela ocorra.
Os momentos de mudança para Minuchin (1974, apud Machado 2012) correspondem às chamadas crises, sendo uma ocasião de evolução e risco de patologia. As crises, embora impliquem stress, não se relacionam com o caráter agradável ou desagradável, nem com a carga afetiva negativa de determinada situação, mais sim com as exigências de mudanças internas e externas,com tarefas normativas do evoluir da família de modo que colidem com o caminho da família ao longo do seu ciclo.
Para Minuchin (1982) a família se constitui, portanto, por um sistema complexo de subsistemas integrados e ao mesmo tempo interdependentes, que estabelecem uma interelação no contexto no qual estão inseridos. Nessa mesma linha de raciocínio Andolfi (1996) afirma que a família é essencial à exploração das relações interpessoais e das normas que regulam a vida dos grupos significativos a que o indivíduo pertence para uma compreensão de comportamentos dos membros e para formulação de intervenções eficazes. Não esquecendo que nas relações sociais que nos constituímos enquanto sujeitos, num processos de comparação e de diferenciação com os demais.
Conclui-se, que uma mudança em um dos membros da família afeta todo o grupo, uma vez que as relações entre os membros do sistema familiar influenciam, de maneira significativa, os comportamentos e crenças de cada um.


2.2 DA LINEARIDADE À CIRCULARIDADE


A família é uma instituição bastante antiga que vem sendo estudada pela psicologia desde os princípios de Freud, segundo o qual ressaltava a importância das relações familiares, afirmando que devemos prestar tanto atenção às condições humanas e sociais dos enfermos quanto aos dados somáticos e aos sintomas patológicos, ressaltando assim o interesse do psicanalista deve dirigir-separa relações familiares dos pacientes.
Freud (1905, apud Carneiro 1996) dizia que as resistências externas, emergente das circunstâncias do paciente juntamente com o ambiente familiar, interferiam no processo analítico, podendo-se explicar o grande número de fracassos terapêuticos, porém este não se preocupou em desenvolver técnicas a respeito do atendimento familiar. A família passa então, a ser reconhecida como objeto de estudo, mas para auxiliar a compreensão da dimensão individual do conflito, numa visão ainda linear, mecanicista sobre os fenômenos psíquicos.
Para Grandesso (2000) a Terapia Sistêmica teve sua ênfase a partir de tentativas de alargar as perspectivas do modelo psicanalítico, buscando construir modelos que incluíssem as condições do ambiente como contexto, na qual surgiram dos próprios psicanalistas como Sullivan, Horney, Thompson e Frimm – Reichaman. Paralelo a essas tentativas havia grande insatisfação como os tratamentos psicoterápicos com população que vinham sendo menos favorecidas, como os pacientes esquizofrênicos e delinquentes, criando assim condições favoráveis para uma prática clínica sistematicamente orientada.
Para Capra (1982) a Teoria Sistêmica tem suas origens na física quântica, devido à mudança na visão de mundo determinou-se a passagem da concepção linear-mecanicista de Descartes e Newton para uma visão holística, em que o universo é visto como uma teiadinâmica de eventos inter-relacionados. As propriedades dessa teia decorrem das outras partes do todo. A partir disso, a concepção sistêmica passa a ver o mundo em termos de relações e de integração, sendo que todo e qualquer organismo é uma totalidade integrada e consequentemente um sistema vivo.
Outro aspecto que deve ser reconhecido a partir do estudo dos sistemas é a sua natureza intrinsecamente dinâmica, o que significa que suas formas não são estruturas rígidas, mas manifestações flexíveis e estáveis de processos subjacentes. Ocorre assim, uma mudança de foco das teorias clínicas, que passaram observar mais os sistemas humanos do que as características individuais do próprio indivíduo. O foco deixa de ser o intrapsíquico e passa ser o indivíduo dentro do seu contexto, a intersubjetividade (CAPRA, 1982 apud FILOMENO, 2002).
A partir disso, a Terapia de Família aparece em um contexto propicio para a busca de novas alternativas de compreensão e tratamento dos dilemas dos sujeitos. Surge em um grupo constituído por profissionais das mais diversas áreas, fazendo com que se inicie como uma polifonia, que se organiza no sentido de explicar esses dilemas dentro do contexto interacional de relações (VOGEL, 2011).
A Terapia Sistêmica surgiu então mais precisamente nos Estados Unidos durante a década de 50, tendo como principal motivo e o mais relevante a pós-guerra. O país estava vivendoconstantes transformações, como por exemplo, o aumento da industrialização, novas tecnologias, relações sociais modificadas, modificando também as famílias e a crença de que a família era um lugar de felicidade.
O trabalho centrado na família começou a partir de pacientes esquizofrênicos e delinquentes, que não estavam se beneficiando dos tratamentos convencionais. As primeiras pesquisas com pacientes esquizofrênicos foi feita pelo Menta Research Institute (MRI), juntamente com Weakland, Jackson, Haley e Bateson (GRANDESSO, 2000). Para eles o comportamento esquizofrênico seria uma resposta do individuo a uma situação atual existente na família (PISZEZMAN, 1999). Já as pesquisas direcionadas às famílias com delinquentes tiveram como principal expoente Minuchin, na qual suas pesquisas eram feitas com “famílias que tinham dois filhos considerados delinquentes, em que ambos já tinham tinham sido envolvidos com problemas com a lei” (GRANDESSO, 2000, p. 117).
Essas pesquisas tinham como principal característica a mudança de foco da prática terapêutica no indivíduo e processos intrapsíquicos, para a família, com ênfase nas interações entre seus membros, tendo como principais influências na formação desse campo a Teoria Geral dos Sistemas e da Cibernética.
Vasconcellos (2002) enfatiza a teoria sistêmica como um novo paradigma da ciência do qual o meio é considerado complexo, instável e subjetivo. Opensamento sistêmico tem se apresentado como uma nova maneira de pensar cientificamente, quebra a barreira do paradigma tradicional mecanicista e propõem uma nova maneira de ver o mundo, dando ênfase nas relações, conexões e interações dos sistemas vivos. Os sistemas, por sua vez, transmitem um caráter de totalidade e globalidade, na qual o mundo é visto em sua complexidade em que tudo e todos estão conectados.
Com isso, a terapia familiar hoje pode ser caracterizada por integrar uma epistemologia, um corpo teórico e uma abordagem terapêutica. Na qual deve ser entendida como um sistema em constante transformação e mudança, não devendo ser dissociado das suas partes, em que todos os seus elementos contribuem, para o desenvolvimento e bom funcionamento.


2.3 BASES EPISTEMOLÓGICAS DA TEORIA SISTÊMICA


As bases epistemológicas que influenciaram a abordagem da terapia familiar sistêmica são a Teoria Geral dos Sistemas (TGS) e a Cibernética, teorias que transcendem as fronteiras disciplinares desde seu início. Pode-se se dizer que o “casamento” dos conceitos sistêmicos com os cibernéticos configurou uma nova posição epistemológica para compreender e trabalhar com famílias como unidade de tratamento (GRANDESSO, 2009).


2.3.1 Teoria Geral dos Sistemas


A Teoria Geral dos Sistemas foi desenvolvida por Ludwing Bertalanffy, buscando desenvolver leis que explicassem o funcionamento de sistemasgerais, independente de sua natureza. Dentro dessa teoria, existem princípios e leis que se aplicam a sistemas em geral, independentes de seu tipo particular, da natureza de seus elementos e das relações que atuam entre eles. Trabalhando assim, para desenvolver máquinas autodirigíveis e autorreguladoras, exercendo um dos principais impactos sobre o desenvolvimento posterior da visão sistêmica da vida (PONCIANO, 1999 apud VOGEL, 2011).
Segundo Grandesso (2000) a Teoria Geral dos Sistemas se deu a partir de conceitos básicos, com o intuito de definir as relações estabelecidas nos sistemas. Sendo eles:
Globalidade: o sistema é um todo coeso, que ao afetar uma parte do sistema, irá afetar todo ele;
Não - somatividade: um sistema não pode ser considerado como a soma de suas partes, devem-se levar em conta as relações estabelecidas entra cada membro, contudo, qualquer mudança nas relações entre as partes constituintes de um sistema implica a mudança no funcionamento do todo;
Homeostase: é um processo de auto-regulação, na qual se busca um equilíbrio no sistema preservando seu funcionamento;
Morfogênese: é quando ocorre uma mudança no sistema, por exemplo, o nascimento de um filho, na qual tem que mudar as regras da família, opõe-se assim, á homeostase;
Circularidade: é a quebra da visão linear, não existindo uma única causa para os fatos. A afeta B e vice-versa, a ordem dos fatores não altera oproduto;
Retroalimentação ou feedback: garante o funcionamento circular. Dividindo-se em feedbacks negativos (faz com que o sistema volte ao ponto em que estava) e feedbacks positivos (busca-se a mudança, ou seja, a morfogênese);
Equifinalidade: diferentes causas levam a uma mesma finalidade e a mesma causa leva a diferentes fins.
Esses conceitos se mantiveram como referência em todas as discussões e avanços teóricos posteriores na Terapia Familiar. A TGS explica os fenômenos observáveis reduzindo-os à interação de unidades elementares investigáveis independentemente uma das outras e passou a lidar com sistemas.
O objetivo proposto por essa teoria foi à formulação de princípios válidos para os sistemas em geral, independentemente das entidades que os constituem, assim a TGS se propõe como uma ciência de totalidade, ou como uma disciplina lógico-matemática aplicável a todas as ciências que tratam de “todos organizados” (VASCONCELLOS, 2002).
Para TGS o sistema familiar passa a ser visto como um todo integrado e suas propriedades não podem ser reduzidos a partes, mantendo uma interdependência entre seus membros e com o meio. Assim o sintoma do paciente identificado era considerado um porta-voz da disfunção familiar, por sua vez buscava o equilíbrio dentro do sistema, com isso o foco da terapia passar a ser com todo o contexto familiar e não somente no paciente identificado (P.I).

2.3.2Cibernética


O estudo da Cibernética foi divido em duas fases: a Cibernética de 1º ordem e 2º ordem. Porém a Cibernética de 1º ordem dividiu-se em 1º Cibernética e 2º Cibernética. A 1º Cibernética, segundo Grandesso (2000, p. 124) “ocupava-se dos mecanismos e processos pelos quais os sistemas, em geral, funcionavam com o intuito de manter sua organização”. Assim, os primeiros trabalhos concentraram-se na correção de desvios, a retroalimentação negativa, buscando manter a homeostase do sistema.
Nessa mesma linha de raciocínio Grandesso (2009, p. 6) enfatiza que:

se surgia um sintoma num de seus membros, isso era compreendido como uma tentativa de manter a homeostase do sistema familiar diante de dificuldades da família em manejar pressões oriundas de fatores externos ou das demandas de mudanças próprias das transições o seu ciclo evolutivo.

Pode-se dizer, que a 1º Cibernética tinha o interesse pela estabilidade, pela estrutura, entendendo que os sistemas funcionam como uma meta, um propósito que equivale a um equilíbrio. Os terapeutas da 1º Cibernética são mais diretivos, pois planejavam ativamente suas estratégias e ações. Tinham como objetivo aplicar técnicas para eliminação do problema ou sintoma da família dedicava-se a entender os padrões de relação da família que mantinham ou alimentavam o sintoma. O que tinha importância então era a função do problema e não o comportamento em si(FILOMENO, 2002).
Como enfatizavam o sintoma, para em seguida “quebrá-lo”, a terapia de família tornou-se um tratamento eficiente e breve, porém teve suas consequências, pois ao passar algum tempo do tratamento, muitas famílias voltavam a fazer sintomas em busca da sua homeostase.
Para a 2º Cibernética a compreensão que se tinha sobre a família e seu funcionamento ganhou um novo contexto para se pensar teoricamente os problemas e as possibilidades de intervenção, ou seja, o conceito de retroalimentação positiva. Ao contrário da 1º Cibernética, que se buscava a morfogênese, que se constitui pela construção de novas formas de funcionamento pela mudança na organização sistêmica (GRANDESSO, 2009). O sintoma então, não é mais visto como um mecanismo homeostático, que impede a família de mudar ou de reverter uma crise, mas apresenta-se como alternativa amplificada.
Para Filomeno (2002) o sistema na 2º Cibernética pode adquirir, ao longo do tempo, seus próprios recursos para realizar suas devidas mudanças, tendo sua própria capacidade de auto-organização. A crise, agora é vista como parte do processo de mudança, e o sintoma como surgido no meio dela. Assim, o interesse dos terapeutas não era mais a modificação do comportamento dentro do sistema e sim os processos de construção da realidade e identidade familiar e para os significados gerados no sistema.
Segundo Grandesso (2000), na Cibernética de2º ordem, dá ênfase ao conceito de auto-referência, ou seja, a ideia de que o observador está inserido na observação que realiza, pois aquele que descreve suas observações descreve a respeito de si. Assim, tudo que um observador pudesse dizer sobre um sistema estaria de alguma forma relacionado com suas propriedades enquanto observador.
Não é o sistema que determina o problema, mas o problema que determina o sistema, assim o terapeuta torna-se um participante ativo da transformação do sistema. O terapeuta trata de criar um espaço para a conversação, fazendo com que o sistema desenvolva novas perspectivas que não trazem em si o comportamento sintomático. As intervenções são feitas através de perguntas conversacionais, reflexivas e circulares (FILOMENO, 2002).
Agora o terapeuta, deixa de ser um sistema observado e passar a ser um sistema observante, na qual ele atua como um coparticipante, fazendo com que a própria família promova mudanças.
Em seguida, podemos ver um quadro comparativo (Figura 1) entre a Cibernética de 1º ordem e a Cibernética de 2º ordem:

CIBERNÉTICA DE 1º ORDEM
CIBERNÉTICA DE 2º ORDEM
O “dado” (p.ex. uma doença) é visto como algo em si próprio.
O “dado” (p.ex. uma doença) é visto como parte de e relacionado a um contexto mutável.
Um profissional trabalha com (trade de) o “dado” (p.ex. uma doença).
Um profissional trabalha com a compreensão que a pessoa tem do“dado” (p.ex. uma doença).
Uma pessoa descobre o “dado” (p.ex. uma doença) como ele é. O “dado” tem somente uma versão.
Uma pessoa cria uma compreensão do que é “dado”, que é apenas uma de suas muitas possíveis versões.
Uma mudança pessoal pode vir de fora; portanto é previsível.
Uma mudança pessoal evolui espontaneamente de dentro e a pessoa nunca pode saber qual será como será ou quando acontecerá.
Figura 1


2.4 ABORDAGENS DA TERAPIA SISTÊMICA


Dentro do pensamento sistêmico, existem diferentes formas de intervir durante o processo de psicoterapia, as abordagens Comunicacional, Estrutural, Estratégica, o Grupo de Milão e a Equipe Reflexiva, variam na maneira de observar o problema da família, embora partam da mesma base epistemológica. Tais abordagens serão enfatizadas durante o decorrer do presente relatório.


2.4.1 Abordagem Comunicacional


Essa abordagem foi elaborada com base em pesquisas desenvolvidas por Watzlawick, Beavin e Jackson em 1967, sendo esta uma dimensão fundamental dentro das teorias sistêmicas. Para Tosin (2005) a comunicação humana, aponta os padrões de comunicação como definidores dos relacionamentos. A partir disso, as pessoas constantemente enviam e recebem mensagens, sejam elas de formas verbais ou não verbais, modificando assim uma as outras.
Piszezman (1999) enfatiza que a teoria comunicacional se dá a partir de cinco axiomas, sendo eles:
1) Oindivíduo não consegue não se comunicar: todo tipo de comportamento é uma comunicação, ou seja, não existe um não comportamento. Podemos nos comunicar de diversas maneiras, usar as suas várias funções, mudar o sentido, manipular a informação, porém o que não podemos é evitar a comunicação, mesmo quando evitamos a comunicação, estamos comunicando que não queremos nos comunicar.
2) Toda comunicação tem um conteúdo e um aspecto relacional. O aspecto relacional caracteriza a forma e é uma meta comunicação: esse axioma implica que ao mesmo tempo em que transmitimos uma informação, impomos um comportamento, botando em manifesto a existência de vários níveis da comunicação.
3) A natureza da relação diz respeito à pontuação das sequências entre os comunicantes: a pontuação de sequências de eventos diz respeito à interação entre os comunicantes. Põe em evidência que tanto os atos comunicativos como os interativos são fenômenos globais, inevitáveis e contínuos, porém o receptor só pode utilizar uma parte dessa comunicação na forma de sequência discreta de mensagens.
4) Os seres humanos se comunicam pelas formas digital e analógica: a linguagem analógica guarda uma estreita relação entre o símbolo e a coisa simbolizada. A comunicação analógica seria, então, virtualmente, toda comunicação não verbal. Já a linguagem digital apresenta uma sintaxe altamente complexa e lógica poderosa, mais falha semanticamente nocampo das relações. Sendo assim, a comunicação analógica mais adequada ao nível da relação e a digital (verbal) mais adequada ao nível do conteúdo.
5) Qualquer comunicação pode ser simétrica ou complementar dependendo de ser baseada na igualdade ou na diferença: tanto os grupos humanos em interação como as pessoas no seio de uma família tendem a se comportar, de um modo semelhante ou diferente. Sendo a noção de complementaridade intuitiva, do mesmo que o comportamento semelhante pode ser entendido como simétrico.
A família nessa abordagem é concebida como um sistema constituído por regras que quando quebrados por algum motivo entram em ação meta regras para reestabelecer a homeostase. A partir disso, o terapeuta irá alterar formas já existentes na comunicação do sistema, que consequentemente haverá uma reorganização da comunicação entre seus membros.


2.4.2 Abordagem Estrutural


Minuchin (1974, apud Machado 2012) é o principal teórico da Escola Estrutural, na qual enfatiza que a família é um sistema que se define em função dos limites de uma organização hierárquica. Essa abordagem possui uma concepção e prática adaptadas a pacientes e a um método particular, de onde emerge um conjunto de conhecimentos equacionados e organizados com a preocupação de serem transmitidos (MACHADO, 2012).
Costa (2010) enfatiza que a Escola Estrutural valoriza a estrutura do sistema, mapeando fronteiras,regras, direção da funcionalidade familiar, padrão de organização das interações, repetições de comportamentos, coalizões, dinâmica de interação. Dando assim, grande importância para os subsistemas, na qual são grupos de fronteiras internas.
Minuchin (1982), diz que a função das fronteiras é de proteger a diferenciação do sistema, já que cada subsistema tem funções especifica. Para o funcionamento apropriado da família, ele enfatiza que as fronteiras dos subsistemas devem ser nítidas, para que cada membro da família desempenhe sua função. A partir disso, a terapia estrutural busca mudar o comportamento dos membros da família para abrir padrões alternativos de interação, capazes de modificar as estruturas familiares. Quando novos padrões transacionais se tornam regulamente repetitivos e efetivos, estabilizam a estrutura nova e mais funcional.
Para Piszezman (1999), os problemas estruturais são mantidos pelas interações que ocorrem dentro do sistema e que frequentemente emergem quando a família se defronta com um importante estágio de transição que requer organização. Sendo assim, uma abordagem naturalista no sentido de que tende a ver como essencial que o terapeuta, ao praticar o diagnóstico e a intervenção, tenha em vista o ecossistema no qual o problema existe.
Nessa mesma linha de raciocínio Carneiro (1996, p. 3) enfatiza que:

o terapeuta deve ajudar na transformação do sistemafamiliar, e para isso ele se une à família desempenhando o papel de líder, identifica e avalia a estrutura familiar, e cria circunstâncias que permitam a transformação da estrutura. As mudanças terapêuticas são alcançadas através das operações reestruturadoras, tais como: a delimitação de fronteiras, a distribuição de tarefas, e escalonamento do stress e a utilização dos sintomas.

Compete assim, ao terapeuta compreender a família, examinar e experimenta em ação na sessão, investigando o que ela pode ou não produzir. O diagnóstico é baseado na maneira de como os membros do sistema respondem as perguntas, como estabelecem regras e nas informações obtidas dos problemas apresentados.
A terapia estrutural é uma terapia de ação, na qual o sintoma é visto como um recurso do sistema para manter uma determinada estrutura, sendo o objetivo mudar o funcionamento dos subsistemas alterando as fronteiras e as hierarquias no interior da família.


2.4.3 Abordagem Estratégica


O principal teórico que esta a frente da Abordagem Estratégica é Jay Haley, na qual caracteriza o sistema familiar como uma constante luta de poder. Haley utiliza o termo “estratégico” para descrever qualquer terapia em que o terapeuta participa ativamente com intervenções para a solução dos problemas (CARNEIRO, 1996).
Para Machado (2012) a comunicação é de extrema importância dentro dessa abordagem, juntamente com os efeitos queos seus paradoxos exercem sobre o comportamento. Diante disso é o terapeuta que define os objetivos que incluem a resolução dos problemas apresentados no sistema, sendo considerado um “agente de mudança e responsável pela promoção da estratégia planificada com vista à resolução do problema” (RELVAS, 1999 apud MACHADO 2012).
Podendo ser considerada mais uma prática do que uma teoria propriamente dita, postulando assim que os sistemas estão em permanente mudança e é nela que se centra a gênese dos problemas. Uma vez que os problemas são vistos como dificuldades interacionais que se desenvolvem através da superênfase ou da subênfase nas dificuldades de viver, sendo assim a solução de problemas requer a substituição dos padrões interacionais.
A Terapia Familiar Estratégica está ligada ao MRI, na qual compreendia a família como um sistema em evolução, baseando-se na Teoria Geral dos Sistemas, pois o MRI centralizava-se no comportamento, mesmo não sendo a condição mais significativa dessa abordagem. Sendo o foco centrado no problema e na diretividade, uma vez que o problema pertence à família e não ao paciente identificado (PISZEZMAN, 1999).
Sendo assim, o principal objetivo dessa abordagem é modificar os padrões de comportamentos do sistema, trabalham – se as interações e evitam-se os porquês. Isso se dá a partir da indução de uma crise, de modo que todo o sistema tenha que se reorganizar. Otratamento não será bem sucedido se não houver mudança benéfica no problema apresentado.


2.4.4 Grupo de Milão


Entre os vários teóricos do Grupo de Milão, estão Mara Selvini Palazzoli, Gianfranco Cecchin, Luigi Boscolo e Giulana Prata (CARNEIRO, 1996), sendo que esses autores foram além das escolas iniciais e propuseram conceitos que inovaram e formaram diretrizes teóricas - metodológicas de grande abrangência sobre os terapeutas de todas as épocas e orientações teóricas, sendo: o questionamento circular, conotação positiva e elaboração de hipóteses (COSTA, 2010 apud CARNEIRO, 1996).
Este tipo de intervenção inicia-se com uma entrevista inicial para que possamos obter informações referentes à sistemática da família, que irão confirmar ou não hipóteses formuladas nas reuniões preparatórias antes do atendimento. Envolve-se toda a família, para que se possam produzir novas descobertas e aproximar padrões que acabam por conectar pessoas, ações, eventos, crenças, etc, com o objetivo de relacionar sintoma e sistema (TOMM, 1985).
Para Asen e Tomson, et al (2012) o Grupo de Milão focou-se nos padrões de família que se desenvolveram ao longo de gerações e são tão fortes que organizam a vida da família no presente. Exemplo disso é os jovens adultos, na qual apresentam transtornos psicóticos e os pais em pé de guerra, com consequência desqualificando um ao outro de forma constante. Desqualificaçãoesta que muitas vezes está ligada a estilos de interações “herdados” das respectivas famílias de origens.

uma desqualificação é uma comunicação que é afirmada em um nível enquanto está sendo desmentida em outro nível: “é claro que você deve fazer o que acha certo que é certo”, dito em um tom de voz muito irritado pode ser um primeiro passo em uma desqualificação mútua. Se o membro de uma família está desqualificando a sua própria mensagem e a dos outros, será fácil para os demais retribuir (ASEN e Tomson, et al 2012, pág, 66)

Sendo assim, a equipe de Milão especializou-se no tratamento dessas famílias aparentemente irritáveis, elaborando intervenções que de fato levaram em conta as tentativas antecipadas da família de desqualificar a terapia. O objetivo era recomendar a família para “nada de mudanças”, com a esperança de que o sistema iria resistir a esse comando e fazer o oposto, “mudar”, porém prescrições paradoxais estavam em “moda” nos anos 80, mas hoje são raramente usadas (ASEN e TOMSON, et al, 2012).
Estão dentro dos princípios terapêuticos dessa abordagem a conotação positiva e o questionamento circular. A conotação positiva permite ao terapeuta o acesso ao sistema familiar, sendo que a total aceitação do sistema familiar capacita o terapeuta a ser aceito dentro do sistema, uma etapa necessária para mudar o jogo por meio do paradoxo (PIZEZMAN, 1999). Dessa forma, a conotaçãopositiva permite que o terapeuta ao reforçar o comportamento que a princípio esta fora do padrão, para compreensão da família, fazendo com que a família possa perceber a importância deste na manutenção no sistema e no seu equilíbrio. Permitindo assim, a família a aceitar mudanças existentes, tendo a possibilidade de escolher o que será melhor e mais útil para os membros do sistema.
Já o questionamento circular para Boscolo, Penn e Cecchin (1993) consiste em perguntas que permite compreender os elos existentes na família e explorar novos questionamentos sobre os membros. Sendo uma ideia onde algumas perguntas podem assumir uma forma mais impactante ou ter um caráter mais interventivo dentro do contexto relacional da terapia, em um processo de co-construção com a família. Perguntas estas, que podem ser circulares e reflexivas, na qual interligam os fatos e os membros do sistema, ampliando a capacidade de refletir sobre si, sobre os outros, sobre o presente, o passado e o futuro.
Nessa mesma linha de pensamento, nos ideais das Terapias Narrativas a Equipe Reflexiva surge com suas técnicas, levando o sistema a um processo reflexivo, sendo o atendimento realizado por uma equipe, sendo que parte da equipe interage diretamente com a família, na condução da sessão, enquanto outra parte observa, fora do campo terapêutico.


2.4.5 Equipe Reflexiva


O grupo reflexivo se constitui por um espaço onde osparticipantes permitem incluir seus sentimentos, subjetividades, ideias e percepções criando um sistema grupal de convivência e reflexão sobre diversos temas que regem o sistema ou sobre o tema que aparece com mais frequência durante as sessões.
Segundo Andersen (1998 apud Beiras 2008) a proposta reflexiva consiste na formação de uma equipe de observadores no grupo ou num atendimento de terapia familiar, que em determinado momentos é chamado a refletir e apontar suas percepções quanto ao que é observado na sessão. Após a fala da equipe a pessoa ou a família é convidada a falar sobre o que pensaram ao ouvir a equipe. Permitindo assim um processo de transição, na qual Andersen denomina de “conversas internas e externas”, que segundo ele, o processo reforça algo que já estamos familiarizados, mas que ainda não está organizado dentro do sistema. Sendo que o trabalho na equipe reflexiva é constantemente alvo de perguntas internas sobre como se comportar e o que falar.
Nessa mesma linha de raciocínio Andersen (1991, apud Werneck Filho, 2012) complementa:
as perguntas que se tornam saudáveis e construtivas são as perguntas adequadamente incomuns. Perguntas óbvias não nos fariam sair do lugar, perguntas agressivas e estranhas demais poderiam fazer com que a família se retesasse em um lugar resistência à mudança. As perguntas adequadamente incomuns são ao mesmo tempo intrigantes e sedutoras, fazendocom que o paciente se sinta motivado a responder e a sair do lugar onde havia fincando os pés.

Para Asen e Tomson, et al (2012) a Equipe Reflexiva faz com que as pessoas tornam-se participantes ativos, em vez de receptores passivos dos pensamentos e formulações dos profissionais. Convidando-nos a pensar com mais cuidado sobre como construímos histórias sobre as pessoas que cuidamos.
Sendo assim, essa proposta de trabalho faz com que se compartilhem experiências comuns em situações semelhantes, de forma que os participantes possam desenvolver alternativas saudáveis e pacíficas para trabalhar as diferenças e os conflitos vivenciados em seu cotidiano.
Eis, que surge então a Abordagem Construtivista, que visa ser um espaço aberto para uma “conversa”, um convite à reflexão sobre os padrões que se estabelecem na vida do paciente ou da família, sobre os sentidos que estes dão às crises que enfrentam ao mundo em que vivem e às relações que se estabelecem entre eles e os outros.


2.4.6 Abordagem Construtivista


A fase mais recente da terapia sistêmica foi influenciada pela Abordagem Construtivista. Na qual se baseia na consciência de que a “realidade” que os terapeutas observam é “inventada”, e as percepções são moldadas pelas culturas dos próprios terapeutas, devido suas concepções implícitas, além de suas crenças e pela linguagem que usam para descrever as coisas. Sendo assim, opressuposto dessa abordagem é de que os indivíduos reagem a um mundo não tal como ele na sua objetividade, mas sim conforme ele é percebido, sendo, todo o conhecimento auto-referente.
É impossível, nessa perspectiva, referirmo-nos a uma situação da qual participamos sem que nossas descrições sejam influenciadas por nossas qualidades pessoais, surgi assim o conceito de auto-referência, assumindo que qualquer observador inclui a si mesmo nas observações que faz (FILOMENO, 2002).
Em outras palavras, o construtivismo postula que os processos psicológicos de um paciente são sociais e somente podem ser compreendidos se forem contextualizados e entendidos ao meio e das relações em que o paciente está inserido. Um exemplo seria o significado que uma pessoa dá a uma experiência por que passou não se origina dentro dela, pelo contrário, é resultante da interação social que acontece entre ela e outra pessoa.
Para Grandesso (2000) a prática clínica construtivista busca o processo de construção de um significado não nos funcionamentos psicológicos intrínsecos de um paciente, mas sim na relação que se constrói entre o paciente e se mundo relacional. Enquanto grande parte dos modelos tradicionais de práticas psicoterapêuticas diria que o problema é resultante de conflitos internos ou intra-psiquícos inerentes ao paciente, tendo sua origem no próprio indivíduo, essa proposta tem como objetivo o olhar sobre asrelações e práticas discursivas que se dão em todo o contexto do paciente.
O terapeuta está interessado não mais no comportamento a ser modificado, mas sim no processo de construção da realidade da família e nos significados gerados pela mesma. Questionando, portanto, o poder do terapeuta na terapia de família e as intervenções terapêuticas diretivas, na qual a interação e ação do terapeuta pretende explorar as construções onde surgem os sintomas (CARNEIRO, 1996). Sempre levando em conta os três princípios indispensáveis para ser trabalhar nessa abordagem que são: a formulação de uma hipótese (que deve ser testada ao longo da sessão, incluindo todos os membros do sistema e fornecer uma conjetura que explique a função da relação), a circularidade (é a capacidade do terapeuta de conduzir a sessão baseando-se nos feedbacks recebidos da família em relação à informação solicitada) e a neutralidade (na qual o terapeuta tentar neutralizar qualquer tentativa de coalizão ou sedução de qualquer membro da família).
Ou seja, nessa perspectiva a família possui seus próprios recursos para a mudança, o terapeuta vai trabalhar então a mobilização desses recursos. Através de perguntas, vai tentar ampliar a história de origem da família, incorporando informações antes periféricas a esse discurso.


2.5 TÉCNICAS UTILIZADAS


A Terapia Sistêmica tem seu foco nas relações, compreendendo o indivíduo integrado aoseu contexto familiar e sociocultural, realçando a complementaridade existente entre os seres humanos. Por praticar uma abordagem relacional, o terapeuta sistêmico interage com o paciente (família, casal ou individual) numa postura de proximidade e sintoma. Desde modo, experimentar as emoções distintas durante cada atendimento, e é essencial que o paciente tenha consciência de si mesmo e de como sua historia pessoal e familiar interfere em seu modo de entender a realidade e relacionar-se com ela.
A partir disso, dentro da Abordagem Sistêmica, temos um suporte teórico que descreve inúmeras possibilidades de técnicas a serem aplicadas, sendo técnicas que devem corresponder ao ciclo vital de cada paciente, família ou casal, que estão enfrentando no momento. Tendo como objetivo de apoiar a mudança diante do sintoma apresentado.
Abaixo, serão descritas as principais técnicas utilizadas até então, em meus atendimentos.
Nos atendimentos de família, feitos em dupla, formamos a Equipe de Milão, tendo sempre supervisões ao vivo, este tipo de técnica consiste em discutir a sessão em cinco etapas, que de acordo com Boscolo, Penn e Cecchin (1994) se dividem em:
Pré-sessão: os terapeutas levantam hipóteses, que podem ser levantadas durante a sessão, no primeiro contato por telefone ou no processo de triagem.
Sessão: se faz uma conversa com a família, a partir do questionamento circular, que irãoconfirmar ou refutar as hipóteses antes levantadas. É o momento que o terapeuta envolve toda a família, questionamento as diferenças existente entre sues membros e ampliando a visão do sistema de valores da família.
Discussão: momento em que se discute a hipótese e qual intervenção o terapeuta deve fazer.
Intervenção: trabalha-se com a conotação positiva, técnica na qual o terapeuta devolve o comportamento sintomático do paciente dando-lhe um sentido positivo para a manutenção do sistema, tornado o sintoma lógico para a família. Trabalha-se também algum ritual da família, que consiste no objetivo de mostrar ao paciente o que ele está fazendo.
Pós-sessão: os terapeutas fazem a avaliação da sessão, com o objetivo de interferir na homeostase familiar, ou seja, interferir na tendência do sistema a manter seu padrão de funcionamento, ampliando a percepção do sintoma.
Sendo feito também, o uso da Equipe Reflexiva, composta em média por quinze alunos, de nona e décima fase do curso de Psicologia. Esses alunos permaneciam na sala de observação com o espelho unidirecional, sendo que a família deve sempre ter conhecimento e concordar com este formato de atendimento. Segundo Andersen (1998 apud Beiras 2008) a proposta reflexiva consiste na formação de uma equipe de observadores no grupo ou num atendimento de terapia familiar, que em determinado momentos é chamado a refletir e apontar suas percepções quantoao que é observado na sessão. Após a fala da equipe a pessoa ou a família é convidada a falar sobre o que pensaram ao ouvir a equipe.
Ao final da sessão as terapeutas se juntam com a Equipe Reflexiva, para discutirem novas informações obtidas durante a sessão, para chegar a uma conclusão sobre as hipóteses levantadas até então. Esta prática tem como objetivo de conhecer e modificar o sistema familiar de tal maneira que fique desorganizado (alteração da homeostase) para organizá-lo diante das novas informações introduzidas pela equipe terapêutica (BOSCOLO, 1993).
Nos atendimentos individuais com a paciente A.L foram utilizadas técnicas tais como:
Prescrição do sintoma: é uma técnica aplicada como preparação para a intervenção paradoxal objetivando uma mudança futura, sendo que o paciente pede ao paciente que mantenha o sintoma por mais algum tempo até que se encontre uma meio de demovê-lo (PISZEZMAN, 1999).
Conotação positiva: é uma técnica, onde o terapeuta conota positivamente o sintoma, de forma verbal, dando uma diretiva de não mudança, porém no nível não verbal há a proposta de mudança, demonstrando que o comportamento é motivado pela tendência homeostática, ou seja, para manter o padrão familiar (PISZEZMAN, 1999).
Reenquadramento: constitui em uma técnica comunicacional com o objetivo de introduzir mudanças no quadro compreensivo de um determinado problema, permitindo a produção dealteração no mapa cognitivo interno dos integrantes do sistema (PISZEZMAN, 1999).
Tarefa: tem como objetivo fazer com que as pessoas se comportem diferentemente e, como resultado, tenham experiências diferentes, sendo que o terapeuta sugere uma tarefa ao seu paciente, que deve corresponder a um comportamento que não costuma fazer parte do seu repertorio do seu cotidiano, com o intuito de ampliar as possibilidades de novos comportamentos (MINUCHIN, 1982).
Porém, para essas técnicas terem suas eficácias, devemos expressar perguntas que possam auxiliar na aplicação de qualquer técnica. Sendo quatro, as principais formas de questionamentos utilizadas. Que de acordo com TOMM (1988) se dividem em:
Perguntas lineares: estas são feitas para orientar o terapeuta sobre a situação do paciente e são baseadas em suposições lineares sobre a natureza dos fenômenos mentais. Tendo como objetivo, de serem perguntas investigadoras. Com esse método de investigação, o terapeuta tende a adotar uma postura reducionista na tentativa de determinar a causa especifica do problema.
Perguntas circulares: também são feitas para orientar o terapeuta sobre a situação do cliente, mas são baseadas em suposições circulares sobre a natureza dos fenômenos mentais. A intenção netas perguntas é exploratória. O terapeuta comporta-se mais como um explorador, pesquisador ou cientistas que está prestes a fazer uma nova descoberta.Perguntas são feitas para aproximar os padrões que conectam pessoas, objetos, ações etc. Essas perguntas buscam revelar padrões que conectam percepções e eventos. Elas tendem a se mais naturais e aceitáveis. As respostas que evocam dos membros da família são menos propensas a serem julgadoras.
Perguntas estratégicas: são feitas para influenciar o cliente ou família de maneira específica e são baseadas em suposições lineares sobre a natureza do processo terapêutico. A intenção nessas perguntas é corretiva. O terapeuta comporta-se como um professor, instrutor ou juiz, contando aos membros da família como erraram e como devem comportar-se. Com base em hipóteses formuladas sobre a dinâmica familiar o terapeuta chega à conclusão de que algo está errado, e através de perguntas estratégicas tenta conseguir que a família mude que pense ou comporta-se do modo que o terapeuta pensa que seja mais correto.
Perguntas reflexivas: são perguntas que pretendem influenciar o cliente ou família de forma indireta ou geral, e são baseadas em suposições circulares sobre a natureza do processo que está ocorrendo no sistema terapêutico. A intenção é facilitadora. O terapeuta comporta-se mais como um guia ou técnico esportivo encorajando os membros da família a mobilizar seus próprios recursos para resolver problemas. O terapeuta empenha-se em interagir de forma a abrir espaço para a família ver novas possibilidades eevoluir mais livremente em sua harmonia própria. Essas perguntas são reflexivas, porque são formuladas para forçar os membros da família a refletir sobre as implicações de suas percepções e ações correntes e para considerar novas opções.
Sendo que a técnica mais utilizada até o momento, são as hipóteses, ou seja, investigações que são feitas para confirmar ou refutar por meio da observação dos níveis comportamental, emocional e ideativo. Estes nos encaminham para o atendimento dos padrões familiares (PAPP, 1992)













3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS


Todo o trabalho realizado até o momento e que teve continuidade até o fim do ano letivo foi desenvolvido, na Clínica de Serviço em Psicologia Aplicada da Universidade Estácio de Sá de Santa Catarina (Clínica Escola).
O estágio em Psicologia Clínica I teve início no primeiro semestre de 2013. Sendo que as supervisões aconteceram no primeiro semestre de 2013/1 todas às terças-feiras das 17h20min às 18h50min, em grupo. E no segundo semestre 2013/2 aconteceu às terças-feiras das 15h20min às 17h00min. No primeiro momento de estágio foi feita a revisão teórica da Psicologia Sistêmica, sendo nos apresentado todo o material burocrático que é necessário para a realização das triagens/atendimento e o funcionamento que rege a clínica. Sendo que foram apresentados, as novas estagiárias os casos que ainda estão em atendimento e quais aindadeveram dá continuidade.
E além das discussões dos casos durante as supervisões, o mesmo é levado para a disciplina de Estágio em Psicologia Clínica II, como de fato já acontecia em Clínica I, na qual tivemos a oportunidade de entrar em contato com as outras vertentes e abordagens que permeiam a psicologia, porém sempre levando em conta à ética e o sigilo profissional perante a profissão.


3.1 TRIAGENS 2013/1


No primeiro semestre de 2013/1 conduzi nove triagens. Sendo elas:
O paciente identificado era J. (criança, 4 anos). Sendo que a mãe trouxe como queixa que o menino estava tendo comportamentos estranhos (falava coisas absurdas, como matar, morrer e se batia sozinho) durante os três meses que os pais ficaram separados. Mas, com a volta do relacionamento as coisas voltaram ao normal. Ao decorrer da triagem, a mãe relatou que o marido já havia tido outro relacionamento com quem já tinha tido outros dois filhos e que prestava mais assistência a eles, do que a família atual. Disse que o casamento não era mais o mesmo e que gostaria de fazer o atendimento em beneficio do filho. Na orientação foi decidido que o melhor a se fazer naquele momento era terapia de casal, porém a mãe não compareceu a nenhuma das três tentativas de entrevista de devolução.
A segunda triagem foi feita com a mãe de A. e A. (irmãos gêmeos, 6 anos). Trouxe a queixa que os filhos são agitados, que há disputa entreeles (por atenção e de quem fala primeiro), brigam de socos e que já foi chamada na escola por essa situação. A mãe relata que muitas das vezes não consegue ter o controle não sabendo o que fazer. Ela é separada desde que os meninos eram recém-nascidos e que os mesmos foram criados por ela e por uma tia, na qual chamam de mãe também. Na orientação, foi discutido que o melhor encaminhamento desse caso, foi de que a mãe fizesse o atendimento individual para que fosse trabalho questões como fronteiras, hierarquias e poderes dentro desse sistema. A mãe disse que só poderia fazer o atendimento a cada quinze dias, devido ao trabalho, porém não foi aceito pela orientadora, pois nesse momento o certo seria fazer semanalmente.
A paciente nesse caso foi M.A (adolescente, 14 anos). A triagem foi feita com a mãe, que relatou a dificuldade de aprendizagem da adolescente que atualmente cursa a 6º série do ensino fundamental. Foi diagnosticada aos 7 anos com sintomas de Déficit de Atenção e Hiperatividade e há um ano como portadora de TOC (apenas por tomar banho por mais de uma hora) tomando medicamentos controlados como sertralina e imipramina. Porém, o objetivo da mãe do atendimento para com a filha, era de conseguir um laudo psicológico solicitado pela escola para comprovar o real “problema” da filha, para que a mesma pudesse dar continuidade nos estudos dentro da instituição. A P.I foi encaminhada para umestagiário de neuropsicologia, sendo que os testes foram aplicados e o laudo feito.
A quarta triagem foi feita com a mãe de E. (criança, 4 anos). O paciente identificado é diagnosticado pela Fundação Catarinense de Educação Especial de São José com Transtorno Global de Desenvolvimento, Autismo, apresentando comprometimento nas áreas do desenvolvimento exceto na área motora. E. faz acompanhamento psiquiátrico a cada dois meses, a mãe procurou atendimento na clínica escola para um possível acompanhamento psicológico para um melhor desenvolvimento do filho. O caso foi levado à orientação, e na entrevista devolutiva foi solicitado que a mãe procurasse novamente a Fundação Catarinense, uma vez que a clínica não tem demanda e nem condições para fazer esse tipo de atendimento.
O pai de C. (criança, 4 anos), procurou a clínica com a queixa de que seu filho ainda não falava e de que o mesmo é muito agitado, na qual puxa orelhas e beliscas os animais e pessoas. C. começou a andar com 1 ano e 6 meses, e até então mostrar comportamentos isolados, falando sozinho fazendo com que ninguém entenda ao certo sua fala. Já procurou diversos profissionais da área da saúde, porém nenhum deles diagnosticou o caso de C. Sendo assim, foi solicitado que na entrevista de triagem devolutiva comparecessem o pai, a mãe e o filho. A devolutiva foi comandada pela orientadora, enquanto ela direcionava o caso junto aos pais,eu quanto estagiária tentei interagir com C. brincando de pintar e com outros brinquedos presentes. Podemos perceber, que C. apresentada condições auditivas dentro do normal, respondendo a todos os estímulos e quando contrariado ou nervoso apresentou movimentos de levantar os braços pressionando-os para trás juntamente com movimentos de mordidas com a boca. Neste caso a orientadora encaminhou os pais, para Fundação Catarinense de Educação Especial, pois não sabíamos qual era a demanda especifica do paciente identificado.
J. (mulher, 51 nos), foi entrevistada para ver se tinha interesse de participar do grupo terapêutico, uma proposta nova da orientadora juntamente com as estagiárias. J. apresentou como queixa que seu casamento não é mais o mesmo, depois que descobriu a senha do facebook do marido tendo acesso a conversas dele com outras mulheres. Segundo ela, as conversas não tinham nada demais e que tudo passava de fantasia da cabeça dele, porém a desconfiança permanece, prejudicando a si mesma e a comunicação da família. Aceitou a participar do grupo, porém ainda não compareceu a nenhum dos encontros.
T. (mulher, 72), também foi triada para participar do grupo terapêutico. Separada há mais de trinta anos, na qual o motivo foi de que seu ex-marido disse que ia sair para fazer uma cirurgia e não voltou mais, pois estava devendo a vários bancos e pessoas no anterior da cidade de Minas Gerais.Professora aposentada veio para Florianópolis, pois uma de suas filhas foi transferida para trabalhar na região. Sua queixa principal é de que é muito ansiosa, na gosta de chegar atrasada, quando tem compromisso já se preparada para o dia seguinte. Sente uma grande necessidade de ouvir, segundo ela fala muito e não dá espaço para que o outro fale. T. até hoje não aceita o fim do casamento, diz que a qualquer hora o ex-marido pode voltar e seu desejo era de que as filhas não casassem e sim de que virasse freiras.
V. (criança, 7 anos) compareceu a primeira triagem acompanhado de sua avó materna, sua mãe não pode vir, pois esta grávida de 7 meses e em situação de risco. Sendo que no primeiro contato por telefone foi pedido que V. não comparecesse. Moram em 13 pessoas em uma casa, onde só tem três cômodos. O pai de V. mora em outra cidade e não tem contato com o filho, não prestando nenhuma assistência ao mesmo. Enquanto conversava com a avó, V. ficou sentando brincando de pintar e com outros animais de brinquedo que estavam dispostos naquele momento. A família de V. procurou a clínica escola, pela queixa de que o menino sofreu abuso sexual há mais de um ano. Aconteceu quando estava brincando na rua e dois colegas de 13 e 14 anos convidou ele e outros meninos presentes para irem brincar em um barracão. Descobriram esse fato, pois um dos irmãos de V. estava presente na cena e contou para outrocolega, sendo que este contou para diretora, que entrou em contato com a família imediatamente. Ao saber do ocorrido procuraram ajuda policial, na qual V. só contou sobre o fato para a psicóloga do fórum, sendo que esse processo ainda se encontra em aberto sem nenhuma punição aos agressores. O caso foi levado à orientação, na qual pretendemos levar adiante, mais que outra estagiária da mesma linha teórica levasse a diante, devido ao horário, pelo fato de estudar a tarde e que somente poderia seguir o atendimento na parte da manhã. Houve em média quatro sessões, porém o caso foi encerrado devido a faltas constantes.


3.2 ATENDIMENTOS


Os casos abaixo descritos seguem o modelo proposto por Piszezzman (1999) para compreensão do que está acontecendo com o sistema familiar. Exceto o caso I. (caso atendimento por estagiárias de 2012), na qual se tinha o objetivo de dar continuidade em 2013, porém devido à quantidade de faltas constantes houve o cancelamento do mesmo. O caso se encontra descrito no modelo de Piszezzman (1999), no relatório dessas ex-alunas. Neste caso, será somente apresentando apenas o seguimento e as informações que conseguir colher.


3.2.1 CASO A.L

I. Histórico

A família é composta pela mãe, E., com 42 anos, que trabalha como cabeleireira e tem seu próprio salão e pela filha A.L, com 9 anos, estudando a 4º série.
E. é separada de R., 42 anos, que é motorista de umaempresa particular, essa separação ocorreu quando A.L estava perto de completar 4 anos. R. hoje tem outro relacionamento com uma mulher mais nova, sendo que no começo do relacionamento R. morava com sua mãe e seus dois filhos do seu primeiro relacionamento J. de 23 anos e J. de 16 anos. Hoje mora na casa da atual companheira. O pai de R., falecido em 2013 também estava em seu segundo relacionamento com uma mulher cerca de quinze anos mais nova que ele.
E. já foi casada por cerca de sete anos com seu primeiro marido, quando conheceu R. separou-se, na época o mesmo também era casado. Desse relacionamento extraconjugal nasceu A.L.

1. Queixa

E. procurou atendimento na clínica escola, relatando que A.L a cerca de um ano vem apresentando sudorese, ataque cardíaco, anda ansiosa roendo as unhas da mão e do pé, dores de barriga, tontura e há pouco tempo descobriu uma alteração na tireóide. Segundo E. esses sintomas vem se apresentando devida à separação do casal, na qual A.L vem presenciando agressões físicas e verbais entre eles, sendo que a última foi em dezembro de 2012, na qual E. saiu toda machucada.
A.L diz ter contatado mais próximo, somente com a irmã mais velha, com o irmão e a avó paterna ela diz não ter contato, pois segundo ela os dois a acusam juntamente com a ex-mulher de R. de serem as culpadas pelo fim do casamento do seu pai, não tendo auxílio nenhum por parte da família deR. A.L relata ter pesadelos frequentes, na qual o abandono dos pais para com ela é o tema central das suas angústias. Tendo medo também que sua mãe não volte para buscá-la na escola.
A partir dessa demanda, foi decidido que a melhor maneira de ser trabalhar com A.L seria de forma individual, sendo que E. está em atendimento com outra estagiária da mesma abordagem terapêutica.
Trabalhando com A.L a questão da sua família paterna, mostrando a ela a sua família real para que ela possa ama-lá e ter um bom convívio com eles. E com a mãe o objetivo está sendo focado na responsabilização, fazendo com que ela perceba que está agindo de maneira errada com A.L, pois está transferindo toda sua angústia e raiva que sente pelo ex-marido de uma forma que não é a mais apropriada para a educação e sentimentos de sua filha. A mãe concordou e aceitou a terapia iniciou-se partir daí.

II. O que está acontecendo com a família

Foram realizadas 14 sessões, nas quais houve 3 faltas, duas comunicadas com antecedência e uma E. disse que esqueceu devido à presença da mãe em sua casa, uma vez que a mãe mora em uma cidade do interior e veio a passeio na casa da filha.
Mãe e filha moram em uma casa, na qual E. construiu sozinha com seu próprio dinheiro, logo após da separação do seu primeiro marido.
R. demonstra uma relação de afastamento com E.
Depois da briga que o ex-casal teve em dezembro de 2012, A.L viuseu pai pessoalmente na páscoa de 2013, na qual se encontram em um supermercado.
A.L tem uma estreita relação com a avó paterna e o irmão J., que segundo ela os dois a culpam da separação de R. do seu primeiro casamento.
A.L voltou a ver R., quando E teve uma conversa com ela, dizendo que seu pai era uma pessoa muito difícil de lidar, na qual era mais fácil serem “amigas” dele, do que inimigas. Sendo assim, A.L começou a passar finais de semanas consecutivos na casa do pai. Que segundo A.L, isso aconteceu também depois que começou a frequentar a psicoterapia na clínica escola.
A.L durante os primeiros meses de psicoterapia conseguiu resgatar um pouco da aproximidade de R. Porém com o recesso da clínica escola em julho de 2013, A.L voltou novamente com queixas em relação ao pai, ao dizer que queria ter coragem de falar certas coisas a ele e não conseguir. Isso se deu a fato, de irem a uma festa de aniversário e a atual companheira do R. falar mal de sua mãe frente a ela.
O trabalho foi novamente de resgate ao convívio com o R. ao menos aos finais de semana, o que vem acontecendo.
A.L deixa com que sua mãe, muitas vezes responda por ela. Exemplo disso é quando A.L tem vontade de sair com R. e E. não autoriza.
A.L alega não questionar a mãe, pois tem medo de magoá-la. Não tendo a consciência de quando E. a proíbe de algo que gostaria de fazer, também a deixa triste.

1. HierarquiaE. encontra-se numa posição fraternal com a filha, trocam informações de vivencias e sentimentos como duas irmãs.
A.L por vezes toma o lugar de mãe, cuidando-a e aconselhando-a.
E. aparece no papel de matriarca e colocando A.L na posição de filha, sendo a mãe responsável pelas finanças da família, organização da casa e cuidados com a filha.
No presente momento E. se encontra na hierarquia da família. Exemplo disso é quando E. decide quando A.L deve ou não ver pai.

2. Sequências de interações

A.L presenciava agressões verbais e físicas entre seus pais, na qual dizia que só iria perdoar o pai se o mesmo pedisse desculpas para a mãe. Isso não aconteceu e A.L voltou a falar com pai.
A.L enxerga a família paterna pelos olhos da mãe, se calando e se fechando perante a eles.
A.L tem pesadelos e medo de ficar sozinha, sendo assim a mãe a coloca todas as noites para dormi com ela.
Quando os sintomas de A.L se manifesta, E. coloca a culpa na separação do casal. Sendo até um tanto contraditória, alegando que escolheu o pai errado para A.L e depois dizendo que deveria ter dado mais atenção a R.
A avó paterna nunca aceitou o relacionamento de E. e R., deixando de lado também sua neta A.L.
Durante as primeiras tentativas quando A.L pedia pra dormi na casa do pai, ele dizia que iria pensar e ela ficava triste.
Agora R. que liga para A.L dizendo que vai buscá-la, a mesma dorme na casa dele eA.L fica feliz.
A.L aos poucos conseguiu equilibrar-se nesse sistema, na qual R. passa a cuidar mais da filha.
A.L quando volta da casa de R. conta detalhes do que aconteceu e reclama que a atual companheira do pai sente ciúmes dela.
E. coloca A.L no conflito entre o ex-casal e a família paterna de A.L, contribuindo para a crença da menina que ela não é aceita pela família de R.
Quando E. acha que A.L não deve ver o pai, pelo motivo da atual da companheira de R. esta junto, E. afasta A.L de R.
Quando A.L volta da casa do pai e E. percebe algum conflito entre A.L e R., E sente-se “satisfeita”, como se soubesse que algo de ruim iria acontecer, mostrando a A.L de forma negativa que R. não é um bom pai.
Quando A.L volta da casa do pai alegre, E. se entristece, e consequentemente A.L toma as dores da mãe.

3. Limites

O papel de E. é de mãe cuidadora, educadora, quanto de encarregada por trazer o dinheiro para casa.
Há uma clareza em relação aos limites, do papel de mãe e filha.
R. no início das sessões com A.L pareceu ser desligado quanto aos cuidados de A.L, não se responsabilizando pelos conflitos gerados na família. Na qual tem contato físico com A.L somente aos finais de semana levando-a para passear.
Hoje R. mostra-se mais preocupado com A.L, ligando para a filha frequentemente. E quando a A.L não o procura, R. busca ver o que está acontecendo.
E. coloca limites bem clarosentre R. e A.L, quando bem entende que a filha deve ver o pai ou não com a presença da atual companheira de R.
E. deixa claro que A.L não precisa ter contato com a família paterna, alegando que as mesmas nunca precisaram deles e nem precisaram. Decidindo mais uma vez por si só, o que ela acha que seria bom para A.L ou não.

4. Alianças

A.L e E.
Quando compartilham momentos juntas em casa e quando a mãe está de folga, cuidando-se mutuamente.
Por vezes, mantém os mesmos comportamentos.
Há uma cumplicidade e uma defende a outra.
Quando a avó paterna as culpa do fim do primeiro casamento de R.
Quando A.L responsabiliza-se pelos cuidados da mãe.
Quando E. Chora pelo sofrimento que teve aos cuidados da filha sozinha. A.L toma as dores da mãe e chora junto.

A.L e R.
Relacionam-se bem, embora o pai submete-se aos cuidados da filha somente aos finais de semana.
Quando saem para brincar juntos, como por exemplo, andar de bicicleta.
Quando R. não se mete no relacionamento entre E. e A.L. obedecendo a certas atitudes de E.
Quando R. deixa a atual companheira em casa, para passear sozinho com A.L.

5. Complementaridade

A.L voltou a procurar o pai, somente quando a mãe disse que seria melhor serem amigas dele do que inimiga.
A.L para se manter em uma posição privilegiada e competente, cobra de si mesma notas altas na escola com medo que a mãe brigue.
E. desqualifica R., pornão está presente na educação de R.
A.L para não deixar a mãe triste diz não gostar da atual mulher do pai e que a acha feia.
A.L por vezes toma o lugar de cuidadora de E., já que essa diz não ter ninguém por ela.
Quando a atual da companheira de R. fala mal de E. na frente de A.L e a mesma não gosta, não procurando mais seu pai. Pelo fato de R. não ter feito nada naquele momento.
Quando A.L não argumenta a mãe quando a mesma a proíbe de algo que A.L gostaria de fazer, ficando quieta e não manifestando suas próprias vontades.

6. Flexibilidade – Rigidez

A.L mostrou-se bastante flexível e aberta para mudanças. É colaborativa nas atividades propostas, demonstrando por vezes compreender o que está sendo discutido e proposto nas sessões em seu benefício. Podendo assim, colocar em prática as sugestões dadas.
A.L mostra-se aberta ao receber críticas, quando sua mãe toma alguma atitude errada perante a R. Como, por exemplo, de proibir A.L de ver o pai quando a companheira dele está junto.

7. Comunicação

A relação marital e os fatos ocorridos entre o ex-casal A.L fala de forma aberta.
A.L relata que a mãe descarrega suas emoções quando está com raiva do pai, depois a pede desculpas.
A.L reclama que às vezes quer ir ao parque mais sua mãe não a leva, pois, gostaria que outra pessoa também as acompanhasse.
A.L obedece à mãe, por temer que E. brigue mais ainda com ela.
A.L reclamada falta de contato com o irmão J., diz que gostaria de conversar mais com ele.
A.L diz que gostaria de ter mais coragem de falar as coisas a R., como, por exemplo, perguntar a ela porque R. não defende E. quando alguém fala mal dela.
Não há um diálogo entre A.L e E. sendo que E. decide o que acha melhor para filha. Deixando A.L ver o pai quando bem entende. A.L também não argumenta E. os motivos dessas proibições, deixando de manifestar seus desejos e vontades.

8. Ciclo Vital

A.L por vezes parece está antecipando sua infância, fala e age muitas vezes como uma pessoa adulta. Seu vocabulário não é restrito.
A mãe de A.L assume as responsabilidades dos afazeres domésticos e de colocar as coisas dentro de casa, uma vez que é as duas moram sozinhas.
E. parece ainda não aceitar o fim do seu relacionamento com R., por vezes brigando com ele por causa da sua atual companheira.

9. Coalizões

A.L rompe com sua avó paterna, devido enxergar a família paterna como os “olhos da mãe”, permitindo assim um distanciamento.
A.L também rompe com seu irmão J., por acreditar que realmente foi a culpada do fim do primeiro casamento do pai. Sentindo-se envergonhada de se aproximar do irmão.
E. briga com R. e o desvaloriza diante da filha, mantendo a resistência de afeto de A.L para com o pai.

10. Triangulações

A.L e E. ligadas em conflito com a avó paterna.
E. em conflito com R., por nãoaceitar a posição de pai irresponsável perante a educação de A.L.
A.L diz achar a atual namorada do pai feia para não deixar a mãe triste e consequentemente entra em conflita com ela.
A.L e E. ligadas quando E. acha que a filha não deve sair com R. na presença da companheira dele.

11. Tarefas

Foi indicado que A.L (1º sessão) não se “amarrasse” somente no discurso da mãe perante a família paterna.
A.L diz adorar escrever cartinhas para quem gosta e disse que gostaria de escrever para o seu pai e principalmente para o irmão. Sendo assim foi indicado (3º sessão) que ela escrevesse por vontade própria. Porém, essa tarefa ainda não foi cumprida em relação ao irmão. Porém, na décima quarta sessão A.L escreveu um cartão para o pai, para entregá-lo em uma sessão que o mesmo pudesse comparecer.
Foi indicado que A.L se aproximasse aos poucos do irmão, dizendo “oi”, “tchau”. Essa tarefa vem sendo cumprida aos poucos.
Foi indicado que quando A.L sentisse saudades ou vontade de falar com o pai que procurasse ele.
Na décima segunda sessão, foi pedido que A.L voltasse a repensar o que levou ela a fazer o processo psicoterapêutico. Pois, A.L após o recesso das férias de julho da clínica escola voltou a “comprar” o discurso da mãe, dizendo que não gostaria mais de ver seu pai, devido a uma situação que ela presenciou (a atual companheira do pai, falou mal de E. na frente de A.L). Segundo A.L, opai deveria ter tomado uma atitude para defender sua mãe. Sendo assim, foi discutido se estava sendo saudável para paciente estar novamente distante do pai.

12. O que se trabalhou com a paciente

Nas duas primeiras sessões trabalhou-se a forma de se redistribuir o sintoma para que A.L não fique na posição de paciente identificado. Sendo que na primeira sessão foi utilizado à dinâmica “O que faço e gosto, o que faço e não gosto, o que não faço e gosto e o que não gosto e não faço”, com a intenção de A.L se libertasse do discurso da mãe.
Na segunda sessão foi utilizado o jogo “quase morri de raiva”, onde foi utilizadas as cartas de “sentimento”, também com o intuito de trabalhar a dificuldade de comunição que A.L tem perante a família paterna.
Na terceira sessão foi utilizado o jogo “conversinhas”, com o intuito de conhecer um pouco mais de A.L para se trabalhada as fantasias que A.L tem de idealização de uma família perfeita.
Na quarta sessão foi utilizado o jogo “lince”, com objetivo de não ficar somente nos jogos terapêuticos. Nesta sessão foi trabalhada a forma de como A.L se expressa afetivamente com cada membro da família.
Na quinta sessão foi feito o uso da “casinha terapêutica”, com o objetivo de investigar o entendimento que A.L tem em relação ao novo relacionamento do pai.
Na sessão que se finalizou o semestre, foi pedido que A.L refletisse o que tinha acontecimento deimportante em sua vida e o que gostaria que ainda fosse mudado. Foi utilizado um desenho de uma boneca, na qual A.L escreveu em um “balão” o que de mais importante aconteceu pra ela.
Na décima sessão, A.L trouxe a queixa de que gostaria de ter mais coragem de falar as coisas para seu pai. Sendo assim nesta e na sessão seguinte trabalhou-se as narrativas da paciente em torno dessa queixa.
Na décima segunda sessão. A.L juntamente com a terapeuta fez um quadro comparativo em relação ao seu pai. Sendo que nesta atividade A.L deverias escrever: “o que mais gosto no meu pai; o que menos gosto do meu pai; o que eu gostaria de falar para o meu pai e o que eu gostaria de ouvir”. Isso se deu, devido às sessões anteriores, na qual A.L relatou sua falta de coragem em falar certas coisas ao pai, com intuito de chamá-lo para uma sessão para que a paciente pudesse falar tudo o que estava sentido.
Na décima terceira quarta, trabalhou-se a forma de como a terapeuta pudesse intervir na mediação entre A.L e R.
Trabalhou-se na décima quinta sessão com mãe e filha juntas para decidirmos em conjunto o que seria trabalhado nas sessões seguintes. Isso aconteceu, pois E. e A.L faltaram a psicoterapia por cerca de um mês e meio, devido a problemas que teriam de resolver em outra cidade. Sendo o motivo principal desse encontro o retrocesso que ocorreu com A.L, na qual voltou a roer as unhas e não ter mais contato com opai durante este período.
Na décima sexta sessão, foi abordado com A.L a questão de diferenciação para com E. Incentivando A.L a argumentar E. quando não concordasse com sua mãe.
Na décima sétima sessão, questionou-se o motivo de tamanha felicidade que A.L se encontrava naquele momento. A.L disse que estava feliz por ter passado o final de semana com R. e que o pai estava mudando e dando mais atenção à ela.

Conclusão

A.L está vivenciando uma fase, na qual consegue formar conceitos e percebe bem o que está acontecendo, tendo um julgamento mais apropriado da situação. Tende a fazer muitas perguntas e manifestar tristeza e descontentamento de maneira clara e direta.
Durante o processo psicoterápico ficou visível em A.L alguns sintomas que tiveram origens na separação, tais como ansiedade, angústia e tristeza. Tais sintomas apareceram, não devido ao casamento desfeito ou ao fato de A.L conviver com pais separados, mais sim pela falta que o pai faz a paciente. Sendo que esta ausência na vida de A.L se deu por uma separação mal feita, na qual E. de certa forma cortou vínculos de A.L com o pai, sempre a dizendo que R. não era um bom pai e que de longe atende as necessidades de A.L.
O que fica claro também, que o que vem ocasionando a estabilidade emocional de A.L, é o modo de como seus pais geraram a separação. Sendo assim, não há diálogo entre esta família, e a forma de como explicam asituação a A.L acaba por gerar mais ansiedade a mesma.
Portanto, acredito que este caso deve ter continuidade, pois o referencial a não ser perdido é em relação aos pais. Fazendo com que A.L se adapte a uma nova vida, criando vínculos com duas famílias. Permitir a A.L o convívio com pai e mãe, vai deixá-la segura, e o medo do abandono não terá espaço, fazendo com que a mesma se adapte bem as novas situações, que pode ser de frustrações ou limites. Muito ainda deve ser feito, mostrando a A.L que é imprescindível que ela se adapte com o fato de ter “duas família”, pois esta é a realidade posta: seus pais tem cada um a sua casa, e continuam sendo seus pais.
Sendo assim, a criança amada, que confia nos pais, consegue administrar bem sua nova rotina, e tem condições internas suficientes para esta adaptação, pois seu ego já está devidamente estruturado. Privar os pais ou um deles de estarem presentes no dia a dia da vida dos filhos é traçar para estes o pior dos prognósticos.


3.2.2 CASO I.


Além das triagens, fiz o primeiro atendimento dando continuidade ao caso de I. (mulher, 32 anos) e de R. (criança, 11 anos), que eram atendidos por duas ex-alunas que hoje já são formadas Cláudia e Silvia, sendo que o caso descrito de acordo com a metodologia proposta Piszezzman (1999) para compreensão do que está acontecendo com o sistema familiar, encontra-se no relatório dessas ex-estagiárias do mesmoseguimento teórico.
A queixa inicial e que ainda persiste até hoje é de que R. é diagnosticado com TDAH e que o mesmo, precisa de um acompanhamento psicológico devido ao seu baixo desempenho escolar, sendo que R. tira notas baixas e acaba atrapalhando toda a turma. I. tirou por vontade própria no começo do ano o medicamento que R. usava devido ao seu diagnóstico, relatando que o menino apresenta o mesmo comportamento de que quando tomava o remédio. R. continua na mesma escola, não havendo mudança de, pois não queria que o filho perdesse o ciclo de amigos que já tinha estabelecido. R. conta entusiasmo que está participando do projeto Guga Kuerten, vestindo todo faceiro a camisa do projeto.
Ao fazer o resgate do motivo que os fizeram procurar atendimento R. simplesmente copiou todo o discurso da mãe, dizendo que não ia bem à escola, que os professores chamam sua atenção constantemente e que há dificuldade de relacionamento com os demais colegas de sala. Comecei então a direcionar as perguntas primeiramente a R., perguntei a ela como anda essa questão hoje, ele diz que ainda continua a mesma coisa, que os colegas não querem fazer trabalhos com ele, que alguma de suas notas ainda continua baixa, nesse momento os olhos de R. se enchem de lágrimas e vai se esconder atrás de uma poltrona.
R. diz que decidiu fazer de agora em diante os trabalhos sozinhos, pois na sua visão atrapalha os demaiscolegas e se sente culpada quando é feito algum trabalho em dupla e tiram notas baixas, pois diz que só conversar e não ajudar no que deve ser feito. Porém, percebi uma grande necessidade de R. querer tirar notas altas, pois segundo ele só assim irá dar orgulho a sua mãe. E quando tira notas baixas I. grita com ele, e consequentemente chora sua mãe a conforta até a situação acontecer novamente. Segundo I. essa situação hoje está mais controlada, que agora há mais diálogo sobre os assuntos referentes à escola do que a presença dos gritos, acompanhando R. mais em suas tarefas escolares.
Ao ser argumentando sobre o que R. espera daqui para frente, o mesmo ainda enfatiza a questão escolar, relata que os colegas de sala riem da letra dele e que não querem mais fazer nenhum trabalho com ele, sendo que alguns até deixaram de falar com R. Diz com os olhos cheios de lágrimas que sua vontade era que isso mudasse.
A mesma pergunta foi feita a I. que para ela o que ainda deve ser trabalhado é a questão de seus relacionamentos. I. relata que está grávida de um mês de L.M, pai de se segundo filho e que anda sofrendo muita pressão da família para os dois se casarem. Ainda relata que não quer mais saber do seu antigo relacionamento com M., pois descobriu quem realmente ele era. Ao ser argumentada sobre seus relacionamentos, ela diz que prefere falar sem a presença de R., que segundo ela os homens de sua vidasempre fizeram o que quisessem com ele.
Durante esse encontro R. não parou um instante sentado, falava sempre andando de um lado para o outro ou escondido atrás da poltrona. Mostrou seu caderno, dizendo o quanto sua letra era feia e que os professores não entendiam nada do que escrevia sendo um dos motivos que I. também já foi chamada este ano cinco vezes pela escola para falar sobre esse assunto. Então, sugeri que I. comprasse um caderno de caligrafia para R. e que o acompanhasse mais em seus deveres de casa.
O objetivo do último encontro era que fosse dada alta para I., uma vez que as demandas trazidas anteriormente estão estabilizadas. Como por exemplo, hoje I. consegue fazer seu papel de mãe sem colocar R. como seu primeiro cuidador e sem responsabilizado por alguma coisa do sistema, colocando R. no seu papel de filho. Outra coisa que também está homeostática é a relação de I. com L.M , sendo que antes era vista como filha x pai. Hoje I. não trata mais L.M como se fosse seu pai, tendo um relacionamento mais saudável de homem e mulher. Porém, I. apresentou queixas em relação ao trabalho, questões que deveriam ser discutidas ao longo das sessões, mais pelo motivo de faltas constantes e incompatibilidade entre I. e a estagiária o atendimento foi cancelado.


3.2.3 CASO FAMÍLIA S.

I. Histórico

A família é composta por cinco integrantes. O casal A. (mãe) que é auxiliar de produção eS. (pai) que trabalha como auxiliar contábil. E seus filhos K¹. de vinte e quatro anos (sendo que no começo do processo os pais relataram que o filho não estudava, hoje isso está acontecendo); K² de dezoito anos, que apresenta dificuldades escolares e trabalha como atendente de loja e a filha mais nova H. de quatorze anos.

1. Queixa

A família chegou à clínica escola por mediação de A. com a queixa de que seu filho mais velho K¹. está envolvido com drogas e o motivo segundo A. de estarem ali, é de que a família precisa ser ajudada e auxiliada para lidar com esse filho. A família relata que o filho começou a usar drogas no começo de sua adolescência, assim que A. reatou sua vida profissional e K¹. teve que ficar cuidando dos dois irmãos menores em casa. A. se culpabiliza por isso ter acontecido e também coloca a culpa em S., dizendo que sempre foi um pai ausente e que não soube dar limites aos dois filhos homens.
Com o decorrer das sessões A. mostra abertamente a vontade de “dirigir” sua própria vida, alegando por diversas vezes que foi S. que a faz depende dele. Sendo que A. também fez a sua participação nessa codependência, sempre se vitimizando e se deixando colocar no papel de doente da família para ser cuidada.

II. O que está acontecendo com a família

A. coloca-se como doente e vítima da situação (dizendo que tem a patologia de depressão pós - parto já quatorze anos,bipolaridade e síndrome do pânico, sendo que já fez o uso de medicação por anos), acusando assim S. por não ter se responsabilizado pela criação dos filhos, deixando tudo aos seus cuidados.
A. acusa o S. por nunca ter tirado férias para os momentos de lazer com a família.
A. se culpa pela situação do filho K¹., pois quando ele tinha dezessete anos, retomou sua vida profissional e deixou o mesmo cuidando dos dois irmãos mais novos.
S. tenta diante da família proteger K¹ dizendo que o filho é doente, mas A. reprova sua fala, dizendo que S. quer é proteger o filho.
Os três homens dessa família são desqualificados. Os filhos devido ao pai não dá autonomia a eles, sempre passando a “mão” na cabeça dos mesmos. E S. por não ter educado esses filhos homens, não os dando limites. Sendo assim, A. contribui com isso se isentando de responsabilidades, tendo como muleta seus diagnósticos de suas patologias.
A. mostra-se envolvida com a psicoterapia, ao contrário de S., na qual diz que está frequentando as sessões em respeito às estagiárias.
Tanto A. quanto E. alegam que saem das sessões e não refletem o que foi discutido. Dizem que chegam em casa A. vai deitar em seu quarto e S. vai ver televisão na sala, não havendo espaço para o diálogo entre essa família.
S. em sua sessão individual afirma de forma clara que A. é sim doente, não a reconhecendo capaz de ter domínio sobre sua própria vida.
A. em sua sessãoindividual mostra-se através de seu comportamento totalmente diferente quando está nas sessões na presença de S. Tem voz ativa, ri e mostra de forma clara seus desejos e vontades.
A. reconhece o quanto seu filho K¹. é parecido com ela. No que diz respeito ao gosto pela arte, pela música e até mesmo em questões de comportamentos.
A. alega que não pode cuidar do filho,pois precisa também de cuidados.
A. diz que S. tem que assumir a culpa pelo filho K¹. ser usuário de drogas, pois quando na adolescência ela o proibia de sair com os amigos, era S. quem a desautorizava e permitia que o filho fosse sair com esses que tinham fama de usuário de drogas.
A. diz que sempre teve vontade de tirar carteira de motorista, porém nunca o fez porque S. a despotencializa alegando que A. é doente e assim não teria condições para dirigir.
S. alegou que se A. tirar a carteira de motorista, terá que fazer um seguro total do carro da família.
A. alega que S. dispensa atenção demais a ela e esquece-se de a mesma atenção aos filhos.
A. diz não dar carinho aos filhos, pois esta muito cansada e doente.

1. Hierarquia

Em um primeiro momento aparece S. assumindo a posição parental, sendo provedor da família e argumentando suas atitudes, alegando que o que faz é o melhor para a família.
H. (filha mais nova) toma o poder junto a S. desqualificando A. que por vezes aceita que a filha tome sai posição de mãe nafamília.
A. ao se colocar em seu papel de vítima contribui para que H. determine ações que S. deve tomar diante dos filhos.
A posição fraternal entre os irmãos parece bem estabelecida, os irmãos se ajudam e se apoiam. Sendo que H. muitas vezes toma o papel de irmã mais velha, revelando alguns “segredos” da família para os irmãos.
Apareceu por vezes A. no comando dessa família, fazendo o papel de vítima para que pudesse ser vista e cuidada tanto por S. quanto pelos filhos.
Em um segundo momento aparece S. tomando para si total poder na família, pois quando “protege” os integrantes da família, os despontencializa e os faz dependente de si, a legitimalização desse poder vem da crença religiosa da família (Testemunha de Jeová), que aponta ao pai/marido como o provedor e cuidador da família.
A. aparece no topo da hierarquia quando no papel de doente cobra que S. deve ir em busca do filho K¹. tarde da noite pelo bairro onde moram.

2. Sequências de interações

A. dá bronca nos filhos, principalmente nos filhos homens e depois acolhe.
S. superprotege esses filhos, não dando os responsabilidade, acabando por desqualificar os mesmos.
H. por vezes ter o poder dentro dessa família, dá suporte aos irmãos, tornando-se nesses momentos a irmã mais velha.
K².. se cala perante toda a situação, não se compromete quando o assunto é o irmão mais velho, o que acaba não sendo visto por essa família.
K¹.faz com que A. se vitimize e S. superproteja os filhos.
A. cobra atitudes de S. com os filhos, principalmente atitudes referente a K¹. Sendo que muitas vezes S. sai tarde da noite para buscar o filho na rua a mando de A.
Quando K¹ chega em casa alcoolizado pede ajuda a S., quando sóbrio recusa afirmar a família que precisa de ajuda. Quando essa situação acontece A. fica na cama chorando, não se envolvendo com a situação.
Quando K² se mete situações complicadas, pede ajuda a S. e o mesmo acaba por ajudar.
A atitude de S. ajudar os filhos homens é mal vista por A. e H.
A. acusa S. de ter dando muita liberdade a K¹ e K² e de tirar sua autoridade enquanto mãe, alegando que os filhos não a obedecem por isso.
H. é vista como a filha “boa” e responsável e K¹ e K² são vistos como doentes, o primeiro por usar drogas e não se dedicar a sua vida escolar e profissional, o segundo por reprovar diversas vezes na escola, sendo visto dentro da família com a patologia de dislexia.
Quando A. diz em algumas sessões sua vontade de tirar a carteira de habilitação, S. diz que a mesma não pode, pois é doente e que se isso acontecer à primeira coisa que ele irá fazer é o seguro do carro, sendo assim A. toma mais uma vez seu papel de depende de S.
Quando enfatizamos que A. é sim capaz de ser dependente, e que a sua cura e do filho K¹ pode vim por meio da psicoterapia individual, a mesma diz que irá pensar,pois depende de S. para levá-la aos lugares.
A. é totalmente dependente de S. para locomover-se, não anda de ônibus e nem a pé, pois alega que foi S. quem a fez dependente dele e assim esse deve aguentar sua dependência.
A. por se dizer se uma pessoa doente reclama que tem tempo que não esta bem, anda triste, sem forças para enfrentar as dificuldades, mas que os filhos e o marido não percebem isso. A. diz que precisa de um psiquiatra, mas que não busca porque não que como em outro momento de sua vida, ter que tomar medicamentos psicotrópicos. Sendo que atualmente faz uso do Rivotril.
A. trabalha numa fábrica em pé o dia todo, diz estar muito cansada e que irá sair do emprego em 2014. S. não compartilha da ideia da esposa de parar de trabalhar, já que essa cobra dele uma pensão (aluguel de uma das quitinetes que a família tem).
O lazer da família está associado à igreja, no qual são membros (Testemunha de Jeová), participam de encontros.
S. tem uma vida social mais funcional, é membro de um time de futebol amador e toda semana joga futebol com os amigos, como também faz banho de sauna no clube.

3. Limites

Está é uma família aglutinada, tendo uma invasão do subsistema fraternal.
H. toma o lugar de poder hora no lugar de A. hora no lugar de S.
No sistema familiar não há diferenciação, os membros da família falam de igual para igual um com o outro, ficando claro quando H. na primeirasessão diz que grita com o pai quando ele descumpre regras impostas por ele mesmo.
O pai nessa situação toma a posição fraternal.
Não há limites entre o casal A. e S., na qual um está sempre culpabilizando o outro por uma situação ocorrida.
A. não consegue ter voz ativa de poder sobre K¹., dessa forma desempenha o papel de vítima dessa família.
A. deixa bem claro que depende de S. para levá-la aos lugares e que não sai sozinha. Uma de suas falas foi a seguinte: “ele me fez assim, agora tem que aguentar, fazer o que”.
Não há limites entre o casal A. e S., na qual um está sempre culpabilizando o outro por uma situação ocorrida.

4. Alianças

S. e H.
S. supervaloriza H. e suas condutas.
H. se alia a S. quando a mãe por vezes critica o pai.
H. toma o poder da família, juntamente com o pai para fazer as regras acontecerem.
H. por vezes da razão ao pai em ajudar os irmãos.



A. e H.
H. é cúmplice de A., isso foi visto claramente quando H. escondeu de todos que iriam participar de uma sessão de psicoterapia.
A. sente orgulho de H. por está ser tão responsável.
A. cede seu espaço de mãe nessa família e H. toma seu lugar

H. e K¹.
H. protege K¹ quando conta a ela que irão para psicoterapia em família.
H. preocupa-se com K¹, unindo-se aos pais na busca de ajuda para o irmão.

H. e K².
H. protege K² reforçando a fala do mesmo, quando ele fala alguma coisa da família e que sempresobra para ele.

S., K¹. K². e H.
S. se preocupa com os filhos, ajudando-os quando se envolvem com problemas.
Agrada os filhos comprando lanches e fazendo a comida predileta deles.
S. não consegue ver os filhos mal, quando quebra regras impostas por ele é por acreditar que é melhor ter os três dentro de casa do que na rua, tanto que por vezes sai de madrugada à procura de K¹.

A., K¹.
A. compra um vídeo game a pedido de K1, essa aquisição volta a deixar a família mais unida, em especial o irmão que passam mais tempo juntos e se interagem mais entre si.
A. e K¹. compartilham o gosto pela arte, sendo que A. tinha o sonho de ser atriz e cantora quando criança e K1 gostam de tocar violão e quando criança tinha o sonho de ser jogador de futebol. Ambos não tiveram apoio para realização de seus sonhos.




S. e A.
S. se preocupa com A. cuidando dos filhos homens dessa família, pois sendo a esposa uma mulher “doente”, ele toma a frente da situação, na qual acaba a protegendo também.
A. utiliza-se do termo “obcecada” para se referir o quanto S. a ama.
A. e S. se respeitando mutuamente e há uma complementaridade muito forte entre este casal, devido à religião que ambas seguem.
S. superprotege A. falando por ela quando as estagiarias lhe fazem perguntas. Porem essa proteção desqualifica o potencial de A.
A. depende de S. no que se refere a sua mobilidade.

5. Complementaridade

A.desqualifica S. diante dos filhos homens, dizendo que ele apoia e dá liberdade para eles fazerem o que quiserem.
H. desqualifica A. tomando seu lugar na posição parental, juntamente com S. para por ordem na família.
K¹. e K². colocam-se em uma posição submissa a H., o que acaba por infantilizá-los.
K¹. na posição de P.I (paciente identificado) retira de S. e A. a responsabilidade de assumir e falar sobre seus problemas perante conjugalidade do casal.
K¹ na posição de P.I (paciente identificado) retira de S. e A. a responsabilidade de assumir e falar sobre seus problemas perante conjugalidade do casal.
S. protege A.,pois diz que a esposa é mulher doente e precisa de atenção.
S. reconhece em A. uma mãe que se preocupa com os filhos e com a drogadição de K1, diz entender o quanto isso faz mal a esposa, assim como toda a família.
S. protegendo a família não permite que esses tenham independência para assumirem suas responsabilidades e assim os membros dessa família são dependentes desse pai e marido.
A. se coloca no papel de doente, o que a impossibilita de cuidar da família, S. assume então essa função.
K². desiste de uma vaga de emprego depois que S. diz não ser um bom emprego e que K². não aguentaria, sendo uma profissão, no seu ponto de vista, muito cruel (a vaga seria para vendedor externo), com isso S. consegue com um amigo um emprego para o filho na função de auxiliar de mecânicaautomobilística, algo que o filho se identifica, segundo o pai.


6. Flexibilidade e Rigidez

A família em um primeiro momento se mostra rígida, não se abrindo para mudanças.
Cada membro dá família culpabiliza o outro e assim ninguém se sente responsável pelos problemas, sendo para eles uma situação de conforto.
O sintoma de K¹ serve para manter a homeostase do sistema, pois quando o foco recai sobre o casal, eles mesmos reforçam suas divergências na conjugalidade.
A. traz para sessão todos os pontos que acredita ser necessário modificar. Porém, em casa não reflete sobre o discutido e não viabiliza que as mudanças ocorram em toda a sua família. Sendo que seu desejo relatado por diversas vezes, era de que toda a família estivesse presente em benefício de K¹.

7. Comunicação

A comunicação entre A. e K¹ é não é frequente, a mãe relata que o filho é calado e distante, sendo que gostaria de participar mais da vida de K¹.
A relação marital não é discutida e quando toca nesse assunto, volta-se sempre ao caso de K¹.
A. se isola dos filhos homens, alegando que sua filha é “boa” por foi ela quem criou e deu educação, já os filhos não “são, o que são”, pois foi S. quem não soube dá limites a eles.
A. se afasta dos filhos devido sua “depressão”, se isentando de sua responsabilização enquanto mãe, e sobrando tudo para S.
S. juntamente com H. tomam a frente da família, nas tentativas deuni-los.
É evidente de quando A. e S. falam a respeito do filho K¹ o quanto eles se completam, com o objetivo de ajudar ao filho. Quando tocamos na conjugalidade do casal, a postura tanto de A. quando de S. muda, falam com tom de voz mais alto e chegam por vezes discutir frente às estagiárias.
A. relata não dar carinho aos filhos, se justifica dizendo que está depressiva.
S. tem diálogo com os filhos e com a filha, prepara lanches para esses e faz brincadeiras com os filhos e com a filha.
A. reclama que S. passa muito tempo trabalhando e não tempo para lazer com a família. E quando está em casa passa muito tempo na frente da TV assistindo futebol.
A. em casa passa a maior parte do tempo em seu quarto, relata que ao chegar em casa do trabalho está sempre muito cansada e que precisa deitar-se e colocar as perna para cima, afim de aliviar seu cansaço.
S. diz que irá a psicoterapia, pois tudo que é conversado nas sessões, fica no consultório, pois as conversas e reflexões não levados para fora da sessão.

8. Ciclo Vital

Essa família está paralisada em um ciclo vital da adolescência, dificultando a emancipação dos filhos, para evitar uma separação. Tendo assim ganhos indiretos para todos, na qual a família talvez não aceite seu próprio envelhecimento e a difícil separação dos filhos, sendo que esses filhos adiam o enfrentamento do desafio de se tornarem independentes.

9. Coalizões

A.demonstra a S. sua insatisfação perante a educação e o que vem ocorrendo na família.
A. e H. se unem para mostrar ao pai que ele é fraco quando não cumpre suas próprias regras.
S. H e K² se unem para criticar A. diante das coisas que ela não concorda dentro da família.
S. não reconhece A. como capaz de cuidar de si mesmo, sempre deixando bem claro que a mesma é doente e necessita de cuidados.
A. não se implica para deixar de ser dependente de S. Se colando no papel de doente para que possa ser cuidada.
S. desqualifica o potencial de A. por ela ser uma pessoa doente.
A. diz que S. é o responsável pela drogadição de K¹., sendo que atribui ao marido a falta de limites dado ao filho.
A. relata que a família não percebe o quanto ela está doente e cansada.

10. Triangulações

A. desqualifica os homens dessa família em união com H., supervalorizando a filha por ser responsável e tendo orgulho dela.
S. ajuda os filhos quando se encontram em situações difíceis, colocando A. no lugar de doente, desqualificando-a.
H. junto com S. assume o papel de mãe e por vezes de filha mais velha, colocando A. numa posição de adolescente irresponsável e doente como os irmãos.

11. Tarefas

Na primeira sessão ficou nítido que H. toma o poder da família juntamente com S., sendo assim foi pedido que refletissem sobre isso.
Foi pedido que refletissem sobre a dor maior que atinge essa família e que estásendo “mascarada” pela doença de K¹.
Na quarta sessão, foi pedido ao casal que refletissem sobre a proteção que S. exerce quando A. começa a falar e S. acaba a falando por ela.
Na quinta sessão, o casal veio para psicoterapia, mais não houve atendimento. Pois, S. disse que não poderia ter marcado naquele dia (segunda-feira, o atendimento normalmente acontece às terças-feiras), pois tinha que jogar futebol e A. sabia disso. Sendo assim foi pedido que refletissem até que ponto estavam se implicam e qual a importância da psicoterapia para o casal.
Na sexta sessão pediu-se ao casal que se posicionassem um de frente ao outro e um de cada vez dissessem ao outro o que esperam um do outro. S. falou da mãe dedicada que A. é, reconhece que com a drogadição de K¹. isso a esta deixando muito preocupada e pede a A. que se dedique mais tempo ao casamento. Por outro lado A. cobra de S. mais tempo para a família e que seja um pai mais presente. Foi então pedido pelas estagiarias que falassem se acreditam em mudanças na família. S. diz que sim, já A. diz querer acreditar na mudança, mas que ainda não acredita. S. de emociona e seus se enchem de lagrimas. Ainda nessa sessão foi conversado para que as duas sessões seguidas, que fosse individual com cada um, onde ficou acordado que na primeira seria S. e na segunda seria com A.
III. O que se trabalhou com a família

Trabalhou-se a maneira de como cada membro dafamília colocou-se na primeira sessão, fazendo com que todos os presentes percebessem a estrutura da família. Sendo que, S. e H. se mantém no poder, enquanto A. e K² estavam isolados.
Trabalhou-se a falta de diferenciação entre os subsistema fraternal e o subsistema parental.
Na terceira sessão, trabalhou-se a maneira como cada um se mantém dentro do sistema, sendo que S. passa a mão na cabeça dos filhos, permitindo que não cresçam. E a maneira, que como H. assume a posição de poder, deixando-a em privilégio com S. e A., vendo-a como uma adolescente responsável.
Na quarta sessão, trabalhou-se a conjugalidade do casal que está sempre voltado para o filho mais velho. Acolhendo está família em relação a difícil situação ao qual se encontram.
No quinto atendimento as estagiárias, fizeram com que o casal refletissem sobre suas questões individuais. Trabalhando o que cada um vem fazendo para que ocorra as devidas mudanças dentro do sistema, na qual se encontram.
No sexto encontro, trabalhou-se a proteção de S. em relação a A. Fazendo com A. falasse mais por si, respondendo as pontuações discutidas.
Na sétima sessão, trabalhou-se questões que A. e K¹. tem em comum. E os motivos que fizeram A. a não participar de forma ativa na vida do filho, ajudando o mesmo a ir em busca do sonho de ser jogador de futebol. Mostrando - a o quanto ela se afastou dele, por esse e esses outros motivos.
Na oitavasessão, trabalhou-se a dinâmica da família, relacionando com o passado do casal. Fazendo uma correlação de alguns fatos vivenciados individualmente entre os dois no passado, que podem está influenciado a vida desse casal neste momento.
Na nona sessão, S. veio sozinho conforme combinado entre orientadora e estagiária. Discutindo a superproteção que S. tem sobre A., os motivos que o levam a acreditar que A. é doente e as escolhas que S. faz por seus filhos.
Na décima sessão, A. veio sozinha, trabalhou – se a vontade que A. diz ter de cuidar da sua própria vida e de ser uma mulher mais independente. Enfatizando que a sua cura, pode contribuir para a cura de K¹.
Na décima primeira sessão, retornou o casal novamente. O combinado era que depois das sessões individuais, o casal viesse juntos para decidirem se iam ou não continuar em atendimento. Isso se deu ao fato, de S. protestar que não gostaria mais de ir às sessões, pois estavam se tornando muito estressante para ele, e que só estava indo em consideração ao trabalho das estagiárias. Enfatizando e potencializando, que A. poderia continuar o atendimento individual, uma vez que todos, tanto as estagiárias, orientadora e grupo de espelho acreditam na capacidade de A. ter sua cura tanto desejada para si e para ajudar o filho K¹.

Conclusão

Entende-se a família como um sistema aberto, no sentido de suas trocas com o meio, cujos membros têmcontato direto, laços emocionais e uma história compartilhada. Apresenta uma estrutura com a presença de padrões e propriedades que organizam a estabilidade da família em termos de sustentar uma dinâmica relacional que contemple os fatores de proteção necessários para seu desenvolvimento enquanto grupo e indivíduos, convivendo com os desafios das mudanças próprias das transições presentes bi ciclo vital da família.
Essa família está paralisada em um ciclo vital (adolescência) dificultando a emancipação dos filhos, para evitar uma separação. Tendo assim ganhos indiretos para todos, na qual esses filhos adiam o enfrentamento do desafio de se tornarem independentes.
Pode-se observar, portanto, que o comportamento de K¹. cumpre um papel muito importante na dinâmica familiar: a função de conservar o equilíbrio da união do sistema dessa família. Esse importante papel coloca o K¹. em uma posição muito difícil. De um lado, há uma pressão da sociedade para que ele cresça e se torne um indivíduo responsável, de outro, há uma pressão familiar para que ele nunca saia de dentro do núcleo familiar e seja sempre o filhinho que necessita constantemente da atenção e preocupação dos pais.
Sendo assim, K¹. sofre pressões para individuar-se. Sua família espera que ele conquiste autonomia e um emprego. Por outro lado, percebemos que a permanência de K¹. como o membro problemático, como o filho que não cresce, cumpreuma função estabilizadora do sistema. O que de certa forma também vem acontecendo com K²., um exemplo disso é quando S. escolhe qual emprego acha melhor para o filho.
Fica evidente que a família busca atendimento psicoterápico trazendo um paciente identificado que deve estar mantendo o sistema, pois enquanto o foco é para esse, outras questões não aparecem. O sistema se mantém homeostático e para que novas situações apareçam será preciso que a família se implique como corresponsáveis pela dinâmica familiar.
Parece que muitas fantasias e crenças terão que ser trabalhadas para que a família comece a se perceber, cada qual com suas responsabilidades, no sistema familiar.
Através da superproteção a esposa e os filhos são desqualificados em suas potencialidades, o que favorece cada um na não responsabilização por suas vidas. A psicoterapia não chegou a atingir um nível total de conscientização quanto à implicação de cada um em seus dilemas, porém acredita-se que houve um avanço diante as reflexões proporcionadas nas sessões e mesmo tendo o pai decidido parar a psicoterapia por não conseguir visualizar mudanças na relação familiar, foi ao mesmo encontro essas desistências quando a esposa começa a perceber que ela não era vista nas sessões pelas estagiarias com alguém incapaz, o que levou as estagiarias a pedir que deixasse A. falar por si só sem que S. a ajudasse a expor seus sentimentos e desejos.Acredita-se no quanto seria importante que a família se mantivesse em atendimento, porém perante a decisão de S. enfatizou-se o desejo de A. em manter-se na psicoterapia, para isso foi posto pelas estagiárias que ela continue sozinha, pois parece querer muito tomar a direção de sua vida.






















4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO


A partir da junção entre teoria e prática fica nítido que a sistêmica pressupõe a pessoa apesar de sua complexidade, não está isolado do contexto sócio familiar. Ao contrário está conectada e interagindo com as outras pessoas que lhe são familiares. A família apesar da diversidade cultural, social e afetiva, é o lugar onde as expectativas são construídas, transformadas ou repetidas, dependendo da qualidade das interações.
O estágio em Psicologia Clínica I é somente o começo da minha longa caminhada profissional cada dia de encontros com os pacientes, cada intervenção, cada mudança (nem que seja a menor) que o paciente apresenta só está confirmando a importância que esse estágio tem. E a certeza que tudo está ocorrendo na medida do possível, aumenta a cada supervisão, pois é a partir daí que vimos o quanto estamos sendo bem orientadas e o quanto os resultados estão sendo positivos, tanto para minha prática quanto para cada paciente.
A singularidade da terapia sistêmica, é o deslocamento de uma visão intra-individual para uma visãorelacional, que coloca o indivíduo sempre me contexto. E que entende até esse seu mundo interno como um mundo de relações, com ele mesmo, com suas vivências, ou seja, como se constrói um indivíduo a partir dessas relações.
O mais interessante, é que fazemos o uso de uma linguagem menos intrapsíquica e mais relacional, mais intersubjetiva. Não que nosso olhar desvalorize o intrapsíquico, mas considera o mundo interno também como parte de um mundo de relações. Não vemos somente as relações concretas, ou seja, não temos que ver a pessoa com a outra para ver a relação, mas a sua forma de pensar é uma forma de relação.
Estou tendo como objetivo nesse estágio (que não poderia ser diferente) ver e abordar meus pacientes (neste caso A. L e a família S.) como eles se relacionam, como suas ideias se relacionam. Não fazendo o uso de categorias diagnósticas, porque estas foram criadas pensando muito no indivíduo e não nas relações. Acredito então, que uma das reflexões éticas mais importantes para nós é como, dentro de um contexto de terapia, podemos incluir verdades de nossos pacientes e o terapeuta não ser alguém que saiba melhor como estes devem viver sua vida, mas ao mesmo tempo ajudar essas pessoas no que lhes fazem sofrer e como podem se relacionar melhor entre elas e com o mundo, que demanda delas algum tipo de comportamento.
Referente o que foi dito acima, tenho visto que cada sessão isso vem àtona, pois temos que saber lidar com as diferenças, com a diversidade, sabendo transformar o contexto terapêutico em com contexto de ampliação de alternativas e não de constrição para determinados modelos terapêuticos.
O trabalho que vem sendo feito com A.L esta me trazendo muito aprendizado, fazendo-me refletir sobre a importância da flexibilidade no planejamento do processo terapêutico e como lidar com o inesperado, além do cuidado e atenção para não entrar no jogo dessa paciente. Sendo assim, vi a importância de se trabalhar com crianças, que traz a necessidade de incluir o lúdico e dar voz a eles nas sessões, tendo a possibilidade de vê-los crescer no processo terapêutico. Crescimento que aos poucos vem acontecendo, pois nas primeiras sessões A.L trazia muito o discurso pronto de sua mãe em relação as suas atitudes e comportamentos que vinha tendo com seu pai. Hoje A.L tem mais liberdade de procurar o pai, porém em uma ou outra sessão a paciente volta com o discurso da mãe, devido a alguma posição que o pai de A.L tenha tomada com ela. Porém, acredito que os primeiros passos foram dados e que a caminhada ainda poderá ser longa, mas tendo sempre como objetivo fazer com que A.L não perca contato com o pai, pois segundo a paciente só aceitou entrar em processo psicoterápico para que isso não acontecesse.
Quanto ao caso da família S. penso que meu papel juntamente com a outra estagiária vemacontecendo, pois estamos focando para que essa família tenha sua liberdade de mudanças, aceitando os riscos de suas escolhas, fazendo-os acreditar em suas potencialidades e os induzidos de forma sutil a criarem maneiras para que essas mudanças venham á tona. Os resultados vêm sendo positivos, pois a cada sessão podemos ver de forma mais nítida a dinâmica dessa família.
Sendo assim, quanto aos atendimentos percebeu-se que esta abordagem, é eficaz, pois dá conta de trabalhar as questões individuais e em família na sua totalidade.















5 AVALIAÇÃO E AUTO AVALIAÇÃO


O estágio em Psicologia Clínica está sendo de grande valência, mesmo com as dificuldades que encontrei quanto à inserção, pois nos deparamos com a nossa ansiedade e o pensamento de que não sabemos nada a respeito sobre o campo de atuação, porém seu aproveitamento está sendo pleno.
Até o momento foram cumpridos todos os requisitos e regras estipuladas sobre o estágio, somente foram tomadas decisões, partindo ao ato sobre supervisão. Todas as oportunidades de comparecimento ao campo e, por conseguinte, coletas de dados, foram aproveitas por toda a equipe de estágio referente à Abordagem Sistêmica. Sendo que os dados no campo apresentavam-se intrinsecamente, havendo a necessidade de análise posterior do conjunto para que pudesse alcançar uma linha lógica entre os discursos.
O estágio vem contribuindo parauma melhor aquisição de novos conhecimentos teóricos e técnicos, que até então tinham sido visto de forma muito superficial em somente uma cadeira da graduação.
Quanto à orientadora e as demais estagiárias estou me sentindo muito bem acolhida, até mesmo por ter sido a única aluna da 9º fase (atualmente 10º fase) em ter escolhido esta abordagem e que antes não tinha nenhum vínculo maior com nenhuma delas. Porém, acredito que a confiança e a lealdade esta se construindo a cada supervisão.
Não me restam dúvidas, que a escolha pela abordagem e orientadora foi feita de forma consciente. Pois, além da preferência pela Teoria Sistêmica juntamente com as orientações da professora Edla Grisard com sua vasta bagagem, conhecimento, competência e ética esta sendo enriquecedor para o meu desempenho na graduação.
Sendo assim, a aquisição de qualquer papel profissional causa forte ansiedade devido à estranheza do objeto de estudo a ser incorporado e dominado pelo aprendiz, além da falta de experiência vivida no próprio exercício das funções. E não é diferente na profissão de psicólogo, as ansiedades são também evidentes e intensificadas, já que o objeto a ser estudado é o ser humano.
Porém, a ideia que antes tinha de que a quantidade de alunos presentes no grupo de supervisão e o reduzido tempo utilizado dificultaria a integração entre teoria aprendida e a prática do treinamento foi bem trabalhada entretodas do grupo, não deixando que nenhuma de nós deixasse de falar nos encontros.

Mais por outro lado, ainda penso que o tempo de supervisão teria que ser em tempo maior, pois acredito que isso pode dificultar para a aquisição da identidade profissional, já que o manejo e a conscientização das nossas figuras e mundo interno são vistos somente em psicoterapias pessoais.
Quanto às intervenções feitas até o momento, considero a oportunidade de grande valor, na qual tenho expectativas de aprofundar os conhecimentos que remetem essa área tá complexa dentro da psicologia. Com isso, é estudado juntamente com a supervisora e o grupo de estagiárias o momento certo e oportuno de fazê-las. Não querendo de maneira nenhuma intervir sem o conhecimento e autorização da nossa orientadora de estágio.
Acredito que este trabalho está me possibilitando a reconhecer a importância e a necessidade da especialização profissional em Psicologia Clínica, dentro da abordagem escolhida, não somente por ser tratar de seres humanos, mas também pelo bom manejo da demanda. Porém, dentro das condições pessoais e das possibilidades da demanda, acredito estar realizado um trabalho satisfatório, de nível não somente acadêmico, mas também profissional (que é a intenção do estágio). Considero a oportunidade presente valiosa, e espero, num futuro próximo, aprofundar mais os conhecimentos pela Abordagem Sistêmica.
Porém, asansiedades ainda existem, mais aos poucos estão sendo sanadas em supervisão e fora delas. A pontualidade e dedicação nos encontros sempre houve, tendo compromisso com as demais colegas e ajudando – as sempre quando preciso, pois não devemos de deixar levar em conta que as relações são estabelecidas em qualquer sistema.
Sendo assim, vivenciar este estágio está sendo uma experiência única e desafiadora, uma vez que o nosso “objeto” de estudo é o ser humano, aumentando ainda mais a nossa responsabilidade de ética e sigilo. E não me restam dúvidas que ao decorrer do ano ainda terei muito que aprender para pôr em prática cada minuto de aprendizado.
Posso avaliar que até o presente momento como positivo, no sentido de propiciar momentos únicos e realizados com muita expectativa. Vivenciar a clínica em psicologia é uma experiência única. Encarar a prática não é um trabalho simples e nem fácil, a cada dia, a cada sessão, existe uma superação e uma construção de si mesmo, enquanto pessoa, enquanto aprendiz. É um trabalho que precisa ser lapidado, dedicado e acreditado por aquele que o exercita.





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