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O capitalismo

Por:   •  12/4/2015  •  Seminário  •  1.268 Palavras (6 Páginas)  •  260 Visualizações

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Teoria Neo-Institucional – Tópicos Avançados

Simone da Silva Luvizan

Estes textos trazem conforto para aqueles que, como eu, sentiam-se um pouco incomodados pelos traços deterministas da teoria neo-institucional apresentados nos estudos anteriores. Eles deslocam o foco das atenções para a atuação das organizações no processo de institucionalização, não apenas como um executor passivo das determinações institucionais, mas como um ator que pode participar de sua composição e escolher como reagirá a elas. Também trazem a questão da mudança das instituições e da desinstitucionalização, mostrando uma posição menos radical, onde as instituições continuam gozando de relativa estabilidade e longevidade, mas não aparecem mais como elementos imutáveis.

Oliver propõe as seguintes possibilidades de comportamentos a serem adotados pelas organizações diante das questões institucionais:

  • Concordar - hábito, imitação ou complacência. É a mais passiva das opções e seus detalhes e implicações já haviam sido abordados anteriormente.
  • Comprometer-se/conceder - equilíbrio de expectativas e interesses, pacificação de conflitos ou barganha. Aqui já vemos alguma interação mais ativa da organização, embora esta se limite a “acomodar” interesses e conflitos às pressões institucionais, sem a intenção de promover mudanças no padrão institucionalizado proposto. Isto não me parece realmente inovador para a discussão neo-institucional.
  • Evitar - ocultação ou disfarce de não-conformidades, fuga das pressões externas pela alteração de objetivos que as neutralizem ou proteção de sua estrutura de exposições que demonstrem as não-conformidades. Esta alternativa não representa tentativas intencionais de mudar os padrões institucionais ou eliminar suas dificuldades para implementá-lo, mas sim concentra-se em encontrar mecanismos de não cumpri-los sem sofrer as consequências desta “desobediência” ou perder legitimidade. Talvez este tipo de comportamento seja uma das razões pelas quais o mercado empresarial busque constantemente estabelecer padrões normativos objetivos (como Sarbanes-Oxley) e mecanismos de verificação do atendimento destes padrões para garantir níveis mínimos de atendimento a eles. De qualquer modo, este ponto também não diz nada que já não tenha aparecido em estudos anteriores.
  • Desafiar - rejeitar, questionar ou atacar as fontes de pressão institucional. Me parece que neste ponto começamos a lançar uma nova perspectiva para a Teoria: as organizações podem contestar padrões institucionais propostos sem que isso signifique um risco à sua sobrevivência. Aqui realmente se abre a possibilidade da organização questionar definições institucionais abertamente, assumindo suas discordâncias e procurando legitimar sua posição. No entanto, há que se ponderar melhor sobre os limites desta afirmação, já que, embora possível, a organização deve verificar se esta atitude é viável antes de adotá-la, considerando todos os riscos e consequências de fazê-lo.
  • Manipular - cooptar constituintes do padrão institucional, influenciar valores e critérios que definem o padrão ou controlar os constituintes e os processos de formação dos padrões. Este ponto também propõe resistência a padrões institucionais estabelecidos, apresentando a organização como um agente participante da definição dos padrões institucionais em um nível ainda mais profundo, reconhecendo a possibilidade de que ela influencie os pressupostos sobre os quais os padrões institucionais serão estabelecidos. Aqui não limita-se à estratégia da cooptação para fazê-lo, como já aparecia em estudos anteriores.

É fundamental destacar que a escolha por um ou outro comportamento é apresentada como uma decisão consciente e estratégica da organização, considerando seus interesses próprios, o contexto geral da situação em questão e também os riscos e oportunidades representados pela adoção de tal comportamento, o que, entre outras coisas, aumenta a importância das funções gerenciais estratégicas. Além disso, Oliver também propõe a influência dos fatores institucionais (causa, agentes constituintes, conteúdo, mecanismos de controle e contexto das pressões institucionais) sobre a definição do tipo de comportamento da organização.  De fato, toda a discussão reforça o caráter mútuo desta influência: se, por um lado, a organização como ator social adota comportamentos que podem modificar o ambiente institucionalizado, por outro lado, a definição deste comportamento não é uma decisão tomada pela organização de forma totalmente livre das influências e restrições do próprio ambiente.

Esta influência mútua entre as organizações e o ambiente institucional também aparece no texto de Scott, que fala sobre o processo de mudança dos padrões institucionais. O autor expões alguns limites da Teoria discutida até então, destacando a importância do estudo do processo de desinstitucionalização, através do qual um padrão é abandonado e um novo padrão é instituído para substituir o anterior, que não é mais considerado eficiente para atender suas funções, ou seja, perde legitimidade. Fazendo uma analogia aos princípios discutido nas teorias de Ecologia, ele usa a expressão “Ecologia das Insittuições”, sugerindo que os padrões institucionais também estão sujeitos à seleção natural: o ambiente, representado pelas pressões funcionais, políticas e sociais, também irá “selecionar” padrões institucionais que se mostrarem mais adequados e eficientes em atendê-lo.

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