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Os Tipos Ideais Weberianos

Por:   •  6/8/2021  •  Trabalho acadêmico  •  607 Palavras (3 Páginas)  •  87 Visualizações

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OS TIPOS IDEAIS WEBERIANOS

Sérgio Alves - UFPE

A concepção de tipo ideal é um aspecto básico da doutrina epistemológica de Max Weber e refere-se a uma construção parcial da realidade em que o pesquisador seleciona um certo número de características, ressalta um ou vários elementos observados e constrói um todo inteligível, entre vários outros possíveis. O tipo ideal é obtido mediante o encadeamento de um conjunto de fenômenos isoladamente dados, que se ordenam segundo pontos de vista unilateralmente acentuados, a fim de se formar um esquema homogêneo de pensamento. Nas palavras de Munch (1999: 193), “um tipo ideal é a seleção arbitrária das características de um fenômeno a partir das inúmeras qualidades presentes na realidade, sem nenhuma tentativa de colocá-lo em uma relação superordenada”.

Esse construto não é uma norma prática para a ação, visto que é impossível encontrar empiricamente este quadro típico em sua pureza conceitual. Ele exibe um grau de limpidez teórica sem contraparte possível na realidade. A moldura do pensamento ‘ideal’ é a construção de relações objetivamente possíveis, em um sentido puramente lógico, diferente da realidade ‘autêntica’, e não serve de esquema em que se possa incluir esta realidade. Tem o significado de uma construção puramente idealizada, uma abstração orientada pelos valores do pesquisador, em relação aos quais se estuda um determinado fenômeno a fim de esclarecer-se o conteúdo empírico de alguns dos seus elementos constituintes (Aron, 1993; Merquior, 1990; Saint-Pierre, 1995).

O tipo ideal, por conseguinte, nada tem de ‘exemplar’, nem de ‘dever ser’; tampouco é uma hipótese, embora possa apontar caminhos para a sua formulação. Ele não interessa como fim em si mesmo, mas como um modelo, como um meio de conhecimento em relação ao qual se analisa a realidade, permitindo ao investigador, em cada caso particular, aproximar-se cognitivamente do fenômeno em análise, examinando a proximidade ou o afastamento da situação concreta pesquisada (tipo real), em relação ao tipo ideal correspondente (Cavalcanti, 1977; Domingues, 2000).

Alguns autores, como Kalberg (1994) e Segady (1987), consideram a adoção do tipo ideal como uma alternativa importante para definir mais claramente casos empíricos e assinalam que ele nos serve de ‘mapa’ para realçar a transição de significados subjetivos para o conhecimento objetivo.

Nesse sentido, Weber (1974: 345) esclarece que, com os tipos ideais, “não desejamos forçar esquematicamente a vida histórica infinita e multifacetária, mas simplesmente criar conceitos úteis para finalidades especiais e para orientação”.

Assim sendo, desde que seja usado como uma ferramenta para uma aproximação inicial com um objeto a ser estudado, o tipo ideal é um valioso instrumento para a exposição preliminar de um dado fenômeno, além de possuir um certo valor heurístico. A sua utilização pode auxiliar a compreensão de determinados aspectos que interessam para um caso específico em análise, por meio do confronto entre o não-real e o real, entre o idealizado e o empírico. Os contrastes, divergências ou semelhanças identificadas ajudam a descrever, interpretar e esclarecer a realidade.

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