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Paradigmas

Por:   •  9/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  3.373 Palavras (14 Páginas)  •  627 Visualizações

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A QUESTÃO DOS PARADIGMAS

"É tão fácil dizer não a uma ideia nova. Afinal ideias novas causam mudanças, elas destroem o status quo, elas criam incertezas, e é sempre muito mais fácil fazer como sempre fizemos. É mais fácil talvez; mais perigoso, com certeza. Ideias novas são repelidas em diretorias e linhas de montagem no mundo inteiro. Ideias boas são derrubadas por pessoas que supõem que o futuro é uma simples continuação do passado, que as ideias que nos trouxeram até onde estamos hoje, são as mesmas ideias que irão nos levar até o amanhã. Meu nome é Joel Barker, eu sou um futurista, trabalho com corporações e instituições pelo mundo inteiro, ajudando a melhorar suas habilidades de avaliar ideias novas e de prever mudanças. Há quase vinte anos venho estudando a mudança e, em particular, tenho estudado a resistência à mudança que tanto impede uma grande ideia nova de ser aceita. E nunca foi nada diferente. Mesmo se a ideia for um modo melhor de se conduzir uma empresa ou uma descoberta científica, as pessoas têm sempre resistido à mudança. Em Veneza, no século XVI, este era o problema de Galileu. Ele era defensor da teoria de Copérnico de que era o Sol e não a Terra o centro do sistema solar. Para provar esta teoria aos líderes da época, ele os levou ao topo da torre de São Marcos, e lá, usando um novo telescópio que desenvolvera, ele lhes mostrou as novas descobertas que havia feito no céu noturno de que a Terra girava em torno do Sol e não justamente o contrário. Bom, em poucas palavras, esta era uma ideia revolucionária, contradizia as observações óbvias. De fato antagonizava tanto as vozes das autoridades que Galileu foi ameaçado de tortura para fazê-lo se retratar de sua afirmação. E vocês pensam que é difícil vender suas ideias? No final as ideias de Galileu venceram! Mas a grande dúvida aqui é: por que a resistência, seja no século XVI ou no século XX. O que será que nos impede de ver, aceitar e compreender ideias novas? Pensem em algumas das ideias novas que vimos nas últimas duas décadas, de minorias lutando por seus direitos básicos e estes direitos serem garantidos por lei, de computadores de grande porte custando milhões de dólares a computadores laptop igualmente poderosos que quase todos podem comprar, de uma atitude de que a qualidade era um luxo para poucos, a qualidade sendo uma expectativa de todos. Estas mudanças e centenas de similares são mais do que simples melhorias, elas são revoluções, elas estão mudando o mundo para sempre. Estão nos fazendo reavaliar os velhos modos de se fazer as coisas, estão abrindo as portas a possibilidades que não poderíamos ter visto antes, estão nos libertando de limitações. Mesmo assim, cada uma destas ideias encontrou bastante resistência em pessoas sensatas. Deixe-me perguntar de novo: o que é que nos impede de aceitar novas ideias? Eu sei a resposta a esta pergunta e, quando vocês a souberem, estarão mais abertos a inovações, mais capazes de conduzir mudanças, estarão prontos para descobrir o futuro. Percebem, tudo tem a ver com os Paradigmas. Paradigma é uma palavra meio incomum, não se ouve todo dia. Eu a encontrei há quase vinte anos durante meus estudos sobre descoberta científica. Era o termo que Thomas Kuhn usava para descrever o conceito em seu livro: A Estrutura das Revoluções Científicas. Se vocês olharem paradigma no dicionário, verão que significa padrão ou modelo. Deixem-me propor outra definição: Paradigmas são conjuntos de regras e regulamentos que fazem duas coisas: primeiro, estabelecem limites. De certo modo é o mesmo que o padrão faz, nos dá os cantos, as fronteiras. Segundo, estas regras e regulamentos então vão lhe dizer como ter sucesso resolvendo problemas dentro destes limites. Em seu livro, Thomas Kuhn examinava como os cientistas mudavam seus paradigmas em física, química ou biologia e o que acontecia quando o faziam. O que ele descobriu pode explicar por que tantas vezes deixamos de prever grandes e significativas descobertas. Suas conclusões podem ajudar a você e a mim a lidar com a mudança com mais eficácia. Bom e o que ele descobriu? Kuhn descobriu que os paradigmas agem como filtros que retêm dados que vêm à mente do cientista. Dados que concordem com o paradigma do cientista têm acesso fácil ao reconhecimento. De fato os cientistas veem estes dados incrivelmente bem, com muita clareza e compreensão. Isso é bom! Mas Kuhn descobriu também o efeito negativo e espantoso. Com alguns dos dados os cientistas tinham uma tremenda dificuldade. Por quê? Porque esses dados não combinavam com as expectativas criadas pelos

seus paradigmas. E, de fato, quanto mais inesperados fossem os dados, mais dificuldades os cientistas tinham de percebê-los. Em alguns casos simplesmente ignoravam os dados inesperados e às vezes distorciam esses dados até que se ajustassem ao paradigma em lugar de reconhecer que eram exceções às regras. E em casos extremos Kuhn descobriu que os cientistas, literalmente, fisiologicamente, eram incapazes de perceber os dados inesperados. Para qualquer propósito prático aqueles dados eram invisíveis. Colocados em termos genéricos os paradigmas filtram a experiência que chega. Estamos vendo o mundo através de nossos paradigmas o tempo todo. Constantemente selecionamos do mundo aqueles dados que se ajustam melhor a nossas regras e regulamentos e tentamos ignorar o resto. Como resultado, o que pode ser perfeitamente óbvio para uma pessoa com um paradigma, pode ser totalmente imperceptível para alguém com o paradigma diferente. Eu chamo este fenômeno de efeito paradigma. E eu já vi muitas vezes que o que Kuhn descreve para cientistas se aplica a qualquer um que tenha sólidas regras e regulamentos em sua vida. E quem não os tem! Trabalhando com empresas em todo o mundo, já vi este efeito paradigma cegar empresários para novas oportunidades, fazer vendedores não verem novos mercados, obstruir estratégias eficazes à gerência e isto é capaz de cegar todos e qualquer um de nós a soluções criativas para problemas difíceis. Seja no exército ou no movimento ecológico, a Associação Médica Brasileira ou a Liga das Mulheres Cristãs, seja o City Bank ou a IBM, o jeito que o treinador chuta a bola ou que mamãe limpa a cozinha, lidamos com paradigmas todo o tempo. E eu acredito que são nossas regras e regulamentos que nos impedem de acertar ao prever o futuro, porque nós tentamos descobrir o futuro procurando por ele com nossos velhos paradigmas (...) Exemplos concretos de como os paradigmas influenciam no nosso modo de vermos o mundo: Exemplo das cartas de baralho (...) e outros (... ) Há uma verdade profunda e crucial escondida atrás de todos os exemplos de paradigmas que mostrei. Eu a chamo de regra de volta a zero e se não se lembrarem de mais nada, lembrem-se disto: quando

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