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Vincent por Vincent: O outro no espelho, Psicossociologia, Carreira e História de Vida em Vincent Van Gogh e Vincent Gaulejac

Por:   •  28/2/2019  •  Artigo  •  4.570 Palavras (19 Páginas)  •  164 Visualizações

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Vincent por Vincent: O outro no espelho, Psicossociologia, Carreira e História de Vida em Vincent Van Gogh e Vincent Gaulejac

Cleusa da Silva Fonseca Dutra

Fábio Henrique Rodrigues

Renato dos Santos Lisboa

Resumo: Trabalho e vida não se separam. O sujeito é atravessado, sempre, por aspectos de sua criação, seus valores morais, sua família, modo de vida e classe social. São esses aspectos que o ser humano leva consigo para sua atividade, como forma de expressão de suas próprias características sociais, assim, mesmo fracasso e sucesso devem ser analisados de um ponto de vista duplo, o primeiro ligado ao seu psiquismo e o segundo aos eventos sociais que exerceram força sobre ele. Portanto, o objetivo deste artigo é apresentar a história de vida do pintor Vincent Van Gogh, especialmente, apropriando-se dos conceitos e pressupostos psicossociológicos tratados na obra de Vincent de Gaulejac, “Neurose de Classe” sobre família, trabalho e carreira. Para tanto, emprega-se a análise fílmica da como um dispositivo da análise da história de vida da obra “Com amor, Vincent”. Na tentativa de reconstituir os passos do artista, através de sua obra e da narrativa biográfica, e compreender como todas as estruturas sociais influenciaram seu trabalho e como aparecem nele representadas.

Palavras-Chave: Estrutura social; Trabalho; Psicossociologia; História de vida.

1 INTRODUÇÃO

As questões relacionadas ao trabalho têm apresentado significativas mudanças, dentre outras, as relacionadas às subjetividades dos indivíduos, relacionadas principalmente a seus sofrimentos, prazeres e dilemas relacionados ao trabalho. Diante do exposto, torna-se importante a análise das mudanças vivenciadas no mundo, tendo-se como base, a literatura, obras artísticas, filmes e outros instrumentos que proporcionem reflexões acerca da questão.

O pintor holandês Vincent Willem Van Gogh (1853-1890) e sua obra receberam, e ainda recebem, destaque em vários seguimentos culturais, sociais e científicos. Livros, filmes, coleções, ensaios, exposições e artigos comerciais reforçam o legado da produção artística do pintor pós-impressionista.

Chamado de‘artista maldito’ Vincent Van Gogh teve sua vida e obraligada a uma gama de estereótipos e mitos referentes às doenças que o acometeram em vida e presentes na genialidade de suas obras. Van Gogh pintou mais de 43 autorretratos entre 1885 e 1889 (MCQUILLAN, 1994). Os quadros autorretratoseram finalizados em séries, como a série criada1887 em Paris, e continuaram a ser pintados até pouco antes da sua morte em 1890.(WALTHER e METZGER, 1994).

Segundo Judy Sund (2002)o pintor holandêscomumentepintava autorretratos, como produto de sua obra,entretemporadas de introspecção, quando evitavaa socialização ou quando não haviam modelos, restando como opção retratar si mesmo. A intensidade do trabalho de Van Gogh pode ser visualizada e, de alguma forma, estabelecida em seus autorretratos, seja pela expressividade e impulsividade suas pinceladas, pela vibração e dramaticidade das cores utilizadas ou ainda pelos elementos visuais sobrepostos e contextualizados nestas obras, quer seja pela adoção de si mesmo como modelo a ser retratado em sua própria produção artística, ou seja, em seu próprio trabalho.

O trabalho como produto da ação humana recebe atenção da sociologia clinica de Vincent de Gaulejac, oferecendo uma abordagem articulam as dimensões social e psíquica, focando na singularidade das experiências e vivências, buscando desenvolver conceitos para compreender as questões do sujeito social contemporâneo.O trabalho de Van Gogh eternizados em suas telas permite a construção de uma investigação social onde é possível visualizar a influência do meio social vivido pela artista, bem como suas próprias inferências pessoais e psíquicas, justificandoassim a presente pesquisa. O objetivo deste artigo é apresentar a história de vida do pintor Vincent Van Gogh, especialmente, apropriando-se dos conceitos e pressupostos psicossociológicos tratados na obra de Vincent de Gaulejack sobre trabalho e carreira. Para tanto, emprega-se a análise fílmica da como um dispositivo da análise da história de vida da obra “Com amor, Vincent”.

2 REVISÃO DA LITERATURA

As pessoas buscam o reonhecimento em suas atividades na vida em geral sendo a principal fonte desta busca de reconhecimento o seu trabalho. A busca pelas realizações pessoais e profissionais acarretam a competição tanto nas orgranizaçoes entre si como entre colegas no trabalho. As organizações fazem crer na felicidade com base no sucesso no trabalho no entanto não é possível a mesma oporunidade a todos, gerando assim a competição entre indivíduos e a sua luta para ser reconhecido e se manter nas organizações. Gaulejac (2007) afirma que o mundo está comprometido por um  “realismo gestionário” que impossibilita uma sociedade que preserve a justiça e equidade.

Bauman (2001) enfatiza que o  capital tem se tornado de modo contínuo maisabstrato e desterritorializado, implementando o individualismo e a um “capitalismo flutuante, marcado pelo desengajamento e enfraquecimento dos laços queprendem o capital ao trabalho” (BAUMAN, 2001, p. 171). Essas mudanças podem estar trazendo a mobilidade, flexibilidade e instabilidade do trabalho de modo geral (GAULEJAC, 2007).

Diversos autores (BAUMAN, 2001; LAZZARATO e NEGRI, 2001; GAULEJAC, 2007; BERNARDO, 2009), concordam que essas mudanças tem como origem a reorganização do capitalismo. Essa reorganização ocorre por meio de novas formas de organização da produção, no plano objetivo e de novas formas de vida, no plano ideológico e subjetivo.

Segundo Gaulejac (2007, p. 28) “hoje, tudo se gere – as cidades, as administrações, as instituições, mas também a família, as relações amorosas,  sexualidade e até os sentimentos eemoções”, levando-se a todos os registros, ate mesmo aos registros sociais e pessoais. Em complementação, Parker (2002) ressalta que a gestão torna-se em uma forma conhecimento aceitável, que  evidenciam o “ápice da história do controle das coisas, do controle das pessoas e mesmo do controle de si mesmo” (PARKER, 2002, p. 5). Neste sentido, os trabalhadores, pela necessidade de alcançar seus objetivos, são levados a se comprometerem, inventar soluções,  e a lançar mão de mecanismos de defesa como estratégia de manutenção do seu equilíbrio psíquico (GAULEJAC, 2007).

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