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Avaliação da fragmentação da cobertura vegetal na microrregião de Anápolis/Goiás nos anos de 1985 a 2010

Por:   •  31/8/2019  •  Artigo  •  4.480 Palavras (18 Páginas)  •  176 Visualizações

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Avaliação da fragmentação da cobertura vegetal na microrregião de Anápolis/Goiás nos anos de 1985 a 2010  

 

Dianne Michelle Alves da Silva 

Universidade Estadual de Goiás, Porangatu, GO, Brasil.

dianne.michelle.silva@gmail.com

 

Naiara Priscila de Araújo

Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, GO, Brasil.  

naiarapriscila@outlook.com

 

Anamaria Achtschin Ferreira

Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, GO, Brasil.  

anamaria.ferreira@ueg.br

  

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Resumo: O Bioma Cerrado vem sofrendo nos últimos anos uma intensa pressão antrópica que inclui o uso intenso do solo para a agricultura e pecuária, além do contínuo desmatamento. A microrregião de Anápolis incluída dentro desse bioma tem apresentado um intenso processo de ocupação do solo acompanhado a um forte desenvolvimento econômico e ocupação demográfica nos últimos anos. Diante deste contexto ambiental, o objetivo desse trabalho foi analisar as áreas de remanescentes da microrregião de Anápolis e as mudanças no uso do solo no ano de 1985 e 2010. Foram utilizadas imagens do Satélite Landsat 5 TM obtidas no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O mapeamento da cobertura vegetal da microrregião foi realizado no software ENVI através de classificação supervisionada, na qual foram identificadas classes de uso do solo como: Mata mesófila/Galeria, Atividade agropecuária, Solo exposto, Queimada, Água, Campo sujo, Cerrado ralo, Regeneração e Cidade. De acordo com os resultados houve uma intensa mudança no uso do solo, apresentando maior cobertura de vegetação natural em 1985 (27,49%) do que em 2010 (18,24%). A atividade agropecuária apresentou um aumento da distribuição na microrregião em 2010 (48,08%).  

 

Palavras–chave: Uso do solo. Vegetação natural. Atividade agropecuária.  

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Introdução

 

O Bioma Cerrado apresenta uma ampla biodiversidade biológica (LEWINSOHN; PRADO, 2005), abrange 24% do território nacional (BUSTAMANTE et al., 2012) e é considerado o segundo maior bioma do Brasil (KLINK; MACHADO, 2005). Situa-se numa área de transição com outros domínios brasileiros: Floresta Amazônica, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica. Também abrange as cabeceiras das três principais Bacias Sul americanas:

Tocantins - Araguaia, Paraná - Prata e São Francisco (FELFILI; SILVA JÚNIOR, 2005). Além disso, o Cerrado é considerado como um dos 34 hotspots mundiais de biodiversidade (MYERS et al., 2000), apresentando um alto grau de endemismo e ao mesmo tempo uma rápida perda de hábitats devido a mudanças nos regimes de fogo (FIEDLER et al., 2004) e intensa conversão para pastagem e cultivo (BRASIL et al., 1999; CAVALCANTI, 2000).

O Cerrado não despertou maiores interesses durante séculos e sua ocupação intensiva iniciou-se ao fim da década de 1960, por meio da expansão da fronteira agrícola promovida por políticas públicas de desenvolvimento (GOMES; TEIXEIRA NETO, 1993). Considerado como a última fronteira agrícola do país, já que a Amazônia é protegida por lei, o bioma Cerrado sofreu mudanças drásticas no uso da terra, com as políticas implementadas na região (FARIA; CASTRO, 2006).  

O Cerrado era visto como algo improdutivo no imaginário coletivo (PIRES, 1996) e através da revolução do setor agrário houve a transformação de ricos ecossistemas em grandes extensões de monoculturas (THEODORO et al., 2002). As políticas de povoamento do bioma Cerrado (“Marcha para o Oeste”, Programa de Desenvolvimento dos Cerrados – POLOCENTRO e Programa de Cooperação Nipo - Brasileira de Desenvolvimento dos Cerrados-PRODECER) estavam fundamentadas em políticas voltadas para a ocupação e desenvolvimento dos estados da Região Centro-Oeste (FARIA; CASTRO, 2007), entre eles o estado de Goiás, que está totalmente inserido no Cerrado (SANO et al., 2010).

O desenvolvimento foi estimulado por incentivos voltados para a região, como por exemplo, tecnologia, crédito, acesso a terra à custo baixo e infraestrutura; sobretudo estrutura viária, para o escoamento da produção (GOMES; TEIXEIRA NETO, 1993; FARIA; CASTRO, 2006).  

A construção de uma rede de estradas de rodagem implantadas a serviço da capital federal auxiliou na integração do país e reverteu a formação de aglomerados populacionais que se concentravam em alguns centros urbanos (FARIA; CASTRO, 2006). Para Cunha (1994) existe uma forte correlação entre a expansão da agricultura e o crescimento da malha viária no Cerrado. Os governantes justificavam os investimentos públicos na malha viária por ser a forma mais rápida e de menor custo para a integração do território brasileiro (FARIA; CASTRO, 2006).

O modelo de exploração agropecuário implementado por meio dos programas de desenvolvimento, viabilizaram a ocupação de forma rápida, favoreceram a concentração fundiária e estimularam a modernização do campo, o que transformou a região em um grande centro agrícola com elevada produtividade (GOMES; TEIXEIRA NETO, 1993), porém esses investimentos não levaram em consideração os custos ambientais e sociais desencadeados por estes programas (DUARTE, 2002; BOURLEGAT, 2003).

Nos últimos anos os estados que compreendem o bioma Cerrado têm apresentado um amplo crescimento tanto econômico como demográfico, como é o caso da microrregião de Anápolis, situada na porção centro-sul do estado de Goiás. Essa microrregião está vivenciando um processo significativo de expansão demográfica com destaque para o município de Anápolis com um aumento de 16,15% entre 2000 e 2010 de acordo com dados do Instituto Mauro Borges (IMB), isso devido a maior oferta de empregos do Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) e do término da Ferrovia Norte-Sul. O município apresenta ainda 74,8% da oferta de serviços da microrregião (LUZ, 2010).  

O agronegócio tem se tornado a principal ferramenta do desenvolvimento econômico de Goiás e os índices socioeconômicos e ambientais mostram que há uma disparidade entre crescimento econômico e preservação ambiental, tal crescimento ocorre sob uma ótica contraditória entre desenvolvimento econômico, social e ambiental. Este bioma foi quase integralmente devastado com relação direta entre os números crescentes da produção agrícola e área desmatada (SCHWENK & MADUREIRA, 2008). A partir dessa perspectiva, torna-se fundamental conhecer esses processos e assim buscar ações de controle e fiscalização. Tendo em vista a velocidade da ocupação do espaço físico dessa região é de extrema importância um planejamento das formas de utilização do solo.  

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