EU, VITRÚVIO E A ATUALIDADE DA TEORIA E DA PRÁTICA DA ARQUITETURA/URBANISMO

EU, VITRÚVIO E A ATUALIDADE DA TEORIA E DA PRÁTICA DA

ARQUITETURA/URBANISMO

  Vitrúvio foi um arquiteto de formação militar que participou das campanhas de Júlio César e, quando reformado, ofereceu ao então imperador Augusto sua obra sobre arquitetura. Os tratados de Vitrúvio, escrito em  20 a 25 A.C. são o maior patrimônio ligado à antiguidade clássica, com maior significado para a história da arte ocidental. Sua obra trata da reflexão mais próxima da teoria romana da arquitetura, da construção e do urbanismo.

 Conforme M. Justino Maciel declara no livro, Vitrúvio aparece como autor da primeira teorização para a arquitetura que conhece e o primeiro manual conjunto de urbanismo, construção, decoração e engenharia. Também aparece como homem de letras, filósofo, historiador da arte e até teórico de uma deontologia, ligadas direta ou indiretamente às virtudes romanas. Sua obra possui grande competência descritiva e histórica, não se importando com elegância poética, rigidez ou mesmo oferecendo considerações sobre o que escrevia. No sentido mais amplo seus livros abrangeria todas as artes associadas ao belo e, portanto, amarradas à verdade, cuja linguagem e técnica levam em conta a diversidade de suas aplicações.

  De forma geral até os dias de hoje seus livros possuem uma grande importância pois abordam conceito de arquitetura como parte da economia social-política e destacam o belo e excelente impostos pelo próprio mérito. Aborda estilos como o jônico, o ático, o dórico, o coríntio e o toscano, presentes em templos circulares, portas e altares. Estuda a arquitetura pública civil, cujo tratado deva ter ciência e engenho, impondo-se com autoridade e aprofundamento as questões tratadas, em discurso específico. Além disso, é um registou do pensamento dos arquitetos do passado.

  Por meio de suas obras são conhecidos nomes de verdadeiros historiadores da arte que publicaram trabalhos técnicos e práticos. Descreveu também as técnicas de revestimento e os pigmentos usados na pintura de afrescos. Analisa o tema que trata de hidráulica e distribuição de água. Compara os louros e benesses aos atletas vencedores de jogos com a não distribuição de qualquer recompensa aos escritores, filósofos e inventores e exaltou a responsabilidade dos arquitetos sobre os orçamentos que apresentavam.

  Vitrúvio não escreveu tudo isso para ser seguido de maneira incondicional. Acreditava que o arquiteto deveria agir em conformidade com a unidade da obra, ou seguindo um sistema de proporções que continuamente estabelece uma dialética entre as partes e o todo. Essa foi uma reflexão teórica única, onde evolve o conjunto da natureza local com a dimensão da obra e os meios financeiros disponíveis, acaba por se tornar presente e da maior importância para o entendimento da arquitetura e da arte dessa época e das que lhe sucederam.

Também acreditava que a arquitetura nasce da experiência adquirida e o resultado na prática e se constrói ao longo do tempo com o resultado prático.

Finalmente Vitrúvio abordou com interesse as características da arquitetura que, segundo ele, deveria ter ordenação, disposição eurritmia, comensurabilidade, conveniência e distribuição. A definição de cada uma dessas características permite uma das melhores introduções não só à arquitetura como à escultura, à pintura e à arte musiva clássicas.

 Concluindo, os textos de Vitrúvio continuam a ser importantes na atualidade tanto pelas suas ideias como pelo conhecimento que divulga. Isso se verifica, sobretudo, com os estudos que ainda lhe são dedicados. Além disso, sua obra conserva uma escrita reveladora de si, com informações sobre aspectos políticos e sociais vinculados aos arquitetos, sobre a formação profissional, as preocupações e os desejos dentro de seu contexto antigo. Contudo, com a análise da obra e seus reflexos posteriores ao Tratado de arquitetura, percebemos que, para estudar a arquitetura romana como um todo, verificar sua originalidade e seu caráter inovador, devemos ir além de Vitrúvio. Assim, é possível compreendermos o ideal dos construtores no mundo romano.