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Entre Palácio e Pavilhões: A arquitetura efêmera das exposições

Por:   •  5/5/2021  •  Resenha  •  1.715 Palavras (7 Páginas)  •  146 Visualizações

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LEVY, Ruth: Entre palácios e pavilhões: A arquitetura efêmera da exposição Nacional de 1908. Rio de Janeiro: EBA/UFRJ, 2008. 224p.

                                         Resenha por: Débora Maia, Rafaela Zangrando e Susane Alves.

   A Arquitetura das Exposições

    A arquiteta e museóloga Ruth Levy diz que a arquitetura no cenário das exposições era construída “como por encanto, ao toque da vara mágica”, mas desapareciam pela mesma mágica que as criou. Ela diz isso com intuito de reforçar que a arquitetura era efêmera, mesmo aparentando ser permanente, com isso, a duração das construções era prevista devido aos artifícios da técnica. Diz também que, por mais que a ideia principal das Exposições eram construções efêmeras, muitas delas se tornaram marcos e símbolos de uma época. Além disso, as exposições apresentaram um grande campo de aprendizado e experimentação para a arquitetura, analisando as questões conceituais, técnicas e formais.

   A autora explica que a Revolução Industrial trouxe profundas transformações em vários campos, não apenas para a indústria como as mudanças e aumento na produção, mas também para o próprio espaço arquitetônico. A urbanização foi claramente afetada, como a migração do campo para a cidade e também, no aumento de uso das máquinas e ferramentas. Foi introduzido na primeira exposição a utilização de novos elementos na construção como: metal e vidro, materiais padronizados, como foi introduzido no Paládio de Cristal. Essa construção além de ter sido um marco com sua estrutura em ferro, foi um grande avanço para a arquitetura no século XIX, pois ela foi construída em tempo recorde deixando visível o quanto evolução da indústria enriqueceu a arquitetura, mostrando que prédios podem ser construídos e desmontados da melhor maneira e aproveitando os materiais da forma mais econômica possível, o que é um grande avanço para o momento em que estamos descrevendo.

  As exposições como campo de experimentação para a arquitetura se mostra mais complexa que se pode parecer em questões relacionadas entre técnica representadas pelos novos sistemas construtivos e a estética que estava ligada aos conceitos e à plástica do estilo. Ruth Levy cita uma obra de Sigfried Gideon, arquiteto e urbanista, autor da obra Espaço, Tempo e Arquitetura que se dedica ao Desenvolvimento das novas possibilidades, diz que à medida que a indústria ia realizando a sua expansão, as exposições do tipo industrial proporcionaram a arquitetura realmente criadora, as melhores oportunidades. As construções do século XIX foi basicamente feita em ferro, pois esse material facilitava a montagem e desmontagem rápida de prédios além de ter sido meio de expressão daquele período.

  Para Pascal Ory, historiador francês, haviam desfalques nas questões das novas soluções de materiais e estética. Ele também acusou o neo-rococó da Exposição de 1900 de camuflar o processo técnico como uma quantidade de massa de modelar e alegorias repetitivas, realizadas por artistas de segundo escalão. No século XIX, a questão do racionalismo não pode deixar de ser discutida pelo estilo. Labrouse, o fundador do racionalismo, foi representante da tendência acadêmica do Prix de Rome Ao meu ver, mesmo com a discordância de opiniões de influenciadores do período, as ideias não são ignoradas e sim, levadas a frente. O racionalismo que foi a base do Prix de Rome levou a afirmação da modernidade, com seus detalhes que são mais valorizados, onde o historicismo também está interligado nessas técnicas.

  O estilo foi um dos temas mais debatidos no século XIX. O repertório das formas é emprestado da história, onde a releitura que o ecletismo realiza trai o espirito inicial do estilo histórico, sendo considerado desprovido de talento criador onde era rotulado de pastiche. Mas essa visão do ecletismo tem sido repensada por alguns teóricos da arquitetura. François Loyer, diz “o ecletismo não é uma teoria, é mais um comportamento, uma atitude face ao projeto (...) e não é talento que falta, e sim interesse – quando ele produz arte do passado, ele reinterpreta à sua maneira”. Sendo assim, o ecletismo se opõe a ideologia do racionalismo, na medida que rejeita a arquitetura-objeto e se liga ao problema da conveniência. O ecletismo foi julgado também por estar ligado ao historicismo, por não ter um repertório decorativo próprio.

  A efemeridade da arquitetura da Exposições é um ponto principal a ser citado. O fato de construções transparecerem uma estrutura permanente mas serem temporárias é uma das principais questões da produção arquitetônica do período. Para visitantes que veem essas construções em um determinado dia, no outro ela pode não existir mais pois pode ser desmontada. Esse é o principal objetivo do uso do ferro pois além da estrutura, ele pode ser reaproveitado em outras construções. Algumas dessas construções efêmeras, ainda são vistas atualmente como a Torre Eiffel, considerada o símbolo máximo desta perenidade conquistada.

  A autora buscou conhecimentos através do pensamento daquele que é considerado o “apóstolo do ecletismo”, Cesar Daly, para desfazer os desentendimentos que ficou sobre o nome do ecletismo. Daly teria dito sobre o ecletismo em 1867: “O ecletismo nada mais é do que a busca e preparação para o futuro, realizado no meio das ruínas do passado... É um túmulo e é também um berço. Atrás dele, o passado está prestes a morrer, antes que o futuro esteja prestes a nascer”. Sem uma definição completa sobre o ecletismo, na opinião de Daly, os arquitetos são condenados por falta de originalidade e de invenção e pela ausência de um estilo nas obras modernas, acusações que não se sustentam para quem esta familiarizado com o ecletismo social, filosófico e artítico.

 Após abrir o volume do ano de 1863, para responder uma acusação da Revue, sua revista, ele diz que o ecletismo é uma das sabedorias da sociedade em processo de transformação e que o arquiteto familiarizado na história irá pelo menos caminhar na integra luz e em plena posse de sua liberdade. Com que quer dizer que o historicismo precisa ser independente e o ecletismo esta em constante transformação e não ultrapassado, como ja foi dito.

  Discutindo ainda sobre arquitetura e ecletismo, Daly faz considerações fundamentais. Entre elas estão, a rivalidade entre arquitetos e engenheiros em que ele afirma que é importante não deixar a arquitetura ser absorvida pela engenharia civil, o que está acontecendo devido aos avanços industriais e científicos desse período. Ele considera necessário explorar esses avanços em benefício da arte.

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