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Françoise Choay - O Urbanismo em Questão

Por:   •  27/10/2017  •  Resenha  •  1.168 Palavras (5 Páginas)  •  3.493 Visualizações

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Referência bibliográfica:

CHOAY, Françoise. O Urbanismo em Questão. In: CHOAY, Françoise. O Urbanismo. 3. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992. p. 1-15.

Resumo:

Françoise Choay, no capítulo “O Urbanismo em Questão In. O Urbanismo”, promove uma análise acerca das ideias que forneceram bases às terias do urbanismo no período do século XIX, bem como seus principais percursores e influências. Propondo a busca de uma interpretação dos fatos envolvidos, a autora debate o papel desempenhado pelo planejamento urbano enquanto norteador das ações relacionadas à cidade, palco da sociedade industrial da época. Choay faz uma gênese crítica a respeito da cidade industrial, apontando e definindo os modelos que a caracterizaram, a fim de estabelecer uma significação para cada um deles.

Análise:

Françoise Choay, conhecida no meio acadêmico por seus estudos sobre a cidade, cursou filosofia antes de se tornar crítica de arte. É atualmente professora de urbanismo, arte e arquitetura na Université de Paris VIII. Suas principais obras trazem críticas fortemente relacionadas ao urbanismo, ora como molde de uma cidade em pleno desenvolvimento industrial, tal como em sua obra “O Urbanismo”, ora como teorizadora da criação e conservação do patrimônio urbano, tal como é descrito no livro “A Alegoria do Patrimônio”.  Seus estudos instigam debates acerca das questões ligadas à sociedade moderna e a cidade industrial, assunto que também será abordado nesta análise.  

Em uma reflexão sobre o modo de vida do homem e sua relação com o espaço urbano, é fácil concordar que, como já dizia Lefebvre[1], “durante longos séculos, a Terra foi o grande laboratório do homem”. A sociedade moderna caracterizou e impulsionou a existência das cidades industriais, no entanto, seu poder de ordenação é falho, e mesmo possuindo especialistas em planejamento urbano suas criações foram frequentemente questionadas e contestadas. As críticas desenvolvidas em “O Urbanismo” têm como foco as ideias que forneceram bases ao urbanismo, este definido como “uma ciência e teoria da localização humana”, que para Choay

[...] não questiona a necessidade das soluções que preconiza. Tem a pretensão de uma universalidade científica [...] ele reivindica “o ponto de vista verdadeiro”. Mas as críticas dirigidas às criações do urbanismo são feitas também em nome da verdade. (CHOAY, 1992, p. 2)

A autora divide o pensamento sobre a cidade industrial, principal assunto abordado no livro, distinguindo-os com base nas teorias e percursores relacionada a cada uma das divisões e organizando-os em três fases: o pré-urbanismo, o urbanismo e a crítica de segundo grau, o urbanismo em questão.

Durante o século XIX foi notório o aumento das críticas e observações relacionadas à cidade industrial, foi nesse período que as grandes publicações de artigos denunciavam o descaso moral e físico em que viviam os proletários, associados aos lixões fétidos, a ausência de jardins, as segregações e a monotonia das construções da cidade. É importante salientar que tais críticas não foram eventos isolados de uma crítica global da sociedade industrial, a polêmica toma seus conceitos com base no pensamento econômico e filosófico do fim do século XVIII e começo do século XIX, recorrendo a escritores que já anteriormente haviam abordado temáticas semelhantes.

É curioso constatar que muitos dos próprios pensadores da época não persistiram no estudo de suas análises e, com exceção de Marx e Engels, se negaram a perceber a nova organização do espaço urbano que fora promovida com o advento da revolução industrial. Esse não reconhecimento fez com que surgisse então uma outra ordem, resultando em um período de desordem. Foram estabelecidos então modelos urbanísticos para que esse “caos arquitetural” fosse solucionado, sendo eles: o modelo progressista, o modelo culturalista, e, mais tarde, o modelo naturalista. Cabe ressaltar que utilizando o termo “modelo” pretende-se

[...] sublinhar simultaneamente o valor exemplar das construções propostas e seu caráter reprodutível. Qualquer ressonância estruturalista deverá ser afastada do emprego dessa palavra: esses modelos do “pré-urbanismo” não são estruturas abstratas, mas pelo contrário, imagens monolíticas, indissociáveis da soma de seus detalhes. (CHOAY, 1992, p. 12)

 Já dentro do movimento moderno é possível destacar as semelhanças e diferenças propostas por cada modelo urbanístico: o modelo progressista, visando adaptar o ambiente às necessidades e desejos do homem, criando uma construção apropriada para sua natureza; o modelo culturalista, oposto do primeiro, dando importância para o orgânico e tendo como foco agora não mais o indivíduo, e sim o agrupamento humano; e o modelo naturalista, derivado do anti-urbanismo americano, no qual, dizia que o homem só iria encontrar o seu valor como um todo se vivesse em contato direto com a natureza.

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