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Juazeiro do Norte Como Você Nunca Viu

Por:   •  10/10/2018  •  Projeto de pesquisa  •  549 Palavras (3 Páginas)  •  183 Visualizações

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Juazeiro, cidade de quem quer. Cidade das dores e dos prazeres, da penitência, do perdão. A cidade das pessoas de fé, e das que perderam toda a sua esperança. A cidade das velas, das candeias, das promessas, das renovações e das serestas. Juazeiro das missas e dos bares de esquina. Cidade contemporânea dos mais devotos e rezadores de novenas, também dos bêbados ressentidos, desalmados e sinceros filósofos esquecidos pelas calçadas. Juazeiro dos meninos descalços brincando nas ruas, correndo por todos os campinhos de terra. Cidade dos trabalhadores em pleno sol, refletidos pelo asfalto e preenchendo os calçamentos que ainda faltam cobrir. Cidade dos que procuram um milagre e dos que promovem milagres todos os dias, mesmo que não saibam. Cidade das religiões, sobretudo cidade de Nossa Senhora das Dores e dos terreiros de Candomblé enrustidos nos respectivos quintais, cidade dos Pais e das Mães-de-Santo que curam os enfermos esquecidos por Deus ou Padre Cícero. A cidade dos que simplificam, dos que vivem como transeuntes, pedintes de esmolas, dos que não sabem sobre o amanhã e aproveitam o pedaço de pão de hoje, sem vergonha e nem ambições aproveitam sua felicidade momentânea, é a cidade onde vivem sem ter. Juazeiro das árvores e dos pássaros cantantes, das serras em volta, da pedra do vento, das vistas maravilhosas... mas também dos prédios repentinos, modernos geradores de trabalho, que cresceram como grandes torres arranhando os céus e, daqui a pouco, viraram aglomerados, sombreando as ruas que ligam até o centro. Juazeiro das casas grudadas e propositalmente encaixadas, para aproveitar mais o espaço que não há e gerar mais moradia.  A propósito, cidade onde habitam de todos os santos e de todos os demônios, que atuam como cidadãos desta cidade. Juazeiro de histórias recentes, do centro movimentado, dos vendedores de calçados, dos pracistas, dos motoristas, dos pousadistas, dos artistas desconhecidos e dos desempregados. Cidade de vários subúrbios, das manhãs ouriçadas, agitadas e cheias de vida, das madrugadas desertas e extremamente silenciosas, onde poucos ousam andar a pé. Cidade da boemia nas segundas-feiras, das calçadas apertadas, dos cabarés disfarçados, do cheiro de mercado às 5, dos personagens que surgem e desaparecem, paridos e engolidos pelo cotidiano. A cidade é especialista em explicitar a vida alheia, onde todos sabem quem é quem e cada um se reafirma à medida que vive. Mesmo os que só estão de passagem! É a cidade do cemitério dos romeiros, da lotação metropolitana em pleno interior escaldante, visitantes que migram por fé em algo maior, ou por tradição familiar. A Meca do estado do Ceará, cidade de muitas promessas, algumas que pode realizar outras que não pode cumprir. Também é a dos encontros, dos romances em praças públicas, das pessoas sentadas em frente de casa das 7 as 10 da noite. Cidade de proximidades duvidosas, aonde nada é tão longe nem tão perto. Por a caso, é a mesma dos andantes perdidos, corações amargurados que afogam suas dores em gritos estridentes pelas ruas. Cidade de quem sabe viver do seu jeito. Das freiras e das putas. Da hóstia e dos lisérgicos. Do pai, do filho e dos espíritos nem tão santos. Juazeiro do Norte, metrópole das contradições, interior das dúvidas, onde conflita a fé do sagrado e o culto ao profano. A cidade de quem quer e sabe viver.

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