MADEIRA CARBONIZADA (Análise Crítica)

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho estará abordando, de forma sucinta, os pontos sobre a madeira carbonizada e sua utilização na arquitetura e demais segmentos, mais concretamente irá fazer uma análise crítica a obras que utilizaram tal material, seu papel estético e sua funcionalidade.

São como objetivos deste trabalho especificar as técnicas para formação deste material, locais de uso e explicação do porque desta escolha.

Está organizado em três capítulos. Na primeira parte ou primeiro capítulo, será abordada a origem da técnica para desenvolvimento da madeira carbonizada, o passo a passo desta técnica e como se expandiu.

Na segunda parte ou segundo capítulo, optamos por apresentar alguns exemplos de obras que utilizaram a madeira carbonizada fazendo uma análise crítica dos mesmos.

Na terceira e última parte, será apresentada a conclusão deste assunto.

A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica que pode ser encontrada na última página.

1. SOBRE A TÉCNICA

Técnica popular japonesa, com mais de trezentos anos, nomeada de Shou Sugi Ban, refere-se ao tratamento das madeiras utilizadas na construção das tradicionais vilas de casas na ilha de Naoshima, no Japão, na tentativa de combater os possíveis danos causados pelas intempéries e agressões naturais do mar às construções.

O processo consiste na queima da camada externa da madeira com o uso de fogueiras, contudo, atualmente, o método consiste na carbonização das tábuas por meio de um maçarico, de modo que as fibras externas possam reagir deixando a madeira imune ao ataque de cupins, fungos e agressões naturais, por décadas.

O procedimento de carbonização da madeira é executado em quatro etapas, primeiro a queima da madeira, de forma independente das tábuas para que posteriormente possam ser aplicadas às fachadas e ambientes internos, ou ainda, diretamente sobre a área aplicada. Após a queima, a madeira é escovada através de lixas especiais, permitindo a retirada superficial do carbono, e consequentemente evidenciando a nova tonalidade. Nas duas últimas etapas, a madeira - já em tom preto- recebe camada especial de impermeabilização, com óleo de cedro, assegurando maior resistência às peças e como finalização, recebe aplicação de produto selante, evitando manchas, assim como possivelmente aconteceria com um carvão.

Historicamente, no território japonês, a técnica tradicional, foi sendo substituída por outros materiais mais modernos e que atendiam as mesmas exigências. Mas o arquiteto japonês Terunobu Fujimori, apropriou-se do processo de carbonização da madeira, antes utilizado apenas em projetos populares, descaracterizando sua aparente simplicidade e inovando. Desta maneira trouxe notoriedade à técnica, de modo que as tábuas vedadas e tratadas contra a ação do tempo passaram compor fachadas de modo singular.

No Brasil, alguns dos projetos do escritório Jacobsen Arquitetura, tem utilizado a técnica popular oriental para compor alguns de seus projetos residenciais e comercial.

O escritório tem entre suas peculiaridades a reinvenção de técnicas tradicionais compondo seus projetos de modo a criar uma linguagem. No caso do Brasil, por exemplo, técnicas antepassadas como o uso de muxarabis e brises são reinventadas, criando variantes.

1. OBRAS PARA ANÁLISE CRÍTICA

 

1. LOJA GM – OSCAR FREIRE / SP

A loja GM, localizada na Rua Oscar Freire, entre a rua de uma vila e uma loja, foi desenvolvida pelos arquitetos do escritório Jacobsen Arquitetura, onde se adotou na sua fachada a técnica japonesa da madeira carbonizada.

Foi criada uma caixa de madeira escura por fora da construção, neste caso o fator que normalmente é o principal na utilização deste material em fachada, que seria a questão da resistência às adversidades ambientais, tornou-se secundário.

O fator principal para este escolha foi a tentativa de trazer para um imóvel existente com fachada convencional um design moderno e diferenciado dos demais da mesma região.

Essa escolha também trouxe a possibilidade de um atendimento mais intimista para a loja.

Esta fachada formada por um tabuado vertical de madeiras carbonizadas além das funções citas anteriormente também serve como vitrine.

Para desenvolver essa linguagem foi instalado neste grande tabuado brises que permitem a integração ou visão da loja de dentro para fora e de fora para dentro, sem ser de forma direta e invasiva como podemos verificar nas tradicionais vitrines de lojas.

Também podemos verificar que o tabuado por ser composto com peças verticais ainda trás para a edificação que não tem uma fachada tão alta uma imponência tornando suas proporções maiores do que na realidade são.

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1. RESIDÊNCIA RT – LARANJEIRAS / RJ

Este projeto também desenvolvido pelos arquitetos do escritório Jacobsen Arquitetura, trata-se de uma casa composta com dois volumes retangulares de proporções similares e dispostos paralelamente.

Esses volumes trazem uma formação linear para a residência apesar de ser composta com dois andares, isso foi possível através da elevação da entrada da casa em um metro e meio.

Os componentes volumétricos desta casa são revestidos por painéis com réguas irregulares de madeira carbonizada.

Neste caso o fator de resistência e estética trabalharam juntos na decisão do madeiral escolhido para fachada.

Por conta da tonalidade escura esses painéis conversam perfeitamente com a madeira em tom natural, utilizada na cobertura, o concreto, utilizado na estruturação da casa, e os panos de vidro dispostos em toda fachada sul da residência.

Além destas réguas foram dispostos em alguns pontos brises que possibilitam a interação do interior com o exterior sem devassar a privacidade do morador.

Nas áreas dos dormitórios foi desenvolvido esquadria articular no mesmo material e estética da fachada, que quando estão fechadas trabalham de forma uniforme com os extensos painéis da fachada.

E a tonalidade preta da madeira carbonizada dos painéis acaba também por evidenciar as linhas da fachada e reforça a geometria do projeto trazendo mais personalidade a proposta. [pic 5][pic 6]