Reconstruindo Uma História Esquecida: Origem e Expansão Inicial das Favelas do Rio de Janeiro

FICHAMENTO: Reconstruindo uma história esquecida: Origem e expansão inicial das favelas do Rio de Janeiro

No texto intitulado “Reconstruindo uma história esquecida: Origem e expansão inicial das favelas do Rio de Janeiro”, o autor Mauricio de Almeida Abreu inicia apontando que a imagem do mesmo é repleta por contrastes em múltiplos aspectos econômicos, sociais e urbanísticos. Uma bagagem do século 18 e 19 que enxergava a cidade como “cidade de província” ainda se mantém atualmente.

Mesmo com sua presença no cenário carioca, até 1930, a favela estava presente no tecido urbano, mas ausente das estatísticas e dos mapas da cidade. O desconhecimento pode ser atribuído ao fato da dificuldade de obtenção de informações e a grande difusão que tiveram dois importantes trabalhos publicados nos anos sessenta. A partir de 1940 que a favela “chamou a atenção” dos poderes públicos, mas ainda considerada como uma solução habitacional provisório e ilegal e também foi o início a uma série de levantamentos sistemáticos da favela, se tornando um elemento importante na estrutura do estado. Ainda nesse ano, foi decidido a “resolver problemas de higienização”, a autoridade pública dá início a uma séries de levantamento sistemáticos das favelas com o objetivo de cadastrar seu moradores, tencionando a transferi-los para parques proletários a serem construídos pelo governo.

O fracasso dessa política, resultou as primeiras estatísticas detalhadas sobre as favelas da cidade. Logo em seguida o Governo municipal realizou o primeiro recenseamento para a partir disso, as favelas existirem a jure independente de que as estatísticas a seu respeito fossem falhas. No final do século 19, a autoridade interveio tentando disponibilizar habitações tendo como incentivo a higiene pública. Essas habitações coletivas eram conhecidas como cortiços (fonte de renda da massa) que em 1890 houve uma inspetoria de higiene que ordenou demolição e fechamentos dos mesmos.

A origem da favela é ligada a dois focos de tensão que afetaram o Rio de Janeiro no final do século 19, a Revolta da Armada (1893-1894) e a campanha militar de Canudos (1896-1897). Com a falta de alojamento para os soldados, foi liberado para os mesmos, a criação de habitações nas encostas de morros. Sem provas que houve autorização militar, há índices que no final de 1893 e inicio de 1894 começaram a ser construídos barracões no morro onde situava o cortiço Cabeça de Porco (responsável por abrigar mais de duas mil pessoas). Foi necessário que a imprensa denunciasse em 1901 para que chegasse ao prefeito Xavier da Silveira que ordenou a destruição de todas as casas.

As ordens de despejos tinham prazos curtos para evacuação. Expulsos de suas próprias casas, a população se realocou rapidamente por subúrbios pois parte não tinha dinheiro para