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Sabtiago Calatrava na Arquitetura

Por:   •  13/9/2015  •  Projeto de pesquisa  •  1.896 Palavras (8 Páginas)  •  318 Visualizações

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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASI

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

SANTIAGO CALATRAVA

Camilla Araújo de Sena

Volta Redonda, 2014

Biografia

Em 1974, licenciou-se em arquitetura na cidade de Valência, onde também frequentou o curso de urbanismo e de Belas Artes. Mudou-se para Zurique para estudar engenharia civil, licenciando-se em 1979 e doutorando-se em 1981. Nesse mesmo ano, abriu seu estúdio profissional em Zurique, que atualmente conta com sedes em Paris e Valência. É difícil estabelecer um perfil da arquitetura de Calatrava devido a sua complexidade e heterodoxia irredutíveis a fórmulas. Talvez por isso, e por sua própria formação integral (estudos de artes e ofícios, arquitetura e engenharia), é um dos protagonistas mais originais e completos da arquitetura contemporânea. Sua assinatura encontra-se em mais de 200 trabalhos: estudos, opiniões, concursos e projetos de várias dimensões, desde os interiores a grandes infra-estruturas. Também é o autor de muitas realizações de grande porte, como pontes (Ponte do Alamillo, Sevilha, 1987-1992), estações, aeroportos, espaços para eventos e trabalhos de ordenação urbanística. A arquitetura de Calatrava é muito estrutural e presta muita atenção ao pormenor material. Predomina também o valor cinético-dinâmico em contraponto ao tradicional imobilismo das massas arquitetônicas. É uma arquitetura tecnológica – mas não técnica – e figurativa, sem ser formal, baseada no movimento, na transformação, na adaptabilidade. Calatrava gosta de evidenciar o movimento das forças que animam as construções. Introduz soluções móveis e configurações dinâmicas, frequentemente assimétricas. Talvez por isso seja classificado como um dos mais ativos "estruturistas" contemporâneos. Também gosta de dotar suas realizações de conotações organicistas e surrealistas. Inspira-se primordialmente nos seres da natureza (antropomórficos, harmonias e equilíbrios dos esqueletos ou das formas naturais, articulações-rótulas, tendões-cabos); assume muitos riscos na busca de um estilo próprio que se baseia na natureza. Em sua curta trajetória, já tem obras suficientemente importantes para ser reconhecido. Dotado de um grande talento para o desenho, também se ocupou de pesquisas paralelas à sua arquitetura, tanto no campo do desenho de objetos como no da escultura.

[pic 1]

Pensamento

Nos anos 1990 a visão humanística de unidade entre arte e ciência em arquitetura parecia perdida para sempre. Tecnologia e cultura eram interpretadas como forças diametralmente opostas.

Hoje é importante constatar como a situação mudou de forma tão rápida. E Santiago Calatrava – arquiteto, engenheiro, artista e visionário – certamente foi um dos principais influenciadores desse processo.

A sua obra construída e os seus projetos visionários demonstram uma unidade humanística que combina racionalidade e poesia. Tais obras e projetos demonstram o entusiasmo pela arte de construir e, acima de tudo, provam que um artefato funcional não tem de ser necessariamente opressivo e perturbador. Ele pode, ao contrário, inspirar respeito pelo patrimônio histórico, até mesmo quando inserido em um contexto relevante – é o caso da ponte Lusitania, em Mérida (1988-91) -, ou evocar um senso de comunidade nos centros urbanos, como no exemplo das pontes do Hospital de Múrcia (1993-9). Seus projetos se destacam pela aparente complexidade. A “estranheza” formal nasce do empenho em evitar  as soluções simplistas e os objetivos conhecidos para aceitar o desafio de confrontar questões econômicas, tecnológicas, ambientais, sociais e culturais. Ao mesmo tempo, as suas estruturas pretendem inspirar esperança e convidam a sonhar. Com tais objetivos em mente, Calatrava empenha-se em unir estrutura e movimento.

[pic 2]

Ponte Lusitania

De acordo com tal pensamento, forma é o resultado de um movimento que responde a diferentes condições de carga, removendo o material supérfluo e acrescentando outro material no lugar e no momento necessários. Da mesma forma, como resposta a desejos e aspirações, os edifícios são gerados através do movimento e, em dado instante, quando a missão deles foi cumprida, são descartados. Até que sejam utilizadas, as construções, assim como as embarcações e os canais, não são nunca imóveis, visto que o movimento é parte de cada um deles e sustenta o fluir das pessoas e das coisas.

Quanto mais conhecemos o funcionamento das estruturas, mais compreendemos como, mesmo que aparentemente imóveis, elas estão em contínuo movimento. Enquanto dias e noites, estações e condições climáticas se alternam, os edifícios dilatam-se e estreitam-se, arqueiam-se e inclinam-se, oscilam e tremem. Nos últimos anos muitos arquitetos têm se interessado cada vez mais pelo movimento, mas o que torna única a contribuição de Calatrava é a sua capacidade de expressar essa realidade de forma profunda, intensa e universal, a ponto de produzir uma coerente “poética de movimento”.

A relação mais óbvia entre estruturas e movimento consiste na função de espaços nos quais ocorre a circulação de pessoas e objetos. Esse é o caso dos projetos de estruturas como pontes ou estações e, em geral, edifícios nos quais haja grande movimento – tal tipo de projeto tem papel fundamental na obra de Calatrava.

Uma das metas alcançadas pelo arquiteto na tarefa de criar uma poética de movimento consiste em incorporar-lhe aspectos sociais e culturais. Isso se deve à sua habilidade de deslocar-se entre arte, engenharia e arquitetura, superando os abismos que separam os diferentes campos do conhecimento, mas refere-se também à sua capacidade de conectar as pesquisas por ele conduzidas àquela tradição, pouco consistente, mas muito significativa, que explorou a relação entre movimento e estrutura.

À medida que a complexidade dos seus projetos cresce e a sua tecnologia torna-se cada vez mais sofisticada, o trabalho de Calatrava manisfesta a tendência crescente de produzir metáforas surrealistas. É possível dizer, tomando emprestado um conceito de Freud, que Calatrava nos convida a um sonho, em uma atmosfera quase buñueliana, ao conhecimento de estruturas que foram liberadas da estática para seguir um movimento, destinado a gerar outros mundos possíveis, à realização de um sonho, a dar vida a um desejo.

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